Última Fronteira do Brasil

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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orestespf
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Re: Última Fronteira do Brasil

#121 Mensagem por orestespf » Qua Jul 30, 2008 9:02 pm

Gente... :shock: :shock: :shock:

Vocês rasgaram os livros de Química e apelaram para a Alquimia! :lol: :lol:

A terminologia "hidrato" não é da IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada), isto não diz muita coisa, a IUPAC usa a denomição "hidroxi" quando se trata de um "OH" ligado a algum átomo, precedido do "mono, bi, tri, tetra, etc." quando existe mais de uma "hidroxila" (OH).

Considere o composto CH3-OH, então o nome seria "mono hidroxi - metano". Seu nome vulgar é Metanol. E por aí vai...

Outra coisa, o metano (CH4) é um gás, não é sólido, não existem derivados do Carbono com poucos atómos de carbono presente em sua estrutura que seja sólido. Dou exemplos, o Metano (conhecido como gás dos pântanos) tem um átomo de carbono (sua fórmula CH4), o etano ( C2H3) tem dois átomos de carbono (e o C2(OH2), ou seja, di-hidroxi-etano, também é conhecido como Etanol, o álcool comum).

Existem também o Propano (C3H8) e o Butano (C4H10), que são usados no gás de botijão (portanto, gás). Depois disso temos o Eptano (C7H16) e o Octano (C8H18), que são usados na composição da gasolina (quanto mais octano, maior a "octanagem", ou seja, como o Octano tem mais átomo de carbono é mais difícil de explodir "antes da hora" sob compressão dos pistões dos cilindros dos motores, o que garante melhor desempenho do carro). Estes são líquidos. E se aumentar o número de carbono, o composto fica sólido.

A única maneira de ter um composto derivado do Metano na forma sólida é sob baixíssimas temperaturas e elevada pressão. Então não estamos falamos da mesma coisa, não pode.


Outro ponto, a única maneira de se fazer ácido sulfúrico (H2SO4)a partir de um um gás, é ter o o óxido sulfúrico (SO4) tentando se unir a uma molécula de água (H2O), mas o óxido sulfúrico é pra lá de instável, se decompõe rapidamente em óxido sulfuroso (SO2). Até mesmo o SO3 é extremamente instável, se decompõe rapidamente. Portanto, esta idéia sobre a "corrosão" por ácido sulfúrico é pra lá de estapafúrdia (meus respeitos).

A idéia apresentada pelo Alcântara está correta, o "barro branco" tem como base a "cal virgem" (carbonato de sódio, não é o conhecido bicabonato de sódio) e que em contato com a água forma uma "base" fraca e que é corrosiva sim. Como se trata também de um produto instável, este se decompõe em água e COH2 (gás carbônico), que são as bolinhas que vemos sair nestas "soluções".

Portanto, em meio "natural", quase sempre (repito, QUASE) o que vemos sair na forma gasosa ou é gás carbônico ou é metano (resultado de putrefação, e que expelimos também... Peidos!!! hehehe).


Saudações,


Orestes




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Re: Última Fronteira do Brasil

#122 Mensagem por soultrain » Qui Jul 31, 2008 5:58 am

A Alcantara e o Orestes têm razão, o caulino é extremamente agressivo por que é um elemento alcalino.





"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento" :!:


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Re: Última Fronteira do Brasil

#123 Mensagem por Lucius Clay » Qui Jul 31, 2008 6:04 pm

Parabéns aos colegas,

Percebo que alguns são experimentados profissionais, outros letrados, mas no geral é bom ressaltar que tem muita gente boa nesse fórum que se preocupa com a qualidade do que está sendo dito aqui.

Abraço a todos os foristas do DB.




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Re: Última Fronteira do Brasil

#124 Mensagem por Marino » Sáb Set 20, 2008 11:41 am

Conheçam o trabalho da MB para garantir a soberania brasileira nas 200 milhas ao redor de São Pedro e São Paulo. Divulguem, pois poucos sabem do que está ocorrendo.
http://video.globo.com/Videos/Player/No ... IL,00.html
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Re: Última Fronteira do Brasil

#125 Mensagem por Centurião » Sáb Set 20, 2008 12:11 pm

Marino escreveu:Conheçam o trabalho da MB para garantir a soberania brasileira nas 200 milhas ao redor de São Pedro e São Paulo. Divulguem, pois poucos sabem do que está ocorrendo.
http://video.globo.com/Videos/Player/No ... IL,00.html
http://video.globo.com/Videos/Player/No ... IL,00.html
É um belo trabalho da Marinha. Irei divulgar para o maior número possível de interessados.




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Re: Última Fronteira do Brasil

#126 Mensagem por Marino » Ter Out 28, 2008 5:57 pm

Opinião

Amazônia Azul: nova fronteira do Brasil

Rodrigo Rollemberg

Deputado federal, é relator setorial da área de Defesa e Justiça do Projeto de Lei Orçamentária Anual



O Brasil é um país privilegiado. Nossa raríssima diversidade de biomas inclui a Floresta Amazônica, o cerrado, a Mata Atlântica, o Pantanal, a caatinga, o pampa gaúcho, as zonas de transição e a zona costeira. No entanto, as riquezas naturais do país são ainda mais espetaculares, uma vez que delas fazem parte os tesouros e a biodiversidade de um ambiente relativamente pouco conhecido e explorado: o mar.

