25/08/2008 - 08h29
GERAL
BALANÇO
Não faltou dinheiro para a equipe olímpica
José Cruz
Da equipe do Correio
Mesmo com sete anos de investimentos públicos no esporte, a evolução em Pequim não foi proporcional ao esforço financeiro. O ministro Orlando Silva fala hoje sobre o assunto no seminário Lei de Incentivo ao Esporte
Até 2000, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) dependia exclusivamente de verbas do orçamento governamental. Mas, a partir de 2001, passou a ter outras fontes, que nos últimos sete anos se tornaram permanentes. Só a Caixa Econômica Federal, por exemplo, repassou R$ 265,7 milhões ao COB, por conta da Lei 10.264/2001, que destina 2% das loterias federais aos comitês Olímpico e Paraolímpico. Outros R$ 247,9 milhões vieram de seis estatais — Banco do Brasil, Correios, Eletrobrás, Caixa, Petrobras e Infraero — que patrocinam 11 modalidades, entre elas vôlei, basquete, natação, atletismo, ginástica, etc. Mais recentemente, a Lei de Incentivo ao Esporte destinou ao setor R$ 34 milhões.
Nessa contabilidade de financiamento público ao esporte, o Orçamento da União também participa. Nos últimos quatro anos, R$ 106,7 milhões, em nome do programa Brasil Potência Olímpica, ajudaram a inchar o cofre esportivo, conforme dados coletados pela ONG Contas Abertas, de Brasília. No projeto nacional consta, ainda, a Bolsa-atleta, que atualmente contempla em torno de 2.500 competidores, mas cujos valores oficiais não foram divulgados.
Evolução
De fato, como diz o presidente Lula, “nunca antes na história deste país” se investiu tanto em esporte. Mas, mesmo assim, a evolução em Pequim não foi proporcional ao esforço financeiro do governo. O crescimento, observa-se, é limitadíssimo. Por exemplo: desde sua primeira participação em olimpíada, em 1920, na Antuérpia, os atletas nacionais conquistaram pódios em apenas 12 das 32 modalidades. Agora, fora os tradicionais vôlei, natação, atletismo, judô, futebol, vela e vôlei de praia, a única modalidade que teve brasileiro estreando um pódio foi o taekwondo, bronze, com a paranaense Flávia Falavigna.
Ironicamente, a modalidade menos contemplada com verbas públicas: R$ 1,9 milhão nos últimos três anos. Nesse período, o vôlei recebeu R$ 7,7 milhões, da mesma fonte, Lei das Loterias.
E o que dizer da natação, que além dos R$ 38 milhões recebidos dos Correios, teve mais R$ 6,7 milhões das loterias federais? No entanto, apenas dois pódios, com o mesmo atleta, César Ciello, que nem sequer treina no Brasil, mas nos Estados Unidos. Nesse esporte, foi animadora a final de Gabriela Silva, nos 100m borboleta. Aos 20 anos, ela desponta com uma das principais revelações do nado brasileiro.
Mesmo tendo recebido grandes aplicações no último ciclo olímpico, canoagem, remo, ciclismo, triatlo, tiro com arco, tênis de mesa, esgrima, enfim, não mostraram resultados. Sobre tudo isso, o ministro do Esporte, Orlando Silva, falará hoje, na abertura do seminário sobre Lei de Incentivo ao Esporte, em Brasília. Ele previa que o Brasil teria o melhor resultado de sua história esportiva. Mesmo porque, fecham-se sete anos de constantes investimentos públicos no setor.
Afora os pódios, outro elemento importante nessa avaliação é a participação de atletas em finais olímpicas. Desta vez, mesmo participando com o maior número de competidores e em mais modalidades, fomos a 38 decisões, contra 30 de Atenas-2004 e 22 de Sydney-2000. Considerando-se que só três — atletismo, a natação e judô — das 32 modalidades olímpicas têm 100 categorias distintas, participar de 38 finais no geral é um resultado sem expressão.
INVESTIMENTOS PÚBLICOS NO ESPORTE — 2005-2008
LEI DAS LOTERIAS (1)
Comitê Olímpico - R$ 265,7 milhões
LEI DE INCENTIVO AO ESPORTE (2)
Comitê Olímpico - R$ 25,9 milhões
Confederação de Boxe - R$ 4,8 milhões
Confederação de Judô - R$ 1,9 milhões
Confederação de Tênis de Mesa - R$ 0,56 milhões
Minas Tênis Clube (MG) - R$ 1,04 milhões
Total parcial - R$ 34, 4 milhões
PATROCÍNIOS
Banco do Brasil — Vôlei (3) - R$ 100,0
Caixa Econômica Federal
Atletismo - R$ 42,0
Ginástica - R$ 5,9
Correios Natação (4) - R$ 38,0
Eletrobrás Basquete (5) - R$ 40,0
Infraero Judô - R$ 10,8
Petrobras Handebol - R$ 11,2
Total parcial - R$ 247,9
ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO
Ministério do Esporte
Programa Brasil Potência Esportiva - R$106,7 milhões
TOTAL - R$ 654,7 milhões
(1) Nº 10.264/2001 — Destina 2% das loterias federais aos comitês Olímpico e Paraolímpico
(2) Nº 11.438/2006 — Lei de Incentivo ao Esporte, por isenção fiscal
(3) Valor extra-oficial para as seleções masculina e feminina, infanto, juvenil e adulto. O Banco do Brasil também patrocina o velejador Robert Scheidt, mas os valor não é informado
(4) Valores destinados à natação, aos saltos ornamenais, ao polo-aquático, à maratona aquática e ao nado sincronizado. A partir de julho deste ano os Correios patrocinam a Confederação Brasileira de Tênis (R$ 3,8 milhões anuais)
(5) Para as seleções masculina e feminina adultas.
http://www.correioweb.com.br/olimpiadas ... hp?id=2012