GEOPOLÍTICA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Sterrius
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Re: GEOPOLÍTICA

#361 Mensagem por Sterrius » Qua Nov 12, 2008 11:56 am

Lula 'poderá dar lições a Obama', diz jornal dos EUA


6 anos atras se alguem fala-se isso eu ia rir muito e achar impossivel e absurdo..... agora sinceramente não posso dizer que ficaria surpreso :shock:
"Como (Luiz Inácio Lula) da Silva e Obama, Estados Unidos e Brasil têm coisas demais em comum para não compartilhar a liderança regional e global", diz o editorial.


Com eles no Norte e a gente no Sul nada contra, so questão de aprender a dividir o bolo :mrgreen:




jauro
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Re: GEOPOLÍTICA

#362 Mensagem por jauro » Qui Nov 20, 2008 1:55 pm

Brigadeiro escreveu:
DEFESA@NET 08 Outubro 2008

Governo brasileiro emite alerta ao continente


EXCLUSIVO DEFESA@NET

Discretamente e sem alardes o governo Luiz Inácio publicou no dia 02 de Outubro o Decreto Nº 6.592. Ele regulamenta o disposto na Lei nº 11.631, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre a Mobilização Nacional e cria o Sistema Nacional de Mobilização - SINAMOB.

O texto anterior publicado no fim de 2007 pode ter passado como mais um decreto burocrático, mesmo assim atraiu a atenção da imprensa internacional na época. Porém o Decreto nº 6.592 ao regulamentar o anterior apresenta um excepcional artigo, que pela primeira vez na história republicana e em especial pós-segunda Guerra Mundial, mostra uma nova postura que pode mudar a Política Externa Brasileira e afasta sua imagem de país pacifista, o que terá reflexos no futuro do país e na forma como vem tratando seus interesses.

O capítulo I, Artigo 3 ao qualificar os parâmetros de agressão estrangeira para acionar o SINAMOB explicita:

“São parâmetros para a qualificação da expressão agressão estrangeira, dentre outros, ameaças ou atos lesivos à soberania nacional, à integridade territorial, ao povo brasileiro ou às instituições nacionais, ainda que não signifiquem invasão ao território nacional.”

Usando um termo muito em voga no atual governo, “nunca neste país” um documento foi tão explícito e claro sobre quais limites o Brasil poderá avançar na defesa dos seus interesses e incluindo um termo amplo e quase irrestrito “o povo brasileiro”.

A constituição de 1988 detalha no Título I - Dos Princípios Fundamentais em seu Artigo

4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana.

O decreto que pode conflitar com as chamadas cláusulas pétreas da Constituição de 1988 foi assinado por um dos relatores da mesma, o então Deputado Federal Nelson Jobim, agora na condição de Ministro da Defesa.

O recado passado aos vizinhos é claro e incisivo. Uma agressão ou perseguição aos cidadãos brasileiros residentes no Paraguai – brasiguaios – assim como na região do Pando, na Bolívia e, uma nova ameaça de corte no fornecimento de gás e a tomada de instalações e empresas brasileiras legalmente constituídas e operando em outros países, caracterizarão a partir de agora agressões externas, e uma resposta militar por parte do Brasil passa a ter amparo legal.

A publicação do Decreto no dia 02 de Outubro às vésperas das eleições municipais e com as atenções também voltadas para os possíveis reflexos da crise econômica no Brasil, distraíram a atenção ao documento.

O Decreto também detalha a extensão das ações que serão feitas e que tanto os recursos públicos e privados serão requisitados de forma acelerada e compulsória:

Art. 27. A execução da Mobilização Nacional consiste na implementação de forma acelerada e compulsória do Plano Nacional de Mobilização.
Art. 28. A execução da Mobilização Nacional tem por objetivo o emprego de recursos existentes nas estruturas pública e privada, necessários ao esforço de Defesa Nacional.

