VLS

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Re: VLS

#16 Mensagem por Brasileiro » Sex Fev 13, 2009 10:53 pm

Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009
Projetos espaciais do IAE/CTA
.
Comandantes da FAB e da Força Aérea Francesa visitam exposição do IAE

12/02/2009

A abertura da exposição dos principais projetos desenvolvidos pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) ocorreu no dia 6 de fevereiro e foi marcada pela visita de autoridades das forças aéreas do Brasil, da França e do Paquistão.

Os visitantes foram recebidos pelo diretor do IAE, Coronel Francisco Pantoja, e a alta direção do Instituto, no prédio da Coordenadoria de Confiabilidade e Qualidade (IAE/AVE-Q), onde estiveram reunidos os projetos das áreas de espaço, de aeronáutica e de defesa.

O comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito, visitou o instituto e esteve acompanhado pelo então comandante do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), Tenente-Brigadeiro Carlos Alberto Pires Rolla e pelo atual comandante da organização, Major-Brigadeiro-do-Ar Ronaldo Salamone Nunes. Também estiveram presentes o Subdiretor de empreendimentos, Brigadeiro-Engenheiro Venâncio Alvarenga Gomes, e o Subdiretor de Funções, Bragadeiro-Engenheiro Maurício Pazini Brandão.

O comandante da Força Aérea Francesa, general Stephane Abrial, o adido Aeronáutico da França no Brasil, coronel Jean-Marie Charpentier, o Adido Aeronáutico do Brasil na França, coronel Marcelo Damasceno, e comitiva, foram apresentados aos projetos do IAE que o tornam representativos no Brasil e no exterior.

Na área espacial, filmes sobre montagem, integração, ensaios e lançamento do VLS foram apresentados aos visitantes, que puderam conhecer mock-up (maquete) do VLS, a estação meteorológica e os estudos referentes ao regime pluviométrico de Alcântara (Divisão de Ciências Atmosféricas - IAE/ACA); o dispositivo de análise de vibrações por laser, os estudos sobre a investigação de instabilidade em câmara de combustão de propelente líquido por meio de análise acústica, a qualificação de material para isolamento acústico da coifa do VLS (Divisão de Integração e Ensaios -IAE/AIE); o projeto dos Motores a propelente líquido L5, L15 e L75 (Divisão de Propulsão Espacial – IAE/APE); o projeto do veículo de reentrada atmosférica SARA Suborbital (Divisão de Sistemas Espaciais – IAE/ASE); a qualificação de borracha para uso aeroespacial (Divisão de Química – IAE/AQI); e a Análise Metrológica integrada em projeto e fabricação (Coordenadoria de Confiabilidade e Qualidade – IAE/AVE-Q).

No setor aeronáutico, projetos da turbina de pequena potência, do veículo controlado VANT (Divisão de Sistemas Aeronáuticos – IAE/ASA), do Motor Aeronáutico Flex (Divisão de Propulsão Aeronáutica – IAE/APA), de desenvolvimento de materiais especiais como ligas de titânio, compostos de carbono/carbono, materiais absorvedores de radiação eletromagnética e de blindagem (Divisão de Materiais – IAE/AMR). Na área de defesa, projetos de bombas de penetração, alvos aéreos, mísseis ar-ar e anti-radiação (Divisão de Sistemas de Defesa – IAE/ASD).

Os sistemas de rastreamento de cargas úteis e os veículos e Equipes de salvamento e resgate (IAE/SAR) também foram destaques no evento, que também recebeu a visita do Brigadeiro Mazhar Hussain, Adido de Defesa do Paquistão nesta terça-feira.

Fonte: IAE
O motor L15 é um foguete mono-estágio enquanto que o L75 será o terceiro estágio do VLS-1B e Beta, enquanto que um arranjo de 4 L75 comporá futuramente o segundo estágio do VLS-Beta.
O L75 será um motor de 75kN de empuxo.
O L15 tem 15kN de empuxo, foi testado em banco de testes em dezembro passado.

abraços]




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Re: VLS

#17 Mensagem por Brasileiro » Sáb Fev 14, 2009 3:19 pm

Imagem

Motor foguete de propelente líquido (MFPL) L15. Desenvolvido pelo IAE em parceria com a empresa Orbital Engenharia. Este motor é movido a oxigênio líquido e álcool etílico.
Ainda não consegui e nem sei se há imagens disponíveis do L75.


