Governo é criticado por comprar gás
Para entidade, País vai gastar mais ao importar combustível da Bolívia
Nicola Pamplona, RIO
O recuo do governo em relação às importações de gás boliviano vai custar ao consumidor brasileiro R$ 26 milhões por semana, calcula a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace). A entidade considera o maior custo de produção das três térmicas que serão acionadas pelo Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS), em relação ao valor da energia hidrelétrica, abundante neste momento.
"Estamos pagando para sustentar a Bolívia neste período de eleição", reclamou o presidente executivo da Abrace, Ricardo Lima. Ele se refere ao referendo sobre a nova Constituição da Bolívia, marcado para dia 25. Esta semana, o ministro do Planejamento da Bolívia, Carlos Villegas, comemorou a decisão brasileira de ligar as térmicas, garantindo uma encomenda extra de 3,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
O Brasil havia reduzido as importações de 31 milhões para 19 milhões de metros cúbicos (m³) por dia, por causa de decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) de desligar todas as térmicas que vinham operando apenas para garantir a segurança energética.
Na avaliação do ONS, o Brasil já tinha água suficiente nas hidrelétricas para garantir energia para os próximos dois anos. Na sexta-feira, porém, após reunião com Villegas, o Ministério de Minas e Energia anunciou que o País voltaria a importar 24 milhões de metros cúbicos por dia. O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, alega que precisou ligar três térmicas para garantir a estabilidade na rede de transmissão no Sul e em São Paulo.
"O ONS fez um grande esforço para justificar a ajuda à Bolívia", criticou Lima, fazendo coro com analistas que consideram a decisão política. O gasto extra será incluído nos Encargos de Serviços do Sistema, dividido entre os consumidores, de acordo com o volume de energia consumido.
A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Copiado do Caixeiro de um tópico das aéreas:
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
O caso do gás da Bolívia
Até a manhã de sexta-feira, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, reafirmava o que vinha dizendo havia dias. Por causa do aumento do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, o governo desligaria várias usinas termoelétricas e diminuiria a importação de gás da Bolívia, o que propiciaria uma economia de US$ 600 milhões em 2009. No início da noite, Lobão foi obrigado a se desdizer. Era natural que demonstrasse irritação ao informar que, daqui até maio, em vez dos atuais 30 milhões de metros cúbicos de gás, o Brasil comprará 24 milhões de m³/dia da Bolívia, e não mais 19 milhões de metros cúbicos, como vinha afirmando desde o início da semana passada.
O corte na importação de gás, dizia Lobão, era uma decisão técnica determinada pelas boas condições dos reservatórios das hidrelétricas por causa das chuvas que caem desde novembro. No dia 6 de janeiro, por exemplo, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios das usinas das Regiões Sudeste e Centro-Oeste estavam com 58,03% de sua capacidade. Exatamente um ano antes, o nível era de 44,9%, razão pela qual foram então acionadas as usinas termoelétricas, o que aumentou a demanda de gás boliviano a ponto de o Brasil não concordar em reduzir suas importações para permitir que a Bolívia - cuja capacidade de produção já atingiu o limite - exportasse mais para a Argentina, que passava por grave crise energética.
Desta vez, a situação é tão confortável nas hidrelétricas que, na sexta-feira de manhã, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão técnico do Ministério de Minas e Energia, aprovou a redução da compra de gás da Bolívia, que já vinha diminuindo desde dezembro. Parecia ser a confirmação do que o ministro dissera.
No entanto, depois de reunião realizada em Brasília na tarde daquele dia - com o ministro do Planejamento da Bolívia, Carlos Villegas, o secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, e o assessor da Presidência, Marco Aurélio Garcia -, Lobão teve de anunciar a nova decisão. Bem que tentou encontrar explicações convincentes para justificar a surpreendente mudança de posição do governo. Ela se deve, segundo o ministro, ao fato de que serão reativadas duas usinas termoelétricas que estavam desligadas, as de Canoas (RS) e Araucária (PR).
O volume que o Brasil se comprometeu a importar é maior do que o volume que vinha importando nos últimos dias, mas, para não ter de dizer que haverá aumento nas compras de gás boliviano, o ministro de Minas e Energia observou que o volume a ser importado daqui para a frente é 6 milhões de m³ menor do que o fornecimento obrigatório máximo admitido pela Bolívia no contrato firmado pelos dois países em 1999. É verdade.
Mas há outros aspectos do contrato sobre os quais pouco falou. Um deles é a previsão de fornecimento mínimo de 19 milhões de metros cúbicos por dia. Essa previsão dá garantias ao fornecedor e possibilidade ao comprador de reduzir temporariamente seus gastos, como o Brasil pleiteava. O governo boliviano, porém, não aceitou a redução, porque não quer correr o risco de, em plena crise econômica mundial, perder mercado para o seu gás, que lhe assegura divisas e recursos fiscais. Por isso, pediu ao governo brasileiro a compra de pelo menos 24 milhões de m³/dia.
Além disso, não é certo que, com a redução da importação, o Brasil teria a vantagem financeira prevista pelo ministro. O contrato entre os dois países prevê que o Brasil terá de pagar anualmente à Bolívia o equivalente a pelo menos 24 milhões de m³/dia, tenha ou não consumido esse volume. Se o volume total importado em 2009 resultar numa média inferior à estabelecida no contrato, o Brasil terá de pagar a diferença. Se for maior, pagará o que tiver importado acima da média contratual.
