GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
23/09/2008
Na ONU, os Ocidentais se defrontam com a oposição das potências emergentes
Natalie Nougayrède e Philippe Bolopion
Em Nova York
A Assembléia Geral da ONU, que foi aberta nesta segunda-feira, 22 de setembro, apresenta um contexto difícil para os ocidentais, confrontados a um recrudescimento das resistências das potências emergentes. Estas estão decididas a defenderem sua visão dos direitos humanos e sua concepção da soberania dos Estados. Em relação a países como Mianmar e o Zimbábue, ou a uma região como o Darfur, que enfrentam uma situação de crise, a política defendida pelos Ocidentais andou esbarrando, no decorrer deste último ano, em oposições fortes, articuladas por diversos países do Sul. Para fazerem valer seus pontos de vista, estes contam com o apoio da Rússia e da China, dois membros do Conselho de segurança que se tornaram os campeões do exercício do direito de veto.
Esta polarização que, segundo alguns observadores, se resume a um enfrentamento sistemático entre "o Oeste" e "o restante" do mundo, foi evidenciada em relação à questão do Kosovo e, mais recentemente, à crise na região do Cáucaso. O endurecimento da Rússia, que parece querer posicionar-se como a principal liderança dos críticos dos Estados Unidos no mundo, desponta como um dos elementos da nova configuração das relações internacionais.
"Na ONU, nós tivemos de adotar uma posição defensiva", constata um diplomata ocidental. "Estamos enfrentando um verdadeiro problema para transmitir nossa mensagem e defender nosso ponto de vista". Ele constata que está havendo "um retorno a uma forma de terceiro-mundismo que lembra muito os anos 1970, um contexto no qual os países não-alinhados se tornam cada vez mais ativos, com países com a Índia, o Brasil e a África do Sul que querem ocupar um espaço condizente com o status de novas potências e que se sentem frustrados diante da inexistência de uma reforma do Conselho de Segurança".
Em julho, um projeto de resolução da ONU que contava com o apoio dos ocidentais e que se destinava a solucionar a crise política no Zimbábue foi contestado e acabou descartado por um duplo veto russo e chinês. Este veto contou com a aprovação, entre outros, da África do Sul e da Indonésia. O Sudão encontrou no decorrer deste ano apoios importantes no âmbito da União Africana e da Liga Árabe, em particular em relação à questão de uma possível inculpação do presidente Omar Al-Bachir pela Corte Penal Internacional por conta dos crimes perpetrados no Darfur.
"Os países não-alinhados estão afirmando seus pontos de vista com maior afinco", comemora o embaixador da África do Sul na ONU, Dumisani Kumalo. "Durante certo tempo, nós acreditamos que os países desenvolvidos respeitariam políticas de parceria com os países em desenvolvimento. Contudo, as ajudas que foram prometidas nunca se concretizaram", diz. "Diante disso, a melhor solução é erguermos a cabeça e nos posicionarmos em defesa dos países em desenvolvimento, principalmente aqueles em relação aos quais nós pensamos que eles são injustamente tratados, tais como o Zimbábue e Mianmar".
Preocupada com a diminuição da capacidade de convencimento dos ocidentais dentro do contexto da ONU, a diplomacia francesa elaborou uma estratégia que consiste em tentar valorizar, por ocasião desta Assembléia Geral, tudo aquilo que a União Européia (UE) proporciona para o sistema das Nações Unidas. Contudo, as capacidades da UE (que é o mais importante contribuinte para o orçamento da ONU e o principal doador de ajudas para o desenvolvimento) deixaram de produzir efeitos em termos de apoios políticos.
Um relatório elaborado pelo grupo de análise European Council on Foreign Relations (ECFR - Conselho Europeu de Estudos das Relações Internacionais), que foi publicado recentemente, calculou que em 2007 e 2008, por ocasião das votações da Assembléia Geral da ONU, a UE conseguiu obter um consenso em torno das suas posições em apenas 48% e 55% dos casos, respectivamente, contra uma média de 72% durante os anos 1990.
Enquanto isso, as posições da China e da Rússia foram encontrando um número crescente de aliados, passando de menos de 50% dos votos no âmbito da ONU no decorrer da década de 1990, para 74% em 2007-2008. A Rússia e a China "andaram assumindo por sua conta as frustrações dos não-alinhados", constata um diplomata ocidental.