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Re: VLS

#18 Mensagem por DELTA22 » Sáb Fev 14, 2009 3:38 pm

Caro Brasileiro, excelente noticia.

Se me permite vou usar suas palavras para publicar esta excelente novidade para nossos "hermanitos" argies lá no ZM. :wink:
Vou citar a fonte, okpa? Obrigado.

Acho que este motor ainda não é turbo-bomba, deve ser ainda de camara de combustão pressurizada, não é????

Um abraço!




"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
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Re: VLS

#19 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Fev 14, 2009 9:23 pm

Brasileiro escreveu:Imagem

Motor foguete de propelente líquido (MFPL) L15. Desenvolvido pelo IAE em parceria com a empresa Orbital Engenharia. Este motor é movido a oxigênio líquido e álcool etílico.
Ainda não consegui e nem sei se há imagens disponíveis do L75.


abraços]
Alcool etílico?

Meu Deus, este combustível foi utilizado apenas quando não se conseguia resfriar os motores com eficiência, e não tem nenhuma aplicação prática desde a V-2 e seus derivados diretos (Redstone e R-1, R-2 e R-5)! Em outro post eu mencionei que o Irã estava lançando satélites com tecnologia da década de 50, mas nós ainda estamos pesquisando tecnologia da década de 40 em laboratório!!!!

Cara, isto me deixa realmente indignado.


Leandro G. Card


P.S.- Delta, a imagem não mostra nenhum dispositivo associado ao sistema de alimentação, basicamente é só a câmara de combustão (pelas dimensões com um sistema de refrigeração regenerativo), tubos e talvez algumas válvulas. Mas este não é um motor feito para voar em um foguete, mas apenas para estudos acadêmicos (nitidamente ele é pesado demais, não houve nenhuma preocupação em construir componentes de baixo peso para uso em vôo), portanto ainda não se pode falar em alimentação por pressurização dos tanques de combustível ou por qualquer outro método.




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Re: VLS

#20 Mensagem por Brasileiro » Sáb Fev 14, 2009 11:08 pm

Caro Leandro,

Não se indigne. Este motor (L15) é de apenas 15kN, seu dispositivo de alimentação é bem simples e será utilizado em um veículo mono-estágio recuperável por páraquedas e se chamará VS-15.

O L75, este sim será um motor, digamos assim, profissional. Será movido a oxigênio líquido + querosene, terá 75kN de empuxo e será provido de turbobomba. Será da classe do RD-58M, que constituía o "Block D" do foguete N-1.


abraços]




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Re: VLS

#21 Mensagem por LeandroGCard » Dom Fev 15, 2009 1:11 am

Olá Brasileiro,

O que me chateia é que até agora todas as imagens de motores de combustível líquido do IAE que já vi são nitidamente estudos acadêmicos, que deveriam estar sendo efetuados em universidades como o ITA, a UNB, a UNICAMP, etc... ,e não no próprio IAE (na verdade já deveriam ter sido efetuados nestas universidades há pelo menos vinte anos, mas vá lá, não vamos falar do passado).

Na minha opinião o pessoal do IAE já deveria estar trabalhando na fase de projeto e construção de motores para aplicações específicas, e não nestes motorzinhos. Este próprio L-15 por exemplo, é pequeno demais até para o terceiro estágio do VLS-B (ainda se fossem utilizados múltiplos motores), e mesmo que fosse maior, com álcool como combustível seu impulso específico seria muito baixo para esta aplicação (quase 19% menor que o querosene). Então, porque perder tempo com ele?

