A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
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Vinicius Pimenta
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
O texto abaixo o Edu postou em outro tópico, mas fica bem aqui também:
Diplomacia desastrada
Diante da ameaça de um calote coletivo, ensaiado pelos governos de Equador, Venezuela, Bolívia e Paraguai, as autoridades brasileiras decidiram enfim reagir e fazer uma advertência aos hermanos: não haverá mais financiamento para quem contesta as dívidas com os bancos oficiais do País. O Brasil, como explicou o chanceler Celso Amorim em audiência na Câmara dos Deputados, fez da concessão de empréstimos pelo BNDES uma ferramenta para a integração física da região. Fez porque não reconheceu a fragilidade dessa construção diplomática baseada numa virtual identidade política com governos populistas que agora revelam que vêem o Brasil como o "império do Sul" - a potência colonial regional que precisa ser combatida. Esse diagnóstico não é novo, mas se exacerba no momento em que nosso papel no cenário internacional ganha importância inédita.
A reação do Itamaraty a essa atitude inamistosa demorou. A diplomacia brasileira só começou a abandonar o tom morno e conciliador, em geral adotado como resposta aos desaforos dos vizinhos, quando o presidente equatoriano, Rafael Correa, expulsou a Construtora Norberto Odebrecht e a companhia Furnas. A linguagem ficou mais dura quando Correa, pouco tempo depois, decidiu submeter a um tribunal de arbitragem a dívida equatoriana com o BNDES. O embaixador em Quito foi chamado a Brasília e com esse gesto o governo brasileiro deixou clara a irritação causada pela atitude de Correa.
Na semana passada, em Caracas, Correa pediu apoio ao presidente Hugo Chávez, da Venezuela, e aos colegas de vários países da América do Sul e da América Central. Pedido desnecessário. Mais do que apoio retórico, o presidente do Equador já tem a seu lado os governos da Venezuela, da Bolívia e do Paraguai, igualmente empenhados em realizar auditorias da dívida externa para contestar as parcelas por eles consideradas "ilegítimas". O Brasil é um evidente candidato ao calote.
Não há nenhuma surpresa no rumo tomado por esses governantes populistas. Ao enviar tropas para ocupar instalações da Petrobrás, em 2006, o presidente boliviano sinalizava o que viria a seguir. Ao anunciar a auditoria da dívida externa, o novo presidente do Paraguai segue o mesmo curso - mas o grande objetivo de seu governo, em relação ao Brasil, é mudar o acordo de Itaipu. Já o presidente Hugo Chávez, como informou o chanceler Celso Amorim, deu uma resposta vaga à indagação do Itamaraty sobre uma eventual revisão da dívida externa venezuelana.
Em toda essa história, o único dado realmente espantoso é a sucessão de erros da diplomacia brasileira. Ninguém poderia esperar grande coisa de uma política externa influenciada pelos assessores do presidente Lula para assuntos internacionais, mas até as previsões mais pessimistas foram superadas. A escolha de uma grotesca política terceiro-mundista era previsível, mas a insistência nos erros e a extensão das tolices cometidas foram muito além da imaginação.
Nenhum dos "aliados estratégicos" escolhidos pelo presidente Lula, no seu projeto megalópico de liderar o Sul contra o Norte, dedicou ao Brasil a mínima reciprocidade em termos de atenções diplomáticas e comerciais. Nem os nossos colegas do Bric, nem nossos vizinhos sul-americanos. Aqui, com os hermanos, o governo brasileiro decidiu, em nome de uma liderança regional puramente fantasiosa, engolir todos os desaforos e conceder a todos os parceiros os maiores benefícios em quaisquer entendimentos comerciais. Aceitou, por exemplo, o protecionismo argentino e, além disso, induziu o empresariado nacional a se acomodar às barreiras impostas pelo vizinho. Confundiu parceria e cooperação com passividade em face das imposições mais descabidas. E a defesa dos legítimos interesses nacionais foi substituída pelo apoio a governos populistas cuja consolidação, na visão da diplomacia petista, beneficiaria o Brasil. O resultado é a aliança contra a "potência colonial".
Não é fácil escolher a obra-prima das tolices cometidas desde janeiro de 2003. Mas um dos feitos mais notáveis foi certamente o empréstimo de uma funcionária da Receita Federal para ajudar o governo equatoriano na auditoria da dívida externa.
O presidente Lula ainda tem dois anos de mandato. Se tiver aprendido algo com todos esses vexames, dispensará os conselhos de seus auxiliares mais desastrados. Mas não é provável.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 9715,0.php
Diplomacia desastrada
Diante da ameaça de um calote coletivo, ensaiado pelos governos de Equador, Venezuela, Bolívia e Paraguai, as autoridades brasileiras decidiram enfim reagir e fazer uma advertência aos hermanos: não haverá mais financiamento para quem contesta as dívidas com os bancos oficiais do País. O Brasil, como explicou o chanceler Celso Amorim em audiência na Câmara dos Deputados, fez da concessão de empréstimos pelo BNDES uma ferramenta para a integração física da região. Fez porque não reconheceu a fragilidade dessa construção diplomática baseada numa virtual identidade política com governos populistas que agora revelam que vêem o Brasil como o "império do Sul" - a potência colonial regional que precisa ser combatida. Esse diagnóstico não é novo, mas se exacerba no momento em que nosso papel no cenário internacional ganha importância inédita.
A reação do Itamaraty a essa atitude inamistosa demorou. A diplomacia brasileira só começou a abandonar o tom morno e conciliador, em geral adotado como resposta aos desaforos dos vizinhos, quando o presidente equatoriano, Rafael Correa, expulsou a Construtora Norberto Odebrecht e a companhia Furnas. A linguagem ficou mais dura quando Correa, pouco tempo depois, decidiu submeter a um tribunal de arbitragem a dívida equatoriana com o BNDES. O embaixador em Quito foi chamado a Brasília e com esse gesto o governo brasileiro deixou clara a irritação causada pela atitude de Correa.
Na semana passada, em Caracas, Correa pediu apoio ao presidente Hugo Chávez, da Venezuela, e aos colegas de vários países da América do Sul e da América Central. Pedido desnecessário. Mais do que apoio retórico, o presidente do Equador já tem a seu lado os governos da Venezuela, da Bolívia e do Paraguai, igualmente empenhados em realizar auditorias da dívida externa para contestar as parcelas por eles consideradas "ilegítimas". O Brasil é um evidente candidato ao calote.
Não há nenhuma surpresa no rumo tomado por esses governantes populistas. Ao enviar tropas para ocupar instalações da Petrobrás, em 2006, o presidente boliviano sinalizava o que viria a seguir. Ao anunciar a auditoria da dívida externa, o novo presidente do Paraguai segue o mesmo curso - mas o grande objetivo de seu governo, em relação ao Brasil, é mudar o acordo de Itaipu. Já o presidente Hugo Chávez, como informou o chanceler Celso Amorim, deu uma resposta vaga à indagação do Itamaraty sobre uma eventual revisão da dívida externa venezuelana.
Em toda essa história, o único dado realmente espantoso é a sucessão de erros da diplomacia brasileira. Ninguém poderia esperar grande coisa de uma política externa influenciada pelos assessores do presidente Lula para assuntos internacionais, mas até as previsões mais pessimistas foram superadas. A escolha de uma grotesca política terceiro-mundista era previsível, mas a insistência nos erros e a extensão das tolices cometidas foram muito além da imaginação.
