EUA x Irã
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Re: EUA x Irã
A revolução de 79 não era somente religiosa. Havia forte componente nacionalista (a monarquia, segundo o Tarik Ali, era bastarda: os Pahlevi eram cossacos, há pouco transplantados do Cáucaso), socialista, comunista e religioso (o ícone curtia uns bons anos em Paris, o que não bastou para suavizar o velho Komehini, que, diga-se de passagem, era parecido com o meu avô materno (neto de ingleses e alemães), um dos maiores sacanas, piadistas, jogadores de snooker e dominó e libertinos aqui desta pacata Cidade de Florianópolis).
Além disso, eles foram alvo de agressões diretas e indiretas pelo Ocidente e Bloco Comunista. Saddam, aliás, foi um dos heróis universais no começo dos anos 80, ele que aprendera com seu pai em Tikrit, uma das vanguardas árabes-sunitas, "a jamais confiar em um persa".
Resultado ? Radicalização, expurgos internos e severa islamização do país do Oriente Médio que tinha a maior classe média, onde há mulheres belíssimas e ainda se aprecia muita coisa ocidental.
Salu2, alexandre.
Além disso, eles foram alvo de agressões diretas e indiretas pelo Ocidente e Bloco Comunista. Saddam, aliás, foi um dos heróis universais no começo dos anos 80, ele que aprendera com seu pai em Tikrit, uma das vanguardas árabes-sunitas, "a jamais confiar em um persa".
Resultado ? Radicalização, expurgos internos e severa islamização do país do Oriente Médio que tinha a maior classe média, onde há mulheres belíssimas e ainda se aprecia muita coisa ocidental.
Salu2, alexandre.
"Em geral, as instituições políticas nascem empiricamente na Inglaterra, são sistematizadas na França, aplicadas pragmaticamente nos Estados Unidos e esculhambadas no Brasil"
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Re: EUA x Irã
PRECES PELA GUERRA DE NORMAN PODHORETZ.
Por Muhammad Sahimi – 16 de outubro de 2007.
A edição de junho de Commentary apresenta um longo artigo por Norman Podhoretz, o padrinho dos neo-conservadores, intitulado “O Caso Para Bombardear o Irã.” Uma versão resumida do artigo já havia sido publicada no The Wall Street Journal, e o artigo em si está baseado no discurso que Podhoretz pronunciou num encontro do lobby israelense, “É 1938, Novamente?”
O artigo de Podhoretz é um esquema de como fazer as pessoas acreditarem que o Irã é um “perigo atual e iminente” para os Estados Unidos e Israel sem mostrar qualquer evidência crível, seja qual for. Ele está repleto com espantosos exageros, meias-verdades requentadas, citações fora de contexto, impressionantes demonstrações de ignorância e imbecilidade, e uma completa ausência de compreensão do Islã e de seus ensinamentos. Isto me lembra do que o Reichsmarschall Hermann Goering da Alemanha Nazista, certa vez, disse:
Os “argumentos” de Podhoretz estão baseados numas poucas premissas. A primeira, que sempre é invocada pelo presidente Bush em sua propaganda, é que os radicais islâmicos são impulsionados pela ideologia do islamofascismo.
O recente livro de Podhoretz, que foi lançado em 11 de setembro, por razões de publicidade, também está baseado na mesma premissa.
A idéia de que o islamofascismo, realmente, exista, não só é absurda, mas, também, profundamente, ignorante. Para citar o American Heritage Dictionary, fascismo é
Para citar o website do Centro para Estudos do Holocausto e Genocídio da Universidade de Minnesota, fascismo
Nenhuma interpretação dos ensinamentos islâmicos, não importa o quão distorcidos, legitima o racismo.
O Islã rejeita o nacionalismo. Ele é uma religião na qual, quaisquer duas pessoas podem criar uma entidade religiosa, independentemente, do estado. Há mais de setenta seitas islâmicas, o que indica que grande diversidade de opinião no mundo islâmico.
O xiismo, em particular, divide todos os muçulmanos em três categorias: os aiatolás, que interpretam os ensinamentos islâmicos; o povo, que não tem conhecimentos o bastante e, portanto, segue as interpretações dos aiatolás; e os mohtaats – pessoas que sabem o suficiente para decidirem, por si mesmos, quais interpretações dos ensinamentos islâmicos aceitar e, por isso, não seguem qualquer aiatolá ou mesmo, as instruções do estado (como no Irã, por exemplo).
A maioria dos aiatolás atua, completamente, independente do estado. Com freqüência, eles não concordam, entre eles mesmos, sobre as corretas interpretações dos ensinamentos corânicos. Alguns ainda se agarram às interpretações de muitos séculos atrás, enquanto outros apresentam interpretações que lidam com as necessidades de uma sociedade moderna. Como o aiatolá Khomeini, certa vez, disse, “se fôssemos viver com algumas das interpretações dos ensinamentos islâmicos de 1300 anos atrás, teríamos de viver nas cavernas.”
Esta diversidade de opiniões entre os aiatolás não apenas dá ao xiismo, dinamismo e flexibilidade, como também explica porque temos tantos aiatolás dissidentes no Irã, que se opõem à teocracia, lá.
Mas, mesmo se imaginarmos que o islamofascismo existe, ele nada tem a ver com o Irã. A atual onda de radicalismo islâmico não emergiu com a Revolução Iraniana de 1979. Na verdade, ela começou em 1977, quando o general Muhammad Zia-ul-Haq, comandante do exército do Paquistão, derrubou (com apoio dos Estados Unidos) o primeiro-ministro, eleito democraticamente, Zulfikar Ali Bhutto (que, mais tarde, foi executado), e impôs sua versão da lei Sharia sobre o Paquistão. O radicalismo islâmico continua, hoje, no Paquistão, o aliado mais próximo dos Estados Unidos, na chamada guerra ao terror.
Mesmo se atribuíssemos a atual onda de radicalismo islâmico à Revolução Iraniana, precisaríamos nos lembrar que, como aponta Stephen Kinzer, em seu excelente livro, All the Sha’s Men, a raiz causal da revolta, está em 1953, quando a CIA derrubou o primeiro-ministro nacionalista e eleito democraticamente, Dr. Mohammed Mossadegh.
Deveríamos nos lembrar que Osama bin Laden e suas coortes, tanto quanto a liderança Taliban, são os mujahedin dos anos 1980, que foram armados pela CIA, treinados pela inteligência paquistanesa, durante o governo do general Zia, bancados pela Arábia Saudita e celebrados pelo presidente Ronald Reagan, como os equivalentes dos combatentes da liberdade da Guerra Revolucionária da América. Eles eram salafistas, seguidores da religião de estado da Arábia Saudita. As madrassas paquistanesas que são os campos de cultivo para os radicais muçulmanos são bancadas pela Arábia Saudita e outros estados árabes do Golfo Pérsico, todos aliados dos Estados Unidos.
Os combatentes estrangeiros no Iraque são da Arábia Saudita, Egito, Jordânia, e outros estados sunitas apoiados pelos Estados Unidos, como eram os terroristas do 11 de Setembro. Dos 60 a 80 combatentes que viajaram para se juntarem a al-Qaeda no Iraque, metade deles eram da Arábia Saudita. Quase todos os homens-bomba são sunitas, e a maioria são sauditas. De fato, xiitas não legitimam homens-bomba suicidas. Aproximadamente metade de todos os militantes estrangeiros, que visam soldados americanos e civis iraquianos, são da Arábia Saudita como o são quase a metade dos prisioneiros estrangeiros em custódia americana no Iraque. Mas, ao invés de confrontar a Arábia Saudita, o presidente Bush decidiu fornecer bilhões de dólares em armamentos avançados para este país.
Mas, mesmo quando se trata dos muçulmanos radicais no Iraque e alhures, a idéia de uma autoridade central, similar ao fascismo, é absurda. A al-Qaeda iraquiana tem grandes divergências com bin Laden. Os terroristas de Madri e Londres eram crias da casa, nada tendo que ver com bin Laden.
Portanto, o islamofascismo não existe, e os radicais islâmicos estão nas extremidades. O que, com certeza, existe, é o fascismo, aqui em casa. Os fundamentalistas cristãos e as coortes de Podhoretz no lobby israelense, de mãos dadas com os neo-conservadores, apoiando a guerra contra muçulmanos, invadindo o Iraque, e fornecendo apoio material para as políticas coloniais, expansionistas e do tipo apartheid de Israel na Margem Ocidental. Esta aliança tornou a tortura de prisioneiros de guerra uma política permanente do governo americano, e fez isto com total segredo, distorcendo a lei da terra. Tais crimes são, agora, chamados “técnicas de interrogatório aperfeiçoadas”, ecoando, como Andrew Sullivan, recentemente apontou, o Verscherfte Vernehmung (técnicas de interrogatório da Gestapo) dos nazistas. Muitos perpetradores nazistas foram condenados na corte de Nuremberg por tais crimes.
A segunda premissa de Podhoretz, empacota juntos muitos elementos islâmicos, amplamente disparatados, sob a rubrica do não-existente inimigo islamofascista, que estão, magicamente, “dispostos a acertarem diferenças sectárias entre si, quando se trata de forjar alianças jihadistas contra os infiéis,” todos sob a liderança do Irã xiita. Esta idéia não poderia, com certeza, ser mais ridícula.
Os radicais sunitas odeiam os xiitas e os rejeitam como não-muçulmanos. Os árabes, em geral, desprezam os persas. As mais altas autoridades religiosas da Arábia Saudita e do Egito tem proclamados fatwas contra os xiitas. Osama bin Laden e o Taliban desprezam o Irã xiita, com o último tendo assassinado muitos iranianos, incluindo nove diplomatas. Sunitas e xiitas estão uns nas gargantas dos outros, no Iraque, Líbano, Paquistão e alhures, e, durante décadas, a Arábia Saudita vem reprimindo sua minoria xiita. O mesmo vale para a minoria sunita governante no Bahrein.
Se a “teoria” de Podhoretz do Irã liderando os radicais muçulmanos está correta, por quê o Irã desempenhou um grande papel na derrota do Taliban, ajudando a formar o governo de unidade nacional do Afeganistão? Durante as conversas da ONU sobre o futuro do Afeganistão, após a derrubada do Taliban, em Bonn, Alemanha, em dezembro de 2001, o representante iraniano Mohammad Javad Zarif se encontrou, diariamente, com o enviado americano James Dobbins, que deu crédito a Zarif por ter impedido que a conferência entrasse em colapso devido a exigências de última hora pela Aliança do Norte para controlar o novo governo. Mais importante, se Podhoretz está correto, por quê é que o Irã, embora capaz de criar um inferno para as forças americanas no Iraque, tem sido, relativamente, contido?
Podhoretz pode apontar para o auxílio do Irã ao Hezbollah xiita e ao Hamas sunita, como evidência da agressão iraniana. Este auxílio é revoltante, mas nenhum destes grupos tem quaisquer ambições, além de suas próprias fronteiras nacionais.
O Hezbollah, apesar de seu passado terrorista e do grande papel do Irã na sua formação, agora é um movimento popular que pode levar um milhão de pessoas para as ruas, a qualquer momento. Em acréscimo, nas eleições legítimas do Líbano, o Hezbollah recebeu uma significativa fração dos votos, e é um participante no governo do Líbano.
O objetivo do Hamas é recuperar cada centímetro da terra palestina, ocupada desde 1967, em troca do quê estaria disposto a entrar num longo cessar-fogo de décadas com Israel. Ele nunca levou à cabo qualquer operação militar ou terrorista fora da Palestina histórica, e não tem conexão alguma com a al-Qaeda. O auxílio do Irã ao Hamas se deve a popularidade que a causa palestina tem entre os muçulmanos, por toda parte, e o desejo do Irã de incorrer no favor do mundo islâmico mais amplo. A Arábia Saudita, também, fornece auxílio financeiro ao Hamas, e o Egito permite a este trazer fundos, coletados no exterior, para dentro de Gaza, tudo sem protestos americanos.