Ao contrário do constrangimento do ministro Lobão ao anunciar os novos números da importação de gás, o ministro do Planejamento da Bolívia, Carlos Villegas, demonstrou muita satisfação ao falar do assunto em La Paz. "É um grande sucesso, porque permite ao governo restabelecer os níveis de arrecadação e, assim, assegurar as verbas para os Estados e para as universidades."
Até a manhã de sexta-feira, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, reafirmava o que vinha dizendo havia dias. Por causa do aumento do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, o governo desligaria várias usinas termoelétricas e diminuiria a importação de gás da Bolívia, o que propiciaria uma economia de US$ 600 milhões em 2009. No início da noite, Lobão foi obrigado a se desdizer. Era natural que demonstrasse irritação ao informar que, daqui até maio, em vez dos atuais 30 milhões de metros cúbicos de gás, o Brasil comprará 24 milhões de m³/dia da Bolívia, e não mais 19 milhões de metros cúbicos, como vinha afirmando desde o início da semana passada.
O corte na importação de gás, dizia Lobão, era uma decisão técnica determinada pelas boas condições dos reservatórios das hidrelétricas por causa das chuvas que caem desde novembro. No dia 6 de janeiro, por exemplo, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios das usinas das Regiões Sudeste e Centro-Oeste estavam com 58,03% de sua capacidade. Exatamente um ano antes, o nível era de 44,9%, razão pela qual foram então acionadas as usinas termoelétricas, o que aumentou a demanda de gás boliviano a ponto de o Brasil não concordar em reduzir suas importações para permitir que a Bolívia - cuja capacidade de produção já atingiu o limite - exportasse mais para a Argentina, que passava por grave crise energética.
Desta vez, a situação é tão confortável nas hidrelétricas que, na sexta-feira de manhã, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão técnico do Ministério de Minas e Energia, aprovou a redução da compra de gás da Bolívia, que já vinha diminuindo desde dezembro. Parecia ser a confirmação do que o ministro dissera.
No entanto, depois de reunião realizada em Brasília na tarde daquele dia - com o ministro do Planejamento da Bolívia, Carlos Villegas, o secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, e o assessor da Presidência, Marco Aurélio Garcia -, Lobão teve de anunciar a nova decisão. Bem que tentou encontrar explicações convincentes para justificar a surpreendente mudança de posição do governo. Ela se deve, segundo o ministro, ao fato de que serão reativadas duas usinas termoelétricas que estavam desligadas, as de Canoas (RS) e Araucária (PR).
O volume que o Brasil se comprometeu a importar é maior do que o volume que vinha importando nos últimos dias, mas, para não ter de dizer que haverá aumento nas compras de gás boliviano, o ministro de Minas e Energia observou que o volume a ser importado daqui para a frente é 6 milhões de m³ menor do que o fornecimento obrigatório máximo admitido pela Bolívia no contrato firmado pelos dois países em 1999. É verdade.
Mas há outros aspectos do contrato sobre os quais pouco falou. Um deles é a previsão de fornecimento mínimo de 19 milhões de metros cúbicos por dia. Essa previsão dá garantias ao fornecedor e possibilidade ao comprador de reduzir temporariamente seus gastos, como o Brasil pleiteava. O governo boliviano, porém, não aceitou a redução, porque não quer correr o risco de, em plena crise econômica mundial, perder mercado para o seu gás, que lhe assegura divisas e recursos fiscais. Por isso, pediu ao governo brasileiro a compra de pelo menos 24 milhões de m³/dia.
Além disso, não é certo que, com a redução da importação, o Brasil teria a vantagem financeira prevista pelo ministro. O contrato entre os dois países prevê que o Brasil terá de pagar anualmente à Bolívia o equivalente a pelo menos 24 milhões de m³/dia, tenha ou não consumido esse volume. Se o volume total importado em 2009 resultar numa média inferior à estabelecida no contrato, o Brasil terá de pagar a diferença. Se for maior, pagará o que tiver importado acima da média contratual.
Ao contrário do constrangimento do ministro Lobão ao anunciar os novos números da importação de gás, o ministro do Planejamento da Bolívia, Carlos Villegas, demonstrou muita satisfação ao falar do assunto em La Paz. "É um grande sucesso, porque permite ao governo restabelecer os níveis de arrecadação e, assim, assegurar as verbas para os Estados e para as universidades."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
O ministro Lobão é o que tem menos culpa nessa história, pelo contrário, pagou o maior mico por causa do incompetente presidente que este país tem.
[ ]s
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Slavsya, Otechestvo nashe svobodnoye,
Druzhby narodov nadyozhny oplot,
Znamya sovetskoye, znamya narodnoye
Pust' ot pobedy k pobede vedyot!
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- Marino
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
ESP:
''Política externa virou agenda interna''
Para embaixador Rubens Barbosa, governo segue cartilha do PT na área
As linhas mestras da política externa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que priorizam as relações do Brasil com o mundo em desenvolvimento, saíram do PT. Para o embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a execução dessa cartilha foi encampada sem resistência ou ressalva pela cúpula do Itamaraty, em 2003, e está na base da pretensão deste governo de alçar o País a uma posição de ativismo nos foros políticos internacionais.
"A política externa é do PT. O governo precisou defender uma posição independente no mundo para compensar a sua opção neoliberal na gestão macroeconômica", afirmou Barbosa. "A política externa foi o que o Lula pôde dar ao PT. Virou agenda interna", completou.
Aposentado da carreira diplomática desde 2004, o embaixador aponta pelo menos dois equívocos da política externa. O primeiro é a opção pela cooperação Sul-Sul - em que se prioriza a relação com países em desenvolvimento -, em detrimento do reforço necessário às relações do Brasil com as economias mais desenvolvidas. Essa posição levou o governo a desequilibrar suas concessões aos vizinhos sul-americanos, como forma de evitar atritos resultantes de insatisfações pontuais.
