pt escreveu:O que é um IKL 214? Um projeto comercial da IKL usando um casco derivado do IKL 209, devidamente adaptado para receber o AIP. Mais barato e simples que o IKL 212, e não sujeito as limitações de exportação deles.
Quais são as limitações de exportação ?
Os U-209 brasileiros eram muito mais poderosos que os U-206 alemães. As limitações de exportação alemãs têm a ver com questões políticas e não com questões tecnológicas.
Se você não reparou a política alemã ao que se refere a submarinos mudou muito, não estamos mais na década de 1970/80. A MB queria os sistemas alemães para serem usados com outros torpedos, o que foi negado, no passado isso não existia.
O IKL 212 é um casco derivado do Tr-1700 e Dolphin, pelo menos uma década de vantagem sobre o IKL 209, tem diâmetro de 7 metros, contra 6,3 dos 214. Por quê?
O projecto que começou com o TR-1700, que passou pelo Dolphin e pelo U-212 é da Thyssen, uma empresa que concorria com a HDW.
A HDW tinha um mercado internacional assegurado. A Thyssen precisou do apoio do estado alemã.
Os TR-1700 sempre foram submarinos muito melhores que os IKL-209, porém, muito mais caros, a própria MB sempre admitiu isso.
O U-212, serviu para salvar os estaleiros da Thyssen de abrir falência.
Não há nenhuma preferência tecnológica do governo alemão pelo U-212, há sim a pressão dos governos dos estados onde os estaleiros estavam.
Isso também foi visível com o que foi o escândalo dos Dolphin para Israel, que tiveram quase que ser oferecidos a para evitar a falência dos estaleiros.
Na verdade os 02 estaleiros foram fundidos, diante da ameaça de internacionalização dele. Os Dolphins foram pagos pelos EUA. Mas é algo irrelevante aqui.
Aliás, o TR-1700 foi concebido nos anos 70 e é um projecto que apareceu alguns anos depois do U-209, mas que claramente não funcionou. Foi um fracasso comercial, embora tecnologicamente até seja um projecto interessante.
Presentemente a questão já não se coloca, porque com a consolidação, todos os estaleiros passaram a fazer parte da mesma empresa.
Perto dos TR-1700, os IKL 209 eram carroças, tal a diferença entre os 02 projetos. Qualidade nada tem haver com sucesso comercial, os 209 venderam bem porque eram baratos, e eram baratos, por serem bem inferiores aos Tr-1700.
O problema é o sistema AIP, para colocar um sistema com grande capacidade e com segurança maior, a marinha alemã obrigou a colocação do sistema fora do casco de pressão. Já no caso dos IKL 214, o sistema fica dentro do casco de pressão.
O IKL 214 tem um grande tanque de oxigénio líquido dentro do casco de pressão, ele é armazenado em baixas temperaturas, na medida que, esquenta vai sendo descartado, fico pensando como isso deve ser feito no IKL 214
A questão da colocação do tanque de oxigénio dentro do casco foi uma questão de preocupação, até que os desenvolvimentos nas técnicas de soldagem demonstraram que o risco era pura e simplesmente desprezível.
Nenhuma técnica de soldagem vai fazer milagres, os tanques de oxigênio tem válvulas de alívio. Colocar eles dentro do casco de pressão era o única maneira de por AIP dentro dos 209/214.
Aliás basta olhar para a configuração do U-212, para perceber que é um TR-1700 meio «remendado» para permitir a colocação dos tanques do lado de fora. É uma solução esquisita. Curiosamente isso reduz a resistência estrutural do conjunto. E o U-212 não pode mergulhar tão fundo quanto o U-214.
Eu poderia dizer que os 214 são 209 maquiados. A solução não é esquisita, mas requisito alemão para aumentar a segurança, todo o sistema AIP dos 212 ficam fora do casco de pressão. A resistência estrutural nada tem haver com AIP, mas um indicaçõa é o diâmetro do casco, casco com maior diâmetro requer um projeto mais avançado, maior resistência estrutural. SObre a profundidade de mergulho, não existem dados sobre os 212, creio que eles podem fazer pelo menos o mesmo dos 209.
além disso, creio que a Marinha Alemã tem dúvidas como esses tanques irão reagir em caso de ataque com cargas de profundidade e outros tipos de colisão submersa.
Bom. Em caso de cargas de profundidade, os tanques de oxigénio dos U-212 vão rebentar e com o seu rebentamento, arriscam-se a danificar ou a acabar de vez com o submarino.
Sim, se arrebentarem, os 212 continuam com seu casco de pressão, já os 214 vão rachar ao meio.
Não há estudos publicados sobre a questão, mas não é líquido que uma solução seja superior à outra. Além claro, do facto indesmentível de que o U-212 não pode descer tão profundamente quanto um U-214.
Como falei não existem dados comprovando tal fato, porque os números dos 212 são classificados.
Mas acima de tudo, não podemos esquecer que as preocupações de segurança não são do governo alemão, mas sim das entidades internacionais que têm que garantir a segurança dos processos de fabrico.
Duvido muito, se a preocupação não fosse do governo, não teriam feito isso, um 212 custa pelo menos uns 100 milhões de dólares mais que um 214.