A terceira premissa de Podhoretz, que é repetida por todos os apoiadores de Israel, em toda parte, é que estamos em 1938, de novo, o Irã é a Alemanha Nazista de nossa época, e o presidente Mahmoud Ahmadinejad é o novo Hitler.
A comparação é, complemente, enganosa. A Alemanha, uma poderosa nação industrializada, derrotada na Grande Guerra, tinha agravos contra os vitoriosos, que a tinham humilhado. Adolf Hitler era um líder carismático, e a cultura da Alemanha era tal que seu povo iria seguir Hitler, cegamente – terreno fértil para o fascismo e o nazismo. Acima de tudo, a Wehmacht de 1938 era a mais poderosa força militar na Europa, apoiada pela avançada tecnologia, capacidade industrial e um corpo de cientistas de primeira classe da Alemanha.
O Irã, por outro lado, não tem nem agravos territoriais contra qualquer nação, como nunca atacou seus vizinhos, em séculos. Ele foi vítima de uma guerra de oitos anos com o Iraque, que foi encorajada e apoiada pelos Estados Unidos. Uma razão para os Estados Unidos “saberem” que o Iraque tinha WMDs era o fato de que o Pentágono tinha as, digamos, bulas, para todas os materiais de armas químicas que haviam sido embarcados para o Iraque, pelos Estados Unidos e Alemanha.
Os árabes conquistaram o Irã, treze séculos atrás, mas os iranianos preservaram sua língua e sua cultura. Cem anos atrás, os iranianos estabeleceram o primeiro governo constitucional em toda a Ásia e Oriente Médio. Ao mesmo tempo, o Irã não é industrialmente avançado. Suas forças armadas são desenhadas para defender o país, sem qualquer habilidade para projetar poder fora de suas fronteiras. Ahmadinejad não é um líder carismático. Simplesmente, não há termos de comparação entre o Irã e a Alemanha Nazista.
A quarta premissa de Podhoretz é que Ahmadinejad é um presidente todo-poderoso que controla tudo no Irã. Esta é novidade para os iranianos e o resto do mundo!
Por quase oito anos, os Estados Unidos recusaram-se a lidar com o antigo presidente Mohammad Khatami – um autêntico reformista – sob o argumento de que o presidente do Irã não tem poder real nenhum. Próximo às eleições presidenciais iranianas de 2005, o presidente Bush declarou que elas não tinham nenhuma legitimidade, pois o cargo seria sem importância. Então, de repente, Ahmadinejad a tudo controla? Como?
Ahmadinejad está, de fato, em profundos problemas em casa, mesmo com seus próprios apoiadores. O parlamento iraniano, onde seus apoiadores, supostamente, formam uma maioria absoluta, o tem criticado severamente, tentando reverter muitas de suas políticas. Dois de seus ministros e o diretor do banco central exoneraram-se, porque não queriam continuar com o nepotismo dele. Dezembro último, e de novo, esta semana, universitários interromperam seu discurso com gritos de “morte ao ditador”. Seus apoiadores receberam, apenas, 4 porcento dos votos nas últimas eleições municipais de dezembro. Seu principal adversário, o antigo presidente Hashemi Rafsanjani, foi eleito para a poderosa Assembléia dos Especialistas (um corpo constitucional que supervisiona o líder supremo) com o maior número de votos e é, agora, seu presidente. Em resumo, Ahmadinejad é um fenômeno transitório que, em breve, irá desaparecer da cena política. Ele vai ser o primeiro presidente de um só mandato.
Todas as decisões concernentes à segurança nacional e política externa do Irã são feitas pelo Líder Supremo aiatolá Ali Khamenei. Ele realiza extensas consultas com o Conselho de Segurança Nacional do Irã, o Conselho de Discernimento (encabeçado por Rafsanjani), antigos líderes tais como Khatami, e os altos-comandantes militares, antes de tomar quaisquer decisões. Digam o que quiserem da situação interna do Irã,mas o fato é que ele tem seguido uma política externa pragmática, desde o início dos anos 1990. Em acréscimo, a liderança do Irã não é homogênea. Diferenças importantes existem entre os líderes de alto-escalão, sobre a sabedoria de desafiar as resoluções do Conselho de Segurança contra o programa nuclear do Irã, ou quais concessões o Irã deveria fazer.
Como evidência da similaridade entre Ahmadinejad e Hitler, Podhoretz e outros lobistas de Israel apontam para as observações dele a respeito do Holocausto e de Israel.
O Holocausto é, talvez, o mais bem documentado evento histórico de todos os tempos, e o que Ahmadinejad tem dito sobre ele é pura retórica, e nada mais. De fato, a televisão iraniana, recentemente, transmitiu um filme produzido no Irã que era muito simpático ao martírio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. As palavras de Ahmadinejad são, com certeza, ofensivas, mas vários líderes e partidários israelenses tem negado a existência dos palestinos, sem repercussões, então, por quê o duplo padrão?
As declarações de Ahmadinejad concernentes a Israel são deploráveis e tem sido, redondamente, condenadas, por todo o espectro político do Irã. Mas, como documentado pelo artista iraniano, Arash Norouzi, ele nunca, jamais, pronunciou as infames palavras, “Israel tem que ser varrido do mapa.” As palavras reais foram “O Imã [aiatolá Khomeini] disse que este regime, ocupando Jerusalém, precisa sumir das páginas do tempo.”
Portanto, Ahmadinejad nunca usou “mapa” ou “varrido”. Ele estava referindo-se ao colapso do governo, como aquele da União Soviética. A posição do Irã, desde a revolução de 1979, tem sido, sempre, de que judeus, cristãos e muçulmanos, que vivem na Terra Santa, precisam votar livremente, num referendo, para escolherem seus destinos, por si mesmos.
E, além do mais, por que será que não acreditamos em Ahmadinejad quando ele diz que o Irã não precisa de armas nucleares para sua segurança nacional, mas acreditamos, completamente, nele, quando, supostamente, prevê o fim de Israel no futuro, e tomamos isto como indicação de suas intenções maléficas?
Se Ahmadinejad quer matar judeus, por quê ele não começa com a própria população judaica do Irã, a maior no Oriente Médio, após a do próprio Israel? Seu governo, recentemente, alocou vários milhões de dólares para um centro judaico, em Teerã, para promover programas judaicos e eventos culturais relacionados. Os judeus iranianos tem sua própria representação no parlamento, como a tem os assírios, armênios, e zoroastras do Irã. A retórica de Ahmadinejad concernente a Israel não é nada, além de uma tentativa de se apresentar como o líder dos muçulmanos oprimidos.
E mais, a Mesquita al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do Islã e a primeira qibla (lugar numa mesquita que indica a direção de Meca) estão em Jerusalém, e os líderes do Irã consideram-se como os protetores dos palestinos. Como poderia o Irã atacar Israel com armas nucleares (que ele não tem, e não irá ter, em qualquer momento próximo, se tal ocorrer) mas salvar al-Aqsa e os palestinos? Além do mais, qualquer ataque iraniano sobre Israel iria provocar um contra-ataque dos Estados Unidos e de Israel que varreria o Irã do mapa.
Para “reforçar” mais seus “argumentos”, Podhoretz aponta para duas citações. Uma pelo aiatolá Khomeini: “Eu digo, deixem que esta terra [Irã] vire fumaça, contanto que o Islã seja triunfante no resto do mundo.” A segunda é de Rafsanjani, que supostamente, teria dito, “Dia virá quando o mundo do Islã estará devidamente equipado com armas que Israel tem em posse... a aplicação de uma bomba atômica não deixará nada em Israel, mas a mesma coisa, apenas, produzirá danos no mundo muçulmano.”
Além do fato de que o aiatolá Khomeini estava referindo-se ao Irã, não a qualquer outra nação, ele morreu em 1989. É um grave erro acreditar que o caráter do regime iraniano é o mesmo que era durante seu domínio. De fato, a teocracia do Irã perdeu muito do seu zelo revolucionário. Além do fato da retórica de Ahmadinejad, o Irã tem mostrado, desde o início dos anos 1990, notável pragmatismo em sua política externa. A melhor evidência para isto está em suas relações próximas com a Rússia e seu silêncio a respeito da supressão dos separatistas muçulmanos na Chechênia. O Irã, também, utilizou sua influência sobre o grupo de oposição islâmica, no Tajiquistão, para findar o longo conflito civil lá. O Irã apóia a Armênia cristã em seu confronto com o Azerbaijão xiita. Suas relações comerciais com o Japão e a União Européia, nunca foram melhores.
Quanto a declaração de Rafsanjani, ela foi tirada de contexto. Acontece que eu estava em Teerã, assistindo-o na televisão iraniana, quando ele pronunciou tais palavras.
O que ele disse foi, “Nunca haverá uma guerra nuclear entre Israel e o mundo islâmico, porque, chegará um dia quando o mundo do Islã estará, devidamente, equipado com armas que Israel tem em posse...”
Em outras palavras, Rafsanjani estava dizendo que Israel seria sábio o bastante para não querer uma guerra nuclear com os muçulmanos, embora mesmo esta correta observação tenha sido, redondamente, criticada pelos reformistas e grupos democráticos do Irã. Ao distorcer a declaração de Rafsanjani, o que Podhoretz fez foi como remover, “exceto Alá,” da declaração padrão dos muçulmanos, “não há nenhum deus, exceto Alá.”
As diatribes de Podhoretz contra os muçulmanos da Europa nada tem a ver com o Irã.
Ao fazer suas ultrajantes declarações, Podhoretz falha ao lidar com uma questão fundamental: por quê é que a primeira geração de imigrantes muçulmanos na Europa Ocidental era de trabalhadores pé-de-boi e obedientes à lei, mas a segunda e a terceira gerações são alienadas? A resposta é clara: décadas de colonialismo, discriminação contra muçulmanos e o apoio europeu e americano a alguns dos piores ditadores no Oriente Médio, e para as atrocidades de Israel contra os palestinos. Podhoretz não precisa se preocupar sobre a Europa. Os muçulmanos não estão perto de tomarem a Europa; por volta de 2020, eles serão, apenas, 10 porcento de sua população.
Podhoretz e outros neo-conservadores tem estado falando sobre “liberdade” para o povo do Irã. Mas a liberdade que eles advogam é a liberdade dos iranianos de sua religião, heranças culturais e históricas, e recursos naturais, para que um governo-fantoche, similar ao do Iraque, seja instalado no Irã, e que o país e seus recursos sejam controlados pelo Ocidente, e que os Estados Unidos possam ter “bases militares permanentes” no Irã.
Os neo-conservadores, também, dizem que desejam outra guerra no Oriente Médio, de modo a conseguirem a “paz”, lá. Mas a paz que eles têm em mente, é uma paz de cemitério, uma na qual todo mundo, ou está morto ou em silêncio. Esta “paz” não irá ser obtida. A verdadeira paz irá irromper no Oriente Médio, apenas, se for honrosa e justa para todo mundo, não apenas para Israel, mas também, para os palestinos.
Podhoretz e companhia falam sobre “clareza moral” na política externa dos Estados Unidos. Após ler que Podhoretz acredita que a invasão do Iraque foi um ato “infalivelmente corajoso” do presidente Bush, eu concluo que sua clareza moral signifique a destruição e o estupro de ainda outra nação muçulmana.
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Muhammad Sahimi é professor de engenharia química, ciência dos materiais e engenharia de petróleo na Universidade do Sul da Califórnia. Ele tem publicado extensivamente sobre o programa nuclear do Irã e seus desenvolvimentos políticos.