Este tal L-75 parece mais promissor em termos de tamanho, mas novamente fica uma impressão estranha. Ele será desenvolvido com turbobombas? Este é um desenvolvimento bastante complexo e demorado, e não é necessário para a aplicação imediata que teríamos para um motor nesta faixa de potência (que seria o 3 estágio do VLS-B), que poderia em princípio utilizar pressurização dos tanques de combustível, pelo menos nos modelos iniciais. Por hora não temos sequer previsão para aplicações como as que a Rússia tinha para o RD-58 (motor vernier do N-1 e de-orbitador do Buran). A impressão que fica então é que este L-75 será outra miniatura acadêmica de algo maior e mais poderoso que um dia talvez quem sabe poderíamos construir em um futuro imprevisível...

Esta é a impressão que tenho do programa espacial brasileiro como um todo; os objetivos definidos para o programa estão atrasados em décadas por uma série de razões, e enquanto ainda se tenta atingí-los a passo de tartaruga (e ninguém parece se importar com esta lentidão) ficam-se fazendo estudos teóricos sem aplicação à vista, apenas para não se ficar parado. Se é para isso então que sejam definidos objetivos paralelos mais ambiciosos, que permitam algum aprendizado prático.

Por exemplo, sabia que com motores a LOx+RP na faixa de potência do L-75 seria teoricamente possível desenvolver um pequeno lançador de 2 apenas estágios com cerca de 15 ton de peso e capaz de colocar uns 50Kg em órbita baixa, utilizando apenas pressurização dos tanques de combustível? Mas para isso os motores precisariam ser bem leves (assim como a estrutura do foguete), e não estes trambolhos das imagens do IAE. Se este fosse o objetivo o pessoal de lá não poderia estar estudando mecânica dos fluídos, termodinâmica e transferência de calor (isto poderia estar sendo feito nas universidades), mas sim materiais e técnicas de manufatura e construção.


Um abraço,


Leandro G. Card




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Re: VLS

#22 Mensagem por joao fernando » Dom Fev 15, 2009 10:36 am

Leandro, ia falar que o nosso 2010 é igual a Alemanha dos anos 20, mas deixa pra lá. Vc fez isso por mim...

Perguntei a um profesor do ITA, o quanto seria dificil copiar uma V2, assim, direto, já que é apenas pra adquirir conhecimento e não ficar anos e anos no be-a-ba de motores, só na teoria. Ele me respondeu com um simples sorriso sarcastico, de quem concorda mas não consegue fazer nada... :twisted:




Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: VLS

#23 Mensagem por Brasileiro » Dom Fev 15, 2009 10:39 am

Caro Leandro,

Temos que separar as coisas.
O L75 será usado no terceiro estágio do VLS-1B.
Outro ponto importante é, de tudo o que eu tenho visto, o IAE não quer (e nem deveria querer) disperdiçar tudo o que conquistou desenvolvendo o VLS-1, portanto, não devemos esperar que eles ignorem tudo o que fizeram até agora para construir um veículo simplista, mesmo que alcance a órbita.

Uma coisa interessante: Por quê eles estariam desenvolvendo um motor complicado com turbobomba ao invés de algo mais simples e tão eficiente quanto, como você propôs?
Por quê o IAE também olha para frente. Eles sabem que, se querem um dia desenvolver um foguete mair, como o Gama, precisarão desenvolver motores maiores, de 250kN, e pelo que consta no PNAE, isso deve ser possível de ser feito no menor prazo possível. Eles nunca projetariam um motor de propelente líquido de 250kN sem uma experiência anterior em motores menores. Não entendo nada sobre projeto de turbobombas, mas se quiserem desenvolver uma para um motor de médio/grande porte, precisam antes dominar todo o processo em um motor menor.
Aliás, em 2006, cerca de 20 engenheiros do IAE cursaram na Rússia, entre outras coisas "projetos de turbobombas". Enfim, fazendo o que estão fazendo no L75, já estão 'quebrando o galho' que vai aparecer lá no futuro, sistemas complicados de motores maiores já não serão mais tanta novidade, já que tudo já teria sido trabalhado.
Daí você vai me dizer: Mas eles nunca vão desenvolver esse motor de grande porte, logo, deveriam simplificar no começo. Mas um instituto como o IAE quando projeta uma coisa, não pode JAMAIS partir do pressuposto de que 'não vai ser capaz de fazer tal coisa no futuro'. Tudo o que eles fazem no presente é já pensando na próxima barreira a ser rompida daqui a dez anos, e fazem tudo o possível para que, quando chegarem na próxima barreira, já conheçamos bastante sobre ela.

