CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
e os arabes cultivaram essa intolerancia com o ocidente graças as cruzadas.....que foram intolerancia da igreja,.......e os arabes por sua vez tiveram as jihads.......isso é uma bola.......e nunca vai acabar......acho q nesse sentido que ele quis dizer que a religião ira acabar com o mundo.........
O Pior cego é o que está convicto e seguro de que vê. Não há nada mais fácil do que apontar os erros, preconceitos e fanatismo dos outros enquanto permanecemos cegos e insensíveis aos nossos próprios.
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
nem vem guilherme, quem começou a atacar peregrinos cristãos foram os arabes...
tudo que a igreja fez foi defender eles e garantir a terra santa para que os peregrinos cristãos pudessem ir, não apenas os islamicos como era
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"A religião católica contém a Verdade total revelada por Deus e não dizemos isso com arrogância nem para desafiar ninguém. Não podemos diminuir esta afirmação" Dom Hector Aguer
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
U-27, a questão que abordei não foi quem começou e sim nunca ouve tolerancia e isso é passado ate hj.............uns mais que os outros mas tem intolerancia......
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
mas acusar atualmente a igreja catolica de intolerante é errado, afinal ela não instila cruzadas nem odio contra nenhuma religião, e isso é inegavel.
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
U-27, e os pagões?........ou paganismo não era religião?mas o papo aqui naum é esse........
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
qual parte do atualmente tu não entendeu?
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
Nem os defensores dos terroristas querem ficar com a defesa do hamas.
Grupo petista discorda de nota do PT sobre Gaza
Um grupo de 36 petistas divulgou carta em que manifesta ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, “desacordo” com a nota oficial do partido divulgada no último dia 4 sobre os ataques israelenses à Faixa de Gaza.
"Os ataques do exército de Israel contra o território palestino, que já causaram milhares de vítimas e centenas de mortes, além de danos materiais, só podem ser caracterizados como terrorismo de Estado", disse a nota da direção do PT.
A carta dos 36 petistas diz o seguinte:
"Nós aqui subscritos, na qualidade de militantes do PT profundamente consternados com a tragédia que vem se desenrolando no Oriente Médio e com o número crescente de vítimas, inclusive de crianças, gostaríamos de manifestar publicamente desacordo com o teor da nota do Partido sobre o conflito, divulgada a 4 de janeiro corrente.
Em nossa visão, a nota posiciona equivocadamente o PT em relação a um conflito de notável complexidade, devido, em síntese, aos seguintes pontos:
1. ignora a posição histórica do Partido, que sempre se pautou pela defesa da coexistência pacífica dos povos;
2. banaliza e distorce o fenômeno histórico do nazismo;
3. não registra a necessária condenação ao terrorismo;
4. não afirma o reconhecimento do direito de existência de Israel negado pelo Hamas;
5. não se coaduna com a posição equilibrada assumida pelo governo brasileiro sobre a questão; e
6. queima, ao invés de construir, pontes para o entendimento.
Estamos convictos de que o Brasil, conforme propõe o Governo Lula e com base na convivência exemplar das duas comunidades em sua sociedade, pode contribuir para o engajamento das partes na busca de uma paz duradoura, baseada na coexistência pacífica de um Estado Palestino viável e próspero e de um Estado de Israel definitivamente seguro.
Nosso partido pode desempenhar um papel importante no aprofundamento do debate e na defesa, junto às partes e à sociedade brasileira, do caminho do cessar-fogo imediato e do desbloqueio da entrada de ajuda humanitária."
Entre outros, assinam a nota: Aloisio Mercadante, Carlos Minc Baumfeld, Clara Ant, Denise Rosa Lobato, Fernando Haddad, Jaques Wagner, José Genoino, Marta Suplicy, Paul Israel Singer, Paulo Vannuchi e Tarso Genro.
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/
Grupo petista discorda de nota do PT sobre Gaza
Um grupo de 36 petistas divulgou carta em que manifesta ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, “desacordo” com a nota oficial do partido divulgada no último dia 4 sobre os ataques israelenses à Faixa de Gaza.
"Os ataques do exército de Israel contra o território palestino, que já causaram milhares de vítimas e centenas de mortes, além de danos materiais, só podem ser caracterizados como terrorismo de Estado", disse a nota da direção do PT.
A carta dos 36 petistas diz o seguinte:
"Nós aqui subscritos, na qualidade de militantes do PT profundamente consternados com a tragédia que vem se desenrolando no Oriente Médio e com o número crescente de vítimas, inclusive de crianças, gostaríamos de manifestar publicamente desacordo com o teor da nota do Partido sobre o conflito, divulgada a 4 de janeiro corrente.
Em nossa visão, a nota posiciona equivocadamente o PT em relação a um conflito de notável complexidade, devido, em síntese, aos seguintes pontos:
1. ignora a posição histórica do Partido, que sempre se pautou pela defesa da coexistência pacífica dos povos;
2. banaliza e distorce o fenômeno histórico do nazismo;
3. não registra a necessária condenação ao terrorismo;
4. não afirma o reconhecimento do direito de existência de Israel negado pelo Hamas;
5. não se coaduna com a posição equilibrada assumida pelo governo brasileiro sobre a questão; e
6. queima, ao invés de construir, pontes para o entendimento.
