Sim, quero mais, porque isso para mim não é suficiente. Um fuzil é praticamente uma commodity militar, é o básico do básico, é para o soldado o que seria o machado para o lenhador, sua principal ferramenta. O Exército ter ou não um fuzil nacional não vai nos fazer mais "independente", já um submarino nuclear, sim. É algo básico, coisa que país nenhum nesse mundo não permita fabricar sob licença em outro país.
Então qual é a idéia? Nossa cavalaria não esta 100% operacional porque simplesmente seus blindados importados não funcionam por falta de peça de reposição. Artilharia não atira pelo mesmo motivo. As comunicações começaram a falar quando começou a aparecer rádios nacionais. Engenharia é igual repartição publica: existe, mas... e o motivo é o mesmo. Sobra a infantaria.
Na infantaria, as armas importadas, funcionam até dar algum problema. Deu problema, vai para a manutenção e fica lá. Depois de uns anos, depois da gente perder pelo menos uma turma de incorporação, a arma volta. E o ciclo recomeça. Funciona por um tempo até dar um problema e...
Agora imagina um fuzil de infantaria. Uma arma sendo esfregada no solo diariamente. Tomando chuva, mergulhada na lama. Quanto tempo esses fuzis de cristaleira vão durar?
Colombia, fabricando o Galil por uma baba na Indumil;
Colômbia esta em guerra. Quem esta em guerra investe em armamento.
Venezuela, comprou 100 mil AK-103, talvez em fabricação local algum dia;
E se entrar em guerra algum dia fica dependente dos russos, até para dar um tiro de fuzil. Só podia ser ideia de quem...?
Chile, fabrica há anos o SIG540 (um bom fuzil, é o padrão das FEs portuguesas) sob licença na FAMAE;
Chile é o campeão em investimentos na área de defesa.
Uruguai, que comprou uma quantidade razoavel de fuzis Steyr AUG e AK-101 para suas tropas;
O Uruguai investiu todas suas fichas em missões de paz. Mas não pode dizer que tem um exército para defesa do território.
África do Sul, fabrica desde 1985 o R4, um Galil sulafricano fabricado sob licença na Vektor (agora Denel) e hoje já estudam seu substituto; Austrália, fabricando o F88 Austeyr, um Steyr AUG sob licença na ADI; entre outros exemplos.
Não preciso dizer que esses dois paises são realidades diferentes da nossa. Como todos que você citou.
Se eles são nacionalistas, entreguistas, bobos, ou que seja, eu não sei, o que eu sei é que eles abdicaram de terem um "fuzil nacional" e os soldados desses países agradecem por terem preferido dotar os soldados com um fuzil moderno do que "capacitar a sua industria bélica". E me pergunto: em que país não é uma necessidade um fuzil para o seu Exército?
Eu acredito que em todos existe essa necessidade. Porém, dentro de cada realidade cada um tomou seu caminho.
Me desculpe, até entendo os argumentos contra, mas para mim, gastar dinheiro (não importando se é 1 real ou 100 milhões) e tempo (décadas a fio) para projetar um "fuzil nacional para capacitar a industria bélica nacional para os novos tempos que virão" e porque é uma "necessidade estratégica", para mim é uma falta de bom senso grotesca, ainda mais numa realidade como a nossa, onde temos tudo e qualquer coisa como prioridade maior. Indo aos fatos, estamos de 1964 até hoje, 2008, com o mesmo fuzil.
Com o mesmo fuzil e com a mesma estratégia de formar uma grande reserva. Que, diga-se de passagem, segurou as pontas da defesa esse tempo todo. Por isso, continuamos com as mesmas táticas, e com o mesmo fuzil de pobre. Fuzil que faz o papel de três armas dentro do GC.
Não sei o que Africa do Sul e Colombia tem de tão superior sobre nós que podem fabricar um fuzil sob licença, ainda mais o primeiro, que vivia sob embargo da ONU e Apartheid, tinha todos os motivos do mundo para fazer um fuzil nacional mas preferiram pegar o Galil israelense. Qualé pessoal, ser nacionalista é uma coisa, agora deixar os nossos soldados com a mesma tralha de fuzil por 50 anos é outra. Antes de digam que os planos mirabolantes da Imbel é a nossa única alternativa, olhem e analisem, pela mor de DEUS, os exemplos que eu citei.
Bolovo, da uma olhada nas noticias de hoje (10 de dezembro de 2008): “Submarino nuclear é prioridade da defesa”. Qual era a prioridade da defesa (não vou nem dizer a 20 anos atrás) até umas três semanas passadas?
Volta uma 5 paginas na pagina do DB para vc refrescar a memória de como a defesa nesse pais era levada a sério.
Poderíamos já nos anos 80 (época de adoção do MD-2 em algumas unidades, que se fosse aprovado seria adotado por todo EB, e graças a Deus não foi aprovado) ter um fuzil moderno (oportunidades não faltaram: LAPA 03, Taurus Galil, Taurus SIG550, etc) rodando por aí nas mãos dos soldados brasileiros. Vontade de trocar de fuzil não faltou, afinal o MD-2 apareceu e sumiu, e o MD-97 apareceu e provavelmente irá sumir e o FAL vai continuar mais uns 10 anos. A fabricação sob licença do FAL a partir de 1964 pela Imbel, foi na minha opinião, uma das coisas mais louváveis já feitas por aqui. Padronizou e elevou o padrão do equipamento nacional. Vocês não acham que a insistência no MD-2, MD-3, MD-97 e etecetera não bate de frente contra isso?
O FAL sempre foi uma opção de pais pobre. Se não fosse o FAL qual seria a arma anticarro do GC? O AT-4 que levou 20 anos para ser desenvolvido?
E o MD2 uma gambiarra nessa pobreza; e o MD 97 uma gambiarra da gambiarra. Por isso rejeitaram o MD-2, e o MD 97 esta sendo rejeitado.