A noção de universalidade dos direitos humanos, tal como é concebida pelos ocidentais, tem sido contestada por blocos de países. Neste terreno, a Organização da Conferência Islâmica, que reúne 56 Estados no âmbito da ONU, tem se mostrado a mais virulenta. "Apenas três países de predominância muçulmana, o Afeganistão, a Bósnia e a Turquia, figuram entre os aliados firmes dos europeus por ocasião das votações" na ONU, constata o estudo do ECFR.
O episódio da guerra no Iraque provocou um tipo de desconfiança que passou a predominar entre todos os países não-alinhados, em relação às ingerências e aos questionamentos da soberania dos Estados em nome da democratização. O reconhecimento, neste ano, da independência do Kosovo pelos Estados Unidos e por diversos países europeus consolidou um sentimento de que essas nações praticam uma política de dois pesos, duas medidas. "Existe também a nuvem negra que paira sobre a questão palestina", constata um diplomata ocidental. "Esta é uma ilustração, aos olhos de muitos países do Sul, de uma hipocrisia dos ocidentais".
"Atualmente, o Conselho de Segurança está paralisado", observa o embaixador sul-africano, Dumisani Kumalo. "No final das contas, isso está acontecendo por culpa dos ocidentais, da França, do Reino Unido, dos Estados Unidos". "Essa tendência tem a sua origem na questão do Kosovo; nós havíamos alertado esses países para não abrirem esta porta, mas, eles insistiram, o que resultou naquilo que os russos fizeram na Geórgia. E agora, nós estamos às voltas com essa grande bagunça".
Tradução: Jean-Yves de Neufville
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Na ONU, os Ocidentais se defrontam com a oposição das potências emergentes
Natalie Nougayrède e Philippe Bolopion
Em Nova York
A Assembléia Geral da ONU, que foi aberta nesta segunda-feira, 22 de setembro, apresenta um contexto difícil para os ocidentais, confrontados a um recrudescimento das resistências das potências emergentes. Estas estão decididas a defenderem sua visão dos direitos humanos e sua concepção da soberania dos Estados. Em relação a países como Mianmar e o Zimbábue, ou a uma região como o Darfur, que enfrentam uma situação de crise, a política defendida pelos Ocidentais andou esbarrando, no decorrer deste último ano, em oposições fortes, articuladas por diversos países do Sul. Para fazerem valer seus pontos de vista, estes contam com o apoio da Rússia e da China, dois membros do Conselho de segurança que se tornaram os campeões do exercício do direito de veto.
Esta polarização que, segundo alguns observadores, se resume a um enfrentamento sistemático entre "o Oeste" e "o restante" do mundo, foi evidenciada em relação à questão do Kosovo e, mais recentemente, à crise na região do Cáucaso. O endurecimento da Rússia, que parece querer posicionar-se como a principal liderança dos críticos dos Estados Unidos no mundo, desponta como um dos elementos da nova configuração das relações internacionais.
"Na ONU, nós tivemos de adotar uma posição defensiva", constata um diplomata ocidental. "Estamos enfrentando um verdadeiro problema para transmitir nossa mensagem e defender nosso ponto de vista". Ele constata que está havendo "um retorno a uma forma de terceiro-mundismo que lembra muito os anos 1970, um contexto no qual os países não-alinhados se tornam cada vez mais ativos, com países com a Índia, o Brasil e a África do Sul que querem ocupar um espaço condizente com o status de novas potências e que se sentem frustrados diante da inexistência de uma reforma do Conselho de Segurança".
Em julho, um projeto de resolução da ONU que contava com o apoio dos ocidentais e que se destinava a solucionar a crise política no Zimbábue foi contestado e acabou descartado por um duplo veto russo e chinês. Este veto contou com a aprovação, entre outros, da África do Sul e da Indonésia. O Sudão encontrou no decorrer deste ano apoios importantes no âmbito da União Africana e da Liga Árabe, em particular em relação à questão de uma possível inculpação do presidente Omar Al-Bachir pela Corte Penal Internacional por conta dos crimes perpetrados no Darfur.