Estamos convictos de que o Brasil, conforme propõe o Governo Lula e com base na convivência exemplar das duas comunidades em sua sociedade, pode contribuir para o engajamento das partes na busca de uma paz duradoura, baseada na coexistência pacífica de um Estado Palestino viável e próspero e de um Estado de Israel definitivamente seguro.
Nosso partido pode desempenhar um papel importante no aprofundamento do debate e na defesa, junto às partes e à sociedade brasileira, do caminho do cessar-fogo imediato e do desbloqueio da entrada de ajuda humanitária."
Entre outros, assinam a nota: Aloisio Mercadante, Carlos Minc Baumfeld, Clara Ant, Denise Rosa Lobato, Fernando Haddad, Jaques Wagner, José Genoino, Marta Suplicy, Paul Israel Singer, Paulo Vannuchi e Tarso Genro.
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"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
axei esse documentario navegando no blog do nassif, axo que esse video mostra muito bem a situação vivida pelos palestinos. Para aqueles que defedem o estado sionista vao se surpreender com oque Israel tem feito com o povo palestino.
http://video.google.com/videoplay?docid ... 3735334793
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- Sterrius
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
Curioso ver que existem pessoas do alto escalão do PT (ou ex-alto escalão) assinando a folha, o que obviamente denuncia algum tipo de racha na maneira como é tratada a diplomacia externa.
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
U-27 escreveu:nem vem guilherme, quem começou a atacar peregrinos cristãos foram os arabes...
tudo que a igreja fez foi defender eles e garantir a terra santa para que os peregrinos cristãos pudessem ir, não apenas os islamicos como era
Isso não é bem verdade.
Jerusalem e a Palestina foram conquistadas no seculo VII pelo Khalifa Umar bin Al-Khatab e desde esse tempo a peregrinação sempre foi permitida. Aproximadamente por volta do ano mil começaram a haver perseguições contra os peregrinos, mas antes da metade do seculo elas foram interrompidas pois os governates locais perceberam que tais peregrinos eram fundamentais para a economia da região. Somente em 1099, mais de 50 anos depois, é que foi deflagrada a primeira Cruzada. Mesmo para os padrões medievais, essa demora em reagir as perseguições dos peregrinos é exagerada, evidencia de que na epoca a Igreja não dava a minima para eles e que isso foi só a desculpa que eles usaram para deflagrar as cruzadas. Na verdade, os Bizantinos é que haviam pedido a Igreja e aos europeus ocidentais ajuda para conter o avanço seljucida na Anatólia
Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
Não existem nem certos, nem errados neste conflito. É condenável os atentados terroristas praticados pelo Hamas. É também condenável a violência da retaliação Israelense. Porém, por mais que as armas tenham evoluído (armas inteligentes com precisão "cirúrgica"), sempre haverão vítimas inocentes em uma guerra. Infelizmente.
Creio que esse conflito é uma eterna bola de neve. Violência gerando violência. Ódio gerando ódio. Vingança gerando vingança.
O Hamas quer a destruição do Estado Judeu e usa de covardes atentados terroristas para tal fim. As crianças judias de hoje, orfãs e vítimas desses atentados, já crescem com ódio pelos palestinos.
Da mesma forma, as crianças palestinas, orfãs e vítimas dos ataques israelenses (em resposta aos atentados), já crescem com ódio pelos israelenses.São os terroristas de amanhã.
Espero que um dia aprendam a coexistir em paz....
Creio que esse conflito é uma eterna bola de neve. Violência gerando violência. Ódio gerando ódio. Vingança gerando vingança.
O Hamas quer a destruição do Estado Judeu e usa de covardes atentados terroristas para tal fim. As crianças judias de hoje, orfãs e vítimas desses atentados, já crescem com ódio pelos palestinos.
Da mesma forma, as crianças palestinas, orfãs e vítimas dos ataques israelenses (em resposta aos atentados), já crescem com ódio pelos israelenses.São os terroristas de amanhã.
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
Já é chegada a hora da ONU assumir suas obrigações, se colocam soldados na fronteira Libanesa para proteger os Israelenses, deveriam colocar tropas protegendo Gaza, para evitar bloqueios de ajuda humanitária como o Estado Hebreu faz.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
Se a ONU conseguir impedir:cabeça de martelo escreveu:E para proteger Israel dos ataques do Hamas, certo?!
1- Que os Israelenses efetuem bloqueios a entrada de ajuda humanitária,em Gaza!
2- Que os Israelenses Incinerem Gaza!
3-Que os Israelenses tranquem pessoas em casas que serão destruidas por bombas de precisão!
4- Que os Israelenses ataquem escolas da própria ONU!
5- Que os Israelenses parem de fazer os caminhões da ONU de tiro ao alvo.
Se a ONU der essas pequenas garantias os Palestinos, ai quem sabe os Palestinos suspensam o lançamento de foguetes.
Junto com essas medidas poderia se abrir uma invetigação para apurar os crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza!
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
OUTRA GUERRA, OUTRA DERROTA – A ofensiva de Gaza teve sucesso em punir os palestinos, mas não em tornar Israel mais seguro.
