GEOPOLÍTICA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: GEOPOLÍTICA

#271 Mensagem por Morcego » Sex Jul 25, 2008 5:19 pm

Como podem os americanos dizerem que existem 90 bilhões de barris de algo que não foi descoberto?




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Re: GEOPOLÍTICA

#272 Mensagem por Penguin » Sex Jul 25, 2008 5:46 pm

morcego escreveu:Como podem os americanos dizerem que existem 90 bilhões de barris de algo que não foi descoberto?
Serviço de Levantamento Geológico dos Estados Unidos: estudos e pesquisas.




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Re: GEOPOLÍTICA

#273 Mensagem por Morcego » Sex Jul 25, 2008 5:51 pm

Santiago escreveu:
morcego escreveu:Como podem os americanos dizerem que existem 90 bilhões de barris de algo que não foi descoberto?
Serviço de Levantamento Geológico dos Estados Unidos: estudos e pesquisas.
Sim, mas isso não significa que foi feita a prospecção, tem que ser feita uma prospecção um poço que vai ser medido, ou sei la como é o nome do tal poço, e é com base neste que é feita a real estimativa de quanto tem la, deve ter petróleo pra caramba por la é claro, mas o que quero demonstrar é que a noticia e a informação passada não podem ainda serem levadas totalemtne a sério, mas vai que amanhã os caras mostram o resultado de centenas de poços perfurados em segredo e talz.




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Re: GEOPOLÍTICA

#274 Mensagem por Bolovo » Sex Jul 25, 2008 5:55 pm

Até lá no IGC da USP já tem estudos sobre isso. Outro lugar que vai dar o que falar é a Antartica, mas esse está protegido por leis internacionais até 2041. Neste ano então, farão outra reunião e decidirão como será pelos 50 anos seguintes. Alias, dia 4 agora começa meu 2º semestre com Geologia Geral. O meu 1º semestre de Geografia da USP passei com sucesso. :mrgreen:




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Re: GEOPOLÍTICA

#275 Mensagem por Penguin » Sex Jul 25, 2008 6:11 pm

http://www.usgs.gov/

90 Billion Barrels of Oil and 1,670 Trillion Cubic Feet of Natural Gas Assessed in the Arctic
Released: 7/23/2008 1:00:00 PM

Contact Information:
U.S. Department of the Interior, U.S. Geological Survey
Office of Communication
119 National Center
Reston, VA 20192 Jessica Robertson
Phone: 703-648-6624

Brenda Pierce
Phone: 703-648-6421



--------------------------------------------------------------------------------

The area north of the Arctic Circle has an estimated 90 billion barrels of undiscovered, technically recoverable oil, 1,670 trillion cubic feet of technically recoverable natural gas, and 44 billion barrels of technically recoverable natural gas liquids in 25 geologically defined areas thought to have potential for petroleum.

The U.S. Geological Survey assessment released today is the first publicly available petroleum resource estimate of the entire area north of the Arctic Circle.


These resources account for about 22 percent of the undiscovered, technically recoverable resources in the world. The Arctic accounts for about 13 percent of the undiscovered oil, 30 percent of the undiscovered natural gas, and 20 percent of the undiscovered natural gas liquids in the world. About 84 percent of the estimated resources are expected to occur offshore.

"Before we can make decisions about our future use of oil and gas and related decisions about protecting endangered species, native communities and the health of our planet, we need to know what's out there," said USGS Director Mark Myers. "With this assessment, we're providing the same information to everyone in the world so that the global community can make those difficult decisions."

Of the estimated totals, more than half of the undiscovered oil resources are estimated to occur in just three geologic provinces - Arctic Alaska, the Amerasia Basin, and the East Greenland Rift Basins. On an oil-equivalency basis, undiscovered natural gas is estimated to be three times more abundant than oil in the Arctic. More than 70 percent of the undiscovered natural gas is estimated to occur in three provinces - the West Siberian Basin, the East Barents Basins, and Arctic Alaska.

The USGS Circum-Arctic Resource Appraisal is part of a project to assess the global petroleum basins using standardized and consistent methodology and protocol. This approach allows for an area's petroleum potential to be compared to other petroleum basins in the world. The USGS worked with a number of international organizations to conduct the geologic analyses of these Arctic provinces.

Technically recoverable resources are those producible using currently available technology and industry practices. For the purposes of this study, the USGS did not consider economic factors such as the effects of permanent sea ice or oceanic water depth in its assessment of undiscovered oil and gas resources. The USGS is the only provider of publicly available estimates of undiscovered, technically recoverable oil and gas resources.

Exploration for petroleum has already resulted in the discovery of more than 400 oil and gas fields north of the Arctic Circle. These fields account for approximately 40 billion barrels of oil, more than 1,100 trillion cubic feet of gas, and 8.5 billion barrels of natural gas liquids. Nevertheless, the Arctic, especially offshore, is essentially unexplored with respect to petroleum.
To learn more about the USGS Circum-Arctic Resource Appraisal and to see results of the assessment, please visit http://energy.usgs.gov/arctic.