Por Muhammad Sahimi – 16 de outubro de 2007.
A edição de junho de Commentary apresenta um longo artigo por Norman Podhoretz, o padrinho dos neo-conservadores, intitulado “O Caso Para Bombardear o Irã.” Uma versão resumida do artigo já havia sido publicada no The Wall Street Journal, e o artigo em si está baseado no discurso que Podhoretz pronunciou num encontro do lobby israelense, “É 1938, Novamente?”
O artigo de Podhoretz é um esquema de como fazer as pessoas acreditarem que o Irã é um “perigo atual e iminente” para os Estados Unidos e Israel sem mostrar qualquer evidência crível, seja qual for. Ele está repleto com espantosos exageros, meias-verdades requentadas, citações fora de contexto, impressionantes demonstrações de ignorância e imbecilidade, e uma completa ausência de compreensão do Islã e de seus ensinamentos. Isto me lembra do que o Reichsmarschall Hermann Goering da Alemanha Nazista, certa vez, disse:
”Naturalmente, as pessoas comuns não querem a guerra... mas, afinal de contas, são os líderes de um país quem determinam a política, sempre é uma coisa simples arrastar as pessoas junto, seja numa democracia, numa ditadura fascista, num parlamento ou numa ditadura comunista. Com direito à voz, ou não, as pessoas sempre podem ser levadas no cabresto pelos seus líderes. Isto é simples: tudo que você tem que fazer é dizer para elas que estão sendo atacadas...”
Os “argumentos” de Podhoretz estão baseados numas poucas premissas. A primeira, que sempre é invocada pelo presidente Bush em sua propaganda, é que os radicais islâmicos são impulsionados pela ideologia do islamofascismo.
O recente livro de Podhoretz, que foi lançado em 11 de setembro, por razões de publicidade, também está baseado na mesma premissa.
A idéia de que o islamofascismo, realmente, exista, não só é absurda, mas, também, profundamente, ignorante. Para citar o American Heritage Dictionary, fascismo é
“um sistema de governo marcado pela centralização da autoridade sob um ditador, rígidos controles sócio-econômicos, supressão da oposição por meio do terror e da censura e, tipicamente, uma política de beligerantes nacionalismo e racismo.”
Para citar o website do Centro para Estudos do Holocausto e Genocídio da Universidade de Minnesota, fascismo
”é uma ideologia social e política com o príncipio condutor primordial de que o estado ou a nação é a mais alta prioridade, antes do que a pessoa ou as liberdades individuais.”
Nenhuma interpretação dos ensinamentos islâmicos, não importa o quão distorcidos, legitima o racismo.
O Islã rejeita o nacionalismo. Ele é uma religião na qual, quaisquer duas pessoas podem criar uma entidade religiosa, independentemente, do estado. Há mais de setenta seitas islâmicas, o que indica que grande diversidade de opinião no mundo islâmico.
O xiismo, em particular, divide todos os muçulmanos em três categorias: os aiatolás, que interpretam os ensinamentos islâmicos; o povo, que não tem conhecimentos o bastante e, portanto, segue as interpretações dos aiatolás; e os mohtaats – pessoas que sabem o suficiente para decidirem, por si mesmos, quais interpretações dos ensinamentos islâmicos aceitar e, por isso, não seguem qualquer aiatolá ou mesmo, as instruções do estado (como no Irã, por exemplo).
A maioria dos aiatolás atua, completamente, independente do estado. Com freqüência, eles não concordam, entre eles mesmos, sobre as corretas interpretações dos ensinamentos corânicos. Alguns ainda se agarram às interpretações de muitos séculos atrás, enquanto outros apresentam interpretações que lidam com as necessidades de uma sociedade moderna. Como o aiatolá Khomeini, certa vez, disse, “se fôssemos viver com algumas das interpretações dos ensinamentos islâmicos de 1300 anos atrás, teríamos de viver nas cavernas.”
Esta diversidade de opiniões entre os aiatolás não apenas dá ao xiismo, dinamismo e flexibilidade, como também explica porque temos tantos aiatolás dissidentes no Irã, que se opõem à teocracia, lá.
Mas, mesmo se imaginarmos que o islamofascismo existe, ele nada tem a ver com o Irã. A atual onda de radicalismo islâmico não emergiu com a Revolução Iraniana de 1979. Na verdade, ela começou em 1977, quando o general Muhammad Zia-ul-Haq, comandante do exército do Paquistão, derrubou (com apoio dos Estados Unidos) o primeiro-ministro, eleito democraticamente, Zulfikar Ali Bhutto (que, mais tarde, foi executado), e impôs sua versão da lei Sharia sobre o Paquistão. O radicalismo islâmico continua, hoje, no Paquistão, o aliado mais próximo dos Estados Unidos, na chamada guerra ao terror.
Mesmo se atribuíssemos a atual onda de radicalismo islâmico à Revolução Iraniana, precisaríamos nos lembrar que, como aponta Stephen Kinzer, em seu excelente livro, All the Sha’s Men, a raiz causal da revolta, está em 1953, quando a CIA derrubou o primeiro-ministro nacionalista e eleito democraticamente, Dr. Mohammed Mossadegh.
Deveríamos nos lembrar que Osama bin Laden e suas coortes, tanto quanto a liderança Taliban, são os mujahedin dos anos 1980, que foram armados pela CIA, treinados pela inteligência paquistanesa, durante o governo do general Zia, bancados pela Arábia Saudita e celebrados pelo presidente Ronald Reagan, como os equivalentes dos combatentes da liberdade da Guerra Revolucionária da América. Eles eram salafistas, seguidores da religião de estado da Arábia Saudita. As madrassas paquistanesas que são os campos de cultivo para os radicais muçulmanos são bancadas pela Arábia Saudita e outros estados árabes do Golfo Pérsico, todos aliados dos Estados Unidos.
Os combatentes estrangeiros no Iraque são da Arábia Saudita, Egito, Jordânia, e outros estados sunitas apoiados pelos Estados Unidos, como eram os terroristas do 11 de Setembro. Dos 60 a 80 combatentes que viajaram para se juntarem a al-Qaeda no Iraque, metade deles eram da Arábia Saudita. Quase todos os homens-bomba são sunitas, e a maioria são sauditas. De fato, xiitas não legitimam homens-bomba suicidas. Aproximadamente metade de todos os militantes estrangeiros, que visam soldados americanos e civis iraquianos, são da Arábia Saudita como o são quase a metade dos prisioneiros estrangeiros em custódia americana no Iraque. Mas, ao invés de confrontar a Arábia Saudita, o presidente Bush decidiu fornecer bilhões de dólares em armamentos avançados para este país.
Mas, mesmo quando se trata dos muçulmanos radicais no Iraque e alhures, a idéia de uma autoridade central, similar ao fascismo, é absurda. A al-Qaeda iraquiana tem grandes divergências com bin Laden. Os terroristas de Madri e Londres eram crias da casa, nada tendo que ver com bin Laden.
Portanto, o islamofascismo não existe, e os radicais islâmicos estão nas extremidades. O que, com certeza, existe, é o fascismo, aqui em casa. Os fundamentalistas cristãos e as coortes de Podhoretz no lobby israelense, de mãos dadas com os neo-conservadores, apoiando a guerra contra muçulmanos, invadindo o Iraque, e fornecendo apoio material para as políticas coloniais, expansionistas e do tipo apartheid de Israel na Margem Ocidental. Esta aliança tornou a tortura de prisioneiros de guerra uma política permanente do governo americano, e fez isto com total segredo, distorcendo a lei da terra. Tais crimes são, agora, chamados “técnicas de interrogatório aperfeiçoadas”, ecoando, como Andrew Sullivan, recentemente apontou, o Verscherfte Vernehmung (técnicas de interrogatório da Gestapo) dos nazistas. Muitos perpetradores nazistas foram condenados na corte de Nuremberg por tais crimes.
A segunda premissa de Podhoretz, empacota juntos muitos elementos islâmicos, amplamente disparatados, sob a rubrica do não-existente inimigo islamofascista, que estão, magicamente, “dispostos a acertarem diferenças sectárias entre si, quando se trata de forjar alianças jihadistas contra os infiéis,” todos sob a liderança do Irã xiita. Esta idéia não poderia, com certeza, ser mais ridícula.
Os radicais sunitas odeiam os xiitas e os rejeitam como não-muçulmanos. Os árabes, em geral, desprezam os persas. As mais altas autoridades religiosas da Arábia Saudita e do Egito tem proclamados fatwas contra os xiitas. Osama bin Laden e o Taliban desprezam o Irã xiita, com o último tendo assassinado muitos iranianos, incluindo nove diplomatas. Sunitas e xiitas estão uns nas gargantas dos outros, no Iraque, Líbano, Paquistão e alhures, e, durante décadas, a Arábia Saudita vem reprimindo sua minoria xiita. O mesmo vale para a minoria sunita governante no Bahrein.
Se a “teoria” de Podhoretz do Irã liderando os radicais muçulmanos está correta, por quê o Irã desempenhou um grande papel na derrota do Taliban, ajudando a formar o governo de unidade nacional do Afeganistão? Durante as conversas da ONU sobre o futuro do Afeganistão, após a derrubada do Taliban, em Bonn, Alemanha, em dezembro de 2001, o representante iraniano Mohammad Javad Zarif se encontrou, diariamente, com o enviado americano James Dobbins, que deu crédito a Zarif por ter impedido que a conferência entrasse em colapso devido a exigências de última hora pela Aliança do Norte para controlar o novo governo. Mais importante, se Podhoretz está correto, por quê é que o Irã, embora capaz de criar um inferno para as forças americanas no Iraque, tem sido, relativamente, contido?
Podhoretz pode apontar para o auxílio do Irã ao Hezbollah xiita e ao Hamas sunita, como evidência da agressão iraniana. Este auxílio é revoltante, mas nenhum destes grupos tem quaisquer ambições, além de suas próprias fronteiras nacionais.
O Hezbollah, apesar de seu passado terrorista e do grande papel do Irã na sua formação, agora é um movimento popular que pode levar um milhão de pessoas para as ruas, a qualquer momento. Em acréscimo, nas eleições legítimas do Líbano, o Hezbollah recebeu uma significativa fração dos votos, e é um participante no governo do Líbano.
O objetivo do Hamas é recuperar cada centímetro da terra palestina, ocupada desde 1967, em troca do quê estaria disposto a entrar num longo cessar-fogo de décadas com Israel. Ele nunca levou à cabo qualquer operação militar ou terrorista fora da Palestina histórica, e não tem conexão alguma com a al-Qaeda. O auxílio do Irã ao Hamas se deve a popularidade que a causa palestina tem entre os muçulmanos, por toda parte, e o desejo do Irã de incorrer no favor do mundo islâmico mais amplo. A Arábia Saudita, também, fornece auxílio financeiro ao Hamas, e o Egito permite a este trazer fundos, coletados no exterior, para dentro de Gaza, tudo sem protestos americanos.
A terceira premissa de Podhoretz, que é repetida por todos os apoiadores de Israel, em toda parte, é que estamos em 1938, de novo, o Irã é a Alemanha Nazista de nossa época, e o presidente Mahmoud Ahmadinejad é o novo Hitler.
A comparação é, complemente, enganosa. A Alemanha, uma poderosa nação industrializada, derrotada na Grande Guerra, tinha agravos contra os vitoriosos, que a tinham humilhado. Adolf Hitler era um líder carismático, e a cultura da Alemanha era tal que seu povo iria seguir Hitler, cegamente – terreno fértil para o fascismo e o nazismo. Acima de tudo, a Wehmacht de 1938 era a mais poderosa força militar na Europa, apoiada pela avançada tecnologia, capacidade industrial e um corpo de cientistas de primeira classe da Alemanha.