Por John J. Mearsheimer, 26 de janeiro de 2009 – The American Conservative.
Os israelenses e seus apoiadores americanos afirmam que Israel aprendeu bem suas lições da desastrosa guerra no Líbano em 2006, e preparou uma estratégia vitoriosa para a atual guerra contra o Hamas. Naturalmente, quando vier o cessar-fogo, Israel irá declarar vitória. Não acreditem nisto. Israel, estupidamente, deu início à outra guerra que não pode ganhar.
A campanha em Gaza supostamente tem dois objetivos: 1) pôr um fim aos foguetes e morteiros que os palestinos estão disparando contra o sul de Israel, desde a retirada israelense de Gaza, em agosto de 2005; 2) para restaurar a capacidade dissuasória de Israel, que se diz ter diminuído após o fiasco libanês, pela retirada de Gaza e por sua incapacidade de conter o programa nuclear do Irã.
Mas estes não são os verdadeiros objetivos da Operação CAST LEAD. O propósito real está em conexão com a visão de longo prazo de Israel de como tenciona viver com milhões de palestinos no seu meio. É parte de um objetivo estratégico mais amplo: a criação de um “Grande Israel”. Especificamente, os líderes de Israel permanecem determinados a controlar tudo o que era conhecido como o Mandato da Palestina, que inclui Gaza e a Margem Ocidental. Os palestinos teriam limitada autonomia num punhado de enclaves desconectados e economicamente incapacitados, um dos quais é Gaza. Israel controlaria as fronteiras em volta deles, o movimento entre eles, o ar acima e água abaixo deles.
A chave para conseguir isto é infligir maciço sofrimento sobre os palestinos, para que eles venham a aceitar o fato de que são um povo derrotado e que Israel será, em grande parte, o responsável por controlar seu futuro. Esta estratégia, que foi, primeiramente articulada por Ze’ev Jabotinsky nos anos 1920, e tem influenciado fortemente a política israelenses desde 1948, é comumente referida como o “Muro de Ferro”.
O que está acontecendo em Gaza é, totalmente, consistente com tal estratégia.
Vamos começar com a decisão de Israel de se retirar de Gaza, em 2005. A opinião convencional é de que Israel estava falando sério sobre fazer a paz com os palestinos e que seus líderes esperavam que a saída de Gaza seria um grande passo rumo a criação de um estado palestino viável. De acordo com Thomas L. Friedman do New York Times, Israel estava dando aos palestinos uma oportunidade para “construir um mini-estado decente lá – uma Dubai no Mediterrâneo,” e se eles o fizessem, isto “remodelaria, fundamentalmente, o debate israelense sobre se os palestinos podem receber a maior parte da Margem Ocidental.”
Isto é pura ficção. Mesmo antes do Hamas chegar ao poder, os israelenses tencionavam criar uma prisão ao ar livre para os palestinos em Gaza, e infligir grande sofrimento sobre eles, até que atendessem aos desejos israelenses. Dov Weisglass, o conselheiro mais próximo de Ariel Sharon na época, francamente declarou que o desengajamento de Gaza visava deter o processo de paz, não encorajá-lo. Ele descreveu o desengajamento como “formaldeído que é necessário para que não haja um processo político com os palestinos.” Além do mais, ele enfatizou que a retirada “coloca os palestinos sob tremenda pressão. Isto os força para o córner onde eles odeiam estar.”
Arnon Soffer, um proeminente demógrafo israelense que também aconselhava Sharon, eleaborou sobre o que esta pressão pareceria. “Quando 2,5 milhões de pessoas vivem numa Gaza isolada, vai ser uma catástrofe humana. Estas pessoas irão se tornar ainda mais animalescas do que já são hoje, com a ajuda de um insano Islã fundamentalista. A pressão nas fronteiras será dolorosa. Vai ser uma guerra terrível. Portanto, se queremos permanecer vivos, teremos de matar, matar e matar. Todos os dias, cada dia.”
Em janeiro de 2006, cinco meses após os israelenses retirarem seus colonos de Gaza, o Hamas obteve uma vitória decisiva sobre o Fatah nas eleições legislativas palestinas. Isso significava encrenca para a estratégia de Israel, porque o Hamas foi eleito democraticamente, era bem-organizado, não era corrupto como o Fatah, e não tinha desejos de aceitar a existência de Israel. Este respondeu aumentando a pressão econômica sobre os palestinos, mas isto pareceu não funcionar. De fato, a situação tomou outro rumo para pior, em março de 2007, quando o Fatah e o Hamas formaram juntos um governo de unidade nacional. A estatura e o poder político do Hamas estavam crescendo, e a estratégia de Israel de dividir-para-conquistar estava sendo desmontada.
Para fazer as coisas piores, o governo de unidade nacional começou a pressionar por um cessar-fogo de longo prazo. Os palestinos iriam acabar com todos os ataques de foguetes sobre Israel, se os israelenses parassem de prender e assassinar palestinos e terminassem seu estrangulamento econômico, abrindo a travessia das fronteiras para Gaza.