For a podcast interview about the USGS Circum-Arctic Resource Appraisal, listen to episode 55 of CoreCast at http://www.usgs.gov/corecast/.




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Re: GEOPOLÍTICA

#276 Mensagem por Marino » Dom Jul 27, 2008 11:06 am

Rota para o Pacífico

Brasil investe US$ 1,8 bilhão na integração física da América do Sul

João Domingos



Com investimentos feitos ou contratados calculados em US$ 1,860 bilhão na infra-estrutura dos países do norte e oeste da América do Sul, o Brasil está abrindo o até então intocável santuário da Amazônia para os vizinhos hispânicos, no maior projeto de integração econômica e fronteiriça da região desde que nela aportaram portugueses e espanhóis. É uma quantia US$ 380 milhões maior do que o R$ 1,5 bilhão investido no Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), a maior licitação realizada no final dos anos 90.

Ao mesmo tempo, a construção de pontes, estradas e hidrovias dá ao País condições concretas de avançar rumo aos portos do Pacífico a partir do Peru, do Chile e do Equador, com a possibilidade de diminuir em aproximadamente 6 mil quilômetros a distância comercial com os mercados da Ásia.

O cálculo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é de que a redução na distância barateará em até US$ 30 o custo da tonelada do produto brasileiro exportado. Também estão sendo feitos investimentos na infra-estrutura da Venezuela, Guiana e Suriname para que os produtos possam chegar aos portos dos países do Caribe.

O Programa de Financiamento às Exportações (Proex) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) têm sido os principais instrumentos para tornar viáveis os projetos de integração da América do Sul a partir do Brasil. Além da infra-estrutura em transportes, eles contemplam ainda comunicações e saneamento básico.

Para a execução dos serviços podem ser contratadas somente empresas brasileiras, uma exigência da lei. Desse modo, o governo do Brasil financia as exportações de bens e serviços brasileiros, como obras de engenharia, pagas em reais às empresas.

Como esses projetos envolvem fornecedores, que vão de máquinas e geradores de energia até uniformes de operários e alimentos para o acampamento, cada empresa brasileira que ganha uma licitação internacional leva junto centenas de outras, muitas delas pequenas e médias. Em conseqüência, a contratação de uma grande empreiteira lá fora acaba por abrir postos de trabalho no Brasil.



MENOS PRESSÃO

A integração da América do Sul pela Amazônia tem ainda um outro objetivo estratégico dentro do xadrez geopolítico mundial. O governo brasileiro acredita que a ligação de todos os países amazônicos ajudará a aliviar a pressão feita hoje sobre a Amazônia brasileira.

Interligada, a região será vista não mais como um enclave verde dentro do Brasil, mas como de responsabilidade igual também por parte da Bolívia, do Peru, do Equador, da Colômbia, da Venezuela, da Guiana, do Suriname e até da França, por causa da Guiana Francesa. O conjunto de países teria não só muito mais cacife para as negociações a respeito do clima e emissão de poluentes, mas também um considerável poder de fogo em caso de invasão.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou com o presidente da Bolívia, Evo Morales, um convênio que prevê empréstimos de US$ 270 milhões ao vizinho, destinados à construção e asfaltamento de 508 quilômetros da Ruta 08, que ligará a capital, La Paz, a Porto Velho, em Rondônia.

Essa estrada foi prometida há 105 anos pelas autoridades bolivianas e há 40 anos aguarda pelo asfalto. Caberá agora ao Brasil construir a ponte de cerca de 1,8 quilômetro sobre o Rio Mamoré, na divisa entre os dois países.

Outros trechos de rodovias que estão sendo feitos no leste e centro da Bolívia possibilitarão ao Brasil acesso ao vizinho, a partir de Mato Grosso e São Paulo, para Cochabamba, Santa Cruz de La Sierra e La Paz, e passagem para os portos de Antofagasta e Arica, no Chile, no chamado Corredor Bioceânico.

Daqui a menos de dois anos deverão ficar prontos os 2,5 mil quilômetros da rodovia que ligará Rio Branco, no Acre, aos portos de Ilo, Matarani e San Juan, no Peru. O Brasil investiu US$ 420 milhões nessa rodovia, além de outros US$ 19 milhões na ponte entre Assis Brasil (Acre) e Inãpari. A estrada avança pela Amazônia peruana, passa por Puerto Maldonado, capital do Estado de Madre de Dios, e Cuzco, nos Andes, e segue para o Pacífico. De acordo com informação do governo peruano, as obras estão dentro do prazo previsto e a nova rota deverá ser inaugurada em 2010.

Coube a dois consórcios brasileiros a construção de 1.009 quilômetros dessas estradas. Eles foram formados pelas construtoras Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Correa. Do lado brasileiro, a estrada já está pronta. São 220 quilômetros pavimentados entre Assis Brasil e Rio Branco.