O Irã, por outro lado, não tem nem agravos territoriais contra qualquer nação, como nunca atacou seus vizinhos, em séculos. Ele foi vítima de uma guerra de oitos anos com o Iraque, que foi encorajada e apoiada pelos Estados Unidos. Uma razão para os Estados Unidos “saberem” que o Iraque tinha WMDs era o fato de que o Pentágono tinha as, digamos, bulas, para todas os materiais de armas químicas que haviam sido embarcados para o Iraque, pelos Estados Unidos e Alemanha.
Os árabes conquistaram o Irã, treze séculos atrás, mas os iranianos preservaram sua língua e sua cultura. Cem anos atrás, os iranianos estabeleceram o primeiro governo constitucional em toda a Ásia e Oriente Médio. Ao mesmo tempo, o Irã não é industrialmente avançado. Suas forças armadas são desenhadas para defender o país, sem qualquer habilidade para projetar poder fora de suas fronteiras. Ahmadinejad não é um líder carismático. Simplesmente, não há termos de comparação entre o Irã e a Alemanha Nazista.
A quarta premissa de Podhoretz é que Ahmadinejad é um presidente todo-poderoso que controla tudo no Irã. Esta é novidade para os iranianos e o resto do mundo!
Por quase oito anos, os Estados Unidos recusaram-se a lidar com o antigo presidente Mohammad Khatami – um autêntico reformista – sob o argumento de que o presidente do Irã não tem poder real nenhum. Próximo às eleições presidenciais iranianas de 2005, o presidente Bush declarou que elas não tinham nenhuma legitimidade, pois o cargo seria sem importância. Então, de repente, Ahmadinejad a tudo controla? Como?
Ahmadinejad está, de fato, em profundos problemas em casa, mesmo com seus próprios apoiadores. O parlamento iraniano, onde seus apoiadores, supostamente, formam uma maioria absoluta, o tem criticado severamente, tentando reverter muitas de suas políticas. Dois de seus ministros e o diretor do banco central exoneraram-se, porque não queriam continuar com o nepotismo dele. Dezembro último, e de novo, esta semana, universitários interromperam seu discurso com gritos de “morte ao ditador”. Seus apoiadores receberam, apenas, 4 porcento dos votos nas últimas eleições municipais de dezembro. Seu principal adversário, o antigo presidente Hashemi Rafsanjani, foi eleito para a poderosa Assembléia dos Especialistas (um corpo constitucional que supervisiona o líder supremo) com o maior número de votos e é, agora, seu presidente. Em resumo, Ahmadinejad é um fenômeno transitório que, em breve, irá desaparecer da cena política. Ele vai ser o primeiro presidente de um só mandato.
Todas as decisões concernentes à segurança nacional e política externa do Irã são feitas pelo Líder Supremo aiatolá Ali Khamenei. Ele realiza extensas consultas com o Conselho de Segurança Nacional do Irã, o Conselho de Discernimento (encabeçado por Rafsanjani), antigos líderes tais como Khatami, e os altos-comandantes militares, antes de tomar quaisquer decisões. Digam o que quiserem da situação interna do Irã,mas o fato é que ele tem seguido uma política externa pragmática, desde o início dos anos 1990. Em acréscimo, a liderança do Irã não é homogênea. Diferenças importantes existem entre os líderes de alto-escalão, sobre a sabedoria de desafiar as resoluções do Conselho de Segurança contra o programa nuclear do Irã, ou quais concessões o Irã deveria fazer.
Como evidência da similaridade entre Ahmadinejad e Hitler, Podhoretz e outros lobistas de Israel apontam para as observações dele a respeito do Holocausto e de Israel.
O Holocausto é, talvez, o mais bem documentado evento histórico de todos os tempos, e o que Ahmadinejad tem dito sobre ele é pura retórica, e nada mais. De fato, a televisão iraniana, recentemente, transmitiu um filme produzido no Irã que era muito simpático ao martírio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. As palavras de Ahmadinejad são, com certeza, ofensivas, mas vários líderes e partidários israelenses tem negado a existência dos palestinos, sem repercussões, então, por quê o duplo padrão?
As declarações de Ahmadinejad concernentes a Israel são deploráveis e tem sido, redondamente, condenadas, por todo o espectro político do Irã. Mas, como documentado pelo artista iraniano, Arash Norouzi, ele nunca, jamais, pronunciou as infames palavras, “Israel tem que ser varrido do mapa.” As palavras reais foram “O Imã [aiatolá Khomeini] disse que este regime, ocupando Jerusalém, precisa sumir das páginas do tempo.”
Portanto, Ahmadinejad nunca usou “mapa” ou “varrido”. Ele estava referindo-se ao colapso do governo, como aquele da União Soviética. A posição do Irã, desde a revolução de 1979, tem sido, sempre, de que judeus, cristãos e muçulmanos, que vivem na Terra Santa, precisam votar livremente, num referendo, para escolherem seus destinos, por si mesmos.
E, além do mais, por que será que não acreditamos em Ahmadinejad quando ele diz que o Irã não precisa de armas nucleares para sua segurança nacional, mas acreditamos, completamente, nele, quando, supostamente, prevê o fim de Israel no futuro, e tomamos isto como indicação de suas intenções maléficas?
Se Ahmadinejad quer matar judeus, por quê ele não começa com a própria população judaica do Irã, a maior no Oriente Médio, após a do próprio Israel? Seu governo, recentemente, alocou vários milhões de dólares para um centro judaico, em Teerã, para promover programas judaicos e eventos culturais relacionados. Os judeus iranianos tem sua própria representação no parlamento, como a tem os assírios, armênios, e zoroastras do Irã. A retórica de Ahmadinejad concernente a Israel não é nada, além de uma tentativa de se apresentar como o líder dos muçulmanos oprimidos.
E mais, a Mesquita al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do Islã e a primeira qibla (lugar numa mesquita que indica a direção de Meca) estão em Jerusalém, e os líderes do Irã consideram-se como os protetores dos palestinos. Como poderia o Irã atacar Israel com armas nucleares (que ele não tem, e não irá ter, em qualquer momento próximo, se tal ocorrer) mas salvar al-Aqsa e os palestinos? Além do mais, qualquer ataque iraniano sobre Israel iria provocar um contra-ataque dos Estados Unidos e de Israel que varreria o Irã do mapa.
Para “reforçar” mais seus “argumentos”, Podhoretz aponta para duas citações. Uma pelo aiatolá Khomeini: “Eu digo, deixem que esta terra [Irã] vire fumaça, contanto que o Islã seja triunfante no resto do mundo.” A segunda é de Rafsanjani, que supostamente, teria dito, “Dia virá quando o mundo do Islã estará devidamente equipado com armas que Israel tem em posse... a aplicação de uma bomba atômica não deixará nada em Israel, mas a mesma coisa, apenas, produzirá danos no mundo muçulmano.”
Além do fato de que o aiatolá Khomeini estava referindo-se ao Irã, não a qualquer outra nação, ele morreu em 1989. É um grave erro acreditar que o caráter do regime iraniano é o mesmo que era durante seu domínio. De fato, a teocracia do Irã perdeu muito do seu zelo revolucionário. Além do fato da retórica de Ahmadinejad, o Irã tem mostrado, desde o início dos anos 1990, notável pragmatismo em sua política externa. A melhor evidência para isto está em suas relações próximas com a Rússia e seu silêncio a respeito da supressão dos separatistas muçulmanos na Chechênia. O Irã, também, utilizou sua influência sobre o grupo de oposição islâmica, no Tajiquistão, para findar o longo conflito civil lá. O Irã apóia a Armênia cristã em seu confronto com o Azerbaijão xiita. Suas relações comerciais com o Japão e a União Européia, nunca foram melhores.
Quanto a declaração de Rafsanjani, ela foi tirada de contexto. Acontece que eu estava em Teerã, assistindo-o na televisão iraniana, quando ele pronunciou tais palavras.
O que ele disse foi, “Nunca haverá uma guerra nuclear entre Israel e o mundo islâmico, porque, chegará um dia quando o mundo do Islã estará, devidamente, equipado com armas que Israel tem em posse...”
Em outras palavras, Rafsanjani estava dizendo que Israel seria sábio o bastante para não querer uma guerra nuclear com os muçulmanos, embora mesmo esta correta observação tenha sido, redondamente, criticada pelos reformistas e grupos democráticos do Irã. Ao distorcer a declaração de Rafsanjani, o que Podhoretz fez foi como remover, “exceto Alá,” da declaração padrão dos muçulmanos, “não há nenhum deus, exceto Alá.”
As diatribes de Podhoretz contra os muçulmanos da Europa nada tem a ver com o Irã.
Ao fazer suas ultrajantes declarações, Podhoretz falha ao lidar com uma questão fundamental: por quê é que a primeira geração de imigrantes muçulmanos na Europa Ocidental era de trabalhadores pé-de-boi e obedientes à lei, mas a segunda e a terceira gerações são alienadas? A resposta é clara: décadas de colonialismo, discriminação contra muçulmanos e o apoio europeu e americano a alguns dos piores ditadores no Oriente Médio, e para as atrocidades de Israel contra os palestinos. Podhoretz não precisa se preocupar sobre a Europa. Os muçulmanos não estão perto de tomarem a Europa; por volta de 2020, eles serão, apenas, 10 porcento de sua população.
Podhoretz e outros neo-conservadores tem estado falando sobre “liberdade” para o povo do Irã. Mas a liberdade que eles advogam é a liberdade dos iranianos de sua religião, heranças culturais e históricas, e recursos naturais, para que um governo-fantoche, similar ao do Iraque, seja instalado no Irã, e que o país e seus recursos sejam controlados pelo Ocidente, e que os Estados Unidos possam ter “bases militares permanentes” no Irã.
Os neo-conservadores, também, dizem que desejam outra guerra no Oriente Médio, de modo a conseguirem a “paz”, lá. Mas a paz que eles têm em mente, é uma paz de cemitério, uma na qual todo mundo, ou está morto ou em silêncio. Esta “paz” não irá ser obtida. A verdadeira paz irá irromper no Oriente Médio, apenas, se for honrosa e justa para todo mundo, não apenas para Israel, mas também, para os palestinos.
Podhoretz e companhia falam sobre “clareza moral” na política externa dos Estados Unidos. Após ler que Podhoretz acredita que a invasão do Iraque foi um ato “infalivelmente corajoso” do presidente Bush, eu concluo que sua clareza moral signifique a destruição e o estupro de ainda outra nação muçulmana.
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Muhammad Sahimi é professor de engenharia química, ciência dos materiais e engenharia de petróleo na Universidade do Sul da Califórnia. Ele tem publicado extensivamente sobre o programa nuclear do Irã e seus desenvolvimentos políticos.
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Re: EUA x Irã
A VOLTA DO PARTIDO DE GUERRA.
Por Patrick J. Buchanan – 27 de fevereiro de 2009.
”Homens de verdade rumam para Teerã!” clamavam os neo-conservadores, após o sucesso de sua propaganda para fazer a América marchar rumo à Bagdá e para dentro de uma guerra desnecessária que jogou fora todos os frutos de nossa vitória na Guerra Fria.
Agora, eles estão de volta, buscando o que sempre foi seu grande objetivo: uma guerra americana contra o Irã. Seria um erro acreditar que eles e seus colaboradores não podem ter sucesso uma segunda vez. Considerem:
Ao ser escolhido pelo presidente de Israel Shimon Perez para formar um novo governo, “Bibi” Netanyahu do Likud declarou, “O Irã está buscando obter uma arma nuclear e constitui-se na mais grave ameaça para nossa existência, desde a guerra de independência.”