O L75 é um projeto chave do programa Cruzeiro do Sul, que em verdade diz respeito quase que totalmente ao desenvolvimento de três motores foguetes, que são o L75, o 1º do Beta e o L250. O que eu inexplicavelmente acredito realmente que vai acontecer.


abraços]




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Re: VLS

#24 Mensagem por LeandroGCard » Dom Fev 15, 2009 12:37 pm

Brasileiro escreveu:Caro Leandro,

Temos que separar as coisas.
O L75 será usado no terceiro estágio do VLS-1B.
Outro ponto importante é, de tudo o que eu tenho visto, o IAE não quer (e nem deveria querer) disperdiçar tudo o que conquistou desenvolvendo o VLS-1, portanto, não devemos esperar que eles ignorem tudo o que fizeram até agora para construir um veículo simplista, mesmo que alcance a órbita.

Uma coisa interessante: Por quê eles estariam desenvolvendo um motor complicado com turbobomba ao invés de algo mais simples e tão eficiente quanto, como você propôs?
Por quê o IAE também olha para frente. Eles sabem que, se querem um dia desenvolver um foguete mair, como o Gama, precisarão desenvolver motores maiores, de 250kN, e pelo que consta no PNAE, isso deve ser possível de ser feito no menor prazo possível. Eles nunca projetariam um motor de propelente líquido de 250kN sem uma experiência anterior em motores menores. Não entendo nada sobre projeto de turbobombas, mas se quiserem desenvolver uma para um motor de médio/grande porte, precisam antes dominar todo o processo em um motor menor.
Aliás, em 2006, cerca de 20 engenheiros do IAE cursaram na Rússia, entre outras coisas "projetos de turbobombas". Enfim, fazendo o que estão fazendo no L75, já estão 'quebrando o galho' que vai aparecer lá no futuro, sistemas complicados de motores maiores já não serão mais tanta novidade, já que tudo já teria sido trabalhado.
Daí você vai me dizer: Mas eles nunca vão desenvolver esse motor de grande porte, logo, deveriam simplificar no começo. Mas um instituto como o IAE quando projeta uma coisa, não pode JAMAIS partir do pressuposto de que 'não vai ser capaz de fazer tal coisa no futuro'. Tudo o que eles fazem no presente é já pensando na próxima barreira a ser rompida daqui a dez anos, e fazem tudo o possível para que, quando chegarem na próxima barreira, já conheçamos bastante sobre ela.

O L75 é um projeto chave do programa Cruzeiro do Sul, que em verdade diz respeito quase que totalmente ao desenvolvimento de três motores foguetes, que são o L75, o 1º do Beta e o L250. O que eu inexplicavelmente acredito realmente que vai acontecer.


abraços
Olá Brasileiro,

A questão aqui não é que o domínio da tecnologia básica não seja importante, mas que não deveria ser o IAE a cuidar disso, e sim as universidades.

Citando um exemplo da indústria aeronáutica por exemplo, a Embraer identificou um nicho de mercado na área de cargueiros e decidiu estudar o C-390. Agora, antes mesmo de definir a configuração final do projeto ou mesmo de decidir se ele irá para a frente mesmo ou não ela já está identificando parceiros e discutindo as relações com estes para a participação no desenvolvimento. Seus engenheiros não voltaram para os bancos da escola para estudar os conceitos básicos de cada componente dos aviões de carga pesados (produto que afinal ela nunca produziu), o trabalho deles não é entrar neste tipo de detalhe e sim definir os conceitos dos sistemas e suas especificações básicas e passar estas informações para quem vai produzir os componentes.

No caso do IAE ele deveria fazer este papel aglutinador entre os pesquisadores nas universidades e os forcenedores na indústria, e não tornarem-se eles mesmos os pesquisadores. O projeto e contrução de foguetes não é mais um assunto de pesquisa avançada, e sim um problema de engenharia, e como tal deveria ser tratado.