Essa estrada deverá servir de alternativa para o escoamento da produção de soja, carnes e produtos industrializados das Regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil para países da Ásia. Hoje, sem a rota do Pacífico, os produtos são embarcados principalmente pelos Portos de Santos e de Paranaguá, depois de percorrer pelo menos 3 mil quilômetros dentro do território brasileiro.

A idéia, de acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, é aumentar o comércio entre Brasil e Peru num primeiro momento. Num segundo momento, será ativado o projeto de exportações de produtos brasileiros para a Ásia, com a utilização de acordos de preferências tarifárias feitos pelo Peru com Estados Unidos, Canadá, Cingapura, China, Tailândia, Coréia do Sul, Índia, Japão e União Européia.



PRIORIDADE

"Na diplomacia brasileira, a prioridade é a integração sul-americana, num processo que envolva o Brasil e os demais países da região", diz André Bevilacqua, da Coordenação-Geral Econômica da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores. "Nesse contexto, a infra-estrutura tem papel fundamental; é impossível fazer a integração fronteiriça, social e econômica sem ela", acrescenta ele.

Além dos projetos para Região Amazônica, o Brasil ofereceu financiamentos também para outras regiões em todos os outros países da América do Sul, América Central e do Caribe. Juntos, os projetos de todas as áreas somam US$ 7,3 bilhões. Entre eles está o projeto da segunda ponte sobre o Rio Orinoco, na fronteira com a Venezuela; a Hidrelétrica de San Francisco, no Equador; a segunda ponte sobre o Rio Paraná, na fronteira com o Paraguai; a segunda ponte do Rio Jaguarão, na fronteira com o Uruguai; a duplicação da Auto-Estrada do Mercosul; a ponte sobre o Rio Tucutu, no Suriname; e o Eixo Multimodal de Manaus a Manta, no Equador.

Fazem parte ainda das obras de integração da América do Sul com financiamentos brasileiros novas linhas do metrô de Caracas; a Ferrovia de Carare, na Colômbia; a Ferrovia Santa Cruz e as Rodovias Concepción-San Matias e Tarija-Bernejo, na Bolívia; a ampliação do metrô de Santiago; a ampliação de rede de gasodutos Albanesi e CAM Mesa e o Aqueduto Santa Fé, na Argentina, além de uma adutora e distribuidora de água em Montevidéu, no Uruguai.




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Re: GEOPOLÍTICA

#277 Mensagem por Sniper » Dom Jul 27, 2008 12:07 pm

Investem no metrô de Caracas e Santiago enquanto o transporte público nas grandes metrópoles Brasileiras está um caos... :roll:

Não sou contra a integração dos países da América do Sul, pelo contrário, porém vale aquele velho ditado: "Farinha pouca o meu pirão primeiro!" :lol: :wink:

Porque o governo não pensa também em uma ferrovia ligando o Acre ao Perú? :?




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Re: GEOPOLÍTICA

#278 Mensagem por GustavoB » Dom Jul 27, 2008 2:40 pm

Investem no metrô de Caracas e Santiago enquanto o transporte público nas grandes metrópoles Brasileiras está um caos...
Para a execução dos serviços podem ser contratadas somente empresas brasileiras, uma exigência da lei. Desse modo, o governo do Brasil financia as exportações de bens e serviços brasileiros, como obras de engenharia, pagas em reais às empresas.

Como esses projetos envolvem fornecedores, que vão de máquinas e geradores de energia até uniformes de operários e alimentos para o acampamento, cada empresa brasileira que ganha uma licitação internacional leva junto centenas de outras, muitas delas pequenas e médias. Em conseqüência, a contratação de uma grande empreiteira lá fora acaba por abrir postos de trabalho no Brasil.

Os problemas de transporte e violência são pontuais. As demandas não são as mesmas para São Paulo e Porto Alegre, por exemplo. Ademais, não parece crível que uma obra (viaduto, trem, metrô, ponte) solucione o trânsito das grandes metrópoles brasileiras - aliás, dor de cabeça em várias cidades do mundo.
Por outro lado, pelo que me lembro a integração sul-americana é política deste governo, que constrói os fundamentos para o Brasil do futuro, não fica remendando a incompetência dos governos estaduais/municipais.
O texto também faz pensar no Mato Grosso daqui a 15, 20 anos. Creio que dali o desenvolvimento/crescimento econômico deva espraiar para o Norte, primeiro em Rondônia, depois no Acre e tomara que venha também de cima, de Roraima, o velho sonho da integração brasileira.
Reais todas essas otimistas perspectivas, volta a velha questão, mote de todo o fórum: o Brasil terá força adequada para proteger todos os seus interesses comerciais nas próximas décadas?
Abs




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Re: GEOPOLÍTICA

#279 Mensagem por LeandroGCard » Dom Jul 27, 2008 8:49 pm

Santiago escreveu:http://www.inovacaotecnologica.com.br/n ... 0175080723


Brasil está dormindo no ponto na área de biocombustíveis
Luiz Sugimoto
23/07/2008