Sob a jurisdição brasileira estão o mar territorial de 12 milhas marítimas, contados a partir da linha da costa; a zona contígua, de igual dimensão; e a zona econômica exclusiva, de 200 milhas marítimas, já incluídos o mar territorial e a zona contígua. Nessa área, que perfaz um total de 3.539.919 km², o Brasil possui direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não-vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar e seu subsolo.

Esses direitos são garantidos pela Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar (CNUDM), vigente desde 1994. Contudo, a CNUDM prevê um aumento considerável dessa área, até o limite de 350 milhas. Nessas 150 milhas adicionais, o país exercerá direitos de soberania para a exploração e o aproveitamento dos recursos naturais do leito e subsolo marinho.

Essa nova área, a plataforma continental jurídica, necessita da aprovação da Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), composta por representantes de 21 países, entre eles, o Brasil. Em 2004, o Brasil apresentou à comissão uma proposta de limites exteriores de nossa plataforma continental que amplia em 960 mil km² a extensão marítima sob nossa jurisdição. A CLPC, entretanto, avaliou como procedente somente a incorporação 770 mil km², e o país tem até 2009 para reapresentar, com novos dados, sua proposta inicial, aceitar o posicionamento da comissão ou, ainda, formular uma proposição alternativa.

A definição dos limites exteriores da plataforma continental é trabalho técnico de alta complexidade e exige a mobilização expressiva de recursos financeiros, materiais e humanos. No Brasil, essa tarefa está a cargo do Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (Leplac), projeto do governo federal iniciado em 1989.

O Leplac posicionou-se por aprofundar os estudos e pesquisas com vistas a garantir a soberania brasileira sobre os 960 mil km² pleiteados. Se bem-sucedido, o país terá sob sua jurisdição aproximadamente 4.500.000 km² de mar, o que significa mais da metade dos 8.514.876 km² de seu território. Essa imensa extensão marinha vem sendo chamada de Amazônia Azul, que suplanta em tamanho a Amazônia Verde, com seus 4.100.000 km². Além disso, o estabelecimento dos limites da soberania brasileira no mar é de enorme importância estratégica, pois corresponde ao delineamento final de nossas fronteiras.

A Amazônia Azul descortina as melhores perspectivas do ponto de vista do desenvolvimento socioeconômico. Para se ter uma idéia, as megarreservas de petróleo Tupi, Carioca e Júpiter foram encontradas próximo ao limite das 200 milhas, o que permite aventar a possibilidade de descobrimento de novas jazidas na área a ser incorporada.

São também de grande magnitude as responsabilidades que o país contrai, tanto no campo da preservação ambiental — com base no uso racional e sustentável dos recursos vivos e não-vivos e na prosperidade das comunidades envolvidas — quanto no da defesa de sua soberania, com as novas necessidades de investimento em patrulhamento e resguardo de nossas fronteiras marítimas. Na mesma linha, são indispensáveis investimentos relevantes em ciência, tecnologia e inovação, com vistas a um maior conhecimento e melhor aproveitamento das riquezas do mar.

Esse é um projeto de primeira grandeza que vem justificando os melhores esforços de instituições-chave da vida nacional, como a Marinha do Brasil e a Petrobras, juntamente com a comunidade científica. Recentemente, a Comissão de Orçamento do Congresso Nacional aprovou crédito especial de R$ 167 milhões, destinado à continuidade das atividades do Leplac, acompanhando relatório de minha autoria, como relator setorial de Justiça e Defesa.

Esforços isolados, porém, não bastam. Somente o empenho decisivo do conjunto da sociedade brasileira pode fazer desse um projeto exitoso e garantir as condições adequadas para uma gestão da Amazônia Azul em benefício de nossa população e da própria humanidade.




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Re: Última Fronteira do Brasil

#127 Mensagem por Lucius Clay » Qua Out 29, 2008 11:00 am

Assisti só agora aos vídeos.

Fantástico trabalho da Marinha e de nossos cientistas.

Vou recomendar a leitura, e a visita de meus conhecidos a tomarem ciência do trabalho da marinha através deste fórum. Quanto mais pessoas conscientes melhor.




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Re: Última Fronteira do Brasil

#128 Mensagem por Marino » Sáb Dez 06, 2008 10:43 am

JB:

Marinha consegue verba para estudos sobre limites da costa

Raphael Bruno



BRASÍLIA - De olho na ampliação das fronteiras marítimas e nas possibilidades de novas descobertas de bacias ricas em petróleo nos limites que separam águas brasileiras de internacionais, o governo trabalha para turbinar o orçamento da Marinha em 2009. Só nos últimos dias, a Câmara autorizou concessão de crédito especial no valor de R$ 167 milhões para conclusão de estudos sobre as fronteiras e a Comissão Mista de Orçamento aprovou relatório setorial do orçamento para 2009 na área de Defesa ampliando em R$ 2 bilhões, em comparação com 2008, os recursos previstos para o órgão.