"Os países não-alinhados estão afirmando seus pontos de vista com maior afinco", comemora o embaixador da África do Sul na ONU, Dumisani Kumalo. "Durante certo tempo, nós acreditamos que os países desenvolvidos respeitariam políticas de parceria com os países em desenvolvimento. Contudo, as ajudas que foram prometidas nunca se concretizaram", diz. "Diante disso, a melhor solução é erguermos a cabeça e nos posicionarmos em defesa dos países em desenvolvimento, principalmente aqueles em relação aos quais nós pensamos que eles são injustamente tratados, tais como o Zimbábue e Mianmar".
Preocupada com a diminuição da capacidade de convencimento dos ocidentais dentro do contexto da ONU, a diplomacia francesa elaborou uma estratégia que consiste em tentar valorizar, por ocasião desta Assembléia Geral, tudo aquilo que a União Européia (UE) proporciona para o sistema das Nações Unidas. Contudo, as capacidades da UE (que é o mais importante contribuinte para o orçamento da ONU e o principal doador de ajudas para o desenvolvimento) deixaram de produzir efeitos em termos de apoios políticos.
Um relatório elaborado pelo grupo de análise European Council on Foreign Relations (ECFR - Conselho Europeu de Estudos das Relações Internacionais), que foi publicado recentemente, calculou que em 2007 e 2008, por ocasião das votações da Assembléia Geral da ONU, a UE conseguiu obter um consenso em torno das suas posições em apenas 48% e 55% dos casos, respectivamente, contra uma média de 72% durante os anos 1990.
Enquanto isso, as posições da China e da Rússia foram encontrando um número crescente de aliados, passando de menos de 50% dos votos no âmbito da ONU no decorrer da década de 1990, para 74% em 2007-2008. A Rússia e a China "andaram assumindo por sua conta as frustrações dos não-alinhados", constata um diplomata ocidental.
A noção de universalidade dos direitos humanos, tal como é concebida pelos ocidentais, tem sido contestada por blocos de países. Neste terreno, a Organização da Conferência Islâmica, que reúne 56 Estados no âmbito da ONU, tem se mostrado a mais virulenta. "Apenas três países de predominância muçulmana, o Afeganistão, a Bósnia e a Turquia, figuram entre os aliados firmes dos europeus por ocasião das votações" na ONU, constata o estudo do ECFR.
O episódio da guerra no Iraque provocou um tipo de desconfiança que passou a predominar entre todos os países não-alinhados, em relação às ingerências e aos questionamentos da soberania dos Estados em nome da democratização. O reconhecimento, neste ano, da independência do Kosovo pelos Estados Unidos e por diversos países europeus consolidou um sentimento de que essas nações praticam uma política de dois pesos, duas medidas. "Existe também a nuvem negra que paira sobre a questão palestina", constata um diplomata ocidental. "Esta é uma ilustração, aos olhos de muitos países do Sul, de uma hipocrisia dos ocidentais".
"Atualmente, o Conselho de Segurança está paralisado", observa o embaixador sul-africano, Dumisani Kumalo. "No final das contas, isso está acontecendo por culpa dos ocidentais, da França, do Reino Unido, dos Estados Unidos". "Essa tendência tem a sua origem na questão do Kosovo; nós havíamos alertado esses países para não abrirem esta porta, mas, eles insistiram, o que resultou naquilo que os russos fizeram na Geórgia. E agora, nós estamos às voltas com essa grande bagunça".
Tradução: Jean-Yves de Neufville
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Re: GEOPOLÍTICA
ONGs denunciam 'genocídio' de guaranis
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
Extrato de uma reportagem do JB:
Moscou também declarou abertamente sua ambição de ser um rival dos EUA na América Latina na quinta-feira, quando o primeiro-ministro Vladimir Putin prometeu vender tecnologia nuclear para a Venezuela.
Ontem, Medvedev se encontrou com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, em Orenburg. O líder publicou uma declaração chamando a sua relação com o companheiro latino de uma forma de contabalancear a influência de Washington, e acrescentou que a Venezuela deseja uma maior presença russa na região.
– Estamos prontos para considerar oportunidades para cooperar no uso de energia atômica – Putin disse à Chávez, em Moscou. – A América Latina está se tornando um elo importante do mundo multipolar emergente. Nós prestaremos mais atenção a essa área da nossa economia e política externa.