Israel rejeitou esta oferta e com apoio americano passou a fomentar uma guerra civil entre o Fatah e o Hamas que iria arruinar o governo de unidade nacional e colocar o Fatah no comando. O tiro saiu pela culatra quando o Hamas expulsou o Fatah de Gaza, deixando o Hamas no comando lá e o mais obediente Fatah no controle da Margem Ocidental. Israel, então, apertou os parafusos do bloqueio em volta de Gaza, causando ainda maior sofrimento entre os palestinos vivendo lá.
O Hamas respondeu continuando a disparar foguetes e morteiros contra Israel, enquanto enfatizava que ainda buscava um cessar-fogo de longo prazo, talvez, durando dez anos ou mais. Este não era um gesto nobre de parte do Hamas: eles queriam um cessar-fogo devido ao equilíbrio de poder favorecer, fortemente, Israel. Os israelenses não tinham nenhum interesse num cessar-fogo, e simplesmente intensificaram a pressão econômica sobre Gaza. Mas, no final da primavera de 2008, a pressão dos israelenses vivendo sob ataques de foguetes levou o governo a concordar com uma cessar-fogo de seis meses, começando em 19 de junho. Este acordo que terminou formalmente em 19 de dezembro, precedeu imediatamente a atual guerra, que se iniciou em 27 de dezembro.
A posição israelense oficial culpa o Hamas por minar o cessar-fogo. Este ponto de vista é amplamente aceito nos Estados Unidos, mas não é autêntico. Os líderes israelenses não gostavam do cessar-fogo desde o começo, e o Ministro da Defesa Ehud Barak instruiu as FDI a começarem os preparativos para a atual guerra enquanto o cessar-fogo estava sendo negociado em junho de 2008. Além do mais, Dan Gillerman, antigo embaixador de Israel na ONU, relatou que Jerusalém começou a preparar a campanha de propaganda para vender a atual guerra, meses antes do conflito começar. Por sua parte, o Hamas reduziu drasticamente o número de ataques de foguetes durante os cinco primeiros meses do cessar-fogo. Um total de dois foguetes foram disparados contra Israel durante setembro e outubro pelo Hamas.
Como Israel se comportou durante este mesmo período? Ele continuou prendendo e assassinando palestinos na Margem Ocidental, e continuou seu bloqueio mortífero que estava, lentamente, estrangulando Gaza. Então, em 4 de novembro, enquanto os americanos votavam por um novo presidente, Israel atacou um túnel dentro de Gaza e matou seis palestinos. Isto foi a primeira grande violação do cessar-fogo, e os palestinos – que tinham sido “cuidadosos em manterem o cessar-fogo”, de acordo com o Centro de Informações e Inteligência do Terrorismo de Israel – respondeu com a retomada dos ataques de foguetes. A calma que havia prevalecido desde junho desapareceu, enquanto Israel aumentava o bloqueio e os ataques sobre Gaza, e os palestinos lançavam mais foguetes contra Israel. É digno de registro que nem um só israelense foi morto por foguetes palestinos entre 4 de novembro e a eclosão da guerra em 27 de dezembro.
Enquanto a violência crescia, o Hamas deixou claro que não tinha interesse em estender o cessar-fogo além de 19 de dezembro, o que dificilmente seria de surpreender, já que ele não funcionou como planejado. Em meados de dezembro, no entanto, o Hamas informou Israel que ainda estava disposto a negociar um cessar-fogo de longo prazo, se este incluísse um fim para as prisões e assassínios, tanto como o levantamento do bloqueio. Mas os israelenses, tendo utilizado o cessar-fogo para preparar a guerra contra o Hamas, rejeitaram esta oferta. O bombardeio de Gaza começou oito dias depois do fracassado cessar-fogo terminar, oficialmente.
Se Israel desejasse parar os ataques de foguetes vindos de Gaza, poderia ter feito isto acordando um cessar-fogo de longo prazo com o Hamas. E se Israel estivesse, genuinamente, interessado em criar um estado palestino viável, poderia ter trabalhado com o governo de unidade nacional para implementar um cessar-fogo significativo e mudar a forma de pensar do Hamas sobre uma solução de dois estados. Mas, Israel tem uma agenda diferente: ele está determinado a empregar a estratégia do Muro de Ferro para fazer os palestinos em Gaza aceitarem seu destino como súditos infelizes de um Grande Israel.
Esta brutal política está claramente refletida na conduta da Guerra de Gaza por Israel. Ele e seus apoiadores proclamam que as FDI estão se esforçando para evitar baixas civis, em alguns casos, assumindo riscos que colocam soldados israelenses em risco. Difícil. Uma razão para duvidar destas declarações é que Israel se recusa a permitir repórteres na zona de guerra: ele não quer o mundo vendo o que seus soldados e bombas estão fazendo dentro de Gaza. Ao mesmo tempo, Israel lançou uma maciça campanha de propaganda para dar uma face positiva para as histórias de horror que estão emergindo.