... O professor acrescenta que, se houve 30 anos de investimentos no programa de desenvolvimento do álcool, o mesmo não acontece com a área de biodiesel, onde ainda não se consegue ganhar em escala, devido aos elevados custos de produção. "Os custos superiores ao do diesel na bomba, impedem novos investimentos, inclusive em inovação tecnológica. Enquanto isso, nos Estados Unidos e na Europa, exercícios de inovação que já estão viabilizando combustíveis sintéticos a 8 ou 9 centavos de dólar. Até dez anos atrás, era impensável que o sintético pudesse competir com o nosso etanol".
Nesta linha, Weber lembra outro exemplo da Universidade de Berkeley, onde três pós-doutorandos de biologia sintética captaram US$ 120 milhões na iniciativa privada para isolar uma bactéria capaz de produzir um composto (hidrocarboneto) bastante semelhante ao diesel. "Os três jovens criaram uma empresa que em dois anos será de capital aberto, mas cujo valor atual de mercado já é de US$ 200 milhões"...
Com o desenvolvimento que está ocorrendo agora na área de hidrocarbonetos (não apenas bio-combustíveis mas também outros tipos de matérias primas) gerados à partir de microorganismos, é muito provável que dentro de duas ou três décadas ninguém mais se lembre do álcool de cana para abastecer automóveis, e mesmo o petróleo pode vir a ter um preço tão baixo que a produção dos campos gigantes brasileiros em águas ultra-profundas se torne economicamente inviável.

É bem possível que o Brasil descubra tarde demais que a melhor estratégia seria abrir agora o acesso ao capital internacional tanto para produção do álcool (o que já ocorre) quanto para a exploração dos mega-campos de petróleo recém-descobertos (exatamente o contrário do que se discute), e utiliza-se os recursos assim captados para ultrapassar a grave crise econômica mundial que se anuncia para os próximos anos. Nossa situação poderia estar muito melhor daqui a uns dez ou quinze anos quando a onda passar e o mundo voltar a crescer de forma tranquila, com a crise financeira superada e combustível barato sendo produzido por bactérias e leveduras em todos os lugares do mundo, sem concentração em nenhuma região específica.

Leandro G. Card




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Re: GEOPOLÍTICA

#280 Mensagem por Bourne » Dom Jul 27, 2008 9:16 pm

Ou seja, o alcool e o bio-diesel não é nem sombra da imagem que a propaganda oficial vende. Logo será superada por combustíveis mais eficientes e baratos, nas próximas décadas, pelo que parece....


Daqui a 40 ou 50 anos, lá por 2048 ou 2058, volto a discutir o assunto no DB. É melhor aguardar os desdobramentos futuros. :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:




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Re: GEOPOLÍTICA

#281 Mensagem por GustavoB » Qua Jul 30, 2008 8:28 am

Comércio Exterior
Jornal: Doha deixa 'ferida' entre Brasil e Argentina

As fracassadas negociações comerciais da Rodada Doha em Genebra deixaram uma "ferida" entre os dois principais parceiros do Mercosul, Brasil e Argentina, afirma nesta quarta-feira uma reportagem do jornal Página/12.

Como outros jornais da imprensa estrangeira, o diário argentino noticia a dissidência brasileira em relação ao G-20, o grupo de países emergentes, ao concordar com uma proposta da Organização Mundial do Comércio (OMC) para concluir a Rodada, após nove dias de intensas reuniões ministeriais.
Em artigo intitulado "Apareceu uma ferida entre os sócios", o Página/12 relata que "o chanceler brasileiro Celso Amorim se adiantou durante o encontro e se pronunciou a favor de aceitar o acordo proposto pela OMC, insuficiente para o G-20, que o Brasil integrava até então junto com outros países em desenvolvimento, como a Argentina".
Ao aceitar um nível mais baixo de proteção para seu setor industrial que a Argentina, ainda segundo o diário, o Brasil criou uma situação que "não se via há muito tempo": um conflito de posições em um fórum internacional.
"Dado que Brasil e Argentina são os principais parceiros do Mercosul, que basicamente se trata de uma união aduaneira, é quase insólito que mostrem divergências em uma discussão de tarifas em um fórum internacional", sustenta o jornal. "O Brasil buscou ganhar pontos com os países desenvolvidos, mas acabou em posição de impedimento."

Outros enfoques
Em enfoques distintos, a Rodada Doha foi tema de outros jornais ao redor do mundo. Artigos na imprensa internacional destacaram a queda-de-braço entre os Estados Unidos e a Índia em relação à proteção permitida aos países emergentes diante de um aumento abrupto de importações.
Na visão do indiano Financial Express,/I>, já foi o tempo em que "acordos negociados entre um punhado de países" desenvolvidos eram "forçados goela abaixo" de países mais pobres.
Desta vez, entretanto, a força dos países que chamou de "BIC" - Brasil, Índia e China - fez diferença, embora no final o Brasil tenha sido "jogado contra a China", na visão do jornal.
Em linha semelhante e destacando os mesmos países, o americano The Wall Street Journal entendeu que o fracasso das negociações demonstram que "novos gigantes" já são capazes de "flexionar os músculos" no tabuleiro geopolítico internacional. O Brasil, por exemplo, teve um "papel-chave" nas negociações, diz o jornal.
"No fim, entretanto, o desejo brasileiro de fechar um acordo fez pouca diferença", afirma o diário. "A China quebrou seu tradicional silencio em negociações comerciais globais e subiu no salto", bloqueando a proposta da OMC.
Para o WSJ, o novo fracasso em chegar a um acordo global é mais que "uma questão de mercado": representa um retrocesso com "efeitos a longo prazo" na liberalização do comércio mundial, na disposição americana de reduzir barreiras protecionistas e no papel da OMC.