O anúncio de assistência atômica certamente preocupará os EUA. Moscou já irritou Washington ao entregar urânio enriquecido ao Irã para sua estação de energia, o que gerou a preocupação de que Teerã esteja construindo secretamente uma bomba nuclear.
Chávez há muito tempo cobiça seu próprio programa de energia nuclear, mas insiste que não deseja construir uma bomba atômica.
– Hoje, como nunca antes, tudo que você (Putin) disse sobre o mundo multipolar está se tornando realidade. Não percamos tempo. O mundo está se desenvolvendo rapidamente geopoliticamente – disse Chávez ao líder russo.
Navios russos zarparam na segunda-feira para manobras no Caribe. O exercício será atentamente acompanhado pelas Marinhas ocidentais, por ser a primeira mobilização russa desse tipo – tão próxima da costa dos EUA – desde o fim da Guerra Fria.
Medvedev disse que os exercícios navais em conjunto com a Venezuela demonstram a natureza estratégica da relação entre os dois países. O presidente russo também anunciou o empréstimo de US$ 1 bilhão à Venezuela para comprar armamento russo.
Chávez já gastou US$ 4,4 bilhões desde 2005 em acordos com a Rússia para comprar jatos, tanques e rifles. Os dois países também estreitaram relações entre a Gazprom da Rússia e a empresa estatal de petróleo da Venezuela para criar um consórcio de petróleo e gás.
A Venezuela é o nono maior produtor de petróleo do mundo e um grande fornecedor para os EUA, enquanto a Rússia é a segunda maior exportadora e tem um quarto das reservas globais de gás. Chávez disse que a união forma o maior consórcio de petróleo do mundo.
Moscou também declarou abertamente sua ambição de ser um rival dos EUA na América Latina na quinta-feira, quando o primeiro-ministro Vladimir Putin prometeu vender tecnologia nuclear para a Venezuela.
Ontem, Medvedev se encontrou com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, em Orenburg. O líder publicou uma declaração chamando a sua relação com o companheiro latino de uma forma de contabalancear a influência de Washington, e acrescentou que a Venezuela deseja uma maior presença russa na região.
– Estamos prontos para considerar oportunidades para cooperar no uso de energia atômica – Putin disse à Chávez, em Moscou. – A América Latina está se tornando um elo importante do mundo multipolar emergente. Nós prestaremos mais atenção a essa área da nossa economia e política externa.
O anúncio de assistência atômica certamente preocupará os EUA. Moscou já irritou Washington ao entregar urânio enriquecido ao Irã para sua estação de energia, o que gerou a preocupação de que Teerã esteja construindo secretamente uma bomba nuclear.
Chávez há muito tempo cobiça seu próprio programa de energia nuclear, mas insiste que não deseja construir uma bomba atômica.
– Hoje, como nunca antes, tudo que você (Putin) disse sobre o mundo multipolar está se tornando realidade. Não percamos tempo. O mundo está se desenvolvendo rapidamente geopoliticamente – disse Chávez ao líder russo.
Navios russos zarparam na segunda-feira para manobras no Caribe. O exercício será atentamente acompanhado pelas Marinhas ocidentais, por ser a primeira mobilização russa desse tipo – tão próxima da costa dos EUA – desde o fim da Guerra Fria.
Medvedev disse que os exercícios navais em conjunto com a Venezuela demonstram a natureza estratégica da relação entre os dois países. O presidente russo também anunciou o empréstimo de US$ 1 bilhão à Venezuela para comprar armamento russo.
Chávez já gastou US$ 4,4 bilhões desde 2005 em acordos com a Rússia para comprar jatos, tanques e rifles. Os dois países também estreitaram relações entre a Gazprom da Rússia e a empresa estatal de petróleo da Venezuela para criar um consórcio de petróleo e gás.