Nenhum dos "aliados estratégicos" escolhidos pelo presidente Lula, no seu projeto megalópico de liderar o Sul contra o Norte, dedicou ao Brasil a mínima reciprocidade em termos de atenções diplomáticas e comerciais. Nem os nossos colegas do Bric, nem nossos vizinhos sul-americanos. Aqui, com os hermanos, o governo brasileiro decidiu, em nome de uma liderança regional puramente fantasiosa, engolir todos os desaforos e conceder a todos os parceiros os maiores benefícios em quaisquer entendimentos comerciais. Aceitou, por exemplo, o protecionismo argentino e, além disso, induziu o empresariado nacional a se acomodar às barreiras impostas pelo vizinho. Confundiu parceria e cooperação com passividade em face das imposições mais descabidas. E a defesa dos legítimos interesses nacionais foi substituída pelo apoio a governos populistas cuja consolidação, na visão da diplomacia petista, beneficiaria o Brasil. O resultado é a aliança contra a "potência colonial".
Não é fácil escolher a obra-prima das tolices cometidas desde janeiro de 2003. Mas um dos feitos mais notáveis foi certamente o empréstimo de uma funcionária da Receita Federal para ajudar o governo equatoriano na auditoria da dívida externa.
O presidente Lula ainda tem dois anos de mandato. Se tiver aprendido algo com todos esses vexames, dispensará os conselhos de seus auxiliares mais desastrados. Mas não é provável.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 9715,0.php
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Antes fazer pouco do que fazer errado | 23.12.2008
É isso que tem prevalecido na política econômica. Pena que tantas áreas do governo, com destaque para o Itamaraty, mostrem tamanha obsessão pelo erro
Antonio Lacerda/EPA/Corbis
Encontro de líderes na Bahia: eles batem, o Brasil apanha
Por J.R. Guzzo
É realmente uma pena que o Brasil, que vinha com tudo para comemorar um 2008 muito bom nos resultados básicos da economia, tenha encontrado em seu caminho um desses desmancha-prazeres que freqüentemente dão um jeito de aparecer nas piores horas. O terceiro trimestre, como se viu, registrou um avanço de quase 7% no PIB em relação ao mesmo período de 2007. Não houve como comemorar, porém. O grande número apareceu, brilhou por um instante e foi embora, secado pela certeza de que, já naquele momento, a crise mundial estava provocando outras cifras na economia brasileira. Tudo bem; fica para outra vez. O que importa é o que pode ser feito agora e qual a garantia de que o governo, diante das dificuldades já presentes no momento e das que vão aparecer no curto prazo, resista à tentação e às pressões para tomar decisões erradas.
Garantia, mesmo, não há nunca, mas existe o conforto relativo de saber que até agora não parece ter avançado nenhuma idéia mais séria de tentar as soluções tipo "tem de mudar tudo". Há ações do governo, mas não se pensa em "pacote". Medidas administrativas foram tomadas aqui e ali, mas ninguém propôs remédios jamais testados antes ou, pior, já testados com fracasso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que a taxa de juro é um absurdo, mas segura no cargo o presidente do Banco Central, que mantém os juros no nível em que estão; joga no vermelho e no preto ao mesmo tempo e consegue, assim, agradar a platéia sem correr o risco de mudanças que poderiam levar a economia a território desconhecido.
O presidente, nessa questão, parece mais inclinado a ficar com o que sabe do que a tentar o que não sabe. Sabe, por exemplo, que o Brasil cresceu a 6,8% num trimestre durante o qual os juros estavam basicamente tão altos quanto estão agora; se forem reduzidos em meio ponto ou coisa parecida, pois muito melhor que isso não dá para fazer de uma vez só, quantos por cento a mais a economia poderá crescer? Como ninguém é capaz de apresentar um número que possa ser levado a sério, a impressão é que o governo prefere ficar com a velha máxima: se você não tem certeza a respeito do que precisa fazer, é melhor não fazer nada.
Essa espécie de calmaria na área econômica contrasta com a insaciável busca pelas soluções comprovadamente fracassadas que marcam outras áreas do governo. Ainda não dá para dizer qual delas acabará com o título de pior ao fim do governo Lula; trata-se, no caso, de campeonato por pontos corridos, em que o vencedor será quem acumular o maior número de derrotas, e resta muito jogo para ser jogado. Mas o final de 2008 parece estar confirmando que vai ser difícil tirar a taça da área de política externa. Não consegue ganhar uma, desde o começo do atual governo, e tem tudo para chegar a 31 de dezembro de 2010 no topo da classificação geral. Justo agora, por exemplo, fechou o ano com chave de ouro na Cúpula da América Latina e Caribe, recepcionada pelo Brasil nas praias da Costa do Sauípe. A grande vitória da reunião, de acordo com o ministro do Exterior, Celso Amorim, foi a ausência dos Estados Unidos, da Espanha e de Portugal - algo que certamente abre possibilidades ilimitadas de novos sucessos no futuro; basta, para isso, dar um trato na lista de convidados. Depois dessa não seria preciso dizer mais nada, mas a coisa não ficou por aí. O Itamaraty queria que a cúpula eliminasse a cobrança dupla da Tarifa Externa Comum no comércio da região. Não conseguiu; o Paraguai não aceitou, e o chanceler Amorim, sempre disposto a entender tudo, disse que se fosse paraguaio também não iria aceitar. Queria que fosse aprovado um Código Aduaneiro. Também não conseguiu. Para encerrar, o Brasil se dispôs a dobrar sua contribuição, hoje na casa dos 70 milhões de reais, para um "Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul", poço sem fundo do qual já é o maior contribuinte. É uma sorte, realmente, que reuniões vitoriosas como essa da Costa do Sauípe não aconteçam a toda hora.
O Itamaraty não é pago para ser amigo ou inimigo de A ou B, mas para defender o interesse nacional; em vez disso, preferiu defender o conjunto de idéias e desejos de seus chefes, que há seis anos cedem tudo o que podem aos vizinhos de continente na vã esperança de um dia liderá-los numa frente em favor do bem universal. Mas a generosidade brasileira, sobretudo em relação aos países classificados como de "esquerda", não deu certo - para eles, o Brasil não é generoso, é apenas pusilânime. Sua reação diante disso, da Bolívia ao Equador, do Paraguai à Venezuela, é bater cada vez mais.
unanimidade só existe no cemitério
- Edu Lopes
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Uma diplomacia de erros
Completa-se mais um ano de fracassos para a diplomacia terceiro-mundista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nenhum acordo importante foi assinado pelo Itamaraty, conhecido no passado por seu pragmatismo e pelo profissionalismo de sua orientação. Como na maior parte da era petista, os diplomatas brasileiros envolveram-se numa única negociação relevante, a da Rodada Doha de liberalização comercial. Novamente a discussão empacou, emperrada principalmente, desta vez, pelos aliados estratégicos do Brasil. Na América do Sul, zona preferencial dos grandes planejadores internacionais do Planalto, o governo brasileiro colecionou mais uma série de desaforos e de ameaças. O balanço do ano só não foi pior, nessa área, porque o presidente equatoriano, Rafael Correa, decidiu pagar, no último dia do prazo, US$ 28,1 milhões devidos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Depois de seis anos de atuação desastrosa, o Itamaraty do PT ainda poderá colher algum resultado positivo nos 24 meses finais do mandato do presidente Lula. Mas terá de correr e de esforçar-se muito. Reativar e concluir a Rodada Doha será uma prioridade evidente para os negociadores brasileiros. Mas não se sabe, ainda, como o novo governo americano cuidará do assunto, especialmente numa fase de recessão e pressões protecionistas muito fortes. O Itamaraty também deverá explorar, nos próximos meses, as possibilidades de retomar a discussão de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia. Não será uma tarefa simples, e não só porque os europeus serão provavelmente avaros em concessões no comércio agrícola e exigentes em benefícios para sua indústria. Brasileiros e europeus até poderão encontrar um ponto de equilíbrio nessa barganha, mas haverá resistência do principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, a Argentina. Esse entrave ocorreu noutras ocasiões e quase certamente voltará a ocorrer.