Além disso, temos os controles de guinagem e governo. Os IKL 212 tem hidroplanos na vela e lemes em X. Como os novos SSNB da França. Enquanto que os IKL 214 usam o tradicional leme em CRUZ e hidroplanos no casco.
E o que é que a opção de leme em X implica o que quer que seja, apenas porque os franceses optaram pela configuração em X para um submarino nuclear ?
A opção por uma destas configurações nada tem a ver com modernidade atómica mas sim com a utilização táctica e com o que se quer que um submarino consiga fazer.
Um U-212, como qualquer submarino com leme em X, poderá efectuar operações de evasão mais eficazes em águas pouco profundas. Ele não terá tanta facilidade, como por exemplo o U-214 em mergulhar num mar profundo para fugir rapidamente de uma potencial ameaça.
É claro que os alemães, colocados perante as opções «melhor manobrabilidade em aguas rasas ou pouco profundas» por um lado e por outro perante «maior capacidade de mergulho» (que é a melhor arma defensiva de um submarino) tinham que escolher a opção óbvia: O U-212!
Eu se fosse alemão faria a mesmíssima coisa.
E a Thyssen quando desenhou o projecto, obviamente pensava no que a marinha alemã escolheria.
O Leme em X permite empenagens maiores, maior e melhor controle, os hidroplanos na vela também melhoram a monobrabilidade submersa e aumentam o controle de rolagem dos cascos com maior diâmetro. O maior diâmetro permite melhor distribuição dos sistemas de bordo, e um compartimento da tripulação em outro convés, quer dizer, um conforto muito maior. Isso se reflete na capacidade da tripulação em cruzeiros mais longos.
Prick -> O espaço interno do U-214 é maior que o espaço interno do U-212.
A principal vantagem do casco mais largo (e mesmo assim falamos de alguns centimetros) seria o «handling» da armas para o disparo.
Olha aqui você conseguiu errar completamente, o leme em X permite melhor governo e manobrabilidade em qualquer condição, é superior ao leme em cruz. O espaço interno do 212 é muito melhor que o 214. E isso se deve por ter 0,70 metros de raio maior que os 219, isso possibilita a divisão em 02 conveses.
Mas tanto o U-212 como o U-214 utilizam sistemas completamente automáticos para a recarga das suas armas.
O U-214, como sabemos, tem a situação mais complicada, porque ao contrário do U-212 o U-214 também tem capacidade para o disparo de mísseis além de torpedos e minas, o que não acontece com o U-212 que apenas pode disparar torpedos e minas.
Isso não é fato, os U-212 alemães terão um míssil capaz de atacar alvos aéreos navais e terrestres. Isso falado de modo claro em documentário.
As futuras séries do U-212 vão utilizar torpedos e eventualmente até o sistema IDAS, o qual também poderá ser utilizado pelos U-214.
A questão final aliás continua de pé:
Porque razão os alemães apresentam o U-214 como uma derivação do U-212 ?
Para enganar os compradores.
Porque razão os U-214 são mais caros que o U-212, mesmo sabendo-se que os primeiros navios de uma classe são sempre mais caros ?
Porque razão desde que o U-214 foi lançado, nenhum novo país colocou encomendas para o U-212 (que recebeu encomendas apenas de quem já o operava) ?
Mais uma informação completamente equivicada, os 212 são bem mais caros que os 214. Os 212 só serão vendidos para quem o governo alemão autorizar, por enquanto, só a Itália, fora da OTAN dúvido que sejam fornecidos para algum país.
Porque razão a marinha da Coreia do Sul, que está equipada com contra-torpedeiros AEGIS e mísseis e sistemas electrónicos dos mais modernos, e que decidiu transformar a sua marinha numa força «Blue Water» decidiu adquirir o U-214 e não o U-212 ?
Os 212 não estão a venda para qualquer um, não compra quem quer, compra que tem permissão.
O U-214 e o U-212 são equipamentos diferentes, que são preferíveis um ao outro consoante as suas capacidades.
A nível electrónico, o sistema de combate de um não deixa nada a dever ao outro. Neste caso a haver vantagem ela será do U-214.
O casco amagnético do U-212 é uma vantagem (e exigência alemã desde os anos 50) em águas pouco profundas, mas uma vantagem inutil em águas profundas, sendo aliás razão impeditiva de um mergulho mais profundo.
Sistemas de armas não fazem uma plataforma, qualquer uma pode usar vários sistemas diferentes. Agora, os sistemas dos 212 não estão disponíveis para a venda externa sem permissão do governo alemão.
Presentemente o U-212 tem uma vantagem muito grande sobre o U-214.
Há quatro navios U-212 operacionais e ao serviço, enquanto que o U-214, um projecto que mesmo redesenhado (como também o U-212 o é) é quase uma década mais recente e ainda segundo tudo indica apresenta problemas de desenvolvimento.
Esse parece ser o problema.
Os 214 alteraram um casco muito mais antigo, e muito mais limitado para seu crescimento, a maquiagem parece que tem lá seus problemas, principalmente, porque o desenvolvimento está sendo pago pelo fabricante, sem qualquer apoio do governo. Esse é o galho.