Ecoando Netanyahu, as manchetes na última semana, gritavam que havia ocorrido uma nova ruptura nuclear pelos mulás. “O Irã pronto para construir uma arma nuclear, dizem os analistas,” de acordo com a CNN. “O Irã já tem urânio o bastante para fazer a Bomba,” diz o Los Angeles Times. O Armageddon parece iminente.
Perguntado sobre as bombas atômicas do Irã, em seu testemunho de confirmação, o diretor da CIA Leon Panetta murmurou, “De todas as informações que tenho visto, eu acho que não há dúvida de que eles estão buscando tal capacitação.”
Terça-feira, Dennis Ross do Instituto Washington para Política do Oriente Próximo, uma frente patrocinada pelo lobby israelense do AIPAC, recebeu o encargo dos assuntos iranianos. O principal item da agenda do AIPAC? Uma colisão dos Estados Unidos com o Irã.
No neocon Weekly Standard, Elliot Abrams da Casa Branca de Bush, papagueia Netanyahu, instando Obama a colocar quaisquer acordos terra-por-paz com os palestinos no final da fila de prioridades. Por quê?
“O conflito palestino-israelense é, agora, parte de uma luta mais ampla na região contra o extremismo e o poder iranianos. As retiradas israelenses, agora, arriscam a abrir a porta, não apenas para os terroristas palestinos mas para os agentes iranianos.”
A campanha para agrupar Hamas, Hezbollah e a Síria num novo eixo do mal, um cartel terrorista liderado pelos mulás iranianos, prestes a construir uma bomba atômica e jogá-la em Israel e na América, já começou. Os anúncios de página inteira e colunas de jornal pedindo para Obama erradicar esta ameaça mortal, antes que nos destrua a todos, já estão chegando aí.
Mas, antes que nós nos permitamos ser empurrados para outra guerra desnecessária, vamos revisar uns poucos fatos que parecem contradizer a propaganda de guerra.
Primeiro, o reconhecimento na última semana de que o Irã tem bastante urânio enriquecido para uma bomba atômica não quer dizer que o Irã a esteja construindo.
Para construir um dispositivo nuclear, a tonelada de urânio de baixo-enriquecimento em Natanz, teria de ser processada num segundo conjunto de centrífugas de alta-velocidade para produzir 55 libras de urânio de alto-enriquecimento (HEU, ou highly-enriched uranium).
Não há evidência alguma de que o Irã tenha construído o conjunto de centrífugas de alta-velocidade necessária para produzir HEU, ou que o Irã tenha desviado qualquer urânio de baixo-enriquecimento de Natanz. E os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica mantém pleno acesso à Natanz.
E antes do que acelerar a produção de urânio de baixo-enriquecimento, apenas 4 mil das centrífugas de Natanz estão em operação. Cerca de 1 mil estão ociosas. Por quê?
Dr. Mohamed El Baradei, chefe da AIEA, acredita que este é um sinal de que Teerã deseja negociar com os Estados Unidos, mas sem ceder qualquer um de seus direitos ao urânio enriquecido e a operação de usinas de energia nuclear.
Pois, ao contrário de Israel, Paquistão e Índia, nenhum dos quais assinou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e todos os quais executaram programas clandestinos, e construíram bombas atômicas, o Irã assinou o TNP e tem se conduzido em obediência ao Acordo de Salvaguardas. O que ele se recusa a aceitar são exigências mais amplas do Conselho de Segurança da ONU, porque estas ultrapassam as do TNP e punem o Irã por desejar fazer o que ele tem o direito legal de fazer.
E mais ainda, o almirante Dennis Blair, que encabeça a Inteligência dos Estados Unidos, acabou de reconfirmar o consenso da Estimativa da Inteligência Nacional de 2007, de que o Irã não possui e não está perseguindo, agora, um programa de armas nucleares.
Em resumo: nem os Estados Unidos nem a AIEA tem evidências conclusivas de que o Irã ou tenha material físsil para uma bomba, ou um programa ativo para construir uma bomba. Ele nunca testou um dispositivo nuclear e nunca demonstrou capacidade para transformar em armamento um dispositivo nuclear, se ele tiver um.
Por quê então, o fuzuê, a histeria, o clamor por “Ação Hoje”? É para desviar a América de seus verdadeiros interesses nacionais e a levar a abraçar, como sua, a agenda de um renascido Partido de Guerra.
Nada disto está sugerindo que os iranianos são almas santas à procura, apenas, de paz e progresso. Como a Coréia do Sul, o Japão e outras nações com usinas de energia nuclear, eles podem, muito bem, quererem a capacidade para romper com o TNP, caso isto se mostre necessário, para deter, defender-se contra ou derrotar possíveis inimigos.
Mas isto não é ameaça para nós que justifique uma guerra. Por décadas, nós vivemos debaixo da ameaça de que centenas de ogivas nucleares russas pudessem chover sobre nós, em questão de horas, acabando com nossa existência. Se a deterrência funcionou com Stalin e Mao-Tsé Tung, pode funcionar com um Irã que não deslanchou uma guerra ofensiva contra qualquer nação, dentro da memória de qualquer americano vivo.
Podemos nós, os americanos, dizer o mesmo?
Por Patrick J. Buchanan – 27 de fevereiro de 2009.
”Homens de verdade rumam para Teerã!” clamavam os neo-conservadores, após o sucesso de sua propaganda para fazer a América marchar rumo à Bagdá e para dentro de uma guerra desnecessária que jogou fora todos os frutos de nossa vitória na Guerra Fria.
Agora, eles estão de volta, buscando o que sempre foi seu grande objetivo: uma guerra americana contra o Irã. Seria um erro acreditar que eles e seus colaboradores não podem ter sucesso uma segunda vez. Considerem:
Ao ser escolhido pelo presidente de Israel Shimon Perez para formar um novo governo, “Bibi” Netanyahu do Likud declarou, “O Irã está buscando obter uma arma nuclear e constitui-se na mais grave ameaça para nossa existência, desde a guerra de independência.”
Ecoando Netanyahu, as manchetes na última semana, gritavam que havia ocorrido uma nova ruptura nuclear pelos mulás. “O Irã pronto para construir uma arma nuclear, dizem os analistas,” de acordo com a CNN. “O Irã já tem urânio o bastante para fazer a Bomba,” diz o Los Angeles Times. O Armageddon parece iminente.
Perguntado sobre as bombas atômicas do Irã, em seu testemunho de confirmação, o diretor da CIA Leon Panetta murmurou, “De todas as informações que tenho visto, eu acho que não há dúvida de que eles estão buscando tal capacitação.”
Terça-feira, Dennis Ross do Instituto Washington para Política do Oriente Próximo, uma frente patrocinada pelo lobby israelense do AIPAC, recebeu o encargo dos assuntos iranianos. O principal item da agenda do AIPAC? Uma colisão dos Estados Unidos com o Irã.
No neocon Weekly Standard, Elliot Abrams da Casa Branca de Bush, papagueia Netanyahu, instando Obama a colocar quaisquer acordos terra-por-paz com os palestinos no final da fila de prioridades. Por quê?
“O conflito palestino-israelense é, agora, parte de uma luta mais ampla na região contra o extremismo e o poder iranianos. As retiradas israelenses, agora, arriscam a abrir a porta, não apenas para os terroristas palestinos mas para os agentes iranianos.”
A campanha para agrupar Hamas, Hezbollah e a Síria num novo eixo do mal, um cartel terrorista liderado pelos mulás iranianos, prestes a construir uma bomba atômica e jogá-la em Israel e na América, já começou. Os anúncios de página inteira e colunas de jornal pedindo para Obama erradicar esta ameaça mortal, antes que nos destrua a todos, já estão chegando aí.
Mas, antes que nós nos permitamos ser empurrados para outra guerra desnecessária, vamos revisar uns poucos fatos que parecem contradizer a propaganda de guerra.
Primeiro, o reconhecimento na última semana de que o Irã tem bastante urânio enriquecido para uma bomba atômica não quer dizer que o Irã a esteja construindo.
Para construir um dispositivo nuclear, a tonelada de urânio de baixo-enriquecimento em Natanz, teria de ser processada num segundo conjunto de centrífugas de alta-velocidade para produzir 55 libras de urânio de alto-enriquecimento (HEU, ou highly-enriched uranium).
Não há evidência alguma de que o Irã tenha construído o conjunto de centrífugas de alta-velocidade necessária para produzir HEU, ou que o Irã tenha desviado qualquer urânio de baixo-enriquecimento de Natanz. E os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica mantém pleno acesso à Natanz.
E antes do que acelerar a produção de urânio de baixo-enriquecimento, apenas 4 mil das centrífugas de Natanz estão em operação. Cerca de 1 mil estão ociosas. Por quê?
Dr. Mohamed El Baradei, chefe da AIEA, acredita que este é um sinal de que Teerã deseja negociar com os Estados Unidos, mas sem ceder qualquer um de seus direitos ao urânio enriquecido e a operação de usinas de energia nuclear.
Pois, ao contrário de Israel, Paquistão e Índia, nenhum dos quais assinou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e todos os quais executaram programas clandestinos, e construíram bombas atômicas, o Irã assinou o TNP e tem se conduzido em obediência ao Acordo de Salvaguardas. O que ele se recusa a aceitar são exigências mais amplas do Conselho de Segurança da ONU, porque estas ultrapassam as do TNP e punem o Irã por desejar fazer o que ele tem o direito legal de fazer.
E mais ainda, o almirante Dennis Blair, que encabeça a Inteligência dos Estados Unidos, acabou de reconfirmar o consenso da Estimativa da Inteligência Nacional de 2007, de que o Irã não possui e não está perseguindo, agora, um programa de armas nucleares.
Em resumo: nem os Estados Unidos nem a AIEA tem evidências conclusivas de que o Irã ou tenha material físsil para uma bomba, ou um programa ativo para construir uma bomba. Ele nunca testou um dispositivo nuclear e nunca demonstrou capacidade para transformar em armamento um dispositivo nuclear, se ele tiver um.
Por quê então, o fuzuê, a histeria, o clamor por “Ação Hoje”? É para desviar a América de seus verdadeiros interesses nacionais e a levar a abraçar, como sua, a agenda de um renascido Partido de Guerra.
Nada disto está sugerindo que os iranianos são almas santas à procura, apenas, de paz e progresso. Como a Coréia do Sul, o Japão e outras nações com usinas de energia nuclear, eles podem, muito bem, quererem a capacidade para romper com o TNP, caso isto se mostre necessário, para deter, defender-se contra ou derrotar possíveis inimigos.
Mas isto não é ameaça para nós que justifique uma guerra. Por décadas, nós vivemos debaixo da ameaça de que centenas de ogivas nucleares russas pudessem chover sobre nós, em questão de horas, acabando com nossa existência. Se a deterrência funcionou com Stalin e Mao-Tsé Tung, pode funcionar com um Irã que não deslanchou uma guerra ofensiva contra qualquer nação, dentro da memória de qualquer americano vivo.
Podemos nós, os americanos, dizer o mesmo?
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Re: EUA x Irã
Mais uma vez, EUA e Israel estão a acusar um país de fabricar armas que estes já têm, mais uma guerra no horizonte do Médio Oriente, parece que a única forma de ter paz e desenvolver umas três ou quatro Bombas, testar uma e avisar que se a ameaça de guerra se concretizar, a resposta será devastadora...
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Re: EUA x Irã
"Voice or no voice, the people can always be brought to the bidding of the leaders. That is easy. All you have to do is to tell them they are being attacked, and denounce the pacifists for lack of patriotism and exposing the country to danger. It works the same in any country.”"
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Re: EUA x Irã
Obama envia mensagem surpresa ao Irã e fala de novo começo
Agência AFP
WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tentou romper décadas de desconfiança e animosidade com o Irã nesta sexta-feira ao enviar uma mensagem histórica diretamente ao povo do Irã, na qual defende uma resolução das divergências e o início de um relacionamiento 'honesto'.
Obama se dirigiu de forma direta ao povo e aos líderes do Irã em uma surpreendente videomensagem, na qual também pede uma nova era de paz e associação entre as duas nações.
Naquele que é o discurso mais decisivo de política externa de seu curto mandato, o presidente afirmou que Washington está comprometido a buscar 'laços construtivos' com a república islâmica e que Teerã deve ocupar um 'espaço justo' no mundo se renunciar ao terror e abraçar a paz.
- Meu governo está comprometido agora com uma diplomacia que aborde todo o espectro de assuntos entre nós, e a buscar laços construtivos entre Estados Unidos, o Irã e a comunidade internacional - declarou Obama em uma mensagem por ocasião do Nowruz, o ano novo persa.
- Por quase três décadas as relações entre nossas nações foram de atritos. Porém, neste feriado recordamos a humanidade comum que nos une - acrescentou.
Os dois países romperam relações diplomáticas em 1980 e estas permanecem interrompidas. Ao pedir na celebração do Nowruz um tempo de "novos começos", Obama afirmou que deseja "falar claramente aos líderes do Irã" sobre a necessidade de uma nova era de "relacionamento que seja honesto e baseado no respeito mútuo".
Fonte: http://jbonline.terra.com.br/pextra/200 ... 325018.asp
Agência AFP
WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tentou romper décadas de desconfiança e animosidade com o Irã nesta sexta-feira ao enviar uma mensagem histórica diretamente ao povo do Irã, na qual defende uma resolução das divergências e o início de um relacionamiento 'honesto'.
Obama se dirigiu de forma direta ao povo e aos líderes do Irã em uma surpreendente videomensagem, na qual também pede uma nova era de paz e associação entre as duas nações.
Naquele que é o discurso mais decisivo de política externa de seu curto mandato, o presidente afirmou que Washington está comprometido a buscar 'laços construtivos' com a república islâmica e que Teerã deve ocupar um 'espaço justo' no mundo se renunciar ao terror e abraçar a paz.
- Meu governo está comprometido agora com uma diplomacia que aborde todo o espectro de assuntos entre nós, e a buscar laços construtivos entre Estados Unidos, o Irã e a comunidade internacional - declarou Obama em uma mensagem por ocasião do Nowruz, o ano novo persa.
- Por quase três décadas as relações entre nossas nações foram de atritos. Porém, neste feriado recordamos a humanidade comum que nos une - acrescentou.
Os dois países romperam relações diplomáticas em 1980 e estas permanecem interrompidas. Ao pedir na celebração do Nowruz um tempo de "novos começos", Obama afirmou que deseja "falar claramente aos líderes do Irã" sobre a necessidade de uma nova era de "relacionamento que seja honesto e baseado no respeito mútuo".
Fonte: http://jbonline.terra.com.br/pextra/200 ... 325018.asp
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Re: EUA x Irã
tem gente indo correr comprar rennies...
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stori ... ies/504431
Irão: Obama propõe "um diálogo honesto e fundado no respeito mútuo"
Washington, 20 Mar (Lusa) - O presidente norte-americano, Barack Obama, dirigiu-se hoje directamente aos dirigentes iranianos, propondo-lhes ultrapassar trinta anos de relações conflituosas, numa mensagem divulgada por ocasião do Ano Novo persa.
Lusa
22:09 Sexta-feira, 20 de Mar de 2009
Washington, 20 Mar (Lusa) - O presidente norte-americano, Barack Obama, dirigiu-se hoje directamente aos dirigentes iranianos, propondo-lhes ultrapassar trinta anos de relações conflituosas, numa mensagem divulgada por ocasião do Ano Novo persa.
Os Estados Unidos projectam outras iniciativas que permitam retomar o diálogo com o Irão, assegurou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, várias horas depois da mensagem de Obama.
O Irão acolheu esta mensagem "favoravelmente" mas com prudência, sublinhando esperar dos Estados Unidos actos concretos para reparar os seus "erros passados".
A mensagem de Obama foi saudada hoje de forma diversa pela comunidade iraniana nos Estados Unidos: alguns esperam uma nova era entre os dois países, outros sentem-se traídos pelo termo "república islâmica" utilizado neste discurso.
O discurso de Obama foi "fantástico", congratula-se Anik Arakel, que vive há cerca de 30 anos no Sul da Califórnia como centenas de milhares de outros iranianos que fugiram da revolução islâmica de 1979.
Mas, para outros iranianos da América, a expressão "República Islâmica" e o que ela implica de renúncia a uma mudança de regime por parte de Washington, suscitou inquietações.
"A única questão para a comunidade internacional é uma mudança de regime", insiste Rouzbeh Farhanipour, um antigo dirigente da contestação estudantil, refugiado nos Estados Unidos em 2000 e membro de um partido que milita por uma república laica, embora se oponha a uma intervenção armada.
Numa mensagem vídeo por ocasião do Ano Novo persa, Barack Obama dirigiu-se directamente aos iranianos para propor "um novo começo" nas relações entre os Estados Unidos e o Irão que permita ultrapassar as tensões dos últimos 30 anos.
"Gostaria de falar directamente ao povo e aos dirigentes da República Islâmica do Irão", disse Obama na mensagem, legendada em farsi, em que propõe "um futuro onde as antigas dissensões sejam superadas, onde vocês e todos os vossos vizinhos e o Mundo em geral vivam em maior segurança e paz".
Determinado a "procurar um diálogo honesto e fundado no respeito mútuo", Obama rompe com a política do seu antecessor George W. Bush reconhecendo o regime islâmico como um interlocutor possível para o governo norte-americano após três décadas de conflito.
O Irão reagiu a esta mensagem favoravelmente mas com reservas: "Recebemo-la de boa fé. Mas é necessário um passo em frente mais concreto. Os Estados Unidos devem admitir os seus erros", declarou Ali Akbar Javanfaker, considerado um dos colaboradores mais próximos do presidente Mahmud Ahmadinejad.
"A nação iraniana tem mostrado que é capaz de esquecer mas esperamos passos concretos dos Estados Unidos", disse também.
O passivo entre os dois países permanece pesado: eles não têm relações diplomáticas desde 1980, a intervenção militar é uma opção que os norte-americanos se reservam para impedir o Irão de ter a arma nuclear, e os interesses norte-americanos e iranianos colidiram frontalmente nos últimos anos no Médio Oriente ou no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Vários dirigentes europeus, entre os quais Javier Solana, Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, saudaram hoje a iniciativa histórica do presidente norte-americano, Barack Obama, de propor ao regime iraniano uma nova era nas relações com os Estados Unidos.
No resto do mundo, as reacções foram também positivas, até em Israel, onde um alto responsável governamental disse a coberto do anonimato que o país "não se opunha, em princípio", a um diálogo entre Washington e Teerão tendo em vista as garantias norte-americanas de que não transigiriam em questões de segurança.
A Rússia também "saudou" a iniciativa de Barack Obama, afirmando que "o início de um diálogo substancial facilitaria o renascimento da confiança na natureza exclusivamente pacífica do nuclear iraniano", segundo o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergueï Riabkov.
Nos últimos anos, os Estados Unidos e a UE têm tentado pressionar o Irão a renunciar ao enriquecimento de urânio até que seja possível comprovar que o seu programa nuclear não tem fins militares.
UE e EUA propõem relançar a cooperação económica e política com o Irão se o regime suspender aquela actividade nuclear mas aplicaram-lhe diversas sanções enquanto tal não se verifica.
Segundo fontes diplomáticas, os europeus começaram há algumas semanas a preparar novas sanções para "apoiar" a abertura ao diálogo da administração Obama.
TM/MDR.
Lusa/Fim
Triste sina ter nascido português
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Re: EUA x Irã
Boas noticias. Prefiro um diálogo franco e honesto entre os EUA e o Irão do que uma confrontação inútil.
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Re: EUA x Irã
Essa última observação sobre o Brasil não tem nada a ver com o tema da matéria. Apesar do Comissário Tarso, ainda não somos um "regime duro" (e jamais seremos).EUA baixam tom com regimes duros
Critério diplomático já não leva em conta grau de democracia, mas a capacidade de prover bem-estar a cidadãos
Patrícia Campos Mello, WASHINGTON
Na sexta-feira, o presidente americano, Barack Obama, divulgou uma mensagem para o Irã em comemoração ao ano-novo persa. No vídeo, ele ignorou questões espinhosas e destacou um futuro positivo de "maior cooperação entre os dois povos ". Há duas semanas, vazou para a imprensa que Obama enviou uma carta calorosa ao presidente russo, Dmitri Medvedev, acenando com uma reaproximação EUA-Rússia - e nenhuma palavra sobre esferas de influência, Geórgia ou direitos da imprensa. No mês passado, a secretária de Estado, Hillary Clinton, deixou claro que o desrespeito aos direitos humanos na China não vai interferir nas relações sino-americanas.
As primeiras iniciativas diplomáticas de Obama mostram um estilo bem diferente em relação ao do governo de George W. Bush. Não se trata apenas do "smart power" (poder inteligente) e da menor militarização da política externa, anunciados por Hillary no Congresso. A Casa Branca deixou de promover agressivamente a democracia liberal no mundo e de tentar converter os países para o padrão de governo ocidental. Obama vem seguindo um estilo consistente com a "Regra da Autonomia", linha diplomática que ganha força em Washington.
"Rússia, China e Arábia Saudita estão longe de serem regimes democráticos, mas faz sentido para os EUA se aproximarem desses países", disse ao Estado Charles Kupchan, professor da Universidade Georgetown. "Precisamos parar de insistir na democracia liberal como o conceito que define o sistema internacional."
Segundo Kupchan, outros países não querem simplesmente abraçar o modelo propagado por EUA, Japão e Grã-Bretanha, mas nem por isso devem ser isolados. "Não importa se os países são democráticos ou não, o que importa é se proporcionam bem-estar a seus cidadãos, seja da maneira que for. China e Rússia são governadas por instituições não democráticas, mas, no sentido amplo, ainda são Estados que dão bem-estar a seus cidadãos", explica Kupchan. "Países como Paquistão, Afeganistão e Somália estão em uma zona cinzenta, por causa do caos político que os domina. Já Zimbábue, Coreia do Norte, Sudão e Mianmar não podem ser incluídos no sistema internacional, porque estão longe de proporcionar bem-estar a seus cidadãos."
A Regra da Autonomia foi lançada pelo professor Kupchan e seu coautor, Adam Mount, no influente jornal Democracy. "Os neoconservadores queriam destruir as nações não democráticas; os neoliberais queriam seduzi-las e trazê-las para a rede de democracias", diz Kupchan, ex-integrante do Conselho de Segurança no governo Clinton. "Existe um meio-termo."
Segundo ele, potências emergentes como Rússia, China, Brasil e Índia querem moldar suas próprias instituições e não apenas se adaptar ao modelo de democracia liberal na medida em que se tornam mais ricas. "Rússia, China, Brasil e Indonésia não vão simplesmente se sentar à nossa mesa", diz. "Precisamos achar uma nova mesa."
Neste sentido, diz o professor, o Brasil tem um papel importante. "Os EUA enfrentam duas guerras e uma crise econômica. É necessário que passemos para países emergentes parte de sua responsabilidade, para aliviar nosso fardo", afirma. "O Brasil tem sido bastante assertivo na formação de outros polos de liderança, o que é consistente com nossa meta."
TEORIA
Charles Kupchan
Autor da "Regra da Autonomia"
"China e Rússia são governadas por instituições não democráticas. No entanto, no sentido amplo, são Estados que proporcionam bem-estar a seus cidadãos"
"O Brasil tem sido bastante assertivo na formação de outros polos de liderança, o que é consistente com nossa meta"
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 2874,0.php
- Clermont
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Re: EUA x Irã
COISAS QUE VOCÊ PENSA QUE SABE SOBRE O IRÃ, MAS QUE NÃO SÃO VERDADEIRAS.
Por Juan Cole, presidente do Global American Institute – 1º de outubro de 2009.
Quinta-feira é um dia fatídico para o mundo, já que os Estados Unidos, outros membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Alemanha, se encontrarão em Genebra com o Irã, num esforço para resolver questões fundamentais. Embora o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad tenha, desde cedo, tentado colocar a questão nuclear fora da mesa de discussões, esta floreio retórico era uma mera jogada inicial, e as questões nucleares, certamente, dominarão as conversas. Como Henry Kissinger aponta, estas conversas estão, somente, começando e é, altamente improvável, que haja quaisquer acontecimentos decisivos, durante um tempo muito longo. Diplomacia é maratona, não 100 m rasos.
Mas, nesta ocasião, vou aproveitar a oportunidade para listar algumas coisas que as pessoas tendem a achar que sabem sobre o Irã, mas para as quais há escassas evidências.
CRENÇA: O Irã é agressivo e ameaçou atacar Israel, seus vizinhos ou os Estados Unidos.
REALIDADE: O Irã nunca deslanchou uma guerra agressiva na história moderna (ao contrário dos EUA e de Israel), e seus líderes tem uma doutrina de “nada de primeiro ataque”. Isto é verdade para o Líder Supremo Ali Khamenei, tanto como para os comandantes dos Guardas Revolucionários.
CRENÇA: O Irã é uma sociedade militarizada, eriçada de armas perigosas e é uma ameaça crescente para a paz mundial.
REALIDADE: O orçamento militar do Irã é um pouco mais de $ 6 bilhões anuais. A Suécia, Singapura e a Grécia, todas, tem orçamentos militares maiores. E mais, o Irã é um país de 70 milhões, portanto, seu gasto per capitã com a defesa é mínimo, comparado com estes outros, que são países muito menores populacionalmente. O Irã dispende menos per capita com suas forças armadas do que qualquer outro país na região do Golfo Pérsico, com exceção dos Emirados Árabes Unidos.
CRENÇA: O Irã ameaçou atacar Israel, militarmente, e “varrê-lo do mapa”.
REALIDADE: Nenhum líder iraniano no poder executivo, ameaçou Israel com um ato de guerra de agressão, já que isto contradiz a doutrina de “nada de primeiro ataque”, ao qual o país aderiu. O presidente iraniano disse, explicitamente, que o Irã não é ameaça para qualquer país, incluindo Israel.
CRENÇA: Mas, o presidente Mahomoud Ahmadinejad não ameaçou “varrer Israel do mapa?”
REALIDADE: O presidente Mahmoud Ahmadinejad citou o aiatolá Khomeini referindo-se que “este regime de ocupação sobre Jerusalém precisa desaparecer das páginas do tempo” (in rezhim-e eshghalgar-i Qods bayad as safheh-e ruzgar mahv shavad) Isto não era um juramento para os tanques rolarem e invadirem, ou para lançar mísseis, entretanto. É uma esperança de que o regime irá entrar em colapso, da mesma forma como a União Soviética entrou. Não é uma ameaça para matar ninguém.
CRENÇA: Mas os iranianos não são revisionistas do Holocausto?
REALIDADE: Alguns são, alguns não. O ex-presidente Mohammad Khatami tem admoestado Ahmadinejad por questionar a plena extensão do Holocausto, que Khatami chamou “o crime do nazismo.” Muitos iranianos instruídos do regime estão, perfeitamente, cientes dos horrores do Holocausto. De qualquer modo, apesar do que os propagandistas sugerem, nem a negação do Holocausto (por tão insensível quanto seja) nem chamar Israel de nomes feios quer dizer a mesma coisa do que jurar atacá-lo militarmente.
CRENÇA: O Irã é igual a Coréia do Norte, por ter um ativo programa de armas nucleares, e o mesmo tipo de ameaça ao mundo.
REALIDADE: O Irã possui uma instalação de enriquecimento nuclear em Natanz, próximo a Isfahan, onde afirma estar tentando produzir combustível para futuros reatores nucleares civis, para gerar eletricidade. Todos os líderes iranianos negam que esta instalação seja para produção de armas, e a Agência Internacional de Energia Atômica tem, repetidamente, inspecionado o local, sem encontrar nenhum programa de armas. O Irã não está sendo, totalmente transparente, gerando algumas dúvidas, mas, todas as evidências que a AIEA e a CIA tem podido coletar apontam para a inexistência de um programa de armas. A Estimativa Nacional de Inteligência, por dezesseis agências de inteligência americanas, incluindo a CIA e a Agência de Inteligência de Defesa, asseguram, com boas evidências, de que o Irã não tem nenhum programa de armas nucleares. Esta avaliação foi baseada em depoimentos de cientistas nucleares desertores, tanto quanto em documentos que eles trouxeram, em acréscimo à informações de inteligência de comunicações americanas. Enquanto as agências de inteligência da Alemanha, Israel e Grã-Bretanha suspeitem mais das intenções iranianas, todas estiveram, gravemente erradas quanto às alegadas Armas de Destruição em Massa do Iraque, e a Alemanha, em particular, foi ludibriada por “Curveball” [codinome de um informante], um falastrão iraquiano alcoólatra.
CRENÇA: O Ocidente, recentemente, descobriu uma planta secreta de armas nucleares iraniana, numa montanha próximo a Qom.
REALIDADE: O Irã anunciou, na segunda-feira passada, para a Agência Internacional de Energia Atômica que tinha dado início a uma segunda instalação civil de enriquecimento nuclear, próximo a Qom. Não existe nenhum material nuclear no local, e ele não está em atividade, portanto, tecnicamente, o Irã não está violando o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, embora tenha quebrado sua palavra para a AIEA que informaria, imediatamente, a ONU, de qualquer obra numa nova instalação. O Irã garantiu a permissão para o local ser inspecionado, regularmente, pela AIEA, e se honrar a garantia, como tem feito com a planta de Natanz, então, não poderá produzir armas nucleares lá, já que isto seria detetado pelos inspetores. A secretária de estado Hillary Clinton admitiu, no domingo, que o Irã não pode produzir armas nucleares em Natanz, justamente porque ela está sendo inspecionada. Apesar disso, os falcões americanos estão, repetidas vezes, exigindo um ataque sobre Natanz.
CRENÇA: O mundo deve impor sanções sobre o Irã, não só devido ao seu programa de pesquisas de enriquecimento nuclear, mas, também porque o atual regime roubou a eleição presidencial de junho, e reprimiu, brutalmente, as posteriores manifestações.
REALIDADE: O movimento reformista do Irã está totalmente contra um reforço das sanções contra o país, que, provavelmente, não afetará o regime, e prejudicará os iranianos comuns.
CRENÇA: O Irã não é um regime louco e irracional, de forma que uma doutrina de destruição mútua assegurada não funcionaria com eles?
REALIDADE: Os políticos iranianos são atores racionais. Se fossem loucos, por quê não invadiram qualquer um de seus vizinhos? Saddam Hussein do Iraque, invadiu tanto o Irã como o Kuwait. Israel invadiu seus vizinhos, mais de uma vez. Em contraste, o Irã não começou nenhuma guerra. Demonizar pessoas, chamando-as de desequilibradas é um velho truque de propaganda. As elites americanas, certa vez, se opunham, peremptoriamente, a posse, pela China, de ciência nuclear, porque acreditavam que os chineses eram, intrinsecamente, irracionais. Este tipo de conversa é uma forma de racismo.
CRENÇA: A comunidade internacional não teria estabelecido sanções sobre o Irã, e não estaria tão preocupada, se não houvesse uma clara ameaça nuclear.
REALIDADE: A tecnologia de centrífugas que o Irã está utilizando para enriquecer urânio é de natureza aberta. Nos velhos dias, você podia dizer quais países poderiam querer uma bomba nuclear sabendo se eles estavam construindo reatores de água leve (inadequados para fabricação de bombas) ou reatores de água pesada (que podiam ser utilizados para fazer bombas). Mas, com as centrífugas, uma vez que você possa enriquecer até 5 % para abastecer um reator civil, você poderá, teoricamente, realimentar o material, diversas vezes, e enriquecer até 90 % para uma bomba. Entretanto, enquanto as plantas centrífugas estiverem sendo, ativamente, inspecionadas, elas não poderão ser usadas para fazer bombas. Os dois sinais de perigo seriam caso o Irã expulsasse os inspetores ou se ele encontrasse um jeito de criar uma instalação secreta. Esta última tarefa seria, extremamente difícil, no entanto, como demonstrado pela descoberta da CIA da instalação de Qom, em 2006, a partir de fotos de satélites. Instalações nucleares, especialmente, as centrífugas, consomem grande quantidade de água, material de construção e por aí vai, portanto construir uma em segredo é um trabalho e tanto. Em qualquer caso, você não pode atacar e destruir um país porque você tem a intuição de que ele possa estar fazendo algo ilegal. Você precisa de algum tipo de prova. E mais, Israel, Paquistão e Índia são, todos, cidadãos globais piores do que o Irã, já que recusaram-se a assinar o TNP e foram direito atrás da bomba; e nada foi feito contra qualquer um deles, pelo CS da ONU.
Por Juan Cole, presidente do Global American Institute – 1º de outubro de 2009.
Quinta-feira é um dia fatídico para o mundo, já que os Estados Unidos, outros membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Alemanha, se encontrarão em Genebra com o Irã, num esforço para resolver questões fundamentais. Embora o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad tenha, desde cedo, tentado colocar a questão nuclear fora da mesa de discussões, esta floreio retórico era uma mera jogada inicial, e as questões nucleares, certamente, dominarão as conversas. Como Henry Kissinger aponta, estas conversas estão, somente, começando e é, altamente improvável, que haja quaisquer acontecimentos decisivos, durante um tempo muito longo. Diplomacia é maratona, não 100 m rasos.
Mas, nesta ocasião, vou aproveitar a oportunidade para listar algumas coisas que as pessoas tendem a achar que sabem sobre o Irã, mas para as quais há escassas evidências.
CRENÇA: O Irã é agressivo e ameaçou atacar Israel, seus vizinhos ou os Estados Unidos.
REALIDADE: O Irã nunca deslanchou uma guerra agressiva na história moderna (ao contrário dos EUA e de Israel), e seus líderes tem uma doutrina de “nada de primeiro ataque”. Isto é verdade para o Líder Supremo Ali Khamenei, tanto como para os comandantes dos Guardas Revolucionários.
CRENÇA: O Irã é uma sociedade militarizada, eriçada de armas perigosas e é uma ameaça crescente para a paz mundial.
REALIDADE: O orçamento militar do Irã é um pouco mais de $ 6 bilhões anuais. A Suécia, Singapura e a Grécia, todas, tem orçamentos militares maiores. E mais, o Irã é um país de 70 milhões, portanto, seu gasto per capitã com a defesa é mínimo, comparado com estes outros, que são países muito menores populacionalmente. O Irã dispende menos per capita com suas forças armadas do que qualquer outro país na região do Golfo Pérsico, com exceção dos Emirados Árabes Unidos.
CRENÇA: O Irã ameaçou atacar Israel, militarmente, e “varrê-lo do mapa”.
