Foi uma guerra necessária.Clermont escreveu:FOI A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL UMA “BOA GUERRA”?
Por Patrick J. Buchanan – 4 de abril de 2008.
”Sim, ela foi uma boa guerra,” escreve Richard Cohen em sua coluna contestando a tese do pacifista Nicholson Baker em seu novo livro, ”Human Smoke”, de que a Segunda Guerra Mundial provocou mais mal do que bem.
O instigante trabalho de Baker, que utiliza notícias da imprensa e citações de líderes dos Aliados e do Eixo enquanto mergulhavam no grande cataclismo, é um diário virtual dos dias que levaram à Segunda Guerra Mundial.
Chamou a atenção deste escritor o fato de Baker utilizar alguns dos mesmos episódios, fontes e citações que utilizei em meu próprio livro, publicado em maio, “Churchill, Hitler and The Unnecessary War”.
Em alguns pontos, Cohen está em terreno sólido. Há coisas dignas pelas quais lutar: Deus e o país, família e liberdade. Mártires sempre tem inspirados os homens. Resistência, mesmo até a morte, pode ser exigida de um homem.
Mas, quando alguém declara uma guerra que produziu Hiroshima e o Holocausto, uma “boa guerra”, isso levanta uma questão: boa para quem?
A Grã-Bretanha declarou guerra em 3 de setembro de 1939, para preservar a Polônia. Por seis anos, a Polônia foi ocupada pelos exércitos nazistas e comunistas e pelos assassinos das SS e do NKVD. No fim da guerra, os mortos poloneses eram estimados em seis milhões. Um terço da Polônia tinha sido arrancado por Stalin, e os nazistas tinham utilizado o país para seus infames campos de Treblinka e Auschwitz.
Quinze mil oficiais poloneses tinham sido massacrados em locais tais como Katyn. O Exército Metropolitano que havia se levantado em Varsóvia, ao chamado do Exército Vermelho, em 1944 tinha sido aniquilado, enquanto o Exército Vermelho assistia do outro lado do Vístula. Quando os britânicos celebravam o dia da Vitória na Europa, em maio de 1945, a Polônia iniciava 44 anos de tirania sob os sátrapas de Stalin, Khrushchev e Brezhnev.
A Segunda Guerra Mundial foi uma “boa guerra” para os poloneses?
Foi uma boa guerra para a Lituânia, a Letônia e a Estônia, avassaladas pelo exército de Stalin, em junho de 1940, cujo povo viu seus líderes assassinados ou deportados para o Gulag para nunca mais retornarem? Foi uma boa guerra para os finlandeses que perderam a Carélia e milhares de homens valentes, mortos na Guerra de Inverno?
Foi uma boa guerra para os húngaros, tchecos, iugoslavos, romenos e albaneses, que terminaram por trás da Cortina de Ferro? Na Hungria, era difícil encontrar uma mulher ou garota de mais de 10 anos que não tivesse sido currada pelos “libertadores” do Exército Vermelho. Foi uma boa guerra para os treze milhões de civis alemães vítimas de limpeza étnica na Europa Central e os dois milhões que morreram no êxodo?
Foi uma boa guerra para os franceses, que se renderam após seis semanas de luta em 1940 e tiveram de ser libertados pelos americanos e britânicos após quatro anos de colaboração de Vichy?
E como a guerra terá sido boa para os britânicos?
Eles foram à guerra pela Polônia, mas Winston Churchill a abandonou para Stalin. Derrotados na Noruega, França, Grécia, Creta e no Deserto Ocidental, eles resistiram até que a América viesse e se juntasse na libertação da Europa Ocidental.
Ainda assim, no fim da guerra, em 1945, a Grã-Bretanha estava dessangrada e na bancarrota, e a grande causa da vida de Churchill, preservar seu amado império, estava perdida. Por causa da “boa guerra”, a Bretanha, nunca mais iria ser Grande, de novo.
E foram os métodos utilizados pelos Aliados, o bombardeio terrorista de cidades japonesas e alemãs, matando centenas de milhares de mulheres e crianças, talvez milhões, as marcas de uma “boa guerra”?
Cohen sustenta que o mal do Holocausto a torna uma “boa guerra.” Mas a destruição dos judeus da Europa foi uma conseqüência desta guerra, não uma causa. Quanto às atrocidades japonesas tais como o Estupro de Nanquim, elas foram, sem dúvida, terríveis.
Mas o esmagamento do Japão pela América não levou à liberdade da China, mas à quatro anos de guerra civil seguidos por trinta anos de loucura maoísta, nos quais 30 milhões de chineses pereceram.
Para a América, a guerra foi Pearl Harbor e Midway; Anzio e Iwo Jima; Normandia e Bastogne, dias de glória, levando ao triunfo e ao Século Americano.
Mas, para Joseph Stalin, ela também foi uma boa guerra. A partir de seu pacto com Adolf Hitler, ele anexou partes da Finlândia e Romênia, e três repúblicas bálticas. Seus exércitos permaneceram em Berlim, Praga e Viena; seus agentes estavam disputando o poder em Roma e Paris; seu aliado estava instalado na Coréia do Norte; seu protegido, Mao, estava perto de trazer a China para seu império. Mas, ela não foi uma guerra tão boa para os internos de Kolyma ou os prisioneiros de guerra russos, devolvidos para Stalin na Operação Keelhaul de Truman.
Uma guerra que substitui a dominação de Hitler na Europa pela de Stalin e o controle do Japão na China por Mao, é uma “boa guerra”? Nós tínhamos de parar os assassinos, afirma Cohen. Mas quem foram os maiores assassinos: Hitler ou Stalin; Tojo ou Mao-Tsé-Tung?
Pode uma guerra na qual 50 milhões pereceram e o continente foi destruído, metade dele escravizado, uma guerra que fez avançar a morte da civilização ocidental, ser, autenticamente, celebrada como uma “boa guerra”?
O perigo real e eminente era Hitler, que precisava ser neutralizado.Os problemas seguintes ou os novos ditadores que seguiram seriam enfrentados ao seu tempo.
E todos foram derrotados, ou não ?