Para Barbosa, o mais recente exemplo dessa linha de ação deu-se há uma semana, quando o governo recuou em sua decisão anterior de cortar as importações de gás natural da Bolívia de 31 milhões de metros cúbicos para 19 milhões de metros cúbicos entre janeiro e abril. Mesmo com um prejuízo estimado em US$ 300 milhões, a Petrobrás teve de subir esse limite a 24 milhões por "considerações políticas".
O presidente Lula se reuniu semana passada com o presidente boliviano, Evo Morales, em Puerto Suárez.
CACIFE
O outro equívoco diz respeito à ambição de colocar o Brasil - e o próprio Lula - no centro dos debates políticos internacionais. Para Barbosa, o País tem cacife para atuar como protagonista nos foros econômico-comercial, de energia e de meio ambiente. Mas carece de forças para atuar no campo político, como em uma eventual retomada das negociações de paz entre Israel e Palestina. "Não tivemos cacife nem para resolver a guerra das papeleiras entre a Argentina e o Uruguai, quanto mais para influir em processo de paz no Oriente Médio", afirmou.
"O ativismo para chamar a atenção sobre o Brasil não é justificável na área política", completou.
Relação com vizinhos é alvo de críticas
Garcia, assessor de Lula e vice-presidente do PT, criou situações de tensão, avaliam diplomatas
João Domingos e Denise Chrispim Marin, Brasília
O Itamaraty dominou a diplomacia brasileira com exclusividade até o início do governo Lula, quando passou a dividir algumas frentes com novos atores. No primeiro mandato, o principal deles foi o assessor de Lula Marco Aurélio Garcia, que, com sua inclinação pela América Latina, cultivou situações de tensão com sua diplomacia cordial com "vizinhos-problema".
A política externa sempre foi área de interesse do PT e neste governo, ao contrário da política econômica, tornou-se sua órbita de influência. Garcia é vice-presidente do PT e chegou a ocupar a presidência do partido no fim de 2006 e início de 2007.
O trio Celso Amorim, Samuel Pinheiro Guimarães e Garcia dominou o cenário durante quase seis anos, mas nem sempre em total harmonia. Além do episódio em que Garcia desqualificou o exército de Israel, várias investidas dele acabaram em desastre - como o apoio à eleição de Evo Morales, na Bolívia, em 2005 - e tiveram de ser consertadas pela diplomacia.
Agora, sob o olhar compassivo do presidente Lula, Mangabeira Unger sugere um quarteto ainda menos harmonioso. Ao propor a construção de uma cooperação mais efetiva entre Brasil e Estados Unidos nas áreas de defesa, de educação e de biocombustíveis, entre outras, o ministro colocou em pauta uma posição de inflexão na política seguida pelo Itamaraty.
"As idéias de Mangabeira nessa área trazem lucidez para dentro do governo. Mas, curiosamente, não deixam de ser uma grande contradição em relação à linha seguida, com o aval do presidente Lula", avaliou o embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Sob a ordem de Amorim de não provocar confusões internas no governo, a diplomacia apenas observa as investidas de Mangabeira no plano internacional. Foi assim, por exemplo, durante sua visita oficial à Rússia, França, Áustria, Israel e Ucrânia, em novembro, em busca de cooperação nas áreas de defesa, educação, agricultura, tecnologia e ciência.
Embora não ponha fé nos resultados práticos dessas ações, o Itamaraty está atento para o caso de Mangabeira pisar em alguma mina diplomática.
Em 2005, o Itamaraty agiu da mesma forma quando o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, tentou abrir um canal direto com a secretária de Estado, Condoleezza Rice - autoridade americana a quem Amorim, publicamente, se refere como Condee.
Para uma fonte do governo, a ideia de que Mangabeira terá mais acesso à administração de Obama porque foi seu professor em Harvard é "puro mito". Conforme essa análise, Mangabeira aproveita-se do fato de que não interessa nem ao Brasil nem aos EUA complicar a agenda bilateral.
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
O Estado de São Paulo
Chanceleres informais de Lula irritam o Itamaraty
Ministros e assessores assumem papel de diplomatas, com o aval do presidente
João Domingos e Denise Chrispim Marin, Brasília
Nos últimos dias o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, dedicou parte de seu tempo a um périplo por países do Oriente Médio, como Israel, Palestina, Síria, Jordânia e Egito, numa missão de paz entre o Hamas e Israel. Se, em outros continentes, houvesse demandas pela presença do ministro brasileiro para tratar de temas variados nas áreas de defesa, meio ambiente, contatos com os sul-americanos ou com os países do Hemisfério Sul, não haveria problema de quadros qualificados.
O modelo adotado pelo governo brasileiro criou a figura de vários chanceleres.
No início do mês, o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, atropelou o Itamaraty e se reuniu com a equipe do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, para os primeiros contatos diplomáticos entre os dois países. Tratou de temas caros à diplomacia nacional, como alianças comerciais e militares. Antes, Mangabeira reuniu-se com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e seus principais ministros, para tratar de acordos na área de defesa e da ciência e tecnologia. Em ambas as ocasiões, ele estava autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na Conferência de Poznan, na Polônia, no fim do mês, incentivados pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, técnicos ambientalistas negociaram verbas para o Fundo Amazônia com a Alemanha e a Noruega e prometeram metas de redução de emissão de gás carbônico por parte do Brasil sem passar pelo crivo das Relações Exteriores. Assim como Mangabeira, Minc e os técnicos do Meio Ambiente estavam autorizados por Lula a fazer os acordos.