A Venezuela é o nono maior produtor de petróleo do mundo e um grande fornecedor para os EUA, enquanto a Rússia é a segunda maior exportadora e tem um quarto das reservas globais de gás. Chávez disse que a união forma o maior consórcio de petróleo do mundo.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: GEOPOLÍTICA
Chávez está sendo usado por Moscou, diz analista
Para cientista político, Rússia quer ampliar influência na América Latina
Renata Miranda
O balanço da viagem do presidente venezuelano, Hugo Chávez, à Rússia pode ser medido mais pelos acordos militares que ele assinou do que pelos avanços diplomáticos obtidos. Mas o armamento russo adquirido pelo governo de Caracas, juntamente com a aproximação de Chávez com Moscou, pode ser prejudicial para o líder venezuelano, afirmam analistas. "Chávez acredita que pode usar a tensão entre Rússia e Estados Unidos a seu favor para continuar a satanização dos americanos na região", disse ao Estado, por telefone, o cientista político Alfredo Ramos Jiménez, da Universidade dos Andes, em Mérida. "Mas o que Chávez não percebe é que é ele quem está sendo usado pela Rússia para impor seu poder na América Latina e no Caribe."
Os vínculos entre Rússia e Venezuela foram estreitados no início do mês, quando os dois países anunciaram exercícios militares conjuntos no Caribe em novembro. A ação marca a retomada da presença militar da Rússia na região pela primeira vez desde o fim da Guerra Fria e foi anunciada em resposta ao crescente número de navios de guerra da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Mar Negro.
"A viagem de Chávez mostra sua intenção de sair da esfera de influência dos EUA no âmbito da defesa e também a vontade de criar vínculos políticos significativos com potências que desafiam a hegemonia de Washington", disse a analista política Elsa Cardozo. Antes de chegar a Moscou, Chávez passou pela China, onde afirmou ter comprado aviões chineses - informação negada por Pequim.
Caracas é o principal cliente na América Latina da indústria bélica russa e, desde 2005, assinou com Moscou 12 contratos de compras de armas estimados em US$ 4,4 bilhões. Nos últimos anos, a Venezuela comprou 24 caças-bombardeiros Sukhoi-30 MK2, 50 helicópteros de vários modelos e 100 mil fuzis Kalashnikov AK-103 - além de aviões de combate e veículos blindados.
Segundo o relatório anual do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz em Estocolmo, 92% das importações de armas da Venezuela provêm da Rússia. O Kremlin também anunciou na quinta-feira que daria um crédito de US$ 1 bilhão à Venezuela para estimular a cooperação militar entre os dois países. "A compra desenfreada de armas pelo governo de Chávez tem como objetivo fortalecer um bloco de poder na região", disse a professora de História Dora Dávila, da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas. "Mais do que uma ameaça para a América Latina, a compra é uma advertência que Chávez manda para os EUA, afirmando que a Venezuela também pode ter grande poder militar." Para Ramos Jiménez, a aquisição de armas pode afetar as relações de Caracas com os países vizinhos. "Os laços com a Colômbia podem se degradar por causa da proximidade entre Bogotá e Washington."
CRISE FINANCEIRA
Chávez deu ontem continuidade a sua viagem, reunindo-se em Paris com o presidente francês, Nicolas Sarkozy. O presidente venezuelano apoiou a proposta francesa de realizar uma cúpula de líderes para discutir a crise financeira mundial. Ele ainda pediu que a reunião não fique restrita ao G-8 (os sete países mais ricos do mundo mais a Rússia). A viagem de Chávez deve terminar hoje, em Portugal.COM AFP E EFE
Para cientista político, Rússia quer ampliar influência na América Latina
Renata Miranda
O balanço da viagem do presidente venezuelano, Hugo Chávez, à Rússia pode ser medido mais pelos acordos militares que ele assinou do que pelos avanços diplomáticos obtidos. Mas o armamento russo adquirido pelo governo de Caracas, juntamente com a aproximação de Chávez com Moscou, pode ser prejudicial para o líder venezuelano, afirmam analistas. "Chávez acredita que pode usar a tensão entre Rússia e Estados Unidos a seu favor para continuar a satanização dos americanos na região", disse ao Estado, por telefone, o cientista político Alfredo Ramos Jiménez, da Universidade dos Andes, em Mérida. "Mas o que Chávez não percebe é que é ele quem está sendo usado pela Rússia para impor seu poder na América Latina e no Caribe."
Os vínculos entre Rússia e Venezuela foram estreitados no início do mês, quando os dois países anunciaram exercícios militares conjuntos no Caribe em novembro. A ação marca a retomada da presença militar da Rússia na região pela primeira vez desde o fim da Guerra Fria e foi anunciada em resposta ao crescente número de navios de guerra da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Mar Negro.