Pegando agora o seu exemplo do motor L-75, a forma de alimentação pode perfeitamente ser tratada como um sub-sistema separado, e o motor com certeza pode se tornar funcional bem antes se as turbobombas fossem por ora dispensadas. Uma ou mais equipes em universidades poderiam levar à vante seu desenvolvimento, e o pessoal do IAE se concentraria em desenvolver um motor leve e funcional e os sistemas do estágio-foguete em si, utilizando no início a alimentação por pressurização. Isto já poderia dar origem a um terceiro estágio líquido para o VLS-B e também a um outro menor para um VLM-B, tudo em um prazo bem menor.

Quando o desenvolvimento das turbobombas estivesse pronto então elas seriam incorporadas ao motor, gerando uma nova versão ainda mais poderosa dos dois lançadores. E aí haveria não apenas estudos em bancada mas experiência real de vôo para o desenvolvimento de outros motores ainda maiores para outros projetos futuros. Mas hoje estes projetos não existem (o programa Cruzeiro do Sul foi uma proposta russa, na verdade uma versão menor do projeto Angara que eles próprios desistiram de levar adiante por hora, e as autoridades brasileiras oficialmente não consideram o Cruzeiro do Sul para futuros desenvolvimentos), portanto gastar tempo desenvolvendo tecnologia para eles agora é um estudo acadêmico que pode se revelar apenas perda de tempo e dinheiro. Se algum dia algum programa de foguetes maiores de combustível líquido vier a ser decidido, sempre podemos comprar o projeto pronto de um motor para seu desenvolvimento inicial, e trocá-lo por um nacional quando algum estiver disponível.

Acho que é um pouco complicado explicar estas coisas, a raiz da discordância está na diferença entre ciência básica e tecnologia aplicada, e precisaríamos discutir este ponto mais a fundo antes da coisa ficar mais clara.

Um grande abraço,




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Re: VLS

#25 Mensagem por Brasileiro » Dom Fev 15, 2009 2:18 pm

Pois é Leandro,

Essa questão das universidades é bem complicado mesmo. Se não me engano, até pouco tempo atrás elas estavam proibidas de desenvolverem para o setor privado.

Ouvi que agora o ICMC (USP de São Carlos) foi o primeiro instituto a poder realizar tais associações com a indústria, ouvi até que eles estão trabalhando com a inteligência artificial para o VANT do Exército.

Agora pouco eu estava lendo um resumo de uma reunião de outubro de 2007, onde alguns coronéis e outros servidores do IAE questionavam dizendo que o VLS-1 foi concebido há vinte anos e que hoje o "cenário" é totalmente outro. Alguns diziam até que o VLS deveria ser 'aposentado', dando lugar a um novo lançador, que alguns disseram ser o VLS-1B. Segundo eles o "-1" tem uma operação complexa demais para sua missão, sacrificando a segurança do mesmo (a operação dele compreende 11 eventos). Alguns outros questionaram também se seria possível partir direto para o Beta, já que talvez existiriam alguns obstáculos técnicos para isso.

Diante disso eu tenho uma proposta para um novo foguete:
Primeiro estágio: 4 propulsores S-43 (303kN cada motor)
Segundo estágio: Arranjo de 2 L75 (totalizando 150kN)
Terceiro estágio: Um motor L75

Não precisaríamos de nada mais do que o que já temos ou estamos prestes a ter. O S-43 é um propulsor mais do que testado, com vários vôos no Sonda-IV, VS-40 e VLS, e o L75 que ainda não foi testado.