A melhor evidência, no entanto, de que Israel está, de forma deliberada, buscando punir a maior parte da população de Gaza está na morte e destruição que as FDI semearam neste pequeno pedaço de chão. Israel já matou mais de 1 mil palestinos e feriu mais de 4 mil. Mais da metade das baixas são civis, e muitos são crianças. A salva de abertura das FDI, em 27 de dezembro ocorreu enquanto as crianças estavam deixando a escola, e um de seus principais alvos neste dia foi um grande grupo de cadetes de polícia se graduando, que, dificilmente, poderiam ser qualificados como terroristas. Naquilo que Ehud Barak chamou “uma guerra total contra o Hamas,” Israel visou uma universidade, escolas, mesquitas, casas, edifícios de apartamentos, escritórios de governo e, até mesmo, ambulâncias. Um oficial superior israelense, falando na condição de anonimato, explicou a lógica por trás da expandida coleção de alvos de Israel: “Há muitos aspectos do Hamas, e estamos tentando atingir a totalidade do espectro, porque tudo está conectado e tudo apóia o terrorismo contra Israel.” Em outras palavras, todo mundo é terrorista e tudo é um alvo legítimo.
Os israelenses tendem a ser obtusos, e ocasionalmente, dizem o que estão, realmente, fazendo. Após as FDI matarem 40 civis palestinos numa escola da ONU, em 6 de janeiro, o Há’aretz relatou que “oficiais superiores admitiram que as FDI estão utilizando enorme poder de fogo.” Um oficial explicou, “Para nós, sermos cautelosos significa sermos agressivos. A partir do instante que entramos, agimos como se estivéssemos em guerra. Isto cria enormes danos no terreno... eu apenas espero que aqueles que tenham fugido da área da Cidade de Gaza, na qual estamos operando, descrevam o choque.”
Alguém poderia aceitar que Israel está travando uma “cruel guerra total contra 1,5 milhão de civis palestinos,” como afirma o Ha’aretz num editorial, mas argumentar que ele irá, eventualmente, atingir seus objetivos de guerra e o resto do mundo, rapidamente, esquecerá os horrores infligidos sobre o povo de Gaza.
Isso é auto-ilusão. Para começar, é improvável que Israel vá parar o disparo de foguetes durante qualquer período de tempo considerável, a não ser que concorde em abrir as fronteiras de Gaza e em parar a prisão e matança de palestinos. Os israelenses falam sobre cortar o suprimento de foguetes e bombas de morteiro para Gaza, mas as armas continuarão a chegar através de túneis secretos e navios que atravessarão o bloqueio naval de Israel. Também, será impossível policiar todos os bens enviados para Gaza, através de canais legítimos.
Israel poderia tentar conquistar toda Gaza e trancar o lugar. Isso, provavelmente, deteria os ataques de foguetes se Israel desdobrasse uma força grande o bastante. Mas, então, as FDI ficariam atoladas numa custosa ocupação contra uma população, profundamente hostil. Elas, eventualmente, teriam de sair, e o disparo de foguetes seria retomado. E, se Israel fracassar em parar os foguetes, e deixá-los parados, como parece provável, sua dissuasão será diminuída, não aumentada.
E, mais importante, há pouca razão para achar que os israelenses podem forçar o Hamas à submissão, e fazer os palestinos viverem, calmamente, num punhado de bantustões no interior da Grande Israel. Os israelenses tem humilhado, torturado e assassinado palestinos, nos Territórios Ocupados, desde 1967, e não chegaram nem perto de acovardá-los. Na verdade, a reação do Hamas contra a brutalidade de Israel, parece emprestar credibilidade à observação de Nietzsche de que, aquilo que não mata você, o torna mais forte.
Mas, ainda que o inesperado aconteça, e os palestinos se curvem, Israel ainda perderia, porque se tornaria um estado de apartheid. Como o primeiro-ministro Ehud Olmert, recentemente disse, Israel “enfrentaria uma luta do tipo sul-africano” se os palestinos não conseguirem um estado viável próprio. “Tão logo isso ocorra,” ele argumentou, “o estado de Israel estará acabado.” Mesmo assim, Olmert nada fez para deter a expansão das colônias e criar um estado palestino viável, confiando, ao invés, na estratégia do Muro de Ferro, para lidar com os palestinos.
Há, também, pouca chance de que o povo ao redor do mundo, que acompanha o conflito israelense-palestino, irá esquecer a apavorante punição que Israel está infligindo sobre Gaza. A destruição é, evidente demais, para passar despercebida, e pessoas demais – especialmente, nos mundos árabe e islâmico – se importam com o destino dos palestinos. E mais, o discurso sobre este conflito duradouro tem sofrido uma mudança enorme no Ocidente, nestes últimos anos, e muitos de nós que, uma vez, éramos totalmente simpáticos para Israel, agora, vemos que os israelenses são os algozes e os palestinos as vítimas. O que está acontecendo em Gaza irá acelerar esta mudança de quadro sobre o conflito, e ser visto, por longo tempo, como uma mancha negra na reputação de Israel.
O pano de fungo é que, não importa o que ocorra no campo de batalha, Israel não pode vencer sua guerra em Gaza. De fato, ele está perseguindo uma estratégia – com uma porção de ajuda de seus, assim chamados amigos na Diáspora – que está colocando seu futuro em risco, no longo prazo.
_______________________________________________
John J. Mearsheimer é professor de ciência política na Universidade de Chicago e co-autor de The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy.