O crédito especial de R$ 167 milhões, autorizado para ser repassado à Marinha ainda em 2008, diz respeito aos cálculos de comandantes militares e do governo sobre os recursos que serão necessários para concluir o Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (Leplac). Trata-se de um estudo técnico detalhado sobre as características das fronteiras marítimas do país, uma exigência da Comissão de Limites de Plataforma Continental da Organização das Nações Unidas para que se possa ampliar as fronteiras.



Petróleo

A questão é considerada estratégica. As descobertas recentes de bacias ricas em petróleo, como Tupi, por exemplo, foram feitas em zonas próximas ao limite de 200 milhas das fronteiras brasileiras que formam a chamada Zona Econômica Exclusiva, onde o país resguarda para si o direito de explorar recursos do mar e do subsolo. A região, pelo potencial de riquezas naturais que detém, já ganhou a nomenclatura de "Amazônia Azul".

Para aumentar ainda mais o caráter especial do território, a recente reativação da IV Frota da Marinha norte-americana e sua circulação pelos litorais da América do Sul acrescentaram doses adicionais de preocupação ao tema. Os Estados Unidos não são signatários da Convenção da ONU que regulamenta o direito dos países sobre o mar.

O atual território marítimo brasileiro é formado por 3,5 milhões de km². O Brasil pleiteia na ONU adicionais 960 mil. A entidade já autorizou o país a incorporar territórios equivalentes a 770 mil km², mas o Brasil não entendeu a decisão como suficiente e a recusou. Em 2009, se encerra o prazo para o país apresentar os estudos exigidos demonstrando as conexões entre o continente e a extensão de mar que o país almeja ter sob sua jurisdição.

– Eu e a Marinha temos convicção absoluta de que, com estes recursos, o Brasil vai concluir os levantamentos necessários para convencer a ONU – avalia o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), o homem indicado pelo governo para garantir os recursos no Orçamento do próximo ano para a Marinha.

O parlamentar foi o responsável por relatar tanto o crédito especial para o Leplac quanto o setorial de Defesa no orçamento de 2009, aprovado na Comissão Mista de Orçamento na terça-feira. De acordo com o relatório, os repasses da União para a Marinha no próximo ano somarão R$ 13 bilhões, R$ 2 bilhões a mais do que o órgão teve a sua disposição em 2008 e R$ 5 bilhões a mais do que em 2007.

– Temos que reaparelhar a Marinha – defende Rollemberg. – É claro que a presença da IV Frota preocupa. O Brasil tem que se preparar para guardar esta área, não só com a definição jurídica no âmbito internacional, mas também no que tange as patrulhas necessárias para nossa soberania e toda a parte de pesquisa necessária para o desenvolvimento científico e tecnológico nessa área. Algo que nos garanta a exploração sustentável tanto do petróleo quanto da imensa biodiversidade natural presente nestes mares. (R.B.)




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Re: Última Fronteira do Brasil

#129 Mensagem por Marino » Ter Mai 19, 2009 10:00 am

Importantíssimo.
Do Valor:
Jobim busca alianças para garantir a exploração de águas do Atlântico Sul


Sergio Leo
de Brasília

Cada vez mais ativo na política externa, o ministro da defesa, Nelson Jobim, lançou uma ofensiva para assegurar os interesses brasileiros no Atlântico Sul, que considera ameaçados pela falta de regras internacionais claras para a exploração de recursos minerais na área. Na próxima semana, Jobim viaja à África, para convencer governos locais a aliar-se ao Brasil na tentativa de influenciar na elaboração dessas regras. Sem uma ação urgente, o Brasil pode enfrentar problemas até em rotas comerciais de navegação no Atlântico, afirma o ministro.

Jobim se refere à região marítima conhecida como "Área" no jargão dos especialistas na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que abrange todos os recursos minerais (e biológicos) sólidos, líquidos ou gasosos no fundo do mar e no subsolo além das chamadas plataformas continentais jurídicas dos países. A "Área" é patrimônio da humanidade, e sua exploração é controlada por um outro órgão da ONU, a Autoridade Internacional de Fundos Marinhos, ou Isba (de "Internacional Seabed Authority"), que concede uma espécie de licença para exploração de recursos minerais nesse espaço.

A Isba já firmou contratos de exploração com oito entidades privadas e governamentais para explorar ocorrências minerais, conhecidas como "nódulos polimetálicos", em 30 blocos, espalhados por mais de 2 milhões de metros quadrados nos oceanos Pacífico e Índico. Agora estuda a abertura de autorizações para pesquisas sobre outros recursos minerais de potencial econômico, conhecidos como "crostas cobaltíferas"e "sulfetos polimetálicos" - estes últimos geralmente associados a bactérias e outros micro-organismos que, segundo avalia o governo, podem ser, no futuro, fonte de exploração mais lucrativa que a dos minérios.