Gostaria de saber de você como eu faço para calcular a capacidade do foguete (ou qualquer outra configuração que eu imaginar) apartir da massa inicial e do empuxo, já que há variação de massa, etc. Algum livro ou link?
Eu ficaria muito grato.


abraços]




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Re: VLS

#26 Mensagem por LeandroGCard » Dom Fev 15, 2009 4:15 pm

Brasileiro escreveu:Pois é Leandro,

Essa questão das universidades é bem complicado mesmo. Se não me engano, até pouco tempo atrás elas estavam proibidas de desenvolverem para o setor privado.
Eu mesmo soube de um caso há alguns anos em que uma pequena verba para um programa de iniciação científica da UNB versando sobre propulsores híbridos foi negada pelo CNPQ, sob a alegação de que pesquisa de foguetes seria atribuição do IAE. Parece que depois o pessoal da UNB conseguiu a verba de outra instituição, mas ficou claro como pode ser prejudicial esta história do IAE querer fazer todo o desenvolvimento internamente.

Acho que agora que as coisas estão mudando, talvez até em função da END. Por isso considero importante que a pesquisa básica comece a ser distribuída e o IAE se concentre no trabalho de engenharia aplicada.
Agora pouco eu estava lendo um resumo de uma reunião de outubro de 2007, onde alguns coronéis e outros servidores do IAE questionavam dizendo que o VLS-1 foi concebido há vinte anos e que hoje o "cenário" é totalmente outro. Alguns diziam até que o VLS deveria ser 'aposentado', dando lugar a um novo lançador, que alguns disseram ser o VLS-1B. Segundo eles o "-1" tem uma operação complexa demais para sua missão, sacrificando a segurança do mesmo (a operação dele compreende 11 eventos). Alguns outros questionaram também se seria possível partir direto para o Beta, já que talvez existiriam alguns obstáculos técnicos para isso.

Diante disso eu tenho uma proposta para um novo foguete:
Primeiro estágio: 4 propulsores S-43 (303kN cada motor)
Segundo estágio: Arranjo de 2 L75 (totalizando 150kN)
Terceiro estágio: Um motor L75

Não precisaríamos de nada mais do que o que já temos ou estamos prestes a ter. O S-43 é um propulsor mais do que testado, com vários vôos no Sonda-IV, VS-40 e VLS, e o L75 que ainda não foi testado.
Já eu acho que o S-43 está em uma categoria que tem muito pouco potencial de aplicação, e deveria mesmo se pensar em abandoná-lo. Claro que não imediatamente, mas não vejo lugar para ele em um futuro programa espacial brasileiro sério, a menos que fosse como booster auxiliar para foguetes maiores, e aí nem precisaria ter nenhum sistema de controle de atitude, poderia ser uma versão simplificada.

Meu sonho mesmo era ver o desenvolvimento de um motor de combustível sólido muito maior para substituir todo o "cacho" de S-43, aproveitando ao máximo a infra-estrutura que foi implantada para ele mas adotando soluções como estojo segmentado e grão modular. Calculei um lançador assim com o primeiro e segundo estágios de combustível sólido e o terceiro de LOx+RP (com um empuxo na faixa de 8 ton, pouco acima do L-75, ou com 2 motores menores). Pesaria umas 62 ton no lançamento e teria capacidade na faixa dos 700 Kg em órbita baixa. Com boosters S-43 no primeiro estágio poderia levar 1 ton.

Em paralelo seria desenvolvido um grande foguete de combustível líquido com uma versão nacional dos motor RD-107/108 (ele mesmo, com o projeto comprado dos russos pois sendo um design antigo eles dificilmente se recusariam em vender), usando dois dos motores do foguete anterior como boosters, dois RD-107 no primeiro estágio e 1 RD-108 no segundo. O bicho teria mais de 250 ton no lançamento, mas seria capaz de colocar até umas 4 toneladas em órbita baixa. Uma versão com um terceiro criogênico (com LOx + H2, aí sim um bom desenvolvimento para o IAE trabalhar) colocaria umas 3 toneladas em órbita geo-estacionária e o Brasil nunca mais precisaria se preocupar em comprar lançamentos estrangeiros para nenhum satélite nosso.

Seria um programa até melhor que o Cruzeiro do Sul.
Gostaria de saber de você como eu faço para calcular a capacidade do foguete (ou qualquer outra configuração que eu imaginar) a partir da massa inicial e do empuxo, já que há variação de massa, etc. Algum livro ou link?
Eu ficaria muito grato.

abraços]
Na verdade é bem simples se você conhecer os princípios básicos, os cálculos de Delta V e a equação de Tsiolkovsky. Nem precisa ser engenheiro, qualquer bom aluno do segundo grau pode “brincar” de conceber seus próprios foguetes.