Nas negociações humanitárias para a liberação de reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), entre eles a ex-senadora Ingrid Betancourt, o governo mandou para lá o professor Marco Aurélio Garcia, assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência. Garcia tem cuidado dos contatos do Brasil com os governos de esquerda e nacionalistas de Venezuela, Bolívia e Equador.
Também costuma participar das negociações com o governo de Raúl Castro, em Cuba.
No Itamaraty, nem os recém-egressos do Instituto Rio Branco duvidam que quanto mais canais de interlocução do Brasil com o exterior, maior o risco de confusões na execução da política externa. O ano de 2008 fechou com registros claros de investidas do ministro Mangabeira Unger que contrariam a linha seguida pelo Itamaraty nos últimos seis anos e que, mesmo assim, tiveram o aval do presidente Lula. O ano de 2009 começa com um balaio de pelo menos quatro interlocutores na área internacional e duas linhas que se chocam em um ponto de extrema delicadeza - a relação do País com os Estados Unidos.
Além do próprio Lula que, em tese, definiu a atual política externa e a executa por meio de uma ativa diplomacia presidencial, estão neste cesto: o chanceler Celso Amorim, responsável pelos grandes temas multilaterais e pela alavancagem do Foro Bric (Brasil, Rússia, Índia e China); o secretário-geral das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, que toca a cooperação Sul-Sul; Garcia, que gere as relações do Brasil com os líderes de esquerda da América Latina; e Mangabeira, que se autoproclama a conexão do Brasil com a futura administração de Obama.
Há ainda outros dois que, embora circunscritos em suas áreas de ação, chegaram a se confrontar com as posições do Itamaraty recentemente e prometem dar trabalho para a diplomacia - os ministros Nelson Jobim, da Defesa, e Carlos Minc, do Meio Ambiente.
O maior problema de ter tantos canais de interlocução com o exterior está na falta de coordenação entre eles. Sem isso, tendem a se encavalar e a criar confusões, afirma um diplomata. Para ele, não se pode esperar coordenação na política externa de um "governo descoordenado" em qualquer área há seis anos.
TERRORISMO
Um exemplo de trombada surgiu na semana retrasada, quando Garcia acusou Israel de cometer "terrorismo de Estado", por seus ataques militares desproporcionais à Faixa de Gaza. Sua declaração surgiu no momento em que Amorim preparava a jornada ao Oriente Médio em favor do cessar-fogo imediato e da retomada das negociações - iniciativa que, a rigor, faz parte da estratégia para alçar o País a todos os foros internacionais de relevância.
Um dia antes, em comunicado, o PT usara o mesmo adjetivo e acrescentara que as ações de Israel assemelhavam-se à "prática típica do exército nazista". Israel não reagiu oficialmente, na avaliação de diplomatas experientes em questões do Oriente Médio, porque não quer gerar uma nova aresta. Além do grande número de chanceleres, o partido do presidente também dá palpites na política externa.
Chanceleres informais de Lula irritam o Itamaraty
Ministros e assessores assumem papel de diplomatas, com o aval do presidente
João Domingos e Denise Chrispim Marin, Brasília
Nos últimos dias o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, dedicou parte de seu tempo a um périplo por países do Oriente Médio, como Israel, Palestina, Síria, Jordânia e Egito, numa missão de paz entre o Hamas e Israel. Se, em outros continentes, houvesse demandas pela presença do ministro brasileiro para tratar de temas variados nas áreas de defesa, meio ambiente, contatos com os sul-americanos ou com os países do Hemisfério Sul, não haveria problema de quadros qualificados.
O modelo adotado pelo governo brasileiro criou a figura de vários chanceleres.
No início do mês, o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, atropelou o Itamaraty e se reuniu com a equipe do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, para os primeiros contatos diplomáticos entre os dois países. Tratou de temas caros à diplomacia nacional, como alianças comerciais e militares. Antes, Mangabeira reuniu-se com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e seus principais ministros, para tratar de acordos na área de defesa e da ciência e tecnologia. Em ambas as ocasiões, ele estava autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na Conferência de Poznan, na Polônia, no fim do mês, incentivados pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, técnicos ambientalistas negociaram verbas para o Fundo Amazônia com a Alemanha e a Noruega e prometeram metas de redução de emissão de gás carbônico por parte do Brasil sem passar pelo crivo das Relações Exteriores. Assim como Mangabeira, Minc e os técnicos do Meio Ambiente estavam autorizados por Lula a fazer os acordos.
Nas negociações humanitárias para a liberação de reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), entre eles a ex-senadora Ingrid Betancourt, o governo mandou para lá o professor Marco Aurélio Garcia, assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência. Garcia tem cuidado dos contatos do Brasil com os governos de esquerda e nacionalistas de Venezuela, Bolívia e Equador.
Também costuma participar das negociações com o governo de Raúl Castro, em Cuba.
No Itamaraty, nem os recém-egressos do Instituto Rio Branco duvidam que quanto mais canais de interlocução do Brasil com o exterior, maior o risco de confusões na execução da política externa. O ano de 2008 fechou com registros claros de investidas do ministro Mangabeira Unger que contrariam a linha seguida pelo Itamaraty nos últimos seis anos e que, mesmo assim, tiveram o aval do presidente Lula. O ano de 2009 começa com um balaio de pelo menos quatro interlocutores na área internacional e duas linhas que se chocam em um ponto de extrema delicadeza - a relação do País com os Estados Unidos.