Em dois anos, a Isba deve terminar a regulamentação para exploração dessas crostas cobaltíferas e dos sulfetos polimetálicos, e começar a distribuir concessões com base nas pesquisas realizadas em relação a esses recursos, no Atlântico Sul, avisa Jobim. Ele teme as consequências econômicas e geopolíticas para o Brasil, caso o país não se prepare para a exploração dos recursos nessa região marítima.

"Se, em dois anos, não fizermos as pesquisas necessárias, perderemos a possibilidade de exploração de áreas muito próximas de nossa plataforma continental", alarma-se o ministro. Como os blocos de exploração podem ter até 100 quilômetros quadrados, nos quais os concessionários têm direito a estabelecer "zonas de segurança" em torno dessas áreas, podem se criar entre o Brasil e os países do litoral ocidental africano, barreiras para o trânsito de embarcações, dificultando rotas marítimas de interesse do Brasil no Atlântico Sul, acredita Jobim. "Não estou fazendo terrorismo, o que digo é que não podemos chegar tarde", afirma.

O Brasil, como noticiou o Valor, já vem tomando providências para garantir seus direitos sobre uma plataforma continental , estendendo a soberania brasileira para além das 200 mil milhas marítimas, até a divisa com o chamado alto-mar, a cerca de 350 mil milhas da costa. Mas, para além da plataforma continental, há regiões de baixa profundidade situadas na Área, que já são objeto de pesquisas de entidades alemãs e russas e preocupam o ministro. É o caso da "elevação do Rio Grande", uma formação que os geólogos chamam de alto topográfico, na zona oceânica em frente ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina, cujo topo está a apenas 70 metros de profundidade e a base a cerca de 4 quilômetros abaixo da superfície do mar.

A instalação de plantas de exploração e beneficiamento dos minerais, com apoio militar para segurança das atividades tão próximas da costa brasileira é indesejável, acredita o ministro da defesa, que endossou as iniciativas do Ministério de Minas e Energia para atrair países africanos e sul-americanos a um levantamento de dados científicos sobre a geografia do Atlântico Sul e Equatorial, a realização, pelo Brasil, de pesquisas sobre as crostas cobaltíferas na elevação do Rio Grande do Sul e uma pesquisa-piloto dos depósitos minerais e biodiversidade nos arquipélagos de São Pedro e São Paulo, a cerca de 1,1 quilômetro do litoral do Rio Grande do Norte.

"Esse é um assunto que diz respeito ao trânsito no Atlântico Sul, onde o Brasil tem responsabilidade até no que diz respeito a socorro marítimo", enfatiza Jobim. Ele pretende levantar a discussão na reunião dos ministros de defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, na segunda-feira, em Angola. Já vem tratando do tema em conversas com a Namíbia, país africano com quem a Marinha do Brasil tem um acordo de cooperação e fornecimento de embarcações. "Precisamos ter uma política Sul-Sul para essa questão, e ter uma posição conjunta na ONU", defende Jobim.

Para os ministérios da defesa e de Minas e Energia, além da importância econômica e geopolítica, alguns países vêm se interessando pela pesquisa de recursos na Área motivados pelo desenvolvimento tecnológico resultante da exploração mineral em grandes profundidades. O alto custo dessa exploração faz com que haja pouco interesse do setor privado de países emergentes, porque a exploração mineral na Área não parece economicamente compensatória, por enquanto.

Os pedidos de pesquisa e exploração visam garantir a reserva dessas áreas para exploração futura. Como 95% dos oceanos não têm profundidade maior que seis quilômetros, os países que dominarem tecnologia de aproveitamento dos nódulos polimetálicos em profundidades de 4 mil a 6 mil quilômetros conquistarão os oceanos do ponto de vista tecnológico e estratégico, argumenta o ministro.




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Re: Última Fronteira do Brasil

#130 Mensagem por Marino » Dom Jul 19, 2009 12:01 pm

O Estado de São Paulo
Brasil bem acima do Equador
A 972 quilômetros de Natal, arquipélago de S. Pedro e S. Paulo deixa pesquisadores brasileiros quase isolados
José Maria Mayrink

Quem chega de barco, o único transporte acessível, ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, o ponto mais inóspito e mais extremo do Brasil acima da linha do Equador, entre o litoral do Rio Grande do Norte - a 972 quilômetros de Natal - e Guiné-Bissau, na África, sente-se isolado do mundo. Não fossem a internet e um telefone fixo, que se comunica via satélite, os pesquisadores e eventuais visitantes que desembarcam na Ilha Belmonte, a maior do conjunto de dez pequenos rochedos descobertos por navegadores portugueses em 1511, não teriam notícias do que se passa lá fora.

Mais informações
Foi assim em junho, quando seus habitantes - quatro universitários levados por um pesqueiro que lhes dá apoio - nada souberam das buscas na região onde caiu o Airbus do voo 447 da Air France, na noite de 31 de maio. O Arquipélago de São Pedro e São Paulo apareceu nos mapas como ponto mais próximo, mas era apenas uma referência, pois se encontra a 60 milhas marítimas (cerca de 112 quilômetros) da área do acidente. Nenhum destroço do avião chegou às ilhas.