Metáfora futebolística
Por sua vez, o britânico Financial Times aproveitou uma declaração do chanceler Celso Amorim para fazer uma metáfora futebolística sobre o fracasso das negociações.
"Acho que podíamos ter tentado outro time, quem sabe outros jogadores funcionariam melhor (nas negociações)", havia dito Amorim, ao comentar as negociações na terça-feira.
"Não há garantia de que qualquer estrela em uma nova escalação seja capaz de jogar melhor que a atual equipe", discorda o FT, em um artigo intitulado "Negociadores procuram os escombros por sinais de esperança".
"O resultado mais provável é que técnicos abaixo do nível ministerial voltem a se reunir no outono para procurar entre os escombros das últimas semanas para ver se algo pode ser salvo. Mas qualquer tentativa de juntar os cacos novamente deve vir só dentro de muito mais tempo."




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Re: GEOPOLÍTICA

#282 Mensagem por Marino » Qua Ago 13, 2008 8:30 pm

Nas Entrelinhas

Os ossetas e a Raposa-Serra do Sol

Infelizmente, no Brasil, quem pensa nos interesses nacionais de longo prazo são os militares. A maioria dos políticos olha para os interesses de curtíssimo prazo, às vezes os do passado

Por Luiz Carlos Azedo



Quando as tropas de Gengis Kan atravessaram o Cáucaso, a Alânia era uma nação em formação, graças à Rota da Seda. O povo de Jas (ossetas), porém, foi expulso das margens do Rio Don — a eterna linha divisória entre a Europa e a Ásia —, para as montanhas do Cáucaso, na fronteira da Rússia com a Geórgia. Essa é a origem das Ossétias do Norte (RU) e do Sul (GEO), repúblicas autônomas da antiga União Soviética criadas por Stálin. Georgiano descendente de ossetas, julgava ter encontrado a fórmula para resolver os conflitos étnicos e a questão das nacionalidades do antigo Império de Pedro, o Grande, e Catarina da Rússia.



Volatilização

Com o fim espetacular e inesperado da União Soviética, a Ossétia do Norte manteve seu status na Federação Russa, mas a Geórgia nunca aceitou a autonomia da Ossétia do Sul. Desde então, a região é um foco de tensões, que agora resultaram numa guerra que desestabiliza a geopolítica da Europa. Quem imaginaria, há 50 anos, a Geórgia em guerra com a Rússia? O Império Soviético parecia inabalável, sobre o tripé Rússia-Ucrânia-Geórgia, as repúblicas asiáticas e os países do Leste Europeu, inclusive a antiga Alemanha Oriental.

A Guerra Fria, apesar do conflito sino-soviético, durante 40 anos, rumou noutra direção. Primeiro foi a Revolução Cubana, depois o colapso do colonialismo na África, a derrota norte-americana no Vietnã, os aiatolás do Irã no poder e a democratização da América Latina. A partir da década de 1990, porém, o jogo virou completamente. Os soviéticos foram volatilizados, o antigo regime comunista virou um folclore que ainda atrai turistas. A Alemanha voltou a ser uma só, a Estônia, Lituânia e Letônia se tornaram independentes, Ieltsin dissolveu a União Soviética. A Iugoslávia implodiu em guerras civis nos Bálcãs, berço de duas guerras mundiais. As fronteiras da Conferência de Yalta, desenhadas pelos vitoriosos na II Guerra Mundial, foram descongeladas e os países do Leste Europeu ingressaram na Comunidade Européia. Cuba e Coréia do Norte pagam o preço do dogmatismo; a China do massacre da Paz Celestial resultou num “capitalismo de Estado” que ninguém sabe ainda aonde vai, mas que o mundo observa de bem perto nestas Olimpíadas de Pequim.



O que será?

Quem dá as cartas no “grande jogo” das potências ocidentais no Oriente são os Estados Unidos: um pé no Afeganistão, outro no Iraque, a mão peluda na Bósnia e outra, de gato, na Geórgia. O olho ianque da direita vigia a Rússia, que tenta se reerguer com potência energética da Europa; o da esquerda, a China, cuja influência cresce na Ásia e na África. Onde entra o Brasil nessa história? Fica de fora, na arquibancada da Rodada de Doha, onde a diplomacia brasileira apostou todas as fichas, em busca de um acordo multilateral mais favorável aos emergentes no mercado globalizado.