"A viagem de Chávez mostra sua intenção de sair da esfera de influência dos EUA no âmbito da defesa e também a vontade de criar vínculos políticos significativos com potências que desafiam a hegemonia de Washington", disse a analista política Elsa Cardozo. Antes de chegar a Moscou, Chávez passou pela China, onde afirmou ter comprado aviões chineses - informação negada por Pequim.
Caracas é o principal cliente na América Latina da indústria bélica russa e, desde 2005, assinou com Moscou 12 contratos de compras de armas estimados em US$ 4,4 bilhões. Nos últimos anos, a Venezuela comprou 24 caças-bombardeiros Sukhoi-30 MK2, 50 helicópteros de vários modelos e 100 mil fuzis Kalashnikov AK-103 - além de aviões de combate e veículos blindados.
Segundo o relatório anual do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz em Estocolmo, 92% das importações de armas da Venezuela provêm da Rússia. O Kremlin também anunciou na quinta-feira que daria um crédito de US$ 1 bilhão à Venezuela para estimular a cooperação militar entre os dois países. "A compra desenfreada de armas pelo governo de Chávez tem como objetivo fortalecer um bloco de poder na região", disse a professora de História Dora Dávila, da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas. "Mais do que uma ameaça para a América Latina, a compra é uma advertência que Chávez manda para os EUA, afirmando que a Venezuela também pode ter grande poder militar." Para Ramos Jiménez, a aquisição de armas pode afetar as relações de Caracas com os países vizinhos. "Os laços com a Colômbia podem se degradar por causa da proximidade entre Bogotá e Washington."
CRISE FINANCEIRA
Chávez deu ontem continuidade a sua viagem, reunindo-se em Paris com o presidente francês, Nicolas Sarkozy. O presidente venezuelano apoiou a proposta francesa de realizar uma cúpula de líderes para discutir a crise financeira mundial. Ele ainda pediu que a reunião não fique restrita ao G-8 (os sete países mais ricos do mundo mais a Rússia). A viagem de Chávez deve terminar hoje, em Portugal.COM AFP E EFE
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Re: GEOPOLÍTICA
Destaquei parte texto, pois foram onde o Sr. Alexandre Garcia mais enfatizou em seu comentário no jornal "Bom Dia Brasil" de hoje. A maneira como ele se pronunciou, deu a idéia clara do total apoio da emissora (teve uma reportagem sobre o assunto antes) com relação ao reparelhamento das Forças Armadas e também de trazer à população o assunto de defesa...Estratégia de defender ‘Amazônia azul’
A construção de mais cinco submarinos é uma decisão estratégica da Marinha. O historiador Xenofonte conta que Ciro, antes de se tornar rei da Pérsia, recebeu uma delegação egípcia tendo a seu lado uma formação de mil arqueiros vestidos para guerra.
O rei, tio dele, o repreendeu por intimidar os visitantes, ao que Ciro respondeu: “Se demonstras força, todos querem ser teus aliados; ao contrário, se mostras fraqueza, ninguém te dará importância. E se tendo riquezas e não demonstras força, atrairás sobre tua cabeça todas as ambições do mundo”.
Submarino de propulsão nuclear e o poder de construí-lo fazem parte dessa força de dissuasão. Ordem do dia da diretoria de material da Marinha lembra que o programa começou em 1982, que agora deslancha num caminho sem volta e que seus frutos na administração pública e iniciativa privada irão além do submarino.
A ordem do dia chama várias vezes o Atlântico sul de “Amazônia azul”. Quais são os perigos efetivos? Se o petróleo escassear ainda mais e nossas reservas se tornarem ainda mais importantes, nossas plataformas representarão um imenso poder.
A Marinha de superfície pode mostrar presença, mas só o submarino pode representar ameaça de retaliação se plataformas forem tomadas ou sabotadas. Os romanos chamavam o Mediterrâneo de “Mare nostrum”. Chamar o Atlântico sul de “Amazônia azul” traz a idéia de um “Mare nostrum” brasileiro.
Até mais!
Thiago
--------------
"O respeito e a educação são garantia de uma boa discussão. Só depende de você!"
--------------
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Re: GEOPOLÍTICA
Estamos diante de um momento poucas vezes visto na história e um momento de transição, em que um império cai e outro se levanta.