A Bandeira Nacional, hasteada dia e noite ao lado de um farol e de várias antenas, marca a ocupação permanente do arquipélago. Ele sempre pertenceu ao Brasil, mas parecia esquecido até 30 anos atrás, quando a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar, assinada pelo governo federal em 1982, mudou a ordem jurídica internacional e permitiu aos Estados costeiros explorar e aproveitar os recursos naturais das colunas d’água, do solo e do subsolo dos oceanos em sua Zona Econômica Exclusiva (ZEE).

A inauguração, no dia 25 de junho de 1998, de uma estação científica na Ilha Belmonte e a sua ocupação permanente conferiram ao arquipélago a condição de ZEE. Foi uma conquista notável. Com essa medida, escreveu o contra-almirante José Eduardo Borges de Souza, o Brasil acrescentou "a impressionante área de 450 mil quilômetros quadrados à sua ZEE original, o que equivale a aproximadamente 15% de toda a ZEE brasileira ou 6% do território nacional".

Com exceção de alguns matinhos entre as fendas, o arquipélago não tem nenhuma vegetação, nenhuma sombra, nenhuma gota de água potável. O conjunto tem uma área total emersa de 17 mil metros quadrados e a distância de 420 metros entre os pontos extremos. A altitude máxima dos rochedos, na Ilha de São Paulo, é de 18 metros. A profundidade ao redor das ilhas, que também não têm praias, chega a 4 mil metros, num mar povoado de tubarões e de dezenas de espécies de peixes menores, como o atum e o peixe-voador. Eles fazem a riqueza dessas profundezas abissais e justificam o interesse e o investimento do governo na pesquisa marinha.

O pesquisador Fábio Hazin, coordenador científico do Programa Arquipélago, da Secretaria da Comissão Interministerial para Recursos do Mar (Secirm), administrado pela Marinha, descreve a formação geológica dos rochedos: "O Arquipélago de São Pedro e São Paulo é constituído de rochas ígnias ultrabásicas, ricas em magnésio e pobres em sílica e álcalis, apresentando como minerais mais abundantes a olivina e peridotita, ambas rochas magmáticas de profundidade. Sua constituição geológica, extremamente rara, é decorrência de o arquipélago constituir um afloramento do manto suboceânico que se eleva de profundidades abissais em torno dos 4 mil metros, até poucos metros acima da superfície (18 metros), sendo resultante de uma falha transformante da Dorsal Meso-Atlântica. Não possui, assim, origem vulcânica."

Ou seja: os rochedos ou ilhas são o cume de uma gigantesca coluna que vem do fundo do mar, a 4 quilômetros de fundura. O pico mais alto está a apenas 18 metros acima das ondas, mas o afloramento está aumentando: a taxa de soerguimento do arquipélago foi calculada em 1,8 milímetro/ano, nos últimos 5 mil anos, segundo o professor Narendra K. Srivastava, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O arquipélago é o único lugar do mundo em que o manto abissal está exposto acima do nível do mar.

Além de um farol automático, alimentado por baterias, a Ilha Belmonte tem duas antenas da Embratel para telefone e transmissão de dados, uma antena do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), uma antena do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um marégrafo para medição e estudo das marés e um sismógrafo obsoleto que será substituído nesse segundo semestre. Nenhum desses instrumentos precisa da intervenção dos pesquisadores, que se revezam, a cada duas semanas, na estação científica mantida pela Marinha.

Há também um dessalinizador, que produz 200 litros de água potável por dia, o suficiente para a cozinha e a higiene pessoal. São os pesquisadores que cuidam da limpeza dos equipamentos.

Marinha e CNPq fazem a seleção de projetos
O Programa Arquipélago lançará, no segundo semestre, um edital para seleção de pesquisadores interessados em desenvolver projetos em São Pedro e São Paulo. De 24 projetos em andamento no ano passado, vários já foram concluídos ou estão em fase de conclusão. Os candidatos e suas propostas serão avaliados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Marinha.

"Ao serem aprovados, os pesquisadores fazem uma semana de treinamento, na Base Naval de Natal, para a ocupação da estação científica", informa o capitão-tenente Marco Antônio Carvalho de Souza, coordenador geral do Programa Arquipélago. Passam por rigoroso exame de saúde e recebem lições teóricas e práticas sobre combate a incêndios, sobrevivência no mar, primeiros socorros, comunicações e operação e manutenção de bote inflável. Procedimentos de emergência e condições para mergulho também entram no currículo.

O coordenador científico, professor Fábio Hazin, revela que há algumas centenas de pesquisadores treinados e mais de 20 projetos em andamento. Eles são apresentados por universidades de todo o País. Hazin e o coordenador-geral, Carvalho, montam as equipes que devem se revezar na estação a cada 15 dias. Viajam em pesqueiros fretados pela Marinha, que lhes dão apoio enquanto permanecem na ilhota Belmonte.