O governo argentino divergiu da diplomacia brasileira também nas últimas tentativas de conclusão da Rodada Doha. Pelo menos nessa frente os negociadores brasileiros trabalharam em função de resultados, até porque haviam abandonado todas as demais negociações objetivamente importantes. Mas, para negociar seriamente, os brasileiros tiveram de afastar-se de seus aliados "estratégicos", como os indianos, chineses e argentinos. Essa divergência não surpreendeu quem seguiu com realismo a atuação do Grupo dos 20 (G-20) constituído em 2003 para combater a política agrícola do mundo rico.
Novamente, em 2008, ficou evidente o equívoco das alianças "estratégicas" do petismo. Os governos da China e da Índia, como se poderia esperar, continuaram dando prioridade aos interesses nacionais e não a afinidades imaginárias com o Brasil ou outros países emergentes ou em desenvolvimento. O governo da Rússia, ao recalcular suas cotas de importação de carnes, mais uma vez deu prioridade a americanos e europeus. Nem na visita do presidente russo, Dmitri Medvedev, as autoridades brasileiras conseguiram uma cota para os exportadores brasileiros de carne suína.
Em suma, a Rússia, a China, a Índia e outros emergentes podem ser prioritários e estratégicos do ponto de vista de Brasília, mas o Brasil não é prioritário nem estratégico para eles.
Na América do Sul, o Brasil só é estratégico e prioritário por ser o maior mercado da região e porque seu governo se mostra disposto a todo tipo de generosidade sem contrapartida e a suportar os mais variados desaforos. A reação à ameaça de calote do Equador, da Bolívia, do Paraguai e da Venezuela só ocorreu quando a situação, com todos os seus aspectos mais humilhantes, havia sido exposta pela imprensa.
Na presidência rotativa do Mercosul, o governo brasileiro não conseguiu cumprir nenhum objetivo importante, a começar pela eliminação da cobrança múltipla da Tarifa Externa Comum (TEC) incidente sobre produtos originários de fora do bloco e reexportados.
A grande realização do governo brasileiro foi a convocação, combinada com os americanos, de uma reunião do G-20 financeiro, em Washington. Uma das mais importantes combinações desse encontro - evitar medidas protecionistas por um ano - foi imediatamente ignorada pelo maior parceiro regional do Brasil, a Argentina. Quem se surpreenderia?
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 2172,0.php
Completa-se mais um ano de fracassos para a diplomacia terceiro-mundista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nenhum acordo importante foi assinado pelo Itamaraty, conhecido no passado por seu pragmatismo e pelo profissionalismo de sua orientação. Como na maior parte da era petista, os diplomatas brasileiros envolveram-se numa única negociação relevante, a da Rodada Doha de liberalização comercial. Novamente a discussão empacou, emperrada principalmente, desta vez, pelos aliados estratégicos do Brasil. Na América do Sul, zona preferencial dos grandes planejadores internacionais do Planalto, o governo brasileiro colecionou mais uma série de desaforos e de ameaças. O balanço do ano só não foi pior, nessa área, porque o presidente equatoriano, Rafael Correa, decidiu pagar, no último dia do prazo, US$ 28,1 milhões devidos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Depois de seis anos de atuação desastrosa, o Itamaraty do PT ainda poderá colher algum resultado positivo nos 24 meses finais do mandato do presidente Lula. Mas terá de correr e de esforçar-se muito. Reativar e concluir a Rodada Doha será uma prioridade evidente para os negociadores brasileiros. Mas não se sabe, ainda, como o novo governo americano cuidará do assunto, especialmente numa fase de recessão e pressões protecionistas muito fortes. O Itamaraty também deverá explorar, nos próximos meses, as possibilidades de retomar a discussão de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia. Não será uma tarefa simples, e não só porque os europeus serão provavelmente avaros em concessões no comércio agrícola e exigentes em benefícios para sua indústria. Brasileiros e europeus até poderão encontrar um ponto de equilíbrio nessa barganha, mas haverá resistência do principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, a Argentina. Esse entrave ocorreu noutras ocasiões e quase certamente voltará a ocorrer.
O governo argentino divergiu da diplomacia brasileira também nas últimas tentativas de conclusão da Rodada Doha. Pelo menos nessa frente os negociadores brasileiros trabalharam em função de resultados, até porque haviam abandonado todas as demais negociações objetivamente importantes. Mas, para negociar seriamente, os brasileiros tiveram de afastar-se de seus aliados "estratégicos", como os indianos, chineses e argentinos. Essa divergência não surpreendeu quem seguiu com realismo a atuação do Grupo dos 20 (G-20) constituído em 2003 para combater a política agrícola do mundo rico.
Novamente, em 2008, ficou evidente o equívoco das alianças "estratégicas" do petismo. Os governos da China e da Índia, como se poderia esperar, continuaram dando prioridade aos interesses nacionais e não a afinidades imaginárias com o Brasil ou outros países emergentes ou em desenvolvimento. O governo da Rússia, ao recalcular suas cotas de importação de carnes, mais uma vez deu prioridade a americanos e europeus. Nem na visita do presidente russo, Dmitri Medvedev, as autoridades brasileiras conseguiram uma cota para os exportadores brasileiros de carne suína.
Em suma, a Rússia, a China, a Índia e outros emergentes podem ser prioritários e estratégicos do ponto de vista de Brasília, mas o Brasil não é prioritário nem estratégico para eles.
Na América do Sul, o Brasil só é estratégico e prioritário por ser o maior mercado da região e porque seu governo se mostra disposto a todo tipo de generosidade sem contrapartida e a suportar os mais variados desaforos. A reação à ameaça de calote do Equador, da Bolívia, do Paraguai e da Venezuela só ocorreu quando a situação, com todos os seus aspectos mais humilhantes, havia sido exposta pela imprensa.
Na presidência rotativa do Mercosul, o governo brasileiro não conseguiu cumprir nenhum objetivo importante, a começar pela eliminação da cobrança múltipla da Tarifa Externa Comum (TEC) incidente sobre produtos originários de fora do bloco e reexportados.
A grande realização do governo brasileiro foi a convocação, combinada com os americanos, de uma reunião do G-20 financeiro, em Washington. Uma das mais importantes combinações desse encontro - evitar medidas protecionistas por um ano - foi imediatamente ignorada pelo maior parceiro regional do Brasil, a Argentina. Quem se surpreenderia?
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 2172,0.php
- Marino
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Não é diretamente sobre o Itamaraty, mas quando este se omite, a repercussão acaba aingindo-o.
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O assessor que sabia javanês
CARLOS BRICKMANN
Tentar importar para nosso país a luta entre israelenses e palestinos, justo aqui, onde árabes e judeus convivem bem, brasileiros que são?
Entre AS tradições da diplomacia brasileira, há duas mais fortes do que todas as outras:
1 - O Itamaraty, nosso Ministério das Relações Exteriores, é extremamente profissional e competente, um celeiro de quadros de excelente qualidade para todas as áreas do governo;
2 - Os curiosos que se arvoram em diplomatas sempre dão errado, mesmo quando assumem com a fama de gênios. São como "O Homem que Sabia Javanês", de Lima Barreto: valem enquanto não aparece ninguém que fale javanês de verdade e fique demonstrado que não entendem nada.
A fauna de curiosos que atrapalharam a diplomacia brasileira é rica. Envolve um ex-presidente que, embaixador em Portugal, teve como principal feito a construção de um galinheiro na residência oficial, para fornecer-lhe a matéria-prima essencial para o frango à mineira; e, transferido para a Itália, morando no magnífico palácio Doria Pamphili, não se sentia bem e passou a maior parte do tempo no Brasil.