A bibliografia que tenho é toda em inglês e às vezes um pouco confusa, mas se você tiver paciência estou justamente preparando um artigo para o DB com estas informações, e quero ver se coloco até uma planilhinha do Excel com o cálculo embutido para facilitar o trabalho. Deve ficar pronto em poucas semanas (estou com muito serviço na firma e não consegui avançar rápido com este trabalho como eu gostaria). Acho que você vai adorar. Se não puder esperar e não tiver problemas com o inglês me mande uma MP, e te envio um ou dois artigos que baixei da internet que são resumidos e dá para entender.


Um grande abraço,


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Re: VLS

#27 Mensagem por lelobh » Seg Fev 16, 2009 10:38 pm

Isto é

Assunto: Brasil
Título: 1d Indo para o espaço
Data: 16/02/2009
Crédito: Hugo Marques e Octávio Costa

Hugo Marques e Octávio Costa
Demarcação de terras quilombolas, cortes no orçamento e ação de ONGs tornam inviável programa espacial brasileiro
Ao saber que o Irã lançou seu primeiro foguete ao espaço, o presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Ganem, teve uma reação inesperada. "Quando vi a notícia, chorei no meu quarto, sozinho", conta, inconformado com o fato de o Brasil ser ultrapassado por nações sem tradição na corrida espacial. Segundo ele, o País está entre os principais players do mercado de foguetes e satélites, que movimenta mais de US$ 350 bilhões por ano. Mas falta visão sobre a importância do programa espacial. Em entrevista à ISTOÉ, Ganem enumerou os obstáculos que enfrenta para lançar o Cyclone, um foguete de 50 metros de altura e 198 toneladas, que será construído em parceria com a Ucrânia. Entre as dificuldades para desenvolver os principais projetos do Centro Espacial de Alcântara (CEA) estão o corte no orçamento da AEB, a demarcação de terras quilombolas em Alcântara, a ação de ONGs e processos no TCU. "Os ucranianos acham que eu administro um sanatório geral", afirma.
Relator da Comissão Mista de Orçamento, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) é criticado pelo presidente da AEB, que não perdoa o corte de 22,5% nos recursos da agência. A dotação de 2009 caiu para R$ 280 milhões, mas seria necessário pelo menos o dobro para o projeto Cyclone. "É uma escolha burra. Praticamente se disse adeus a um programa como o Amazônia 1", lamenta. Com lançamento previsto para 2010, o Amazônia 1 seria o primeiro satélite totalmente nacional. "Ou o Brasil aposta num programa espacial completo, autônomo e suficiente, ou jamais poderá exercer o papel protagonista que a história lhe reservou", diz o executivo. No novo mapa espacial que está na mesa do presidente da AEB, a Europa, os EUA, o Japão e a Coreia "crescem" este ano, enquanto o Brasil "perde espaço" e a África "desaparece".
Além do corte orçamentário, o programa espacial enfrenta limitações fundiárias. Os quilombolas de Alcântara, no Maranhão, reclamam que em 1980, com a implantação da base de lançamento, mais de 300 famílias foram removidas e não tiveram acesso às praias onde pescavam, perdendo seu sustento. Em novembro, o Incra concedeu aos quilombolas mais da metade da área do município, cerca de 80 mil hectares. O Centro Espacial teve sua área reduzida de 14 mil para 9,3 mil hectares, quando o ideal seria 20 mil hectares, no mínimo (Kourou, a base francesa na Guiana, tem 85 mil hectares). Ativista do movimento das famílias atingidas, Sérvulo Borges afirma que a expansão terá de ser feita dentro da área atual. "Se no futuro os quilombolas quiserem negociar, isso é uma questão que fica a cargo deles."
As imagens dos satélites ajudam ao agronegócio, ao controle de queimadas de pequeno porte e à prevenção de desastres climáticos.
"Os ucranianos acham que eu administro um sanatório geral"
Carlos Ganem, presidente da Agência Espacial Brasileira
Em 2001, após os ataques terroristas ao World Trade Center, os americanos redirecionaram todos os sinais de satélites, em prejuízo da agricultura de vários países abaixo da linha do Equador. Apesar de todos os obstáculos, o presidente da AEB promete que fará o possível para colocar no espaço um foguete com satélite até o fim do governo Lula. Dentro desse objetivo, a torre de lançamento do Veículo Lançador de Satélites (VLS1), que derreteu durante um incêndio em 2003, começou a ser reerguida em 2008, num projeto de R$ 40 milhões. A reconstrução ficou parada por dois anos, aguardando decisão do TCU sobre a licitação. Quanto ao foguete Cyclone, embora sem um sítio exclusivo, poderá ser lançado nas instalações atuais.
"O Cyclone vai voar em 2010 de qualquer maneira, pois o programa espacial é irreversível, com ou sem novas áreas", garante Ganem.