"Do ponto de vista científico, a posição geográfica estratégica, entre os Hemisférios Norte e Sul e os continentes africano e americano, atribui ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo uma condição única para a realização de pesquisas em diversos ramos da ciência", afirma Hazin, comparando as ilhas a um navio oceanográfico fundeado no meio do Oceano Atlântico.

O professor espera que a geração de informações, de forma simultânea e em permanente interação, pelos diversos ramos da oceanografia, possa conduzir a uma compreensão integrada do ecossistema do arquipélago, contribuindo para melhor entender os intrincados processos ecológicos de ecossistemas insulares.

Segundo Hazin, o arquipélago constitui uma das mais importantes áreas de pesca do Nordeste brasileiro. "Desde 1988, a frota atuneira sediada em Natal, por exemplo, mantém uma pesca regular nas adjacências do arquipélago, objetivando a captura de espécies pelágicas migratórias", disse.

O professor Sílvio Macêdo, coordenador do projeto "Interações de parâmetros bióticos e abióticos e suas influências na produtividade do Arquipélago de São Pedro e São Paulo", ressalta o caráter multidisciplinar e interinstitucional do Programa Arquipélago, que, na área de biologia, envolve o Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, onde trabalha, o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo e o Departamento de Oceanografia da Universidade do Rio Grande do Sul. O biólogo Marcos Antônio Ferreira Melo e a química Josiane Gomes Paulo coletam e analisam amostras da água dos arredores da ilhota Belmonte, sob a orientação de Macêdo.

Viagem feita a convite da Marinha do Brasil.

História do local "começa" em 1511
O Arquipélago de São Pedro e São Paulo, nome oficial do conjunto de dez ilhotas anteriormente chamadas de rochedos, abrolhos, recifes e penedos, foi descoberto acidentalmente por navegadores portugueses em abril de 1511. A caravela São Pedro, comandada pelo capitão Manuel de Castro Alcoforado, encalhou em cima de uma rocha e rompeu os fundos, enquanto navegava em mar aberto, durante a noite, no meio do Oceano Atlântico.

Quatro séculos depois, em abril de 1922, outros aventureiros portugueses, os aeronautas Sacadura Cabral e Gago Coutinho, desceram junto do arquipélago com o hidroavião Lusitânia. Deveria ser apenas uma escala para reabastecimento, na travessia Lisboa-Rio, mas o mar revolto quebrou um dos flutuadores de seu aparelho.

Recolhidos por um cruzador da Marinha Portuguesa, foram levados a Fernando de Noronha, onde receberam outro hidroavião, o Pátria, com o qual retornaram ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, para reiniciar o trecho interrompido. Uma pane no motor obrigou os aeronautas a fazer pouso de emergência no mar. Passaram nove horas como náufragos, até serem resgatados por um cargueiro inglês.

Entre esses dois acidentes, uma visita ilustre entrou na história de São Pedro e São Paulo em 1832, quando o navio Beagle estacionou junto dos rochedos com o pesquisador Charles Darwin, o autor de A Origem das Espécies, em sua expedição em direção ao Oceano Pacífico. O cientista descreveu assim a passagem pelo arquipélago:

"Ao atravessarmos o Atlântico, na manhã de 16 de abril, aproamos para o vento, parando a pequena distância dos rochedos de São Paulo. Esse agrupamento de rochedos se acha situado entre a latitude 0°58’ norte e longitude 29°15’ oeste. A distância que os separa do continente americano é de 540 milhas, e da ilha Fernando de Noronha, de 350 milhas. O ponto mais elevado chega somente a cerca de 15 metros sobre o nível do mar e todo o perímetro não chega a 1.200 metros."

Em 1998, a Marinha inaugurou a primeira estação científica na Ilha Belmonte. Oito anos depois, as ondas destruíram, em junho de 2006, quase todo o conjunto da casa e instrumentos ali instalados, menos o farol construído no ponto mais alto da ilha. Foi nele que se refugiaram os pesquisadores que se encontravam na estação científica. A casa foi reconstruída com novas técnicas de segurança e reinaugurada em 2008.

Navio e barcos pesqueiros dão apoio à pesquisa
O navio balizador Comandante Manhães, o H20 da Base Naval de Natal, passou quatro dias, no fim de junho, no Arquipélago São Pedro e São Paulo, em sua segunda comissão de manutenção deste ano. Sob o comando do capitão-tenente Jonathas Moscoso de Campos e de seu imediato, capitão-tenente Thiago Campana Costa, o navio chegou às ilhas na madrugada de um domingo, depois de navegar 534 milhas. Esperou clarear para ser amarrado a uma boia, a 120 metros dos rochedos.

Quando o bote de borracha desembarcou os primeiros homens no píer da ilhota Belmonte, o capitão-tenente José Bento Silveira Neto montou uma força-tarefa, de cabos e sargentos, para iniciar uma faxina geral na estação científica. Os militares ajudaram um técnico da Embratel, Vilarindo Santos Almeida, a trocar a antena de transmissão de dados e, em menos de 24 horas, a internet voltou a funcionar. O engenheiro eletrônico Marco Antônio Galdino, do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) do Ministério das Minas e Energia, fez uma revisão dos painéis fotovoltaicos no teto da casa da estação científica.