E também menciona como base da Mobilização Nacional (Logística Nacional) as descrições que seriam descritas na Estratégia Nacional de Defesa - END. A END deveria ter sido anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 7 de Setembro.

Art 2º § Para fins de Mobilização Nacional, entende-se como Logística Nacional o conjunto de atividades relativas à previsão e provisão dos recursos e meios necessários à realização das ações decorrentes da Estratégia Nacional de Defesa.

A partir de agora podemos afirmar que a surda guerra travada pelo Regime Bolivariano de cerco ao Brasil tem uma resposta legal e permite ao Brasil intervenção militar naqueles assuntos
Postura de gente grande? [004]

Até mais!
Jobim preside primeira reunião do Comitê Interministerial do Sistema Nacional de Mobilização

Brasília 19/11/2008 - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, coordena nesta quarta-feira (19/11), a partir das 15 horas, no Ministério da Defesa, a primeira reunião do Comitê do Sistema Nacional de Mobilização (SINAMOB). O sistema foi criado pela Lei nº 11.631, sancionada em 27 de dezembro de 2007 e que dispõe sobre a Mobilização Nacional.

Conforme a lei, o SINAMOB é formado por 10 órgãos do governo federal: Ministério da Defesa, que é o órgão central do sistema, Ministérios da Justiça, Relações Exteriores, Planejamento, Orçamento e Gestão, Ciência e Tecnologia, Fazenda e Integração Nacional. E ainda Casa Civil, Gabinete de Segurança Institucional da Presidência e Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Cabe ao sistema atuar de forma ordenada e integrada para realizar todas as fases da mobilização nacional

O que é mobilização - Mobilização nacional significa planejar, orientar e empreender um conjunto de atividades destinadas a capacitar o país a realizar ações estratégicas no campo da Defesa Nacional diante de agressão estrangeira. O preparo da mobilização nacional consiste na realização de ações estratégicas que viabilizem a sua execução.

Essas ações devem começar a ser desenvolvidas na situação de normalidade do país, para que ele não seja surpreendido com a carência de meios em uma situação extrema, e devem ser feitas de modo contínuo, metódico e permanente. A mobilização nacional deve ser utilizada como complemento à logística nacional. Por exemplo: o país faz um levantamento de sua atual infra-estrutura de transportes e de que forma ela está coordenada (logística) e verifica que medidas adicionais precisariam ser adotadas para atender às necessidades em um cenário de agressão estrangeira. A estrutura do SINAMOB também pode ser usada, de forma complementar, no auxílio às situações de emergência, desde que aprovadas pelo seu Comitê.

Histórico - A Mobilização Nacional é um instrumento previsto nos artigos 22 (inciso XXVIII) e 84 (inciso XIX) da Constituição Federal de 1988 e também foi incluída nas Constituições de 1934, 1937, 1946 e 1967 (e ainda na Emenda Constitucional número 1 de 17 de outubro de 1969). Embora esteja prevista na Constituição de 88, a Mobilização Nacional precisava de um marco regulatório que detalhasse seu funcionamento. Em 2003, foi apresentada uma proposta de projeto de lei à Presidência da República que, posteriormente, a encaminhou ao Congresso Nacional. O projeto foi aprovado no segundo semestre de 2007 e a lei foi sancionada em dezembro.

Na prática, a última vez que houve mobilização no Brasil e em grande parte do mundo foi durante a Segunda Guerra Mundial, quando os países tiveram que empreender esforços em todas as áreas para sobreviver ao conflito e superá-lo.

Marco regulatório – Após a sanção da Lei de Mobilização Nacional no final do ano passado, o passo seguinte foi a publicação do decreto nº 6.592, de 2 de outubro de 2008, para regulamentá-la. De acordo com o decreto, mobilização nacional “é a medida decretada pelo Presidente da República, em caso de agressão estrangeira, visando à obtenção imediata de recursos e meios para a implementação das ações que a Logística Nacional não possa suprir, segundo os procedimentos habituais, bem como de outras necessidades”.