Houve um general de pijama, que fez parte da Junta Militar de 1969 (aquela que o deputado Ulysses Guimarães imortalizou com o nome de "Os Três Patetas"), que foi embaixador em Paris.
Outro general, chefe dos subterrâneos das informações, virou embaixador em Lisboa -obrigado, Portugal, pela paciência que teve conosco!
Apoiar a eleição de Evo Morales, que logo depois de tomar posse ocuparia militarmente as instalações da Petrobras?
Apoiar a eleição de Rafael Correa, cujo maior sonho é não pagar o que deve ao Brasil?
Ficar ao lado dos narcoterroristas das Farc, que a Colômbia atacou em território equatoriano?
Tentar importar para nosso país a luta entre israelenses e palestinos -justo aqui, onde árabes e judeus convivem bem entre si, brasileiros que são?
Intervir na política interna de um país vizinho, fornecendo gasolina para que o presidente venezuelano Hugo Chávez pudesse derrotar os grevistas da Petroleos de Venezuela e apoiando sua polêmica decisão de fechar a TV oposicionista?
Vestir-se com roupas de colonizador inglês na Índia para esperar, na selva colombiana, uma libertação de reféns que não ocorreu?
Nada disso é Itamaraty: nossos diplomatas não fazem papel ridículo.
Tudo isso é Marco Aurélio Garcia, o estranho especialista em política latino-americana que jamais escreveu nenhuma obra sobre o assunto, mas conseguiu se transformar em conselheiro do presidente Lula.
Garcia, é bom que se recorde, não se limita às atividades paradiplomáticas: foi também aquele que fez o famoso "top, top", o obsceno "top, top" para comemorar o fato de que não era o governo o responsável pelo acidente da TAM que matou 199 pessoas -isso enquanto o país, de luto, não tinha como aceitar nenhuma comemoração.
E é Marco Aurélio Garcia que, tomando partido numa luta com a qual o Brasil nada tem a ver, dá total razão aos palestinos do Hamas.
A briga é deles, não nossa; mas Garcia conseguiu convencer Lula de que o Brasil pode ter êxito onde Estados Unidos, França, Rússia, Inglaterra e ONU falharam.
O Brasil, como país neutro, como ponto de convergência de árabes e judeus, poderia ter um papel importante na busca da paz. Mas, tomando partido, perdeu quaisquer condições de influir na região.
Há poucos dias, o presidente Lula afastou Marco Aurélio Garcia da função de palpiteiro-mor de política externa, mas o manteve como assessor.
Entretanto, sua influência sobre o presidente é tamanha, ou foi tamanha, que as coisas que diz são tomadas internacionalmente como o pensamento de Lula. É ruim para o presidente, é ruim para o Itamaraty, é pior para o Brasil.
Talvez a solução fosse enviá-lo para a França, onde estudou, e onde estão os trotskistas que, há 40 anos, influenciaram sua cabeça stalinista.
O ex-primeiro-ministro alemão Konrad Adenauer tem uma frase clássica, que é impossível não citar aqui: "O bom Deus, que limitou a inteligência humana, bem que poderia ter limitado também a estupidez".
CARLOS BRICKMANN, jornalista e consultor de comunicação, é diretor da Brickmann & Associados. Foi editor e repórter especial da Folha e editor-chefe da "Folha da Tarde" (1984 a 1991).
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O assessor que sabia javanês
CARLOS BRICKMANN
Tentar importar para nosso país a luta entre israelenses e palestinos, justo aqui, onde árabes e judeus convivem bem, brasileiros que são?
Entre AS tradições da diplomacia brasileira, há duas mais fortes do que todas as outras:
1 - O Itamaraty, nosso Ministério das Relações Exteriores, é extremamente profissional e competente, um celeiro de quadros de excelente qualidade para todas as áreas do governo;
2 - Os curiosos que se arvoram em diplomatas sempre dão errado, mesmo quando assumem com a fama de gênios. São como "O Homem que Sabia Javanês", de Lima Barreto: valem enquanto não aparece ninguém que fale javanês de verdade e fique demonstrado que não entendem nada.
A fauna de curiosos que atrapalharam a diplomacia brasileira é rica. Envolve um ex-presidente que, embaixador em Portugal, teve como principal feito a construção de um galinheiro na residência oficial, para fornecer-lhe a matéria-prima essencial para o frango à mineira; e, transferido para a Itália, morando no magnífico palácio Doria Pamphili, não se sentia bem e passou a maior parte do tempo no Brasil.
Houve um general de pijama, que fez parte da Junta Militar de 1969 (aquela que o deputado Ulysses Guimarães imortalizou com o nome de "Os Três Patetas"), que foi embaixador em Paris.
Outro general, chefe dos subterrâneos das informações, virou embaixador em Lisboa -obrigado, Portugal, pela paciência que teve conosco!
Apoiar a eleição de Evo Morales, que logo depois de tomar posse ocuparia militarmente as instalações da Petrobras?
Apoiar a eleição de Rafael Correa, cujo maior sonho é não pagar o que deve ao Brasil?
Ficar ao lado dos narcoterroristas das Farc, que a Colômbia atacou em território equatoriano?
Tentar importar para nosso país a luta entre israelenses e palestinos -justo aqui, onde árabes e judeus convivem bem entre si, brasileiros que são?
Intervir na política interna de um país vizinho, fornecendo gasolina para que o presidente venezuelano Hugo Chávez pudesse derrotar os grevistas da Petroleos de Venezuela e apoiando sua polêmica decisão de fechar a TV oposicionista?
Vestir-se com roupas de colonizador inglês na Índia para esperar, na selva colombiana, uma libertação de reféns que não ocorreu?
Nada disso é Itamaraty: nossos diplomatas não fazem papel ridículo.
Tudo isso é Marco Aurélio Garcia, o estranho especialista em política latino-americana que jamais escreveu nenhuma obra sobre o assunto, mas conseguiu se transformar em conselheiro do presidente Lula.
Garcia, é bom que se recorde, não se limita às atividades paradiplomáticas: foi também aquele que fez o famoso "top, top", o obsceno "top, top" para comemorar o fato de que não era o governo o responsável pelo acidente da TAM que matou 199 pessoas -isso enquanto o país, de luto, não tinha como aceitar nenhuma comemoração.
E é Marco Aurélio Garcia que, tomando partido numa luta com a qual o Brasil nada tem a ver, dá total razão aos palestinos do Hamas.
A briga é deles, não nossa; mas Garcia conseguiu convencer Lula de que o Brasil pode ter êxito onde Estados Unidos, França, Rússia, Inglaterra e ONU falharam.
O Brasil, como país neutro, como ponto de convergência de árabes e judeus, poderia ter um papel importante na busca da paz. Mas, tomando partido, perdeu quaisquer condições de influir na região.
Há poucos dias, o presidente Lula afastou Marco Aurélio Garcia da função de palpiteiro-mor de política externa, mas o manteve como assessor.
Entretanto, sua influência sobre o presidente é tamanha, ou foi tamanha, que as coisas que diz são tomadas internacionalmente como o pensamento de Lula. É ruim para o presidente, é ruim para o Itamaraty, é pior para o Brasil.
Talvez a solução fosse enviá-lo para a França, onde estudou, e onde estão os trotskistas que, há 40 anos, influenciaram sua cabeça stalinista.
O ex-primeiro-ministro alemão Konrad Adenauer tem uma frase clássica, que é impossível não citar aqui: "O bom Deus, que limitou a inteligência humana, bem que poderia ter limitado também a estupidez".