"A energia solar poderia ser substituída pela energia eólica, pois os ventos são abundantes na região, mas as aves seriam prejudicadas se fossem atingidas pelas hélices, além de danificarem o equipamento", disse o capitão-tenente Marco Antônio Carvalho de Souza, coordenador-geral do Programa Arquipélago. Em contrapartida, os atobás sujam os painéis. Galdino passou uma manhã inteira com uma vassoura, em cima do teto, limpando os excrementos das aves, que lançam dejetos líquidos e brancos, o guano, a respeitável distância. A Marinha não desce com helicópteros na ilha para não perturbar as aves. O arquipélago é Área de Proteção Ambiental (APA).

A estação científica, de 60 metros quadrados, foi inaugurada em 2008, em substituição à anterior, de 45 metros quadrados, destruída pelas marés, quase um tsunami, em junho de 2006. Planejada por engenheiros e arquitetos da Universidade Federal do Espírito Santo, a casa tem varanda, sala/cozinha, banheiro, um quarto com beliches para quatro pesquisadores e um laboratório. Feita à prova de terremotos, pois são frequentes os abalos sísmicos na região, foi montada pela Marinha, com madeira fornecida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais. Custou R$ 1 milhão.

Subordinado ao Serviço de Sinalização Náutica do Nordeste, o Comandante Manhães normalmente executa tarefas de instalação, operação e fiscalização de sinais de auxílio à navegação. É um navio lento e de pouco conforto que, após 25 anos no mar, vai ser modernizado em 2010. Foi planejado para navegar a até 10 nós em velocidade máxima, mas faz uma média de 7 nós (13 quilômetros) por hora.

O navio balizador balança muito quando as ondas sobem. Na viagem de quatro dias, entre Natal e o arquipélago, mais de metade dos 36 homens a bordo mareou. Até marinheiros de muitas travessias baixaram nos beliches. O tenente médico Giorgione Leite de Freitas Batista distribuiu comprimidos aos mareados e teve até de aplicar soro num deles. O Manhães joga o tempo todo, mesmo amarrado na boia.

Mas, desconfortos à parte, o balizador parece um transatlântico de luxo, em comparação com o pesqueiro Transmar II, fretado pela Marinha. Os 12 beliches do barco são ainda mais apertados que os do navio. Navegante mais corpulento não pensa em se virar no colchão depois da proeza de se enfiar naquelas gavetas.

O pesqueiro é, em compensação, mais rápido do que o navio. "Fazemos a travessia entre Natal e o arquipélago em menos de 72 horas", informa mestre Jonas José da Costa, 45 anos de pesca e 61 de idade, que se reveza com outro pesqueiro no apoio aos pesquisadores.

Tudo chega ou sai em botes. Um píer com escada vertical de nove degraus dá acesso à estação científica, por uma passarela de madeira. O píer foi erguido numa enseada de águas às vezes revoltas, entre as ilhas de São Pedro, São Paulo e Belmonte.

No último dia de trabalho, a equipe teve dificuldade para desembarcar na ilha e para retornar ao navio, porque as ondas cobriam a passarela. O fotógrafo Eduardo Nicolau, que dormiu três noites na estação científica, enfrentou o desafio, mas este repórter, de 71 anos, supostamente o visitante de mais idade a pisar na Belmonte nos 11 anos de atuação do Programa Arquipélago, foi aconselhado a permanecer a bordo, enquanto as ondas não baixassem. Não baixaram.


http://www.estadao.com.br/especiais/um- ... ,65107.htm




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Re: Última Fronteira do Brasil

#131 Mensagem por FCarvalho » Qui Jul 23, 2009 7:24 pm

E o "povo" ainda diz que os milicos não fazem nada... :| [005] [006]




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Re: Última Fronteira do Brasil

#132 Mensagem por Hezekiah » Dom Ago 16, 2009 10:22 am

FCarvalho escreveu:E o "povo" ainda diz que os milicos não fazem nada... :| [005] [006]
Falta divulgacao , deveriamos ter programas em TV e colunas em jornais de forma a ampliar o acesso de todos.




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Re: Última Fronteira do Brasil

#133 Mensagem por Marino » Qui Out 01, 2009 10:31 am

Nas Entrelinhas

Diplomacia do futuro Nada impede que uma empresa estrangeira bata à porta da Autoridade Internacional de Fundos Marítimos, em Kingston, na Jamaica, e tire uma lasca da picanha azul do pré-sal. Tudo bem que não é tão simples assim, mas o risco existe

Denise Rothenburg


As cenas são de um mesmo governo. Assim que o PT fez a festa do marco regulatório do pré-sal em Brasília, seus parlamentares desfilaram com um adesivo escrito “o pré-sal é nosso”. Só que o governo brasileiro — em especial, aqueles que deveriam cuidar dos interesses internacionais do Brasil — pouco fez para garantir o que tudo o está na lapela dos petistas seja mesmo dos brasileiros das futuras gerações.