Segundo o decreto, “são parâmetros para a qualificação da expressão agressão estrangeira, dentre outros, ameaças ou atos lesivos à soberania nacional, à integridade territorial, ao povo brasileiro ou às instituições nacionais ainda que não signifiquem invasão ao território nacional”. O decreto fixa as regras de funcionamento do SINAMOB. Além do decreto, o Ministério da Defesa colocou em consulta pública na segunda-feira (17/11) uma proposta de Política de Mobilização Nacional.

(https://www.defesa.gov.br/eventos_tempo ... 08/depmob/).

Deverão ser produzidos ainda o Plano Nacional de Mobilização e outros documentos que formarão o marco regulatório da mobilização.

Na reunião desta quarta-feira, o ministro Nelson Jobim fará a abertura dos trabalhos, os ministros de Estado e demais integrantes do governo assistirão a uma apresentarão do que é o Sistema Nacional de Mobilização, feita pelo General de Divisão Luiz Adolfo Sodré de Castro, Diretor do Departamento de Mobilização do Ministério da Defesa (DEPMOB), e, em seguida, debaterão o tema.

Legislação da Mobilização Nacional:
Constituição Federal:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Co ... tuiçao.htm

Lei 11.631:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_A ... L11631.htm

Decreto 6.592:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_A ... /D6592.htm

Assessoria de Comunicação
Ministério da Defesa
(61) 3312-4070/4071
http://www.defesa.gov.br




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Re: GEOPOLÍTICA

#363 Mensagem por GustavoB » Sex Nov 21, 2008 8:44 am

Domínio dos EUA vai acabar, diz inteligência americana

Imagem
Relatório diz que força militar americana vai decair até 2025

A força econômica, militar e política dos Estados Unidos no mundo deve decair nas próximas duas décadas, segundo um relatório de agências americanas de inteligência divulgado nesta sexta-feira. O relatório foi produzido pela National Intelligence Council (NIC), entidade que coordena o trabalho de todas as agências de inteligência do país. O texto também afirma que a atual crise financeira é o começo de uma grande mudança na economia global, com transferência de renda do Ocidente para o Oriente e enfraquecimento do dólar.
A divulgação do documento da NIC coincide com a transição do governo de George W. Bush para o presidente eleito, Barack Obama, nos Estados Unidos.

Brasil, China e Índia
"Os próximos 20 anos de transição para um novo sistema estão cheios de riscos", diz o relatório Global Trends 2025 (ou Tendências Mundiais 2025, em português). O relatório é elaborado a cada quatro anos, sempre coincidindo com a posse de um novo presidente americano. O documento prevê que até 2025 o mundo pode se tornar um lugar mais perigoso, com menos acesso das populações à comida e água.
O National Intelligence Council acredita que no futuro os Estados Unidos continuarão sendo o país mais poderoso do mundo, apesar de perder parte da sua influência para países como China, Índia, Brasil e Irã. Já as disputas internas da União Européia um gigante lento.
A NIC afirma que um mundo com mais pólos de poder potencialmente terá mais conflitos do que um mundo com uma ou duas superpotências.
A agência afirma que o aquecimento global e a escassez de recursos provocarão guerras no futuro. A disseminação de armas nucleares também deve crescer, com Estados considerados "párias" e grupos terroristas conseguindo acesso a materiais nucleares.
Segundo a NIC, a ação dos líderes globais será decisiva para os rumos do planeta.
"Não está além do alcance dos seres humanos, ou dos sistemas políticos, (ou) em alguns casos (o) funcionamento de mecanismos do mercado, cuidar e aliviar e até solucionar esses problemas", afirma Thomas Fingar, diretor da NIC.

BBC




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Re: GEOPOLÍTICA

#364 Mensagem por Crotalus » Seg Nov 24, 2008 5:26 pm

Os vácuos não permanecem. São ocupados imediatamente. Ao abrir um espaço temos que ocupá-lo primeiro! Principalmente se for nas vizinhanças. O primeiro passo é a imposição de respeito no atual status quo. Acredito que mesmo estando um pouco defasadas nossas FFAA ainda são as melhores. Mas os EEUU jamais largarão a Colômbia e a Venezuela como áreas de interesse (petróleo e canal do Panamá). Surpresos por colocar a Venezuela? Ora, o fanfarrão do chaves está fazendo um papel que favorece os EEUU a longo prazo, assim como Cuba o faz. Surpresos por colocar Cuba nisto? Vejam só: se ao invez de amadores a Baia dos Porcos fosse invadida por marines (a URSS ainda estava fora de questão) cuba teria tido um governo "democrático" novamente apoiado e mantido por eles. O que aconteceria na América Latina? Nada mais do que o crescimento da esquerda marxista-leninista sem a ingerência de Fidel, o que seria difícil de controlar e manter a hegemonia norteamericana na área. Cuba foi e é um instrumento da infiltração marxista na América Latina e qualquer ocorrência deles é justificativa para invasões "democráticas" dos EEUU (Nicarágua, Panamá, Granada, etc...). Assim sendo, Cuba serviu e ainda serve por isso deve permanecer. A hegemonia norteamericana precisa para se manter, entre outras coisas, da existância de Cuba!!!
Com Chaves o aumento em alto grau da hegemonia norteamericana será mais pontual. Será sobre a Amazônia! Qual é o reciocínio geopolítico então??




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Re: GEOPOLÍTICA

#365 Mensagem por ciclope » Qui Nov 27, 2008 10:54 am

Com serteza, pois do contrário ele será ocupado por outras nações.
Por isso devemos nos preparar para assumir a liderança regional o mais rápido possivel!




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Re: GEOPOLÍTICA

#366 Mensagem por Crotalus » Qui Nov 27, 2008 10:29 pm

Esta é a razão primordial para execução do PROJETO CALHA NORTE. É ocupar. É preciso que haja uma migração maciça para nossas fronteiras amazônicas. O MEC deveria se juntar a nós e preparar um amplo programa de conscientização de nossos jovens em todo o Brasil sobre as vantagens de se mandarem de mala e cuia para a Amazônia. Mas é necessário criar atrativos, isto é, empregos, empregos e mais empregos nas fronteiras da região Amazônica.




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Re: GEOPOLÍTICA

#367 Mensagem por Marino » Seg Dez 01, 2008 6:51 pm

Valor Econômico A guerra-fria sul-americana Luiz Antonio Ugeda Sanches

Em um período de nacionalismos bolivarianos, eleições municipais brasileiras e preocupação global com o mercado de capitais, não necessariamente nessa ordem de importância, o governo regulamentou a Lei nº 11.631, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre a Mobilização Nacional e cria o Sistema Nacional de Mobilização (Sinamob).

O decreto nº 6.592, de 02 de outubro deste ano, fixou o que será considerado agressão estrangeira ao Brasil e aos brasileiros, ou aos interesses do país. Tal norma, que se explica por si só, certamente pode ser considerada a coroação do principal ato geopolítico realizado pelo Brasil no século XXI. No parágrafo 1º do artigo 2º, as agressões externas passam a ser compreendidas, "dentre outras, ameaças ou atos lesivos à soberania nacional, à integridade territorial, ao povo brasileiro ou às instituições nacionais, ainda que não signifiquem invasão ao território nacional".

Na esfera jurídica, ainda há muito que discutir. Afinal, pode o Brasil invadir determinado país para defender o povo brasileiro ou as instituições nacionais? No plano político, o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, já argumentou que o Brasil precisa reequipar as Forças Armadas para ter a capacidade de dizer "não" ao mundo. Por um lado, há quem alegue que o decreto conflitaria com o princípio constitucional, pétreo, da não intervenção externa. Por outro, há o argumento de que um dos relatores da atual Constituição, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, atual ministro da Defesa e signatário do referido decreto, Nelson Jobim, tenha credenciais suficientes para ter evitado a assinatura da norma caso a compreendesse inconstitucional.