Por John J. Mearsheimer, 26 de janeiro de 2009 – The American Conservative.
Os israelenses e seus apoiadores americanos afirmam que Israel aprendeu bem suas lições da desastrosa guerra no Líbano em 2006, e preparou uma estratégia vitoriosa para a atual guerra contra o Hamas. Naturalmente, quando vier o cessar-fogo, Israel irá declarar vitória. Não acreditem nisto. Israel, estupidamente, deu início à outra guerra que não pode ganhar.
A campanha em Gaza supostamente tem dois objetivos: 1) pôr um fim aos foguetes e morteiros que os palestinos estão disparando contra o sul de Israel, desde a retirada israelense de Gaza, em agosto de 2005; 2) para restaurar a capacidade dissuasória de Israel, que se diz ter diminuído após o fiasco libanês, pela retirada de Gaza e por sua incapacidade de conter o programa nuclear do Irã.
Mas estes não são os verdadeiros objetivos da Operação CAST LEAD. O propósito real está em conexão com a visão de longo prazo de Israel de como tenciona viver com milhões de palestinos no seu meio. É parte de um objetivo estratégico mais amplo: a criação de um “Grande Israel”. Especificamente, os líderes de Israel permanecem determinados a controlar tudo o que era conhecido como o Mandato da Palestina, que inclui Gaza e a Margem Ocidental. Os palestinos teriam limitada autonomia num punhado de enclaves desconectados e economicamente incapacitados, um dos quais é Gaza. Israel controlaria as fronteiras em volta deles, o movimento entre eles, o ar acima e água abaixo deles.
A chave para conseguir isto é infligir maciço sofrimento sobre os palestinos, para que eles venham a aceitar o fato de que são um povo derrotado e que Israel será, em grande parte, o responsável por controlar seu futuro. Esta estratégia, que foi, primeiramente articulada por Ze’ev Jabotinsky nos anos 1920, e tem influenciado fortemente a política israelenses desde 1948, é comumente referida como o “Muro de Ferro”.
O que está acontecendo em Gaza é, totalmente, consistente com tal estratégia.
Vamos começar com a decisão de Israel de se retirar de Gaza, em 2005. A opinião convencional é de que Israel estava falando sério sobre fazer a paz com os palestinos e que seus líderes esperavam que a saída de Gaza seria um grande passo rumo a criação de um estado palestino viável. De acordo com Thomas L. Friedman do New York Times, Israel estava dando aos palestinos uma oportunidade para “construir um mini-estado decente lá – uma Dubai no Mediterrâneo,” e se eles o fizessem, isto “remodelaria, fundamentalmente, o debate israelense sobre se os palestinos podem receber a maior parte da Margem Ocidental.”
Isto é pura ficção. Mesmo antes do Hamas chegar ao poder, os israelenses tencionavam criar uma prisão ao ar livre para os palestinos em Gaza, e infligir grande sofrimento sobre eles, até que atendessem aos desejos israelenses. Dov Weisglass, o conselheiro mais próximo de Ariel Sharon na época, francamente declarou que o desengajamento de Gaza visava deter o processo de paz, não encorajá-lo. Ele descreveu o desengajamento como “formaldeído que é necessário para que não haja um processo político com os palestinos.” Além do mais, ele enfatizou que a retirada “coloca os palestinos sob tremenda pressão. Isto os força para o córner onde eles odeiam estar.”
Arnon Soffer, um proeminente demógrafo israelense que também aconselhava Sharon, eleaborou sobre o que esta pressão pareceria. “Quando 2,5 milhões de pessoas vivem numa Gaza isolada, vai ser uma catástrofe humana. Estas pessoas irão se tornar ainda mais animalescas do que já são hoje, com a ajuda de um insano Islã fundamentalista. A pressão nas fronteiras será dolorosa. Vai ser uma guerra terrível. Portanto, se queremos permanecer vivos, teremos de matar, matar e matar. Todos os dias, cada dia.”
Em janeiro de 2006, cinco meses após os israelenses retirarem seus colonos de Gaza, o Hamas obteve uma vitória decisiva sobre o Fatah nas eleições legislativas palestinas. Isso significava encrenca para a estratégia de Israel, porque o Hamas foi eleito democraticamente, era bem-organizado, não era corrupto como o Fatah, e não tinha desejos de aceitar a existência de Israel. Este respondeu aumentando a pressão econômica sobre os palestinos, mas isto pareceu não funcionar. De fato, a situação tomou outro rumo para pior, em março de 2007, quando o Fatah e o Hamas formaram juntos um governo de unidade nacional. A estatura e o poder político do Hamas estavam crescendo, e a estratégia de Israel de dividir-para-conquistar estava sendo desmontada.
Para fazer as coisas piores, o governo de unidade nacional começou a pressionar por um cessar-fogo de longo prazo. Os palestinos iriam acabar com todos os ataques de foguetes sobre Israel, se os israelenses parassem de prender e assassinar palestinos e terminassem seu estrangulamento econômico, abrindo a travessia das fronteiras para Gaza.