CARLOS BRICKMANN, jornalista e consultor de comunicação, é diretor da Brickmann & Associados. Foi editor e repórter especial da Folha e editor-chefe da "Folha da Tarde" (1984 a 1991).
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Globo:
Proximidades perigosas
NOVA YORK. Mais uma vez a proximidade conceitual entre parcela ponderável do governo Lula com as atitudes do histriônico protoditador venezuelano Hugo Chávez deixam a política externa brasileira em situação absurda. A tentativa oficial do Itamaraty de se equilibrar entre a solidariedade ao povo palestino e o direito de Israel de existir sempre revela uma posição mais favorável à crítica à "reação desproporcional" do que à condenação aos ataques do Hamas. Se somarmos a essa posição no mínimo ambígua, mas amparada em uma posição humanitária consensual, as declarações do assessor especial Marco Aurélio Garcia e a nota do PT, teremos um quadro em que o governo brasileiro corre o risco de se comparar com a irresponsável política bolivariana.
Seria exagero atribuir à declaração de Garcia ao jornal "Valor" de que Israel pratica "terrorismo de Estado" na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza a expulsão pela Venezuela do embaixador israelense "em sinal de solidariedade com o povo palestino", mas há quem tenha visto nessa atitude um desejo de Chávez de não ficar atrás do que identificou ter sido uma posição oficial do governo brasileiro.
O mais provável é que das duas cabeças tenha saído a mesma radicalização por simples "proximidades conceituais", ainda mais que o PT soltou uma nota oficial subindo mais ainda o tom, comparando a atuação de Israel a atitudes nazistas.
A confusão entre as posições do PT e as do governo brasileiro sempre acontecem quando está envolvido no episódio o assessor especial Marco Aurélio Garcia. Assim foi no caso da crise do Equador com a Colômbia envolvendo as Farc, e volta a ser agora, com os compromissos políticos do partido que tem Lula como presidente de honra destoando de uma política de governo que teria que ser independente e cautelosa.
Mas a postura do PSDB, evitando tomar partido no conflito entre Israel e o Hamas, também não ajudou a dar equilíbrio político à visão brasileira, já que, ao contrário da radicalização petista, os tucanos optaram por ficar "em cima do muro", justificando a atitude pelo fato de o conflito "ser muito complexo".
Um partido que pretende assumir o governo, e que já lá esteve por oito anos, tem obrigação de ter posição formada num conflito tão fundamental para a paz mundial, e poderia ter recorrido aos ex-chanceleres que atuaram no governo de Fernando Henrique para se posicionar de maneira mais clara.
O governo Lula já vinha se posicionando de forma mais aberta na tentativa de exercer uma política externa agressiva, se aproximando dos países árabes sem causar danos nas relações com o chamado "mundo ocidental", especialmente Estados Unidos e Israel.
Em 2005, promoveu a primeira cúpula entre a América do Sul e os países árabes em Brasília, e teve um relativo sucesso, com alguns percalços, tendo sido a cúpula previsivelmente um palco aberto para ataques de todos os tipos, com temas delicados como terrorismo e democracia.
A proximidade com os países árabes tem fortes apoios econômicos, numa região com disponibilidade de capitais para investimento, e uma necessidade imensa de serviços, setor onde nós somos bons e temos tradição de construir estradas, hidrelétricas, usinas, obras urbanas.
A aproximação do Brasil com os países árabes não colocou em risco nossa relação com os Estados Unidos, nem com Israel, embora, na ocasião, o governo Bush tenha querido participar da Cúpula como "observador", o que lhe foi corretamente negado, e tentado pressionar alguns países árabes amigos para que esvaziassem a reunião.
O sucesso diplomático acabou sendo relativo, sem que o governo brasileiro tenha conseguido incluir a defesa da democracia no comunicado final. A análise geral é que, enquanto a América do Sul estiver dominada por governos como o de Chávez, que agora se junta em projetos militares com o Irã de Ahmadinejad, e outros que cultivam o antiamericanismo como política de governo, o Brasil continuará sendo um ponto de equilíbrio, mesmo que avance em posições independentes como agora faz em relação a Israel.
Mas deixar que um assessor especial que trata de política internacional suba de tom como fez Marco Aurélio Garcia pode atrapalhar todo um processo político que já não vem sendo conduzido com a necessária competência.
No Oriente Médio, não adianta tentar ter relações com o mundo árabe alienando inteiramente Israel. A solução palestina, com a criação de um Estado independente, deve ser o caminho para as negociações, e seria mais positivo que o governo brasileiro já se posicionasse nesse sentido, que deve ser o caminho a ser seguido pelo futuro governo de Barack Obama nos Estados Unidos.
No momento em que for resolvida a questão palestina, tudo indica que a relação do mundo árabe preferencial vai ser com Israel, que se transformará em uma imensa plataforma: de serviços financeiros, de infraestrutura, de intermediação comercial, em larga escala.
A "ambição de alto risco" da política externa brasileira, como a definiu o professor Clóvis Brigagão, da Universidade Candido Mendes, seria consequência de o governo Lula já ter tido três condutores da política externa: Marco Aurélio Garcia, o ex-ministro José Dirceu e o chanceler Celso Amorim, e se mantém hoje, mesmo com Dirceu fora do governo.
Há necessidade de a política do Itamaraty estar afinada com a sociedade brasileira, e nessa questão entre Israel e palestinos, a convivência pacífica que se registra no Brasil deveria ser norteadora das ações da política externa brasileira, que não pode confundir o governo com o Estado. As posições políticas e ideológicas do PT não podem se sobrepor às razões do Estado brasileiro.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Mais uma deste cancro que é o tal do Marco Aurélio Garcia.
Marco Aurélio: diplomacia não está dividida
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência para Assuntos Internacionais
Aloisio Milani
A diplomacia brasileira tem buscado diálogo com líderes árabes e israelenses para obter um cessar-fogo urgente na Faixa de Gaza. Hoje, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, respondeu às críticas de que suas declarações sobre o conflito estariam em desacordo com o Itamaraty. Garcia defendeu que há "uma só" política e reivindicou novos mediadores da paz no Oriente Médio, onde os negociadores já estariam desgastados.
"Há uma linha de continuidade do Itamaraty, mas há também aspectos que são determinados pelos sucessivos governos", disse, em entrevista exclusiva ao Terra Magazine. "Vamos perder essa idéia de que essa política externa é absolutamente imutável. Não. Ela tem uma linha de continuidade que foi preservada e com os traços particulares, que o governo Lula e o chanceler Celso Amorim imprimiram, são evidentemente diferentes daquelas adotadas no governo passado."
Garcia faz até uma referência direta ao artigo publicado por Carlos Brickman na Folha de S.Paulo, no qual o jornalista acusa o assessor de Lula de dividir a política externa brasileira. "Não existe ambiguidade. E essas tentativas de estabelecê-la já são históricas em setores da mídia brasileira. Na maioria das vezes, inclusive, com mentiras. Um caso típico é o artigo de esgoto que Carlos Brickman publicou. Ele tenta estabelecer uma duplicidade que seria decorrente de uma posição ideológica que eu teria e que seria diferente da posição histórica do Itamaraty."
O assessor de Lula reiterou que a posição brasileira sobre os ataques israelenses é única e sobre ela que o Ministério das Relações Exteriores tem trabalhado. "Temos uma só posição. É aquela expressa pelo presidente Lula em Recife no fim de dezembro", disse. "Vale dizer qual foi: condenar os ataques por considerá-los uma reação desproporcional às condenáveis ações do Hamas e, em segundo lugar, propor um cessar-fogo imediato que permitisse criar um quadro favorável para negociações definitivas no Oriente Médio".