E daqui a 50 anos, o que será? Seremos uma grande potência energética, com petróleo em abundância na plataforma continental, grandes hidrelétricas e minerais estratégicos na Amazônia, num cenário de esgotamento de reservas mundiais. O futuro da América Latina, porém, ainda é uma incógnita, devido às contradições crescentes no subcontinente, como a ameaça separatista na Bolívia, a presença militar norte-americana na Colômbia, a belicosidade da Venezuela de Chávez, os ressentimentos do Paraguai, sem falar do narcotráfico.

Infelizmente, no Brasil, quem pensa nos interesses nacionais de longo prazo são, principalmente, os militares. A maioria dos políticos olha para os interesses de curtíssimo prazo, às vezes os do passado. Essa é a diferença, por exemplo, entre a polêmica criada pelo comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno Ribeiro, sobre os riscos à soberania na reserva Raposa-Serra do Sol, e o debate patrocinado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre a Lei de Anistia. A guerra na Ossétia do Sul é um conflito no fim do mundo, mas suas causas estão muito próximas de nós por causa do velho padrão energético que o mundo pós-moderno herdou da sociedade industrial.




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Re: GEOPOLÍTICA

#283 Mensagem por jauro » Qui Ago 14, 2008 10:34 am

É, estamos criando a RAPOSSÉTIA do SOL. E é bem isso que seu Tarso Genro quer, desviando a atenção do povo e instigando e provocando os militares, procurando desacreditá-los com coisas enterradas e epitafiadas.




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Re: GEOPOLÍTICA

#284 Mensagem por GustavoB » Seg Ago 25, 2008 5:56 pm

Lembremo-nos que o moreno está em campanha...


25/08/2008 - 17h09
Obama propõe rompimento com política latino-americana de Bush

DENVER, EUA, 25 Ago 2008 (AFP) - O candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, propõe romper com a política latino-americana de George W. Bush, que será mantida por seu rival republicano John McCain, substituindo-a por uma "diplomacia ativa", que inclua Venezuela e Cuba, explicou à AFP o principal assessor do senador para a região.
Sérgio Dávila: Michelle Obama tentará expor candidato "gente como a gente""O conceito é muito diferente do aplicado por esta administração, e que McCain promete manter", afirmou Daniel Restrepo, falando antes da convenção democrata, que começa nesta segunda-feira em Denver, Colorado, e deve oficializar a candidatura de Barack Obama para as eleições presidenciais do dia 4 de novembro.
A idéia principal do senador por Illinois é: "O que é bom para os povos das Américas, é bom para os Estados Unidos. Por isso, precisamos agir como um sócio, não como um salvador".
Obama defenderá o diálogo e o rompimento com "a tradição dos últimos anos de impor um modelo de cima para baixo e dizer que Washington tem todas as respostas para as questões da região", explicou Restrepo, filho de pai colombiano e mãe espanhola.
Ele afirma que, com Obama presidente, os Estados Unidos não vão mais tentar influenciar as eleições na região. "Se você respeita a democracia, deve fazer o mesmo com os resultados", argumentou o assessor.
"A democracia não se limita a eleições", destacou Restrepo, lembrando "a preocupação" expressa por Obama em relação à "maneira anti-democrática pela qual governa o presidente Hugo Chávez na Veneuzela, sua retórica e política anti-EUA e suas tentativas de influenciar os processos internos de outros países".
Após anos de relações tensas entre Bush e Chávez, Obama propõe uma mudança.
"Parte do problema foi um mau gerenciamento do governo Bush, que enfrentou a retórica de Chávez e celebrou a tentativa de golpe de Estado de 2002. Isso deu um impulso ao presidente venezuelano", afirmou.
"A falta de uma política concreta e de atenção deixou um vazio na região, e Chávez preencheu esse espaço com sua retórica anti-americana e com uma diplomacia respaldada por seus petrodólares", continuou Restrepo.
Para a Venezuela, o assessor de Obama apresenta duas soluções. Primeiro, "ocupar o vazio deixado por Bush, oferecendo outra visão e outra relação com todos os países da região".
A segunda, mais radical, seria "falar diretamente com Chávez no momento adequado e no local escolhido por Obama".
Barack Obama defende posição semelhante em relação a Cuba. O pré-candidato já democrata deu um primeiro passo, prometendo a suspensão das restrições impostas por Bush quatro anos atrás a viagens e remessas de cubanos residentes nos EUA para a ilha.
Obama criou uma forte polêmica quando disse estar disposto a se reunir com dirigentes cubanos. "O senador Obama está decidido a não exlcuir qualquer ferramenta que possa ajudar a aumentar a liberdade do povo cubano", afirmou o assessor.
Esse tipo de reunião, cujo lugar e momento também seriam apontados por Obama, "seria uma oportunidade para dizer aos governantes cubanos que se forem sérios e quiserem mudar as coisas em Cuba, o primeiro passo seria libertar os presos políticos sem condições", afirmou.
"Os EUA estariam então dispostos a iniciar um processo de normalização de nossas relações", declarou Restrepo, que acusou McCain de se limitar a fazer "declarações muito duras" sobre o regime castrista "sem propor nada que mudaria a situação atual na ilha".
A respeito da Colômbia, Obama pedirá ao presidente Álvaro Uribe que aumente seus esforços para pôr em marcha o Tratado de Livre Comércio (TLC), cuja ratificação está pendente de no Congresso americano, bloqueado pelos parlamentares democratas.
O candidato reconhece os avanços obtidos por Uribe nos últimos anos, e que a relação com a Colômbia "é muito ampla, sumamente importante para ambos os países, e possui dinâmicas que vão mais alem do TLC. O senador apóia firmemente os progressos alcançados pelo presidente Uribe em matéria de segurança", afirmou.
O pré-candidato, no entanto, também tem consciência de que ainda existe violência "não apenas contra os sindicalistas, mas também contra outros líderes da sociedade civil" cujos autores não são punidos.
"Ele quer trabalhar com o governo colombiano para aprofundar nossa relação, incluindo nossos laços econômicos, mas sob as atuais circunstâncias a aituação ainda preocupa bastante para avançar com o TLC", concluiu Restrepo.




