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Mensagem
por Clermont » Qui Fev 05, 2009 8:34 am
O EXÉRCITO DE ISRAEL ESTÁ TRAVANDO UMA JIHAD JUDAICA? – Extremistas religiosos ascendendo nas fileiras.
Por Jonathan Cook – 5 de fevereiro de 2009.
NAZARETH – Rabinos extremistas e seus seguidores, inclinados a travar uma guerra santa contra os palestinos, estão tomando conta do exército israelense, furtivamente, de acordo com os críticos.
Num processo que um historiador militar denominou de rápida “teologização” do exército israelense, agora existem unidades inteiras de soldados combatentes religiosos, muitos deles de colônias da Margem Ocidental. Eles respondem a rabinos linha-dura, que pedem pelo estabelecimento de um Grande Israel, que inclua os territórios palestinos ocupados.
A influência deles, no remodelamento dos objetivos e métodos do exército, já está sendo sentido, dizem observadores, enquanto mais e mais graduados dos cursos de formação de oficiais, também, são tirados da população extremista religiosa de Israel.
“Nós chegamos ao ponto no qual uma massa crítica de soldados religiosos está tentando dizer ao exército como e para que propósito a força militar será empregada no campo de batalha,” disse Yigal Levy, um sociólogo político na Open University, que escreveu vários livros sobre o exército israelense.
A nova atmosfera era evidente na “força excessiva” utilizada na recente operação de Gaza, disse o dr. Levy. Mais de 1300 palestinos foram mortos, a maioria de civis e milhares ficaram feridos, enquanto quarteirões inteiros de Gaza eram arrasados.
“Quando soldados, incluindo seculares, estão imbuídos com idéias teológicas, isto os torna menos sensíveis a direitos humanos ou o sofrimento do outro lado.”
O papel aumentado dos grupos extremistas religiosos no exército veio à luz, semana passada, quando se tornou público que o rabinato do exército tinha entregue panfletos aos soldados, preparando-os para a recente ofensiva de 22 dias em Gaza.
O Yesh Din, um grupo de direitos humanos israelense, disse que o material continha mensagens “beirando o incitamento racista contra o povo palestino” e pode ter encorajado os soldados a ignorarem a lei internacional.
O panfleto cita, extensivamente, Shlomo Aviner, um rabino de extrema-direita, que encabeça um seminário religioso no bairro muçulmano de Jerusalém Oriental. Ele compara os palestinos aos filisteus, os inimigos bíblicos dos judeus.
Ele aconselha: “Quando você demonstra misericórdia para um inimigo cruel, você está sendo cruel com os soldados puros e honestos... Esta é uma guerra contra assassinos.” Ele, também, cita uma proibição bíblica de “ceder um único milímetro” da Grande Israel.
O panfleto foi aprovado pelo rabino-chefe do exército, brigadeiro-general Avichai Ronsky, que está, publicamente, determinado a aperfeiçoar os “valores de combate” do exército, após o fracasso em esmagar o Hezbollah no Líbano, em 2006.
O general Ronsky foi nomeado, três anos atrás, numa ação designada, de acordo com a mídia israelense, a aplacar os elementos religiosos linha-dura dentro do exército e na comunidade de colonos.
O general Ronsky, ele mesmo um colono da comunidade de Itimar, na Margem Ocidental, próxima a Nablus, é próximo a grupos de extrema-direita. De acordo com reportagens, ele presta visitas regulares aos membros encarcerados de grupos terroristas judeus; ele ofereceu sua casa para um colono que estava sob prisão domiciliar por ferir palestinos; e ele tem apresentado oficiais superiores a pequenos grupos de colonos extremistas que vivem entre os mais de 150 mil palestinos de Hebron.
Ele, também, alterou o rabinato, que foi, originalmente, fundado para oferecer serviços religiosos e garantir que os soldados religiosos pudessem observar o sabbath e consumir refeições kosher nas cantinas do exército.
No ano passado, o rabinato, efetivamente, assumiu o papel de corpo educacional do exército, através de seu Departamento de Conscientização Judaica, que coordena suas atividades com o Elad, uma organização de colonos que é ativa em Jerusalém Oriental.
Em outubro, o jornal Haaretz citou um oficial superior anônimo que acusava o rabinato de levar à cabo uma “lavagem cerebral” religiosa e política nos soldados.
O dr. Levy disse que o poder do rabinato do exército estava crescendo enquanto as fileiras de soldados religiosos incham.
“Rompendo o Silêncio”, um projeto administrado por soldados procurando expor o comportamento do exército contra os palestinos, disse que o panfleto entregue à tropa, em Gaza, era originário dos colonos de Hebron.
“O documento está por aí, desde, pelo menos, 2003,” disse Mikhael Manekin, 29 anos, um dos diretores do grupo e, ele mesmo, um religioso praticante. “Mas, o que é novo, é que o exército tenha sido, efetivamente, subcontratado para promover as visões dos colonos extremistas aos soldados”.
O poder da direita religiosa no exército reflete tendências sociais mais amplas, no interior de Israel, disse o dr. Levy. Ele aponta que as cooperativas rurais, conhecidas como kibbutzim, que foram, certa vez, o lar das classes médias seculares de Israel e produtoras do grosso de seu corpo de oficiais, tem estado em declínio, desde os inícios dos anos 1980.
“O vácuo deixado pela sua gradual retirada do exército foi preenchido por jovens religiosos e pelos filhos dos colonos. Eles, agora, predominam, em muitos ramos do exército.”
De acordo com números citados na mídia israelense, mais de um terço de todos os soldados combatentes de Israel são religiosos, como o são mais de 40 porcento dos graduados dos cursos de oficiais.
O exército tem encorajado esta tendência ao criar cerca de duas dezenas de hesder yeshivas, seminários nos quais jovens podem combinar estudos bíblicos com serviço militar em unidades religiosas exclusivas. Muitos yeshivas estão sediadas na Margem Ocidental, onde os estudantes são educados por rabinos extremistas dos assentamentos.
Ehud Barak, o ministro da defesa, rapidamente, expandiu o programa, aprovando quatro yeshivas, três sediadas em colônias, no último verão. Outras dez estão aguardando aprovação.
Manekin, no entanto, previne contra culpar a violência infligida sobre os civis de Gaza, apenas na influência dos extremistas religiosos.
“o exército ainda é administrado pelas elites seculares de Israel e eles, sempre, foram insensíveis a respeito da segurança de civis quando travam guerras. O nacionalismo judeu que justifica as mortes de palestinos é tão perigoso quanto o extremismo religioso.”
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Jonathan Cook é um escritor e jornalista sediados em Nazareth, Israel. Seu livro mais recente, Israel and the Clash of Civilizations: Iraq, Iran, and the Plan to Remake the Middle East, foi publicado pela Pluto Press.