Além do próprio Lula que, em tese, definiu a atual política externa e a executa por meio de uma ativa diplomacia presidencial, estão neste cesto: o chanceler Celso Amorim, responsável pelos grandes temas multilaterais e pela alavancagem do Foro Bric (Brasil, Rússia, Índia e China); o secretário-geral das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, que toca a cooperação Sul-Sul; Garcia, que gere as relações do Brasil com os líderes de esquerda da América Latina; e Mangabeira, que se autoproclama a conexão do Brasil com a futura administração de Obama.
Há ainda outros dois que, embora circunscritos em suas áreas de ação, chegaram a se confrontar com as posições do Itamaraty recentemente e prometem dar trabalho para a diplomacia - os ministros Nelson Jobim, da Defesa, e Carlos Minc, do Meio Ambiente.
O maior problema de ter tantos canais de interlocução com o exterior está na falta de coordenação entre eles. Sem isso, tendem a se encavalar e a criar confusões, afirma um diplomata. Para ele, não se pode esperar coordenação na política externa de um "governo descoordenado" em qualquer área há seis anos.
TERRORISMO
Um exemplo de trombada surgiu na semana retrasada, quando Garcia acusou Israel de cometer "terrorismo de Estado", por seus ataques militares desproporcionais à Faixa de Gaza. Sua declaração surgiu no momento em que Amorim preparava a jornada ao Oriente Médio em favor do cessar-fogo imediato e da retomada das negociações - iniciativa que, a rigor, faz parte da estratégia para alçar o País a todos os foros internacionais de relevância.
Um dia antes, em comunicado, o PT usara o mesmo adjetivo e acrescentara que as ações de Israel assemelhavam-se à "prática típica do exército nazista". Israel não reagiu oficialmente, na avaliação de diplomatas experientes em questões do Oriente Médio, porque não quer gerar uma nova aresta. Além do grande número de chanceleres, o partido do presidente também dá palpites na política externa.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Eu sempre achei complicada essa história de ter um assessor para assuntos internacionais e um Ministro das Relações Exteriores tentando convencer os presidentes ao mesmo tempo. Acredito ser um erro muito grave.
Nos EUA, por exemplo, a sala do presidente norte-americano fica, literalmente, a uma porta de distância da sala do (ou da) Secretário(a) de Estado. Na prática a Hillary Clinton só precisa abrir essa porta para falar diretamente com o Obama. Qual a diferença que isso faz? Bom, na minha opinião, permite que os assuntos internacionais sejam executados de forma bem planejada, com troca de informações constante entre o líder maior do Estado e o "maior especialista na área", sem interferências diretas nessa comunicação.
No Brasil? temos o presidente com acesso privilegiado a um assessor que pensa, muitas vezes, de forma diferente do Chanceler e, como bem mostrado nos artigos acima, acaba literalmente atrapalhando desde o início a execução da política externa. Acredito que este assessor deveria ser, no máximo, um representante do próprio Itamaraty, com ligação 24hrs com o Chanceler.
Bom... eu sou formado em REL e estudo a algum tempo para ser diplomata. Venho acopanhando nos últimos meses o dia-a-dia da política externa brasileira com mais detalhes e acredito que a postura do Itamaraty sempre foi bem equilibrada. Com certeza houve um "susto" com as ações dos presidentes sulamericanos que decidiram levantar a voz para falar com o Brasil. Talvez devesse haver uma lei, como existe nos EUA, na qual ficam proibidos investimentos em países que expropriam bens nacionais. Assim um Evo ou qualquer outro do gênero pensariam muito antes de agir contra as empresas brasileiras, já que, querendo ou não, eles dependem em muito do capital brasileiro para seu desenvolvimento e seria um tiro no pé qualquer façanha do tipo.
Nos EUA, por exemplo, a sala do presidente norte-americano fica, literalmente, a uma porta de distância da sala do (ou da) Secretário(a) de Estado. Na prática a Hillary Clinton só precisa abrir essa porta para falar diretamente com o Obama. Qual a diferença que isso faz? Bom, na minha opinião, permite que os assuntos internacionais sejam executados de forma bem planejada, com troca de informações constante entre o líder maior do Estado e o "maior especialista na área", sem interferências diretas nessa comunicação.
No Brasil? temos o presidente com acesso privilegiado a um assessor que pensa, muitas vezes, de forma diferente do Chanceler e, como bem mostrado nos artigos acima, acaba literalmente atrapalhando desde o início a execução da política externa. Acredito que este assessor deveria ser, no máximo, um representante do próprio Itamaraty, com ligação 24hrs com o Chanceler.
Bom... eu sou formado em REL e estudo a algum tempo para ser diplomata. Venho acopanhando nos últimos meses o dia-a-dia da política externa brasileira com mais detalhes e acredito que a postura do Itamaraty sempre foi bem equilibrada. Com certeza houve um "susto" com as ações dos presidentes sulamericanos que decidiram levantar a voz para falar com o Brasil. Talvez devesse haver uma lei, como existe nos EUA, na qual ficam proibidos investimentos em países que expropriam bens nacionais. Assim um Evo ou qualquer outro do gênero pensariam muito antes de agir contra as empresas brasileiras, já que, querendo ou não, eles dependem em muito do capital brasileiro para seu desenvolvimento e seria um tiro no pé qualquer façanha do tipo.
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
USINAS BRASILEIRAS
Bolívia teme danos
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, prometeu a seu colega boliviano, David Choquehuanca, que a construção das usinas do Rio Madeira (Acre), não causará danos ambientais a seu país. Há 10 dias o Itamaraty enviou a La Paz o rascunho de um acordo no qual o Brasil se compromete a corrigir danos ambientais ou de saúde pública que venham a surgir no território boliviano como consequência da construção das hidrelétricas.
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Globo:
Acordo prévio com os bolivianos
BRASÍLIA. Para frear os protestos do governo boliviano contra a construção das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio - e dar maior segurança ao país vizinho -, o Brasil decidiu colocar no papel o compromisso de que não haverá danos ambientais ou para a saúde nas margens do Rio Madeira na Bolívia, causados pela instalação das duas usinas. O acordo foi assinado ontem, durante encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o chanceler da Bolívia, David Choquehuanca.
O tema foi largamente discutido em reunião privada entre os dois ministros. As autoridades bolivianas insistem, desde 2007, em que as obras poderão causar danos ambientais ao seu país.
- Há preocupações bolivianas sobre eventuais impactos. Temos obviamente a posição de que é perfeitamente possível e que serão feitas essas hidrelétricas sem nenhum prejuízo, mas queremos que a Bolívia se sinta à vontade e segura - disse Amorim, após a reunião com Choquehuanca. (Eliane Oliveira)
Bolívia teme danos
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, prometeu a seu colega boliviano, David Choquehuanca, que a construção das usinas do Rio Madeira (Acre), não causará danos ambientais a seu país. Há 10 dias o Itamaraty enviou a La Paz o rascunho de um acordo no qual o Brasil se compromete a corrigir danos ambientais ou de saúde pública que venham a surgir no território boliviano como consequência da construção das hidrelétricas.
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Globo:
Acordo prévio com os bolivianos
BRASÍLIA. Para frear os protestos do governo boliviano contra a construção das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio - e dar maior segurança ao país vizinho -, o Brasil decidiu colocar no papel o compromisso de que não haverá danos ambientais ou para a saúde nas margens do Rio Madeira na Bolívia, causados pela instalação das duas usinas. O acordo foi assinado ontem, durante encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o chanceler da Bolívia, David Choquehuanca.
O tema foi largamente discutido em reunião privada entre os dois ministros. As autoridades bolivianas insistem, desde 2007, em que as obras poderão causar danos ambientais ao seu país.
- Há preocupações bolivianas sobre eventuais impactos. Temos obviamente a posição de que é perfeitamente possível e que serão feitas essas hidrelétricas sem nenhum prejuízo, mas queremos que a Bolívia se sinta à vontade e segura - disse Amorim, após a reunião com Choquehuanca. (Eliane Oliveira)
Editado pela última vez por Marino em Sex Mar 13, 2009 5:19 pm, em um total de 1 vez.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Argentina e Brasil tentam 'panos quentes'
Restrições do governo Kirchner impõem perdas de US$1,5 bi à balança brasileira
Janaína Figueiredo
BUENOS AIRES. Uma semana antes do encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner, em São Paulo, negociadores do Brasil e da Argentina tentaram ontem botar "panos quentes" no conflito bilateral desencadeado pela adoção, por parte do governo argentino, de medidas de proteção à indústria nacional que, segundo o Brasil, estão prejudicando cerca de 10% do total exportado pelo país e representam perda anual de US$1,5 bilhão.
Embora tenham defendido a política comercial da equipe comandada pela ministra da Produção, Débora Giorgi, representantes da Casa Rosada acenaram com a possibilidade de flexibilizar as medidas implementadas (licenças não automáticas e processos antidumping), em caso de um acordo voluntário entre os setores privados de ambos os países. Já o Brasil disse não estar pensando, por enquanto, em recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Os dois governos mostraram disposição para preservar o processo de integração, em meio à crise mundial. Porém, em reunião ontem na sede do Ministério das Relações Exteriores argentino, os negociadores do governo Kirchner insistiram em defender a legitimidade das restrições comerciais aplicadas.
- A Argentina é nosso principal parceiro comercial, nossa principal aliança estratégica. Existe claramente um interesse em defender o desenvolvimento dos dois países - disse o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.
Restrições do governo Kirchner impõem perdas de US$1,5 bi à balança brasileira
Janaína Figueiredo
BUENOS AIRES. Uma semana antes do encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner, em São Paulo, negociadores do Brasil e da Argentina tentaram ontem botar "panos quentes" no conflito bilateral desencadeado pela adoção, por parte do governo argentino, de medidas de proteção à indústria nacional que, segundo o Brasil, estão prejudicando cerca de 10% do total exportado pelo país e representam perda anual de US$1,5 bilhão.
Embora tenham defendido a política comercial da equipe comandada pela ministra da Produção, Débora Giorgi, representantes da Casa Rosada acenaram com a possibilidade de flexibilizar as medidas implementadas (licenças não automáticas e processos antidumping), em caso de um acordo voluntário entre os setores privados de ambos os países. Já o Brasil disse não estar pensando, por enquanto, em recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Os dois governos mostraram disposição para preservar o processo de integração, em meio à crise mundial. Porém, em reunião ontem na sede do Ministério das Relações Exteriores argentino, os negociadores do governo Kirchner insistiram em defender a legitimidade das restrições comerciais aplicadas.
- A Argentina é nosso principal parceiro comercial, nossa principal aliança estratégica. Existe claramente um interesse em defender o desenvolvimento dos dois países - disse o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
É uma piada isso. Quando os EUA fizeram seu plano de recuperação economica com a proposta de dar prioridade aos produtos locais o Itamaraty ficou "putinho" e disse que ia levar a questão a OMC e coisa e tal... agora quando a Arjumentina impões barreiras a mais de 2000 produtos de exportação brasileiros o Itamaraty é cheio de pudores, controla a lingua pra não ofender o queridinho "socio"... ah vai pra pqp...