Israel rejeitou esta oferta e com apoio americano passou a fomentar uma guerra civil entre o Fatah e o Hamas que iria arruinar o governo de unidade nacional e colocar o Fatah no comando. O tiro saiu pela culatra quando o Hamas expulsou o Fatah de Gaza, deixando o Hamas no comando lá e o mais obediente Fatah no controle da Margem Ocidental. Israel, então, apertou os parafusos do bloqueio em volta de Gaza, causando ainda maior sofrimento entre os palestinos vivendo lá.
O Hamas respondeu continuando a disparar foguetes e morteiros contra Israel, enquanto enfatizava que ainda buscava um cessar-fogo de longo prazo, talvez, durando dez anos ou mais. Este não era um gesto nobre de parte do Hamas: eles queriam um cessar-fogo devido ao equilíbrio de poder favorecer, fortemente, Israel. Os israelenses não tinham nenhum interesse num cessar-fogo, e simplesmente intensificaram a pressão econômica sobre Gaza. Mas, no final da primavera de 2008, a pressão dos israelenses vivendo sob ataques de foguetes levou o governo a concordar com uma cessar-fogo de seis meses, começando em 19 de junho. Este acordo que terminou formalmente em 19 de dezembro, precedeu imediatamente a atual guerra, que se iniciou em 27 de dezembro.
A posição israelense oficial culpa o Hamas por minar o cessar-fogo. Este ponto de vista é amplamente aceito nos Estados Unidos, mas não é autêntico. Os líderes israelenses não gostavam do cessar-fogo desde o começo, e o Ministro da Defesa Ehud Barak instruiu as FDI a começarem os preparativos para a atual guerra enquanto o cessar-fogo estava sendo negociado em junho de 2008. Além do mais, Dan Gillerman, antigo embaixador de Israel na ONU, relatou que Jerusalém começou a preparar a campanha de propaganda para vender a atual guerra, meses antes do conflito começar. Por sua parte, o Hamas reduziu drasticamente o número de ataques de foguetes durante os cinco primeiros meses do cessar-fogo. Um total de dois foguetes foram disparados contra Israel durante setembro e outubro pelo Hamas.
Como Israel se comportou durante este mesmo período? Ele continuou prendendo e assassinando palestinos na Margem Ocidental, e continuou seu bloqueio mortífero que estava, lentamente, estrangulando Gaza. Então, em 4 de novembro, enquanto os americanos votavam por um novo presidente, Israel atacou um túnel dentro de Gaza e matou seis palestinos. Isto foi a primeira grande violação do cessar-fogo, e os palestinos – que tinham sido “cuidadosos em manterem o cessar-fogo”, de acordo com o Centro de Informações e Inteligência do Terrorismo de Israel – respondeu com a retomada dos ataques de foguetes. A calma que havia prevalecido desde junho desapareceu, enquanto Israel aumentava o bloqueio e os ataques sobre Gaza, e os palestinos lançavam mais foguetes contra Israel. É digno de registro que nem um só israelense foi morto por foguetes palestinos entre 4 de novembro e a eclosão da guerra em 27 de dezembro.
Enquanto a violência crescia, o Hamas deixou claro que não tinha interesse em estender o cessar-fogo além de 19 de dezembro, o que dificilmente seria de surpreender, já que ele não funcionou como planejado. Em meados de dezembro, no entanto, o Hamas informou Israel que ainda estava disposto a negociar um cessar-fogo de longo prazo, se este incluísse um fim para as prisões e assassínios, tanto como o levantamento do bloqueio. Mas os israelenses, tendo utilizado o cessar-fogo para preparar a guerra contra o Hamas, rejeitaram esta oferta. O bombardeio de Gaza começou oito dias depois do fracassado cessar-fogo terminar, oficialmente.
Se Israel desejasse parar os ataques de foguetes vindos de Gaza, poderia ter feito isto acordando um cessar-fogo de longo prazo com o Hamas. E se Israel estivesse, genuinamente, interessado em criar um estado palestino viável, poderia ter trabalhado com o governo de unidade nacional para implementar um cessar-fogo significativo e mudar a forma de pensar do Hamas sobre uma solução de dois estados. Mas, Israel tem uma agenda diferente: ele está determinado a empregar a estratégia do Muro de Ferro para fazer os palestinos em Gaza aceitarem seu destino como súditos infelizes de um Grande Israel.
Esta brutal política está claramente refletida na conduta da Guerra de Gaza por Israel. Ele e seus apoiadores proclamam que as FDI estão se esforçando para evitar baixas civis, em alguns casos, assumindo riscos que colocam soldados israelenses em risco. Difícil. Uma razão para duvidar destas declarações é que Israel se recusa a permitir repórteres na zona de guerra: ele não quer o mundo vendo o que seus soldados e bombas estão fazendo dentro de Gaza. Ao mesmo tempo, Israel lançou uma maciça campanha de propaganda para dar uma face positiva para as histórias de horror que estão emergindo.