Nessa era da civilização humana, que teima em manter a cultura geopolítica da conquista, da subjugação de um Estado por outro, ao invés de aprimorar a estrutura geojurídica, normativa, da conservação e do planejamento, por meio de tratados, o grande paradigma do capitalismo atual é como suprir um planeta com mais de seis bilhões de habitantes, com consumo per capita crescente, de energia e alimentos, com os mesmos padrões alcançados até então.

Vivemos em uma era de expansão dos Estados nacionais, de uma corrida territorial marítima. Com base na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), aliado ao aquecimento global, a Rússia fincou sua bandeira no fundo do pólo norte, em degelo. O Brasil pretende aumentar seu território em torno de 50%, com o conceito de "Amazônia Azul", ou seja, obter o prolongamento de seu território em até 350 milhas marítimas por toda a costa.

Em recente entrevista a revista alemã Der Spiegel, o presidente Lula foi enfático ao afirmar que as guerras na América Latina são travadas apenas com palavras. A língua seria a arma latina mais poderosa. Mas o bolivarianismo também age. A Bolívia forçou a Petrobras a renegociar contratos, inclusive com o emprego das forças armadas. A mesma empresa foi obrigada a devolver um bloco petrolífero no Equador, após investir no país US$ 430 milhões desde 1997. Funcionários de Furnas, encarregados de fiscalização, ficaram retidos no Equador após a identificação de problemas na construção de uma hidrelétrica pela Odebrecht. A Venezuela recebe com honras de Estado a Rússia para exercício aeronaval conjunto, em pleno mar caribenho. E o Paraguai deseja rever o Tratado de Itaipu, concomitante a ameaças de movimentos populares guaranis de invadir a hidrelétrica binacional em protesto contra o montante repassado pelo Brasil pela aquisição de energia elétrica da usina.

Nesse contexto de escassez de recursos naturais, o continente gelado ganha papel estratégico no século XXI, fato que acarretará uma inevitável revisão do Tratado da Antártida, de 1959. O derretimento rápido das calotas polares pode facilitar a exploração dos recursos naturais. Mas nem sempre o pólo sul foi tratado com tanta cobiça.

Muito antes de cunharem a expressão BRIC, Henry Kissinger, um dos diplomatas mais influentes do século passado, afirmou que os grandes países emergentes seriam a China, a Índia e a Rússia, que teriam condições de aliar grande consumo com baixo custo de produção. Para a América do Sul, com ácida ironia, mencionava que o mapa da região parece um punhal que ruma para a Antártida, fadado a irrelevância. Em 2002, o então secretário de Comércio, Robert Zoellick, em momento de impasse nas negociações, disse que o Brasil precisava escolher entre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e a Antártica, ou seja, aderir ao projeto americano ou negociar vantagens econômicas com o vazio.

Mas passou a ser muito interessante rumar ao Atlântico Sul. Em um momento histórico em que foi reativada a Quarta Frota, divisão da Marinha americana destinada a monitorar tal região, há pelo menos sete pontos de atenção no subcontinente sul-americano. O primeiro é a já secular questão sobre a manutenção da soberania e a gestão sustentável da Amazônia. Em segundo lugar, há mais de 30 bilhões de barris de petróleo e gás natural a trezentos quilômetros, mar adentro, do maior eixo urbano da América Latina. Por sua vez, o Aqüífero Guarani, a maior reserva conhecida de água potável do mundo, jaz abaixo de uma região que vai do interior de São Paulo até Assunção e Buenos Aires. A defesa do etanol da cana-de-açúcar enquanto combustível, a corrida armamentista bolivariana e a defesa do quinhão sul-americano no continente antártico cerram a lista dos grandes desafios colocados a esta porção do globo.