Indagado sobre qual seria a posição brasileira para resolver os conflitos, Marco Aurélio Garcia respondeu que é necessário um "Estado palestino com fronteiras seguras". "Não pode ser esse arremedo de Estado que vezes aparece. Um território totalmente cortado, descontínuo, com muros no meio, porque essa situação, inclusive, que tem provocado o radicalismo de determinadas facções como é o caso do Hamas. As reações do Hamas que nós condenamos - a de jogar foguetes sobre Israel - foram, em grande medida, provocadas pela situação insuportável da vida cotidiana em Gaza."
O governo brasileiro, segundo Marco Aurélio Garcia, faz a defesa "intransigente" da existência do Estado de Israel, criado em 1948 após decisão da Organização das Nações Unidas. "Insisto que o Estado palestino conviva pacificamente com o Estado de Israel, cuja existência e necessidade são incontestáveis", finaliza.
Terra Magazine
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
O Itamaraty foi destruído não resta sequer um pingo do que foi outrora 20 anos atrás.
Essa vergonha de calhordas ideológicos do PT merece a morte.
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"I would rather have a German division in front of me than a French
one behind me."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Talvez a solução fosse enviá-lo para a França, onde estudou, e onde estão os trotskistas que, há 40 anos, influenciaram sua cabeça stalinista.
Não tem o que falar mais
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Tem sim: NUNCA vi nem ouvi falar de TROTSKISTAS tornando alguém STALINISTA!!!
Seria como dizer que um Judeu ortodoxo ensinou alguém a comer carne de porco...
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P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Globo:
O Brasil e Gaza
ROBERTO ABDENUR
Desde a resolução da ONU que em 1948 deu origem a Israel, sustenta o Brasil inabalável compromisso com o Estado judaico. Não menos firme é seu compromisso com a formação de um Estado palestino. Unem-nos à região laços históricos e vínculos humanos. O Brasil foi o único país latino-americano convidado para a Conferência sobre a Questão Árabe-Israelense, realizada nos EUA em 2007. Para tal tinha as credenciais de suas equilibradas posturas nas Nações Unidas, fluido diálogo com os países árabes (reforçado pela Cimeira entre América do Sul e aquelas nações) e bom entendimento com Israel (que tratamos de aproximar do Mercosul mediante acordo comercial).
Um grave erro veio, contudo, a erodir nossa credibilidade. Em recente viagem a Teerã, fez o chanceler convite ao presidente Ahmadinejad para visita ao Brasil. Nada mais inoportuno, descabido e contraproducente. A grande nação iraniana merece respeito, mas diferente é o caso de um chefe de governo desgastado por quadro econômico caótico, e sob risco de perder as próximas eleições presidenciais; um presidente que nega o Holocausto e prega a destruição de Israel; um governo sob sanções do Conselho de Segurança da ONU; que suscita preocupações não só nos EUA, mas na Europa, onde três países próximos ao Brasil - França, Alemanha e Reino Unido - tentam pressionar Teerã a abdicar de um programa nuclear fundadamente sob suspeitas de buscar a bomba; e um país que suscita temores em seus vizinhos árabes, tanto por seu poderio militar quanto por sua crescente influência (por cortesia de Bush) em Iraque, Síria e Líbano.
A presente hecatombe em Gaza levou o Brasil a tomar iniciativas para reintroduzir-se no círculo mais amplo de atuação em torno da questão.
O professor Marco Aurélio Garcia, assessor direto do presidente Lula, fez dura crítica a Israel, acusando-o de "terrorismo de Estado". Meu coração até que simpatiza com essa afirmação. Mas minha cabeça de diplomata, "viciada" pelo cuidado em evitar que palavras se tornem petardos capazes de infligir indesejáveis danos políticos, lamenta essa dissonância em relação à cautela com que se conduz o chanceler. Precisa o Brasil mover-se com serenidade, objetividade e pragmatismo.
Em diplomacia há ocasiões em que cabem gestos, por assim dizer, "bonitos", mesmo que não por si sós suficientes para alterar maiormente um cenário de conflito. São gestos que marcam posições e fincam estacas para futuras jornadas diplomáticas. Poderíamos agora enviar ao Egito e à Jordânia, para atuarem nas áreas próximas a Gaza (e posteriormente, acalmada a situação, atuarem dentro do território), números significativos de equipes médicas, com hospitais de campanha, medicamentos e instrumentos cirúrgicos. Talvez pudesse mesmo o Brasil coordenar-se com alguns de nossos parceiros na América do Sul - companheiros de trabalho na exitosa missão no Haiti - para juntarmos esforços em tal sentido. E mais "bonito" ainda seria se, em expressão sincera do que somos como sociedade livre de conflitos étnicos e religiosos, parte da ajuda enviada proviesse de entidades humanitárias não só islâmicas e cristãs, mas também judaicas - todas unidas na solidariedade com as vítimas dos dois lados.
ROBERTO ABDENUR foi secretário-geral do Itamaraty e embaixador no Equador, na China, na Alemanha, na Áustria e nos EUA.
O Brasil e Gaza
ROBERTO ABDENUR
Desde a resolução da ONU que em 1948 deu origem a Israel, sustenta o Brasil inabalável compromisso com o Estado judaico. Não menos firme é seu compromisso com a formação de um Estado palestino. Unem-nos à região laços históricos e vínculos humanos. O Brasil foi o único país latino-americano convidado para a Conferência sobre a Questão Árabe-Israelense, realizada nos EUA em 2007. Para tal tinha as credenciais de suas equilibradas posturas nas Nações Unidas, fluido diálogo com os países árabes (reforçado pela Cimeira entre América do Sul e aquelas nações) e bom entendimento com Israel (que tratamos de aproximar do Mercosul mediante acordo comercial).
Um grave erro veio, contudo, a erodir nossa credibilidade. Em recente viagem a Teerã, fez o chanceler convite ao presidente Ahmadinejad para visita ao Brasil. Nada mais inoportuno, descabido e contraproducente. A grande nação iraniana merece respeito, mas diferente é o caso de um chefe de governo desgastado por quadro econômico caótico, e sob risco de perder as próximas eleições presidenciais; um presidente que nega o Holocausto e prega a destruição de Israel; um governo sob sanções do Conselho de Segurança da ONU; que suscita preocupações não só nos EUA, mas na Europa, onde três países próximos ao Brasil - França, Alemanha e Reino Unido - tentam pressionar Teerã a abdicar de um programa nuclear fundadamente sob suspeitas de buscar a bomba; e um país que suscita temores em seus vizinhos árabes, tanto por seu poderio militar quanto por sua crescente influência (por cortesia de Bush) em Iraque, Síria e Líbano.
A presente hecatombe em Gaza levou o Brasil a tomar iniciativas para reintroduzir-se no círculo mais amplo de atuação em torno da questão.
O professor Marco Aurélio Garcia, assessor direto do presidente Lula, fez dura crítica a Israel, acusando-o de "terrorismo de Estado". Meu coração até que simpatiza com essa afirmação. Mas minha cabeça de diplomata, "viciada" pelo cuidado em evitar que palavras se tornem petardos capazes de infligir indesejáveis danos políticos, lamenta essa dissonância em relação à cautela com que se conduz o chanceler. Precisa o Brasil mover-se com serenidade, objetividade e pragmatismo.
Em diplomacia há ocasiões em que cabem gestos, por assim dizer, "bonitos", mesmo que não por si sós suficientes para alterar maiormente um cenário de conflito. São gestos que marcam posições e fincam estacas para futuras jornadas diplomáticas. Poderíamos agora enviar ao Egito e à Jordânia, para atuarem nas áreas próximas a Gaza (e posteriormente, acalmada a situação, atuarem dentro do território), números significativos de equipes médicas, com hospitais de campanha, medicamentos e instrumentos cirúrgicos. Talvez pudesse mesmo o Brasil coordenar-se com alguns de nossos parceiros na América do Sul - companheiros de trabalho na exitosa missão no Haiti - para juntarmos esforços em tal sentido. E mais "bonito" ainda seria se, em expressão sincera do que somos como sociedade livre de conflitos étnicos e religiosos, parte da ajuda enviada proviesse de entidades humanitárias não só islâmicas e cristãs, mas também judaicas - todas unidas na solidariedade com as vítimas dos dois lados.
ROBERTO ABDENUR foi secretário-geral do Itamaraty e embaixador no Equador, na China, na Alemanha, na Áustria e nos EUA.
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Estratégia de defesa nacional e Itamaraty
Rubens Barbosa
O Plano Estratégico de Defesa Nacional foi finalmente divulgado, depois de superadas importantes divisões internas, sobretudo com o Itamaraty, preocupado com a reação de nossos vizinhos quando fossem tornados públicos os objetivos da projeção externa do poder de nosso país.
Levando em conta a crescente presença internacional do Brasil e das empresas nacionais, as transformações por que passam o cenário internacional e o nosso entorno geográfico, além das ameaças criadas por organizações não-estatais, como redes terroristas, o plano não só é oportuno, como, de certa forma, vem com algum atraso.
Há diversos aspectos, contudo, que poderiam ser questionados nessa inovadora iniciativa. Um deles é a ambição de diversos objetivos, muito acima de nossa capacidade técnica, tecnológica ou financeira. Outro diz respeito à definição de políticas que poderiam não ter sido explicitadas da forma como foi feito.
Vou-me concentrar nos principais aspectos relacionados com a política externa. Fica evidente que, a partir de agora, como se viu recentemente nos acordos assinados com a França durante a visita do presidente Sarkozy, o divórcio entre política externa e de defesa tem de ser superado. O Itamaraty não pode mais deixar de incluir as preocupações de defesa em seu discurso público e privado e, com isso, promover uma importante mudança cultural na Chancelaria.
Creio que a transcrição literal do que está inscrito no Plano é mais eloquente do que minha interpretação das intenções do governo. Tem o mérito igualmente de registrar os compromissos assumidos.
"O Plano é focado em ações estratégicas de médio e longo prazo e objetiva modernizar a estrutura nacional de defesa, atuando em três eixos estruturantes: reorganização das Forças Armadas, reestruturação da indústria brasileira de material de defesa e política de composição dos efetivos das Forças Armadas."
"Se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo, precisará estar preparado para defender-se não somente das agressões, mas também das ameaças."
"As preocupações mais agudas de defesa estão no Norte (Amazônia), no Oeste (região de fronteiras) e no Atlântico Sul, sem desconsiderar a necessidade de defender as maiores concentrações demográficas e os maiores centros industriais do País."
"Fortalecer três setores de importância estratégica: o espacial, o cibernético e o nuclear. Esses setores transcendem a divisão entre desenvolvimento e defesa, entre o civil e o militar."
"O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituição federal e da adesão ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares - com o uso estritamente pacífico da energia nuclear. Entretanto, afirma a necessidade estratégica de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear. O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao desenvolvimento de suas tecnologias de energia nuclear. Não aderirá a acréscimos ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares destinados a ampliar as restrições do Tratado sem que as potências nucleares tenham avançado na premissa central do Tratado: seu próprio desarmamento nuclear. Completar(á), no que diz respeito ao programa de submarino de propulsão nuclear, a nacionalização completa e o desenvolvimento em escala industrial do ciclo do combustível (inclusive a gaseificação e o enriquecimento) e da tecnologia da construção de reatores, para uso exclusivo do Brasil; acelerar(á) o mapeamento, a prospecção e o aproveitamento das jazidas de urânio."
"A integração da América do Sul não somente contribuirá para a defesa do Brasil, como possibilitará fomentar a cooperação militar regional e a integração das bases industriais de defesa. Afastará a sombra de conflitos dentro da região. O Conselho de Defesa Sul-Americano criará mecanismo consultivo que permitirá prevenir conflitos e fomentar a cooperação militar regional e a integração das bases industriais de defesa, sem que dele participe país alheio à região."
"O Ministério da Defesa e o Ministério das Relações Exteriores promoverão o incremento das atividades destinadas à manutenção da estabilidade regional e à cooperação nas áreas de fronteira do País."
"O Ministério da Defesa e as Forças Armadas intensificarão as parcerias estratégicas nas áreas cibernética, espacial e nuclear e o intercâmbio militar com as Forças Armadas das nações amigas, neste caso particularmente com as do entorno estratégico brasileiro e as da Comunidade de Países de Língua Portuguesa."
"O Ministério da Defesa, o Ministério das Relações Exteriores e as Forças Armadas buscarão contribuir ativamente para o fortalecimento, a expansão e a consolidação da integração regional, com ênfase na pesquisa e desenvolvimento de projetos comuns de produtos de defesa."
"O Ministério da Defesa, demais ministérios envolvidos e as Forças Armadas deverão incrementar o apoio necessário à participação brasileira nos processos de decisão sobre o destino da Região Antártica."
"A Estratégia Militar de Defesa deverá contemplar o emprego das Forças Armadas considerando, dentre outros, os seguintes aspectos: o monitoramento e controle do espaço aéreo, das fronteiras terrestres, do território e das águas jurisdicionais brasileiras em circunstâncias de paz; a ameaça de penetração nas fronteiras terrestres ou abordagem nas águas jurisdicionais brasileiras; a ameaça de forças militares muito superiores na região amazônica; as providências internas ligadas à defesa nacional decorrentes de guerra em outra região do mundo, ultrapassando os limites de uma guerra regional controlada; a participação do Brasil em operações de paz e humanitárias, regidas por organismos internacionais; ameaça de conflito armado no Atlântico Sul."
Pela transcrição,
Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp, foi embaixador em Washington e Londres
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 6277,0.php
Rubens Barbosa
O Plano Estratégico de Defesa Nacional foi finalmente divulgado, depois de superadas importantes divisões internas, sobretudo com o Itamaraty, preocupado com a reação de nossos vizinhos quando fossem tornados públicos os objetivos da projeção externa do poder de nosso país.
Levando em conta a crescente presença internacional do Brasil e das empresas nacionais, as transformações por que passam o cenário internacional e o nosso entorno geográfico, além das ameaças criadas por organizações não-estatais, como redes terroristas, o plano não só é oportuno, como, de certa forma, vem com algum atraso.
Há diversos aspectos, contudo, que poderiam ser questionados nessa inovadora iniciativa. Um deles é a ambição de diversos objetivos, muito acima de nossa capacidade técnica, tecnológica ou financeira. Outro diz respeito à definição de políticas que poderiam não ter sido explicitadas da forma como foi feito.
Vou-me concentrar nos principais aspectos relacionados com a política externa. Fica evidente que, a partir de agora, como se viu recentemente nos acordos assinados com a França durante a visita do presidente Sarkozy, o divórcio entre política externa e de defesa tem de ser superado. O Itamaraty não pode mais deixar de incluir as preocupações de defesa em seu discurso público e privado e, com isso, promover uma importante mudança cultural na Chancelaria.
Creio que a transcrição literal do que está inscrito no Plano é mais eloquente do que minha interpretação das intenções do governo. Tem o mérito igualmente de registrar os compromissos assumidos.
"O Plano é focado em ações estratégicas de médio e longo prazo e objetiva modernizar a estrutura nacional de defesa, atuando em três eixos estruturantes: reorganização das Forças Armadas, reestruturação da indústria brasileira de material de defesa e política de composição dos efetivos das Forças Armadas."
"Se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo, precisará estar preparado para defender-se não somente das agressões, mas também das ameaças."
"As preocupações mais agudas de defesa estão no Norte (Amazônia), no Oeste (região de fronteiras) e no Atlântico Sul, sem desconsiderar a necessidade de defender as maiores concentrações demográficas e os maiores centros industriais do País."
"Fortalecer três setores de importância estratégica: o espacial, o cibernético e o nuclear. Esses setores transcendem a divisão entre desenvolvimento e defesa, entre o civil e o militar."
"O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituição federal e da adesão ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares - com o uso estritamente pacífico da energia nuclear. Entretanto, afirma a necessidade estratégica de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear. O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao desenvolvimento de suas tecnologias de energia nuclear. Não aderirá a acréscimos ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares destinados a ampliar as restrições do Tratado sem que as potências nucleares tenham avançado na premissa central do Tratado: seu próprio desarmamento nuclear. Completar(á), no que diz respeito ao programa de submarino de propulsão nuclear, a nacionalização completa e o desenvolvimento em escala industrial do ciclo do combustível (inclusive a gaseificação e o enriquecimento) e da tecnologia da construção de reatores, para uso exclusivo do Brasil; acelerar(á) o mapeamento, a prospecção e o aproveitamento das jazidas de urânio."
"A integração da América do Sul não somente contribuirá para a defesa do Brasil, como possibilitará fomentar a cooperação militar regional e a integração das bases industriais de defesa. Afastará a sombra de conflitos dentro da região. O Conselho de Defesa Sul-Americano criará mecanismo consultivo que permitirá prevenir conflitos e fomentar a cooperação militar regional e a integração das bases industriais de defesa, sem que dele participe país alheio à região."
"O Ministério da Defesa e o Ministério das Relações Exteriores promoverão o incremento das atividades destinadas à manutenção da estabilidade regional e à cooperação nas áreas de fronteira do País."
"O Ministério da Defesa e as Forças Armadas intensificarão as parcerias estratégicas nas áreas cibernética, espacial e nuclear e o intercâmbio militar com as Forças Armadas das nações amigas, neste caso particularmente com as do entorno estratégico brasileiro e as da Comunidade de Países de Língua Portuguesa."
"O Ministério da Defesa, o Ministério das Relações Exteriores e as Forças Armadas buscarão contribuir ativamente para o fortalecimento, a expansão e a consolidação da integração regional, com ênfase na pesquisa e desenvolvimento de projetos comuns de produtos de defesa."
"O Ministério da Defesa, demais ministérios envolvidos e as Forças Armadas deverão incrementar o apoio necessário à participação brasileira nos processos de decisão sobre o destino da Região Antártica."
"A Estratégia Militar de Defesa deverá contemplar o emprego das Forças Armadas considerando, dentre outros, os seguintes aspectos: o monitoramento e controle do espaço aéreo, das fronteiras terrestres, do território e das águas jurisdicionais brasileiras em circunstâncias de paz; a ameaça de penetração nas fronteiras terrestres ou abordagem nas águas jurisdicionais brasileiras; a ameaça de forças militares muito superiores na região amazônica; as providências internas ligadas à defesa nacional decorrentes de guerra em outra região do mundo, ultrapassando os limites de uma guerra regional controlada; a participação do Brasil em operações de paz e humanitárias, regidas por organismos internacionais; ameaça de conflito armado no Atlântico Sul."
Pela transcrição,
Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp, foi embaixador em Washington e Londres
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 6277,0.php
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Postei no tópico sobre a Bolívia, mas é pertinente repetir aqui também.
FSP:
FSP:
Bolivianas
ELIANE CANTANHÊDE
BRASÍLIA - O Brasil foi, voltou e a qualquer hora vai de novo. Ou melhor: vai ter que ir, por causa da argumentação técnica e do bom senso. De que se fala aqui? Da compra de gás à Bolívia.
O governo anunciou na sexta de manhã o desligamento de praticamente todas as usinas termelétricas e corte de boa parte da importação do gás boliviano. Com bons motivos: afinal, a chuva torrencial encheu os reservatórios das hidrelétricas, mais baratas e menos poluentes. Tudo resolvido? Não.
Horas depois, a guinada: três usinas seriam religadas e o Brasil compraria até 4 milhões de metros cúbicos a mais por dia do vizinho muy amigo. O que houve? A chuva acabou? Os tanques furaram?
Não exatamente. O que houve é que o assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, e o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães foram agregados às reuniões com três ministros bolivianos, em Brasília. E os dois entronizaram a "questão geopolítica estratégica". A Bolívia é o país mais pobre da região...
Como me disse Garcia, a solução foi "tecnicamente viável e politicamente conveniente para os dois lados". O Brasil fica adequadamente abastecido, e a Bolívia, vendendo bem para o maior país da América do Sul, não vai à bancarrota.
Lula pode ir sem susto para a Bolívia na próxima quinta, pronto para ser muito bem recebido e ainda dar uma "canja" para a campanha de reeleição de Evo Morales, enquanto circula em Brasília um texto de uma página e meia do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) justificando a reabertura das termelétricas e mais gás boliviano.
Há dois probleminhas aí. Primeiro: os motivos ali apresentados são puramente conjunturais e podem evaporar em semanas, ou meses. E, aí, corta-se o gás boliviano de novo, no recuo do recuo? Segundo: e se Rafael Correa (Equador) se animar com a equação do "politicamente conveniente"? Vai voltar à carga? Se vale para um, vale para todos.
Aliás, como só tem acontecido.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Périplo inútil
Com respeito à lamentável guerra de Israel contra o Hamas em Gaza,o governo brasileiro tem emitido notas equilibradas e consentâneas com as tradições diplomáticas pacíficas do Brasil e com o direito internacional. Deveria limitar-se a este posicionamento correto. Mas, no seu afã de protagonismo, o ministro Amorim iniciou um périplo no Oriente Médio que beira o ridículo.
Deve estar incomodando os líderes políticos da região com seus pedidos de audiência quando eles têm outras prioridades. Nada pode acrescentar aos esforços de paz que a França e o Egito desenvolvem. Deve ser visto com suspeita pelos líderes israelenses pelas posições que assumiu. Seguramente não é considerado pelos americanos como um fator relevante na questão. Enfim, as peripécias do ministro são uma inutilidade que só pode trazer desgaste à diplomacia brasileira e nenhuma contribuição à paz.
Fonte: Blog do Luiz Felipe Lampreia
Com respeito à lamentável guerra de Israel contra o Hamas em Gaza,o governo brasileiro tem emitido notas equilibradas e consentâneas com as tradições diplomáticas pacíficas do Brasil e com o direito internacional. Deveria limitar-se a este posicionamento correto. Mas, no seu afã de protagonismo, o ministro Amorim iniciou um périplo no Oriente Médio que beira o ridículo.
Deve estar incomodando os líderes políticos da região com seus pedidos de audiência quando eles têm outras prioridades. Nada pode acrescentar aos esforços de paz que a França e o Egito desenvolvem. Deve ser visto com suspeita pelos líderes israelenses pelas posições que assumiu. Seguramente não é considerado pelos americanos como um fator relevante na questão. Enfim, as peripécias do ministro são uma inutilidade que só pode trazer desgaste à diplomacia brasileira e nenhuma contribuição à paz.
Fonte: Blog do Luiz Felipe Lampreia
- alex
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Quanto ao caso da Bolivia é interessante que a a oposição não reclamou nadinha.
Interessante, não?
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