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Re: GEOPOLÍTICA

#285 Mensagem por Oziris » Sex Ago 29, 2008 2:49 pm

Os déficit dos Estados Unidos e a

chegada do Euro

snc

matéria: por miguel otero

em português: arlete f.kaufmann

Muito se falou nos últimos tempos nos meios de comunicação sobre a estrepitosa caída do dólar, mas o que não se fez é explicar as razões desta baixa. A moeda americana está tão baixa porque assim interessa a Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) para paliar os déficit que tem seu país, mas a principal causa do declive do dólar se encontra na chegada do euro, no que o economista Robert Mundell qualificou como o maior ataque a hegemonía monetária dos Estados Unidos nos últimos trinta anos. Esta não é a primeira vez que o dólar sofre uma depreciação, já que caídas similares se deram aproximadamente uma vez cada década: 1971-1973, 1978-1979, 1985-1987 e 1994-1995.Mas naquelas ocasiões, o bilhete verde não tinha rival. Aos inversores não lhes restava outro remédio que esperar a tempos melhores, algo que mudou radicalmente com a chegada da união monetária européia.

Para entender como é possível que os Estados Unidos seja o país mais poderoso do mundo, ao mesmo tempo, o maior devedor, com uma dívida externa superior aos 7 bilhões de dólares e um déficit comercial e público rondando os 500.000 milhões, há que explicar o conceito de senhorío monetário (seigniorage) internacional do dólar. Os Estados Unidos são os distribuidores da moeda internacional por excelência, tanto como meio de troca, de reserva e de contrato, e esta faculdade lhes oferece um "privilégio exorbitante", como disse um dia Charles de Gaulle. Imprimir um bilhete de um dólar custa aos Estados Unidos 3 céntimos, mas com esta nota, com um valor nominal de 1 dólar, pode comprar produtos por um valor real de outro dólar. É dizer, quando os Estados Unidos importam (o qual fazem com assiduidade) conseguem uma apropriação no valor 33 vezes mais alta que o valor inicial. Como explica Guglielmo Carchedi, desde do ponto de vista estritamente econômico, aos Estados Unidos não interessa exportar. Muitas empresas exportadoras norte americanas iriam a bancarrota, mas a apropriação do valor para o país sería imensa.

De todas as formas, as vantagens do senhorio monetário internacional não se limita ao campo comercial. Onde os Estados Unidos sacam o maior benefício é no pagamento de sua dívida externa. Ao ser o dólar a moeda internacional, o mercado dos bons do tesouro mais líquido e mais extenso do mundo se encontra nestes momentos em Wall Street. Isto quer dizer, por um lado, que os Estados Unidos é o único país do mundo que pode pagar suas dívidas em sua própria moeda (daí que a Fed, como disse, lhe interessa que o dólar esteje baixo), e, por outro, que ademais podem decidir por sua própria conta o tipo de interesse que hoje por hoje, como todo o mundo sabe, está a baixo históricos, rondando os 2%.

Resumindo então, o senhorio internacional do dólar faz que os cidadões estadounidenses possam ser os maiores consumidores do mundo, como demonstra a balança comercial de seu país, e os mais endevidados, com uma dívida privada que atualmente representa os 110% dos ingressos da unidade familiar, o que é o mesmo, que cada americano deve em média uns 20.000 dólares. E o leitor se perguntará: como isto é possível?, como pode estar os Estados Unidos tão endividados? ou melhor: quem e porque oferece tanto dinheiro aos estadosunidenses? As respostas a estas perguntas se podem encontrar em dois claros exemplos:

Os maiores credores dos Estados Unidos no momento são os bancos centrais do leste asiático, principalmente Japão e China, como também Hong Kong, Coréia do Sul e os investidores europeus não ficam atrás. A estes países, que são os maiores exportadores do mundo, lhes interessa que o dólar esteja alto e que suas moedas estejam baixas para exportar mais. E por isto que os bancos centrais aisáticos contam com cerca de 1.6 bilhões de dólares em reservas, aguentando assim a nota verde, que de outra forma se desabaria já totalmente. Uma empresa como a Sony vende seus produtos em dólares, a moeda internacional, mas este dólares não vão parar no Japão, já que se não fizessem, o yen se apreciaría em excesso e a Sony perderia suas vendas competitivas como emprêsa exportadora. Logo, a maioria dos dólares das multinacionais asiáticas não fluem seus países de origem, senão caem no sistema bancário estadounidense para financiar a dívida externa deste país.