Já é sabido que parte das reservas petrolíferas dos blocos de Guará e de Júpiter estão fora das 200 milhas náuticas que formam a Zona de Exploração Econômica a que o Brasil tem direito. E não é á toa que, desde 2004, o país pede à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), instância da Organização das Nações Unidas (ONU) a extensão da ZEE por mais 963.000km². Em 2007, o Brasil levou um pedaço desse pedido, mais 200.000km², 20% da plataforma continental brasileira, justamente, a franjinha do pré-sal.

E é fato que petróleo e gás não são as únicas riquezas dando sopa no mar. A marinha está fazendo um levantamento de tudo o que há no subsolo marítimo brasileiro, a que eles batizaram há algum temo de Amazônia Azul. A nova proposta de ampliação da plataforma continental será apresentada em 2011, quando o governo Lula já terá passado.

Entre os militares, há quem diga que sob a água há ouro, diamante, ferro, manganês, isso sem contar a biodivesidade de algas e esponjas — algumas até já patenteadas por países estrangeiros, como, a Dicodermia dissoluta — o nome é esquisito, mas as propriedades medicinais de combate ao câncer de pulmão dizem que são excelentes.

Os Estados Unidos, por exemplo, já autorizaram a exploração mineral em sua plataforma continental. No Brasil, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) já recebeu diversos pedidos, mas não se pronuncia porque não há ainda nada que regulamente essa exploração mineral no mar. Por enquanto, explora-se apenas o petróleo e o pré-sal, que nem está de todo assegurado para o Brasil.

Hoje, asseguram os militares, nada impede que uma empresa estrangeira bata na porta da Autoridade Internacional de Fundos Marítimos, em Kingston, na Jamaica, e peça para colocar uma plataforma de petróleo fora das milhas náuticas brasileiras e tire uma lasca da picanha azul do pré-sal. Pode fazer o mesmo no caso dos minérios. Tudo bem que não é tão simples assim, mas o risco existe. Por isso, seria ótimo se o ministro Celso Amorim, neopetista, tivesse esse tema como prioridade.

Por falar em Amorim…

Quem conhece do traçado da política internacional, garante que a defesa da extensão das milhas náuticas na ONU tem tudo a ver com a diplomacia do seu futuro. É por aí que o mundo cada vez mais carente de recursos naturais em terra seca tende a se voltar.

Só que, por enquanto, poucos pensam nesse futuro. Talvez se uma maioria estivesse com os olhos voltados a temas como esse, o Brasil não teria caído na arapuca de ter Manoel Zelaya, em Honduras, transformando a nossa Embaixada, a nossa casa, em palanque. O resultado é que hoje a diplomacia brasileira ficou numa saia tão justa que ninguém aposta em apoios de peso, seja para ingressar no Conselho de Segurança da ONU, seja para ampliar a extensão da plataforma continental. Afinal, é aí — na área de segurança política e espaço para exploração econômica que todos os interesses do Primeiro Mundo se cruzam, e nós, emergentes, patinamos.




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Re: Última Fronteira do Brasil

#134 Mensagem por Paisano » Qui Out 01, 2009 12:00 pm

Marino escreveu:Nas Entrelinhas

Diplomacia do futuro Nada impede que uma empresa estrangeira bata à porta da Autoridade Internacional de Fundos Marítimos, em Kingston, na Jamaica, e tire uma lasca da picanha azul do pré-sal. Tudo bem que não é tão simples assim, mas o risco existe

Denise Rothenburg


(...)

Por falar em Amorim…

Quem conhece do traçado da política internacional, garante que a defesa da extensão das milhas náuticas na ONU tem tudo a ver com a diplomacia do seu futuro. É por aí que o mundo cada vez mais carente de recursos naturais em terra seca tende a se voltar.

Só que, por enquanto, poucos pensam nesse futuro. Talvez se uma maioria estivesse com os olhos voltados a temas como esse, o Brasil não teria caído na arapuca de ter Manoel Zelaya, em Honduras, transformando a nossa Embaixada, a nossa casa, em palanque. O resultado é que hoje a diplomacia brasileira ficou numa saia tão justa que ninguém aposta em apoios de peso, seja para ingressar no Conselho de Segurança da ONU, seja para ampliar a extensão da plataforma continental. Afinal, é aí — na área de segurança política e espaço para exploração econômica que todos os interesses do Primeiro Mundo se cruzam, e nós, emergentes, patinamos.
http://cbn.globoradio.globo.com/colunas ... ENNEDY.htm




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Re: Última Fronteira do Brasil

#135 Mensagem por pafuncio » Qui Out 01, 2009 12:03 pm

Paisano, tentei postar, mas não consegui.

Duas coisas:

a) primeiro pedi a fonte da matéria. Gracias, viejo.

b) segundo, especulei sobre o fecho, ideológico, crítica quanto à capital desatenção do neopetista. Faltou ouvir o Amorim e aprofundar o principal ponto da matéria, a suposta soberania ameaçada ...

Abraço.




"Em geral, as instituições políticas nascem empiricamente na Inglaterra, são sistematizadas na França, aplicadas pragmaticamente nos Estados Unidos e esculhambadas no Brasil"
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