A melhor evidência, no entanto, de que Israel está, de forma deliberada, buscando punir a maior parte da população de Gaza está na morte e destruição que as FDI semearam neste pequeno pedaço de chão. Israel já matou mais de 1 mil palestinos e feriu mais de 4 mil. Mais da metade das baixas são civis, e muitos são crianças. A salva de abertura das FDI, em 27 de dezembro ocorreu enquanto as crianças estavam deixando a escola, e um de seus principais alvos neste dia foi um grande grupo de cadetes de polícia se graduando, que, dificilmente, poderiam ser qualificados como terroristas. Naquilo que Ehud Barak chamou “uma guerra total contra o Hamas,” Israel visou uma universidade, escolas, mesquitas, casas, edifícios de apartamentos, escritórios de governo e, até mesmo, ambulâncias. Um oficial superior israelense, falando na condição de anonimato, explicou a lógica por trás da expandida coleção de alvos de Israel: “Há muitos aspectos do Hamas, e estamos tentando atingir a totalidade do espectro, porque tudo está conectado e tudo apóia o terrorismo contra Israel.” Em outras palavras, todo mundo é terrorista e tudo é um alvo legítimo.
Os israelenses tendem a ser obtusos, e ocasionalmente, dizem o que estão, realmente, fazendo. Após as FDI matarem 40 civis palestinos numa escola da ONU, em 6 de janeiro, o Há’aretz relatou que “oficiais superiores admitiram que as FDI estão utilizando enorme poder de fogo.” Um oficial explicou, “Para nós, sermos cautelosos significa sermos agressivos. A partir do instante que entramos, agimos como se estivéssemos em guerra. Isto cria enormes danos no terreno... eu apenas espero que aqueles que tenham fugido da área da Cidade de Gaza, na qual estamos operando, descrevam o choque.”
Alguém poderia aceitar que Israel está travando uma “cruel guerra total contra 1,5 milhão de civis palestinos,” como afirma o Ha’aretz num editorial, mas argumentar que ele irá, eventualmente, atingir seus objetivos de guerra e o resto do mundo, rapidamente, esquecerá os horrores infligidos sobre o povo de Gaza.
Isso é auto-ilusão. Para começar, é improvável que Israel vá parar o disparo de foguetes durante qualquer período de tempo considerável, a não ser que concorde em abrir as fronteiras de Gaza e em parar a prisão e matança de palestinos. Os israelenses falam sobre cortar o suprimento de foguetes e bombas de morteiro para Gaza, mas as armas continuarão a chegar através de túneis secretos e navios que atravessarão o bloqueio naval de Israel. Também, será impossível policiar todos os bens enviados para Gaza, através de canais legítimos.
Israel poderia tentar conquistar toda Gaza e trancar o lugar. Isso, provavelmente, deteria os ataques de foguetes se Israel desdobrasse uma força grande o bastante. Mas, então, as FDI ficariam atoladas numa custosa ocupação contra uma população, profundamente hostil. Elas, eventualmente, teriam de sair, e o disparo de foguetes seria retomado. E, se Israel fracassar em parar os foguetes, e deixá-los parados, como parece provável, sua dissuasão será diminuída, não aumentada.
E, mais importante, há pouca razão para achar que os israelenses podem forçar o Hamas à submissão, e fazer os palestinos viverem, calmamente, num punhado de bantustões no interior da Grande Israel. Os israelenses tem humilhado, torturado e assassinado palestinos, nos Territórios Ocupados, desde 1967, e não chegaram nem perto de acovardá-los. Na verdade, a reação do Hamas contra a brutalidade de Israel, parece emprestar credibilidade à observação de Nietzsche de que, aquilo que não mata você, o torna mais forte.
Mas, ainda que o inesperado aconteça, e os palestinos se curvem, Israel ainda perderia, porque se tornaria um estado de apartheid. Como o primeiro-ministro Ehud Olmert, recentemente disse, Israel “enfrentaria uma luta do tipo sul-africano” se os palestinos não conseguirem um estado viável próprio. “Tão logo isso ocorra,” ele argumentou, “o estado de Israel estará acabado.” Mesmo assim, Olmert nada fez para deter a expansão das colônias e criar um estado palestino viável, confiando, ao invés, na estratégia do Muro de Ferro, para lidar com os palestinos.
Há, também, pouca chance de que o povo ao redor do mundo, que acompanha o conflito israelense-palestino, irá esquecer a apavorante punição que Israel está infligindo sobre Gaza. A destruição é, evidente demais, para passar despercebida, e pessoas demais – especialmente, nos mundos árabe e islâmico – se importam com o destino dos palestinos. E mais, o discurso sobre este conflito duradouro tem sofrido uma mudança enorme no Ocidente, nestes últimos anos, e muitos de nós que, uma vez, éramos totalmente simpáticos para Israel, agora, vemos que os israelenses são os algozes e os palestinos as vítimas. O que está acontecendo em Gaza irá acelerar esta mudança de quadro sobre o conflito, e ser visto, por longo tempo, como uma mancha negra na reputação de Israel.
O pano de fungo é que, não importa o que ocorra no campo de batalha, Israel não pode vencer sua guerra em Gaza. De fato, ele está perseguindo uma estratégia – com uma porção de ajuda de seus, assim chamados amigos na Diáspora – que está colocando seu futuro em risco, no longo prazo.
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John J. Mearsheimer é professor de ciência política na Universidade de Chicago e co-autor de The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy.