(
Uma interessante mensagem de um fórum americano, a respeito da bomba (nos meios militares americanos, da ativa e da reserva) do general Powell ter se voltado contra o Partido Republicano e seus ex-chefes da Família Bush e ter dado apoio à Obama...)
Fulano escreveu:
“Quando era adolescente no ensino fundamental, tornei-me um bom amigo de nosso professor de física. Eu o admirava um bocado, ele assumiu o papel de um sábio avô, num momento difícil da minha vida. Ele tinha servido na Coréia, numa das companhias Ranger e tinha as cicatrizes para provar.
Eu era a única pessoa, que eu saiba, em todo o corpo de estudantes, a quem ele confidenciou sobre suas experiências na Coréia. Qualquer um que conheça sobre a história das companhias Ranger na Guerra da Coréia, sabe o quanto foi horrível para eles.
Na época, eu era um dedicado apoiador do presidente Reagan e da luta contra o comunismo. Eu mal podia esperar para alistar-me.
Mas, ele, o professor, certa vez, tentou explicar-me por quê se opunha tanto ao que o recém-empossado Partido Republicano queria fazer. Embora, frente a frente, eu possa ter discordado, suas palavras criaram raízes e eu sempre as tive em consideração, por toda minha vida adulta.
Eu fui tão republicano quanto qualquer um podia ser. Votei pelo primeiro presidente Bush, duas vezes, votei para Bob Dole, diabos, votei, mesmo, em Jesse Helms e costumava passar por cima da propaganda de Harvey Gant (político democrata dos anos 1990) com meu caminhão, quando ninguém estava olhando.
Mas, eu fiquei velho e, quanto mais vejo os resultados desta ideologia conservadora que, uma vez, abracei, mais e mais passo a rejeitá-la, e me opor a ela, abertamente.
A invasão do Iraque, foi, provavelmente, a gota d’água. Eu fui contra ela, porque não estava convencido de que Saddam representasse ameaça ao nosso país. E eu acreditava que uma invasão do Iraque iria resultar numa longa ocupação e a negligência da guerra no Afeganistão. Tudo veio à tona, um dia, quando um paisano e ávido fã de Rush Limbaugh tentou chamar-me de anti-patriota e questionar meu amor ao país. Nós ficamos, cara-a-cara, e prontos pro pau, quando nosso patrão, um ex-combatente do Vietnam, ficou entre nós, voltou-se para o outro cara e disse-lhe para calar a porra da sua boca e, que se ele estava com tanto tesão de lutar, que fosse se alistar.
Esta idéia de que se você é contra o que o Partido Republicano tem feito ao nosso país, nos últimos trinta anos, de algum modo, é menos americano e patriota, é pura merda. Uma coisa que eu nunca fiz é questionar o patriotismo de outra pessoa, baseado em suas escolhas políticas, porém, os republicanos parecem acreditar que só eles são patriotas, só eles apóiam os soldados, só eles querem o que é melhor para a América.
Agora, pelo que foi dito por Colin Powell, hoje, é essa mesma atmosfera de hiper-patriotismo e questionamento da dedicação ao país das pessoas, baseando-se em suas escolhas políticas, que desempenhou um grande papel na sua decisão. Agora, os republicanos querem voltar suas frustrações contra ele, um homem que, apenas vinte e quatro horas antes, eles, com alegria, teriam aceitado como seu candidato à presidência, se ele tivesse concorrido.
Isso é mais uma prova de pessoas permitindo que seus temores acabem com o melhor de seus julgamentos, jogando-as nas sombras.
Se Barack Obama vencer, o céu não vai desabar; a Foice e o Martelo não irá ser hasteada acima do Capitólio e os T-72 não irão passar por cima das cercas da Casa Branca.
Acreditar que nosso governo deve ter alguma responsabilidade por cuidar de nosso povo, para servi-los; para construir hospitais, aqui; escolas, ali; para fornecer tratamento médico e educação para todos; para garantir, não os resultados, mas a igualdade de oportunidade para todos.
Há entre nós, aqueles que acreditam que nosso governo deve proteger os empregos americanos e a indústria americana, antes do que ajudar corporações a se mudarem para o além-mar, em nome do “livre comércio”; há entre nós aqueles que desejam que nosso país construa coisas, novamente; que desejam ver nosso governo se preocupar mais sobre algum trabalhador no Ohio ou no Alabama, do que ele se preocupa com trabalhadores na China ou Índia.
Há entre nós, aqueles que desejam um governo que trabalhe para nós, antes do que contra nós.
Estas idéias não são socialistas e não são anti-americanas.
Sim, devem haver restrições ao governo; o governo não deve ter papel algum em nossas camas; não é sua função dizer-nos o que devemos e o que não devemos assistir; ler ou dizer. O governo não tem a função de ditar moralidade ao povo ou utilizar seu poder de polícia para impor, sobre nós, a conformidade com os “valores familiares” dos cristãos conservadores.