O segundo exemplo da centralidade do dólar , como moeda internacional que outorga numerosos privilégios aos Estados Unidos, é a venda de petróleo. O petróleo se vende no mundo inteiro em moeda americana, o que por sua vez é uma grande vantagem, porque assim as autoridades estadounidenses não tem que estar pendentes do tipo de câmbio nem tem que acumular grande quantidade de reservas em moeda estrangeira, como é o caso dos outros bancos centrais. Mas, não somente isto. O ciclo mesmo da venda de petróleo é de claro beneficio para os Estados Unidos: os países exportadortes industrializados como o Japão, Alemanha ou França exportam seus produtos aos Estados Unidos, o maior consumidor, que paga em dólares de 3 cêntimos. Estes dólares são usados depois pelos países exportadores para comprar petróleo aos países árabes da OPEP, que por sua vez voltam a utilizar estes dólares na Wall Street para financiar a dívida externa dos Estados Unidos, no que se conhece como a reciclagem dos petrodólares.¨

Os dois exemplos aqui explicados demonstram a hegemonia financeira dos Estados Unidos. O sistema econômico e financeiro mundial está inclinado de tal forma que os Estados Unidos podem consumir e gastar sobre suas possibilidades a custa do trabalho e da economia do resto do mundo. Wall Street funciona assim como um imenso imã que gera tanta inversão que os Estados Unidos se podem permitir ao luxo de desenvolver uma política exterior agressiva, de pretendido domínio militar mundial, como se pode ler no projeto New American Century, pese a ter um déficit corrente crônico anual de 5% de seu PIB, justamente este marco vai mudar com a consolidação da moeda européia. O euro, tal e como predizem muitos economistas, entre êles o mais destacado, Fred C. Bergste, se convertirá em um sério rival do dólar para o rol da moeda internacional e disto deu-se conta prontamente Sadam Husein quando no ano 2000 começou a vender seu petróleo aos europeus em euros.

Não resta dúvida de que a união monetária é o maior ataque a hegemonia financeira dos Estados Unidos nos últimos trinta anos. A União Européia já não é somente um gigante econômico com praticamente o mesmo PIB que os Estados Unidos e projetos como Galileo e o Airbus 380, senão que agora também é um claro competidor financeiro. Quando saiu o euro se vendia uns 80 centavos de dólar e atualmente se avalia acima do 1.30. A progressão da moeda européia foi formidável para os analistas. Seu uso não somente se limita aos 300 milhões de habitantes que formam a eurozona: com a estrepitosa caída do dólar, o euro já está ganhando terreno ao bilhete verde como primeira moeda extrangeira nos países do leste da Europa, na Russia e parte da Ásia, e sua entrada no Oriente Médio não se fez esperar. Iraque já vendia seu petróleo em euros (quiçá por isto foi atacado), Irã está fazendo agora ( por isto é o chefe do mal) e a mesma OPEP já assinalou que não seria descabível vender no futuro o petróleo na moeda da UE, seu maior sócio comercial.

A Fed evidentemente sabe que, com a chegada do euro, senhorio internacional do dólar está em perigo. Os estadounidentes por fim se deu conta de que podem seguir vivendo a custas dos demais e que, como todos os países deste mundo, tem que ajustar o déficit público e o déficit comercial. Históricamente, o país hegemônico, em sua fase de decadência, sempre recorreu constantemente os frutos do sistema econômico que há imposto, mas chega o momento em que os rivais (a UE, a India e China) recuperam o terreno perdido e ao primeiro não resta outro remédio que reformar suas estruturas. A Fed crê que com o dólar baixo aumentaram as exportações estadounidenses e se equilibrará a balança comercial. E a Administração Bush indicou que com seu plano de economia se limará o déficit público em cinco anos. Grandes palavras estas quando a economia americana começa a estancar-se ( e isto que os impostos corporativos estão a mínimos históricos), a inflação espreita, os tipos de interesse tendem a subir, a geração baby-boom dos anos 60 chega a sua idade de jubilação, o conflito do Iraque não está resolvido e a Condoleezza Rice afirma que vão atacar ao Irã.


[]'s




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Si vis pacem, para bellum.


"Não sei com que armas a III Guerra Mundial será lutada. Mas a IV Guerra Mundial será lutada com paus e pedras."
Albert Einstein
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