O Brasil é o maior país latino do mundo, tem 47% do território e mais de 50% da população e da economia sul-americana. Se os latinos voltarão a ter um papel preponderante e efetivo no mundo, tal função passa primordialmente pelas terras tupiniquins. E o Brasil, como líder regional que pretende ser, poderá dizer não ao mundo a tempo?

Luiz Antonio Ugeda Sanches é advogado e geógrafo, diretor executivo do Instituto Geodireito. las@geodireito.com.br




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Re: GEOPOLÍTICA

#368 Mensagem por ciclope » Ter Dez 02, 2008 2:38 pm

O plano estratégico de defesa e sua saida do papel é que dirão.
Esperamos que seja sim.




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Re: GEOPOLÍTICA

#369 Mensagem por Marino » Sáb Dez 06, 2008 10:39 am

Panorama Econômico

Miriam Leitão

Conflito próximo



O Brasil terá outras dificuldades com a Bolívia em breve. O preço que o Brasil paga pelo gás é reajustado a cada três meses pela média dos preços do óleo combustível nos três meses anteriores. O preço do óleo despencou, a receita da Bolívia vai cair à metade. Isso será um ponto de tensão a mais do Brasil na região, que vai sofrer a falta de crédito externo em 2009.

O ano que vem será duro para toda a América Latina. Cálculos publicados no Financial Times mostram que a região vai precisar de US$250 bilhões no ano que vem, e esse dinheiro não está disponível no mercado internacional. O ambiente já não está dos melhores. O Brasil retirou seu embaixador em Quito, depois da decisão do governo equatoriano de não pagar a dívida com o BNDES. O Equador segue em sua intenção de repudiar toda a dívida externa com a ajuda do proselitismo do presidente da Venezuela.

A estratégia de Hugo Chávez, de criar um grupo de países-satélites e mantê-los à custa de distribuição de recursos, está condenada pela queda abrupta do preço do petróleo. O produto representa 80% das receitas do país e despencou US$100 o barril em 90 dias. O preço de US$40 pode até ser considerado alto, porque no começo do primeiro governo Chávez o barril estava pouco acima de US$10. Mas ele elevou muito o nível de gastos, tomou decisões extravagantes, usou o excedente de receita para montar a rede de influência sobre países como Bolívia, Equador, Nicarágua e até a Argentina, de quem comprou lotes de títulos públicos. A Venezuela perdeu a sua melhor chance em décadas de usar o petróleo para alavancar o crescimento sustentado do país, criar uma poupança para o futuro, fazer mudanças estruturais no país.

No caso da Bolívia, ela também perdeu uma grande oportunidade. Ao hostilizar seu principal investidor impediu, na prática, o aumento dos investimentos no país. As refinarias que o presidente Evo Morales ocupou não eram importantes para a Petrobras, mas o gesto quebrou a confiança dos consumidores no Brasil na continuação do suprimento. Naquele momento, o Brasil começava a falar em duplicar o gasoduto, a Petrobras, que já havia encontrado os dois maiores campos do país, estava se preparando para aumentar os investimentos. A lógica daquele tempo era esta: indústria em São Paulo tinha convertido seus equipamentos para o uso do gás; outras se preparavam para isso. A Petrobras teria vendido de bom grado as refinarias ao governo, até porque o que interessava não era controlador a produção de derivados no mercado interno boliviano, mas, sim, garantir o fornecimento de gás para o Brasil.

É esse futuro, difícil de quantificar, que a Bolívia perdeu. Empresas brasileiras ficaram inseguras de contar com o fornecimento do gás, algumas voltaram para óleo combustível, a Petrobras não aumentou os investimentos, como pretendia. Hoje, nas novas versões que são sempre construídas no atual governo, para garantir que eles estavam certos quando estavam errados, o que dizem é que nunca houve quebra de contrato com a Bolívia, nunca houve problema algum.