É ou não é uma política externa ambígua e frouxa ????
Os argies argumentam que a balança comercial é desfavorável a eles a 70 meses, mas não levam em consideração que desde a fundação do MerDosul até 2004 a balança era favorável a eles... ¿Muy hermanos, no?
Com "hermanos" como estes não precisamos nem de inimigos! ¿Y quetales?
[]'s.
É ou não é uma política externa ambígua e frouxa ????
Os argies argumentam que a balança comercial é desfavorável a eles a 70 meses, mas não levam em consideração que desde a fundação do MerDosul até 2004 a balança era favorável a eles... ¿Muy hermanos, no?
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Paraguai exige US$ 1,8 bi do Brasil
Vizinho diz que valor 16 vezes maior seria o justo por carga excedente gerada por Itaipu
O Paraguai quer elevar para até US$ 1,8 bilhão o valor que o Brasil paga anualmente pela energia procedente da hidrelétrica de Itaipu, ante os atuais US$ 109 milhões, afirmou o presidente paraguaio, Fernando Lugo, em uma entrevista ao jornal espanhol El Mundo.
"Hoje recebemos US$ 109 milhões ao ano de Itaipu e nos oferecem subir a US$ 200 milhões. Nós queremos pelo menos de US$ 1,2 bilhão a US$ 1,8 bilhão por ano", respondeu Lugo ao ser questionado se o Paraguai vai renegociar os tratados das hidrelétricas que administra com o Brasil e a Argentina. "Lutamos por um preço justo, o do mercado. O Paraguai é um país pobre que, de alguma maneira, está subsidiando a energia do Brasil."
O governo de Lugo questiona o preço que o Brasil paga pela energia paraguaia, da qual Brasília tem prioridade de compra. O presidente paraguaio quer esgotar os meios bilaterais, mas deu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o prazo de um ano para um acordo.
"Se neste tempo não tivermos resposta...", afirmou o presidente paraguaio, sem completar a frase. "Agora a energia vai diretamente para o Brasil, não sabemos nem sequer quanta. Falta alcançar o preço justo e a livre disponibilidade da energia."
Novo capítulo
A entrevista representa só mais um episódio do esforço do governo paraguaio para conseguir revisar o acordo de Itaipu Binacional. Enquanto Lugo – que se elegeu com a plataforma de mudança no contrato da usina – insiste no aumento dos valores pagos pelo Brasil pela energia de Itaipu, o Brasil admite, no máximo, oferecer um pacote de ajuda ao vizinho do Mercosul. Em janeiro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, propôs a uma comitiva de ministros paraguaios a criação de um fundo binacional de investimentos para projetos nos dois países. A proposta foi feita durante reunião para discutir as reivindicações do vizinho. Na ocasião, Amorim não detalhou com que recursos esse fundo seria formado e nem o montante necessário.
Lobão contesta
Contrariado com a entrevista do mandatário paraguaio, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o Paraguai não contribuiu com "um centavo sequer" para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, que fica na fronteira entre os dois países.
– Ele entrou apenas com parte da água, porque a outra parte era do Brasil – afirmou.
De acordo com Lobão, o governo brasileiro não está explorando o país vizinho em relação à tarifa da usina, apesar das declarações de Lugo.
– Não estamos espoliando ninguém, mas fazendo o que a Justiça e o Tratado de Itaipu determinam – contestou o ministro.
Durante o discurso na posse do novo diretor-presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, Lobão explicou que, na época da construção da usina, cada país teria que contribuir com US$ 50 bilhões, mas como o Paraguai não tinha os recursos disponíveis, o valor foi emprestado pelo Brasil.
– Esse valor deveria ser pago com a geração de energia, o que está acontecendo, mas o pagamento ainda não foi concluído – disse.
Lobão também criticou o presidente do Paraguai, que teria dito que o Brasil paga US$ 2,85 ao Paraguai pelo megawatt (MW) consumido de Itaipu.
– Tivemos que dizer a ele que não era isso, e sim US$ 45, mais do que custará a energia das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio – afirmou o ministro brasileiro.
Vizinho diz que valor 16 vezes maior seria o justo por carga excedente gerada por Itaipu
O Paraguai quer elevar para até US$ 1,8 bilhão o valor que o Brasil paga anualmente pela energia procedente da hidrelétrica de Itaipu, ante os atuais US$ 109 milhões, afirmou o presidente paraguaio, Fernando Lugo, em uma entrevista ao jornal espanhol El Mundo.
"Hoje recebemos US$ 109 milhões ao ano de Itaipu e nos oferecem subir a US$ 200 milhões. Nós queremos pelo menos de US$ 1,2 bilhão a US$ 1,8 bilhão por ano", respondeu Lugo ao ser questionado se o Paraguai vai renegociar os tratados das hidrelétricas que administra com o Brasil e a Argentina. "Lutamos por um preço justo, o do mercado. O Paraguai é um país pobre que, de alguma maneira, está subsidiando a energia do Brasil."
O governo de Lugo questiona o preço que o Brasil paga pela energia paraguaia, da qual Brasília tem prioridade de compra. O presidente paraguaio quer esgotar os meios bilaterais, mas deu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o prazo de um ano para um acordo.
"Se neste tempo não tivermos resposta...", afirmou o presidente paraguaio, sem completar a frase. "Agora a energia vai diretamente para o Brasil, não sabemos nem sequer quanta. Falta alcançar o preço justo e a livre disponibilidade da energia."