Como todos sabem nunca quem caiu, caiu sem luta. Teremos dias sombrios?
Espero que não.
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Re: GEOPOLÍTICA
Isto é uma verdade quando isto acontece a história nos mostra que há guerras.ciclope escreveu:Estamos diante de um momento poucas vezes visto na história e um momento de transição, em que um império cai e outro se levanta.
Como todos sabem nunca quem caiu, caiu sem luta. Teremos dias sombrios?
Espero que não.
Re: GEOPOLÍTICA
Infelismente tais guerras não serão travadas entre as grandes potências e sim por suas representantes e o retorno a guerra fria requentada.
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Re: GEOPOLÍTICA
Bem, isso não é mais tão necessariamente verdade.
A URSS não declarou guerra na decada de 80-90 até onde sei a nenhuma nação e caiu como a superpotencia que era.
O fato das armas, politica e da economia terem mudado nos ultimos seculos também mostra que a forma como o poder troca também mudou. São tempos interessantes de se acompanhar justamente porque são problemas relativamente ineditos que vão exigir soluções ineditas.
Não digo que os EUA vão aceitar a queda e ficar inertes. Apenas falo que a luta deles não sera necessariaemnte através das armas.
A URSS não declarou guerra na decada de 80-90 até onde sei a nenhuma nação e caiu como a superpotencia que era.
O fato das armas, politica e da economia terem mudado nos ultimos seculos também mostra que a forma como o poder troca também mudou. São tempos interessantes de se acompanhar justamente porque são problemas relativamente ineditos que vão exigir soluções ineditas.
Não digo que os EUA vão aceitar a queda e ficar inertes. Apenas falo que a luta deles não sera necessariaemnte através das armas.
Re: GEOPOLÍTICA
Guando o leão está férido e que se deve atacar!
Vislumbro países que antes pensariam duas vezes antes de fazer gualquer coisa sem o consentimento americano, fazendo de imediato. Exemplo venezuela, Bolivia.
E quanto a URSS não declarar guerra a nenhum pais durante a guerra fria digo: polônia e afeganistão.
Sem falar no Vietnam dos americanos, em todos esses conflitos uma potencia ajudou o pais invadido a resistir as ações da potencia adversaria, essa foi a guerra fria. Hoje:Georgia,Ira e só o futuro dirá talvez quem sabe a venezuela.
Alguem descorda?
Vislumbro países que antes pensariam duas vezes antes de fazer gualquer coisa sem o consentimento americano, fazendo de imediato. Exemplo venezuela, Bolivia.
E quanto a URSS não declarar guerra a nenhum pais durante a guerra fria digo: polônia e afeganistão.
Sem falar no Vietnam dos americanos, em todos esses conflitos uma potencia ajudou o pais invadido a resistir as ações da potencia adversaria, essa foi a guerra fria. Hoje:Georgia,Ira e só o futuro dirá talvez quem sabe a venezuela.
Alguem descorda?
Re: GEOPOLÍTICA
Mais guerras? Ja não basta o Afeganistão e o Iraque fora de controle? O Paquistão em vias de ser desestabilizado, e o Irã com seu projeto nuclear sim devem se preocupar, agora duvido que a economia ianque tenha folego pra aguentar mais guerras.
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Re: GEOPOLÍTICA
O que ninguém tem falado é o quanto as atuais guerras, especialmente o Iraque, e os investimentos em novas armas tem exaurido o cofres dos EUA. Qual a participação disto na atual crise finânceira dos EUA ainda está por aparecer. Não acredito que os EUA vão iniciar, por agora, qualquer outro conflito. O mais certo é que vão abandonar o Iraque e, talvez até o Afeganistão.ademir escreveu:Mais guerras? Ja não basta o Afeganistão e o Iraque fora de controle? O Paquistão em vias de ser desestabilizado, e o Irã com seu projeto nuclear sim devem se preocupar, agora duvido que a economia ianque tenha folego pra aguentar mais guerras.