Houve, sim, uma hostilidade inesperada e gratuita, e uma difícil negociação do contrato de fornecimento de gás. Obviamente, a Bolívia não parou de fornecer o que fornecia, porque era do interesse dela. A diplomacia do Brasil errou na época. Diante da agressão que foi a ocupação das instalações de uma empresa brasileira por tropas, sem qualquer aviso prévio, o Brasil soltou uma nota dizendo que a Bolívia tinha direito de defender sua soberania. Como se nós a ameaçássemos. Em seguida, o presidente Lula se prestou a ir a uma reunião regional transformada por Chávez em encontro de solidariedade à Bolívia. Foi patético.

Pior; foi ali que se fomentou o risco de calote serial contra o Brasil nos empréstimos concedidos pelo BNDES a obras nos países vizinhos. Calote que pode chegar, como contabilizou o jornalista José Casado, a US$5 bilhões, e que, no caso do Equador, ainda fizemos a gentileza de ajudar a preparação do calote, fornecendo funcionários para fazer a "auditoria" da dívida. O problema entre o Equador e a Odebrecht seria um problema empresarial não fosse o fato de que o BNDES emprestou e o governo brasileiro assumiu o risco do crédito.

Serão tempos complicados na América Latina. A economia argentina convive com inúmeras distorções. Subsidia fortemente o uso do gás boliviano. O governo manipulou a inflação a tal ponto que tornou desimportante o índice oficial. Desestimulou a produção agrícola no melhor momento dos preços das commodities.

Agora começam os tempos magros. A Bolívia verá sua receita com o gás minguar. A Venezuela está vendo sua receita despencar e seu principal comprador, os Estados Unidos, com um projeto nacional, defendido em eleição, de reduzir as compras de petróleo venezuelano. O Equador está brigando não apenas com o Brasil, mas com todos os credores e investidores, numa época em que o investimento e o fluxo de capital será escasso. Ainda fica a incerteza: como a Bolívia e o Brasil acertarão a queda do preço do gás?




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Re: GEOPOLÍTICA

#370 Mensagem por irlan » Sáb Dez 06, 2008 10:55 am

pelo texto dá para perceber que ele também não esta muito satisfeito com a nossa atual politica "de vizinhança"(oque não é novidade para muitos), só uma dúvida minha, o nosso país esta completamente idependente do gás boliviano?, não podemos ter outros fornecedores?(tirando a venezuela é claro)




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Re: GEOPOLÍTICA

#371 Mensagem por Marino » Sáb Dez 06, 2008 10:58 am

O Brasil construiu estações de regaseificação no NE e no Rio.
Não sei se já estão prontas para operar.
Também acelerou a prospecção de gás no mar, mas creio que ainda não construiu a infra-estrutura necessária para escoar as descobertas.




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Re: GEOPOLÍTICA

#372 Mensagem por BomRetiro » Sáb Dez 06, 2008 11:17 am

A queda do preço do petróleo fara com que as petro-economias apoiem ações de desestabilização para fazer o preço subir.




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Re: GEOPOLÍTICA

#373 Mensagem por Tupi » Sáb Dez 06, 2008 2:18 pm

Agora a duvida é saber, como os Bovinos vão tentar negociar conosco. E como o Molusco e as bixinhas do Itamaraty vão se comportar. [000]





Se na batalha de Passo do Rosário houve controvérsias. As Vitórias em Lara-Quilmes e Monte Santiago, não deixam duvidas de quem às venceu!
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Re: GEOPOLÍTICA

#374 Mensagem por bruno mt » Sáb Dez 06, 2008 2:29 pm

belo texto, com ele podemos ter certeza que a globo(controla muitos Brasileiros) não está contra o Brasil...




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Re: GEOPOLÍTICA

#375 Mensagem por ciclope » Dom Dez 07, 2008 2:41 pm

o mundo dá voltas.
Quando tava tudo bem eles faziam e aconteciam. Agora é a nossa vez de retribuir.




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