Novo capítulo
A entrevista representa só mais um episódio do esforço do governo paraguaio para conseguir revisar o acordo de Itaipu Binacional. Enquanto Lugo – que se elegeu com a plataforma de mudança no contrato da usina – insiste no aumento dos valores pagos pelo Brasil pela energia de Itaipu, o Brasil admite, no máximo, oferecer um pacote de ajuda ao vizinho do Mercosul. Em janeiro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, propôs a uma comitiva de ministros paraguaios a criação de um fundo binacional de investimentos para projetos nos dois países. A proposta foi feita durante reunião para discutir as reivindicações do vizinho. Na ocasião, Amorim não detalhou com que recursos esse fundo seria formado e nem o montante necessário.
Lobão contesta
Contrariado com a entrevista do mandatário paraguaio, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o Paraguai não contribuiu com "um centavo sequer" para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, que fica na fronteira entre os dois países.
– Ele entrou apenas com parte da água, porque a outra parte era do Brasil – afirmou.
De acordo com Lobão, o governo brasileiro não está explorando o país vizinho em relação à tarifa da usina, apesar das declarações de Lugo.
– Não estamos espoliando ninguém, mas fazendo o que a Justiça e o Tratado de Itaipu determinam – contestou o ministro.
Durante o discurso na posse do novo diretor-presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, Lobão explicou que, na época da construção da usina, cada país teria que contribuir com US$ 50 bilhões, mas como o Paraguai não tinha os recursos disponíveis, o valor foi emprestado pelo Brasil.
– Esse valor deveria ser pago com a geração de energia, o que está acontecendo, mas o pagamento ainda não foi concluído – disse.
Lobão também criticou o presidente do Paraguai, que teria dito que o Brasil paga US$ 2,85 ao Paraguai pelo megawatt (MW) consumido de Itaipu.
– Tivemos que dizer a ele que não era isso, e sim US$ 45, mais do que custará a energia das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio – afirmou o ministro brasileiro.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa de Rui Barbosa
Você, cabeça limpa?Bolovo escreveu:Espere toda a geração revisionista dos anos 60/70/80 morrer. A molecada com cabeça limpa tá aí agora, em formação, como eu.Túlio escreveu:Sobre Rui Barbosa:
"Não posso ser membro de um Ministério que não tome por primeira reforma a Federação." - em 1889 recusou o convite para integrar o Gabinete Ouro Preto.
"Com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação. Eu ouso dizer que este é o programa da República".- Manifesto à nação.
"Ou o gênero humano há de exterminá-la ou ela exterminará o gênero humano".- na Conferência sobre a Guerra, em 1917.
"A consciência me atesta não estar eu na altura de galardão tão excepcional".- recusando projeto do senador Félix Pacheco para que fosse concedido a Ruy um prêmio nacional em dinheiro.
POR QUE DIABOS NÃO SE FAZEM MAIS HOMENS ASSIM NO BRASIL???
Estamos chegando hombre, tenha fé!
Limpa do quê?
Geração revisionista? O que é isso?
O Bolovo...
Eu tenho um livro de Nietzsche (Além do Bem e do Mal), capa dura, para momentos como esse:
pena que só funciona em encontros pessoais!
- Bolovo
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Esse cara me ama...
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Bolovo escreveu:Esse cara me ama...
Por falar em gerações, devo dizer, que tenho
antes, desprezo por todos que perfazem duas décadas e pouco de
vida. Pouco a mais e a menos.
Motivos:
1- Estúpidos;
2- Incultos;
3- Arrogantes;
4- Dissimulados;
5- Hedonistas;
Incapazes de ver algo à frente do nariz; limitados em termos de horizonte e cultura; imitadores de conceitos alheios, apenas. Necessitam sempre, de reconhecimento: sinal de incapacidade de crescer por si.
Me sinto superior. Não só por me ver, com muita facilidade, bem mais afeito à abstração do que os chamados "jovens". Mas, por ter visão mais larga, menos preconceituosa, e ter nas minhas convicções, antes, alicerces para minha vida (e dela constituída), não para exibição egocêntrica.
É por isso, que me sinto superior: como qualquer pessoa que não joga para platéia, que faz do pensamento um instrumento e que não tem medo do que faz ou pensa.
Já os perdidos, ora vejam só... Pensam sempre em agradar.
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Deveras, os jovens não tem uma qualidade que apenas em sua idade se pode conquistar: HUMILDADE.HIGGINS escreveu:Bolovo escreveu:Esse cara me ama...
Por falar em gerações, devo dizer, que tenho
antes, desprezo por todos que perfazem duas décadas e pouco de
vida. Pouco a mais e a menos.
Motivos:
1- Estúpidos;
2- Incultos;
3- Arrogantes;
4- Dissimulados;
5- Hedonistas;
Incapazes de ver algo à frente do nariz; limitados em termos de horizonte e cultura; imitadores de conceitos alheios, apenas. Necessitam sempre, de reconhecimento: sinal de incapacidade de crescer por si.
Me sinto superior. Não só por me ver, com muita facilidade, bem mais afeito à abstração do que os chamados "jovens". Mas, por ter visão mais larga, menos preconceituosa, e ter nas minhas convicções, antes, alicerces para minha vida (e dela constituída), não para exibição egocêntrica.
É por isso, que me sinto superior: como qualquer pessoa que não joga para platéia, que faz do pensamento um instrumento e que não tem medo do que faz ou pensa.
Já os perdidos, ora vejam só... Pensam sempre em agradar.
- Bolovo
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Não entendi.
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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