Alguns forista tem contestado estas afirmações acreditando que os EUA dispõem de recursos quase ilimitados para gastar em defesa. A realidade está demonstrando que não é assim. Ninguém conta com recursos ilimitados e, cedo ou tarde, a conta aparece para o povo pagar.
saudações
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
Re: GEOPOLÍTICA
O problema Delmar é que não da simplesmente para pegar as malas e sair do Iraque e do Afeganistão, ao menos por agora. Os governos destes dois paises estão desmoralizados perante a população e não tem forças para combater os grupos "terroristas" que agem nesses paises. Um exemplo, ontem se não me engano, passou uma reportagem no 'camera record', programa da Record News, falando do odio crescente na capital do Iraque, falando dos constantes conflitos entre xiitas e sunitas na capital iraquiana (veja esse ataque, que aconteceu hoje: http://www.estadao.com.br/internacional ... 2039,0.htm ) .
Sera uma enorme burrada - talvez ate maior que invadir esses paises - os EUA se retirarem agora. E depois, ainda tem o Paquistão que pediu US$7 bi a comunidade internacional para que o estado não entre em colapso...
Essas guerras ainda darão muito mais custos, e eu não acretido que acabaram tão cedo.
Sera uma enorme burrada - talvez ate maior que invadir esses paises - os EUA se retirarem agora. E depois, ainda tem o Paquistão que pediu US$7 bi a comunidade internacional para que o estado não entre em colapso...
Essas guerras ainda darão muito mais custos, e eu não acretido que acabaram tão cedo.
- Brigadeiro
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Re: GEOPOLÍTICA
Eu também não acredito que os EUA não iniciarão algum tipo de conflito, mesmo porque já estão gastando muito com os atuais. A meu ver, ele irá ruir e perderá sua hegemonia aos poucos, sem perder, no entanto, todo o seu "poder de barganha". A vez deles parece que está passando...
Pra mim, sua queda começou em 2001. Muitos na época diziam que os ataques foram apenas um evento pontual, que não influenciariam o futuro da águia americana e que ela continuaria a mandar e desmandar no mundo. Ouvi isso certa vez num comentário de Míriam Leitão (snme) e muitos concordaram com ela. Eu já imaginava que eles agiriam para defender seus interesses e que isso seria um tiro no pé, afinal, não é por GPS que se encontra um inimigo que não usa uniforme, não está escalado em um exército regular e que vive se encondendo em cavernas. Do Iraque eu nem vou comentar...
Os EUA tem gastado muito, está num caminho sem volta e o mundo terá que adaptar para a entrada de novo (s) líder(es) hegemônico(s).
Até mais!
Pra mim, sua queda começou em 2001. Muitos na época diziam que os ataques foram apenas um evento pontual, que não influenciariam o futuro da águia americana e que ela continuaria a mandar e desmandar no mundo. Ouvi isso certa vez num comentário de Míriam Leitão (snme) e muitos concordaram com ela. Eu já imaginava que eles agiriam para defender seus interesses e que isso seria um tiro no pé, afinal, não é por GPS que se encontra um inimigo que não usa uniforme, não está escalado em um exército regular e que vive se encondendo em cavernas. Do Iraque eu nem vou comentar...
Os EUA tem gastado muito, está num caminho sem volta e o mundo terá que adaptar para a entrada de novo (s) líder(es) hegemônico(s).
Até mais!
Thiago
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"O respeito e a educação são garantia de uma boa discussão. Só depende de você!"
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"O respeito e a educação são garantia de uma boa discussão. Só depende de você!"
Re: GEOPOLÍTICA
E essa a questão meus amigos. Com a retirada dos EUA da posição de superpotência econômica que é o primeiro passo para perda de capacidade militar, os americanos ficaram em uma situação critica.
Sem condição financeira, politica e militar para fazer valer seus intereces diante da crescente influencia da china no mundo, sem falar da recentida russia. Os americanos tenderiam a radicalizar seu discurso é e claro fariam demonstrações de força ou seja gastariam mais em defesa.
Pelo que eu saiba nunca na história américana se falou ou práticou redução dos gastos militares, ate porque a econômia deles depende demais das dos gastos militares.
Sem condição financeira, politica e militar para fazer valer seus intereces diante da crescente influencia da china no mundo, sem falar da recentida russia. Os americanos tenderiam a radicalizar seu discurso é e claro fariam demonstrações de força ou seja gastariam mais em defesa.
Pelo que eu saiba nunca na história américana se falou ou práticou redução dos gastos militares, ate porque a econômia deles depende demais das dos gastos militares.