Quanto a mim, estou contente por ter aberto os olhos para o aquilo que o Partido Republicano tem significado nesses anos, do que sofrer a vergonha de, mais tarde, em idade avançada, saber que estive iludido, de forma cega, a tudo isso, durante tanto tempo.
A Revolução Reagan deve morrer, uma morte merecida, neste novembro, nas urnas, e eu não irei derramar uma só lágrima pelo seu fim”.
Sicrano escreveu:
“Sempre existiram certos membros do Partido Republicano e, até mesmo da administração Bush que tinham meu respeito. Colin Powell é um deles. Eu digo isso, há anos, para conhecidos meus, tanto liberais quanto conservadores. Mesmo se não concordo com ele em todas as coisas, sempre o considerei como um homem inteligente, racional e um respeitado conservador-moderado.
Em dias recentes, alguns, amplamente conhecidos, altamente respeitáveis, moderados, republicanos pela vida toda, endossaram Obama. Muitos deles citam as mesmas razões. A explicação de Powell foi tão sucinta quanto qualquer outra.
O Partido Republicano não é o que costumava ser. Ele costumava ser o partido da responsabilidade fiscal, dos orçamentos equilibrados, das pequenas empresas e da diplomacia cautelosa. Agora, é o partido das posturas religiosas escancaradas, do gasto excessivo, dos orçamentos extremamente deficitários e da diplomacia “bombardear primeiro, questionar depois”.
Eu costumava votar Republicano, mais da metade do tempo. Eu sou um conservador fiscal e um social-liberal. Na verdade, eu sou mais um libertário social (isto é, fiquem longe dos meus negócios particulares, e eu deixo vocês em paz, também). Em 2000, eu não gostei de nenhum dos candidatos, mas decidi votar por Bush. O pai dele não tinha sido ruim, e Gore parecia do tipo maria-vai-com-as-outras. Eu, também, não gostei de nenhum candidato, em 2004, mas queria ter votado em Kerry, pois não estava gostando dos rumos que estavam tomando o Partido Republicano e a administração Bush. As políticas fiscais conservadoras e orçamentos equilibrados que eu esperava ver... não estavam lá. Ao invés, quando mais fundo eu olhava, mais corrupção encontrava. As posturas religiosas deixavam-me enjoado – utilizar Deus e a religião para obter ganhos políticos é, simplesmente, doentio e errado. No entanto, eu estava em missão na época, e apesar de múltiplas requisições, meus documentos de votação postal nunca chegaram. (Meu estado ficou com Kerry, portanto, tudo bem.)
Este ano, não sei o que esperar dos republicanos. Eu temi que eles fossem indicar um fantoche ignorante, carola e faminto por guerra. Ao invés, fiquei aliviado que eles tenham escolhido McCain. Eu pensei: mesmo se o indicado democrata não vencer, McCain tem sido, tipicamente, um moderado. Eu o respeito. Não importa o que aconteça, não vai ser tão ruim.
E, então, o senador McCain fez tudo o que podia para provar que eu estava errado.
Eu ainda respeito o serviço dele, de uniforme, mas não posso mais respeitá-lo como um funcionário eleito, nem como candidato. Sua escolha para vice, foi temerária (não da forma boa) e enganadora. Ele tem sido negativo, no melhor dos casos, e sua campanha tem despertado uma raiva sombria, em certas facções de nossa nação, que eu esperava nunca ter visto.
McCain não é mais o homem que eu costumava respeitar. O Partido Republicano não é mais partido que eu conhecia.
Eu não amo o Partido Democrata, também, mas, neste momento, ele é o melhor dos dois. NENHUM dos partidos é, fiscalmente, conservador, e ambos se apegam à religião. No entanto, a única administração, na minha memória, com um orçamento equilibrado, foi a de um presidente democrata. E os democratas não utilizam a religião com arma, brandindo-a para dividir os americanos e conseguir votos emocionais, ao invés dos racionais.
Pessoalmente, eu amaria ver um novo partido, FINALMENTE, chegar à proeminência. Eu gostaria de ver um partido de conservadores fiscais, que fossem sociais-liberais/libertários. Eu gostaria de ver este partido utilizar os dólares dos impostos para servir ao povo americano. Eu gostaria de ver este partido reestruturar, completamente, nossa economia com algo que funcione. (A história de nosso declínio econômicO vêm desde a Segunda Guerra Mundial, e se vocês não sabem como escorregamos do padrão-ouro para um sistema de moeda falsa, vocês deveriam se educar.) Eu gostaria de ver um partido que reconheça que os Estados Unidos não são a única superpotência mundial, que nós NÃO somos infalíveis, que precisamos trabalhar como parte da comunidade global. Uma porção de moderados estão começando a sentir as coisas desse modo.
No entanto, neste meio tempo, moderados inteligentes e independentes, tem percebido que o opção McCain/Palin é perigosa para a América, e que amam esta o bastante para votarem Democrata.
Eu acho que algumas pessoas definem patriotismo por mais do que (R) ou (D) após o nome do candidato.