REALIDADE: Nenhum líder iraniano no poder executivo, ameaçou Israel com um ato de guerra de agressão, já que isto contradiz a doutrina de “nada de primeiro ataque”, ao qual o país aderiu. O presidente iraniano disse, explicitamente, que o Irã não é ameaça para qualquer país, incluindo Israel.
CRENÇA: Mas, o presidente Mahomoud Ahmadinejad não ameaçou “varrer Israel do mapa?”
REALIDADE: O presidente Mahmoud Ahmadinejad citou o aiatolá Khomeini referindo-se que “este regime de ocupação sobre Jerusalém precisa desaparecer das páginas do tempo” (in rezhim-e eshghalgar-i Qods bayad as safheh-e ruzgar mahv shavad) Isto não era um juramento para os tanques rolarem e invadirem, ou para lançar mísseis, entretanto. É uma esperança de que o regime irá entrar em colapso, da mesma forma como a União Soviética entrou. Não é uma ameaça para matar ninguém.
CRENÇA: Mas os iranianos não são revisionistas do Holocausto?
REALIDADE: Alguns são, alguns não. O ex-presidente Mohammad Khatami tem admoestado Ahmadinejad por questionar a plena extensão do Holocausto, que Khatami chamou “o crime do nazismo.” Muitos iranianos instruídos do regime estão, perfeitamente, cientes dos horrores do Holocausto. De qualquer modo, apesar do que os propagandistas sugerem, nem a negação do Holocausto (por tão insensível quanto seja) nem chamar Israel de nomes feios quer dizer a mesma coisa do que jurar atacá-lo militarmente.
CRENÇA: O Irã é igual a Coréia do Norte, por ter um ativo programa de armas nucleares, e o mesmo tipo de ameaça ao mundo.
REALIDADE: O Irã possui uma instalação de enriquecimento nuclear em Natanz, próximo a Isfahan, onde afirma estar tentando produzir combustível para futuros reatores nucleares civis, para gerar eletricidade. Todos os líderes iranianos negam que esta instalação seja para produção de armas, e a Agência Internacional de Energia Atômica tem, repetidamente, inspecionado o local, sem encontrar nenhum programa de armas. O Irã não está sendo, totalmente transparente, gerando algumas dúvidas, mas, todas as evidências que a AIEA e a CIA tem podido coletar apontam para a inexistência de um programa de armas. A Estimativa Nacional de Inteligência, por dezesseis agências de inteligência americanas, incluindo a CIA e a Agência de Inteligência de Defesa, asseguram, com boas evidências, de que o Irã não tem nenhum programa de armas nucleares. Esta avaliação foi baseada em depoimentos de cientistas nucleares desertores, tanto quanto em documentos que eles trouxeram, em acréscimo à informações de inteligência de comunicações americanas. Enquanto as agências de inteligência da Alemanha, Israel e Grã-Bretanha suspeitem mais das intenções iranianas, todas estiveram, gravemente erradas quanto às alegadas Armas de Destruição em Massa do Iraque, e a Alemanha, em particular, foi ludibriada por “Curveball” [codinome de um informante], um falastrão iraquiano alcoólatra.
CRENÇA: O Ocidente, recentemente, descobriu uma planta secreta de armas nucleares iraniana, numa montanha próximo a Qom.
REALIDADE: O Irã anunciou, na segunda-feira passada, para a Agência Internacional de Energia Atômica que tinha dado início a uma segunda instalação civil de enriquecimento nuclear, próximo a Qom. Não existe nenhum material nuclear no local, e ele não está em atividade, portanto, tecnicamente, o Irã não está violando o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, embora tenha quebrado sua palavra para a AIEA que informaria, imediatamente, a ONU, de qualquer obra numa nova instalação. O Irã garantiu a permissão para o local ser inspecionado, regularmente, pela AIEA, e se honrar a garantia, como tem feito com a planta de Natanz, então, não poderá produzir armas nucleares lá, já que isto seria detetado pelos inspetores. A secretária de estado Hillary Clinton admitiu, no domingo, que o Irã não pode produzir armas nucleares em Natanz, justamente porque ela está sendo inspecionada. Apesar disso, os falcões americanos estão, repetidas vezes, exigindo um ataque sobre Natanz.
CRENÇA: O mundo deve impor sanções sobre o Irã, não só devido ao seu programa de pesquisas de enriquecimento nuclear, mas, também porque o atual regime roubou a eleição presidencial de junho, e reprimiu, brutalmente, as posteriores manifestações.
REALIDADE: O movimento reformista do Irã está totalmente contra um reforço das sanções contra o país, que, provavelmente, não afetará o regime, e prejudicará os iranianos comuns.
CRENÇA: O Irã não é um regime louco e irracional, de forma que uma doutrina de destruição mútua assegurada não funcionaria com eles?
REALIDADE: Os políticos iranianos são atores racionais. Se fossem loucos, por quê não invadiram qualquer um de seus vizinhos? Saddam Hussein do Iraque, invadiu tanto o Irã como o Kuwait. Israel invadiu seus vizinhos, mais de uma vez. Em contraste, o Irã não começou nenhuma guerra. Demonizar pessoas, chamando-as de desequilibradas é um velho truque de propaganda. As elites americanas, certa vez, se opunham, peremptoriamente, a posse, pela China, de ciência nuclear, porque acreditavam que os chineses eram, intrinsecamente, irracionais. Este tipo de conversa é uma forma de racismo.
CRENÇA: A comunidade internacional não teria estabelecido sanções sobre o Irã, e não estaria tão preocupada, se não houvesse uma clara ameaça nuclear.
REALIDADE: A tecnologia de centrífugas que o Irã está utilizando para enriquecer urânio é de natureza aberta. Nos velhos dias, você podia dizer quais países poderiam querer uma bomba nuclear sabendo se eles estavam construindo reatores de água leve (inadequados para fabricação de bombas) ou reatores de água pesada (que podiam ser utilizados para fazer bombas). Mas, com as centrífugas, uma vez que você possa enriquecer até 5 % para abastecer um reator civil, você poderá, teoricamente, realimentar o material, diversas vezes, e enriquecer até 90 % para uma bomba. Entretanto, enquanto as plantas centrífugas estiverem sendo, ativamente, inspecionadas, elas não poderão ser usadas para fazer bombas. Os dois sinais de perigo seriam caso o Irã expulsasse os inspetores ou se ele encontrasse um jeito de criar uma instalação secreta. Esta última tarefa seria, extremamente difícil, no entanto, como demonstrado pela descoberta da CIA da instalação de Qom, em 2006, a partir de fotos de satélites. Instalações nucleares, especialmente, as centrífugas, consomem grande quantidade de água, material de construção e por aí vai, portanto construir uma em segredo é um trabalho e tanto. Em qualquer caso, você não pode atacar e destruir um país porque você tem a intuição de que ele possa estar fazendo algo ilegal. Você precisa de algum tipo de prova. E mais, Israel, Paquistão e Índia são, todos, cidadãos globais piores do que o Irã, já que recusaram-se a assinar o TNP e foram direito atrás da bomba; e nada foi feito contra qualquer um deles, pelo CS da ONU.
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Re: EUA x Irã
Como sempre um excelente e esclarecedor post Clermont. Tem vários fundamentos q cansei de repetir no tópico Irã tem como se defender de Israel?. Reproduzi seu post lá. [ ], até mais...
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Re: EUA x Irã
Clermont, belo post, agora fica complicado justificar uma guerra contra o Irã por razões nucleares, pode ser po $$$$$$
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: EUA x Irã
Irã acusa EUA por desaparecimento de cientista nuclear
TEERÃ - O Irã acusou hoje os Estados Unidos de envolvimento no sumiço do cientista nuclear Shahram Amiri durante uma peregrinação na Arábia Saudita. Segundo informações de fontes não oficiais, Amiri trabalhava no programa nuclear iraniano, e há especulações na imprensa do Irã de que ele teria transmitido informações sigilosas ao Ocidente.
O ministro de Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki, disse hoje que Amiri foi detido, e acusou os EUA de participação na prisão. "Nós obtivemos documentos sobre o envolvimento dos Estados Unidos no desaparecimento de Amiri", disse Mottaki segundo a agência de notícias iraniana Isna.
Amiri desapareceu há mais de quatro meses, e a Arábia Saudita não respondeu aos pedidos de informação, disseram funcionários iranianos. O fato ocorreu meses antes da revelação de uma segunda instalação de enriquecimento de urânio perto da cidade de Qom. Os Estados Unidos acusam o Irã de construir o complexo em segredo, mas Teerã nega.
Isso aumentou a especulação de que Amiri pode ter passado para o Ocidente informações sobre o programa nuclear iraniano. Amiri trabalhava como pesquisador da Universidade Malek Ashtar, em Teerã, que, se suspeita, seja administrada pela poderosa Guarda Revolucionária. A universidade já foi citada pela Organização das Nações Unidas (ONU) por seus experimentos ligados ao programa nuclear.
Parentes disseram a meios de comunicação iranianos que Amiri pesquisava o uso de tecnologia nuclear na medicina e que não estava envolvido de forma ampla com o programa nuclear. Um site iraniano, porém, afirma que Amiri trabalhou na instalação de Qom e que desertou na Arábia Saudita. O site Jahannews, ligado a iranianos conservadores, não forneceu a fonte das informações.
A mulher de Amiri e outros parentes fizeram manifestações nas últimas semanas em frente à embaixada saudita em Teerã, exigindo informações sobre seu paradeiro. Sua mulher disse que ele viajou para a Arábia Saudita no dia 31 de maio para a Omra, uma peregrinação islâmica, e que ela falou com ele pela última vez no dia 3, por telefone, segundo a agência Isna.
TEERÃ - O Irã acusou hoje os Estados Unidos de envolvimento no sumiço do cientista nuclear Shahram Amiri durante uma peregrinação na Arábia Saudita. Segundo informações de fontes não oficiais, Amiri trabalhava no programa nuclear iraniano, e há especulações na imprensa do Irã de que ele teria transmitido informações sigilosas ao Ocidente.
O ministro de Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki, disse hoje que Amiri foi detido, e acusou os EUA de participação na prisão. "Nós obtivemos documentos sobre o envolvimento dos Estados Unidos no desaparecimento de Amiri", disse Mottaki segundo a agência de notícias iraniana Isna.
Amiri desapareceu há mais de quatro meses, e a Arábia Saudita não respondeu aos pedidos de informação, disseram funcionários iranianos. O fato ocorreu meses antes da revelação de uma segunda instalação de enriquecimento de urânio perto da cidade de Qom. Os Estados Unidos acusam o Irã de construir o complexo em segredo, mas Teerã nega.
Isso aumentou a especulação de que Amiri pode ter passado para o Ocidente informações sobre o programa nuclear iraniano. Amiri trabalhava como pesquisador da Universidade Malek Ashtar, em Teerã, que, se suspeita, seja administrada pela poderosa Guarda Revolucionária. A universidade já foi citada pela Organização das Nações Unidas (ONU) por seus experimentos ligados ao programa nuclear.
Parentes disseram a meios de comunicação iranianos que Amiri pesquisava o uso de tecnologia nuclear na medicina e que não estava envolvido de forma ampla com o programa nuclear. Um site iraniano, porém, afirma que Amiri trabalhou na instalação de Qom e que desertou na Arábia Saudita. O site Jahannews, ligado a iranianos conservadores, não forneceu a fonte das informações.
A mulher de Amiri e outros parentes fizeram manifestações nas últimas semanas em frente à embaixada saudita em Teerã, exigindo informações sobre seu paradeiro. Sua mulher disse que ele viajou para a Arábia Saudita no dia 31 de maio para a Omra, uma peregrinação islâmica, e que ela falou com ele pela última vez no dia 3, por telefone, segundo a agência Isna.
[centralizar]Mazel Tov![/centralizar]