R$ 280 milhões me parece uma verba suficiente para alguns projetos. Será que temos um ralo na AEB?




Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.

Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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Re: VLS

#28 Mensagem por LeandroGCard » Ter Fev 17, 2009 8:32 am

lelobh escreveu: R$ 280 milhões me parece uma verba suficiente para alguns projetos. Será que temos um ralo na AEB?
O que acontece é que neste momento a maior parte dos investimentos está em infra-estrutura (base de lançamentos do VLS, estradas de acesso a Alcântara, instalações de lançamento do Cyclone (que ao contrário do que diz a entrevista não será construído em parceria com a Ucrânia, ele é um produto totalmente ucraniano, apenas a montagem final para lançamento e o abastecimento serão feitos aqui), etc... . O importante será verificar os custos após a infra-estrutura estar toda instalada. Dependendo da natureza do programa (modelos de lançadores, frequência de lançamentos, tipos de satélites, etc...) o custo anual pode ser menor ou até maior do que isso, pois só um satélite pode custar mais de 100 milhões.

Mas se pensarmos bem, R$ 280 milhões por ano não pode ser considerado muito dinheiro para um país que sediou os jogos panamericanos (que custaram muito mais do que isso), vai gastar bilhões para receber a copa do mundo em 2014 e ainda quer trazer uma olimpíada!


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Re: VLS

#29 Mensagem por ZeRo4 » Ter Fev 17, 2009 12:24 pm

Fala Leandro, concordo contigo! mas conquistar o espaço por meios próprios não é tão eficaz como propaganda interna como uma Copa ou uma Olimpíadas. Digo por experiência, porque alguns colegas pessoas me acham meio doido por gostar de pesquisar e enter lançadores espaciais, satélites, astronomia e etc... fato semelhante não acontece com os eventos citados por você.

Coisa de doido!

[]s




As GATs e RPs estão em toda cidade!

Como diria Bezerra da Silva: "Malandro é Malandro... Mané é Mané..." ;)
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Re: VLS

#30 Mensagem por LeandroGCard » Ter Fev 17, 2009 9:11 pm

ZeRo4 escreveu:Fala Leandro, concordo contigo! mas conquistar o espaço por meios próprios não é tão eficaz como propaganda interna como uma Copa ou uma Olimpíadas. Digo por experiência, porque alguns colegas pessoas me acham meio doido por gostar de pesquisar e enter lançadores espaciais, satélites, astronomia e etc... fato semelhante não acontece com os eventos citados por você.

Coisa de doido!

[]s
Pois é Zero,

No Brasil é bem comum que se realizem esforços na montagem de eventos para agradar ao pessoal que curte divertimento, esportes, etc... . Vide o Carnaval, a quantidade de shows, os eventos esportivos e tudo mais. Mas quando se fala em eventos que chamem a atenção dos que se interessam por assuntos de ciência e tecnologia, aí é coisa de louco, dinheiro gasto à toa, etc... .

Será que isso tem a ver com nossa dificuldade em avançar no caminho do desenvolvimento?

Leandro G. Card




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