Georgia X Rússia
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Re: Georgia X Rússia
Analistas: autonomia da Ossétia do Sul é irreversível
O conflito entre a Geórgia e a região separatista da Ossétia do Sul foi muito mais do que uma demonstração da força militar e política que a Rússia procura manter na região do Cáucaso. Segundo especialistas ouvidos pelo Terra, a invasão georgiana em território ossétio e a contra-ofensiva russa são indícios da irreversível autonomia da Ossétia do Sul e trazem à tona uma guerra de informações liderada por fontes ocidentais, representada pela mídia dos Estados Unidos, digna dos tempos de Guerra Fria.
Para o professor e coordenador do curso de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Afonso Francisco de Carvalho, as informações que chegaram do conflito mostravam sempre o drama georgiano diante das ações militares da Rússia. Ele chama a atenção para a invasão da Geórgia na Ossétia do Sul, cujas conseqüências foram pouco repercutidas pela imprensa mundial. "Quando suas tropas rumaram a Tskhinvali, capital da Ossétia do Sul, a Geórgia rompeu com um tratado de paz que ela mesma tinha assinado em 1994", afirmou.
Francisco de Carvalho, que diz acompanhar o conflito assistindo a canais de TV americanos e europeus, mas também russos, diz que, ao chegar à Ossétia, a Geórgia trocou a programação de TVs da Rússia por americanas e cortou o acesso à Internet. "Foi uma tragédia, o exército da Geórgia matou 2 mil pessoas, há vídeos de pessoas sendo abatidas como animais", contou. Para o especialista, isso justificaria o contra-ataque russo, que expulsou as tropas georgianas da Ossétia do Sul e ainda ocupou algumas cidades em território georgiano.
Limpeza étnica
"A Rússia não poderia de forma alguma ficar quieta diante de uma situação dessas. Ela respondeu para defender seus cidadãos. A Geórgia tinha a idéia de em três dias chegar até a fronteira com a Rússia, mas a resposta de Moscou foi rápida e violenta", acrescentou. Francisco de Carvalho, no entanto, refuta a acusação do presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, de que os russos estariam fazendo uma limpeza étnica. "Aconteceu justamente o contrário. A Geórgia quer expulsar os ossétios do sul para o norte".
O especialista diz que a operação de invasão georgiana na Ossétia do Sul se chamou "campo limpo". Segundo ele, é um claro indício da volta da política "Geórgia para os georgianos", aplicada pelas primeiras administrações do país após o colapso da União Soviética. O pesquisador Karl Schurster, do Laboratório de Estudos do Tempo Presente, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também não vê fundamento na acusação de Saakashvili, mas pondera em relação à atitude georgiana.
"É uma questão complicada. Quando a guerra começa, você precisa fazê-la ter sentido para a sua população, é preciso encontrar motivos para conseguir a ajuda do povo. Acredito que a posição de Saakashvili foi uma tentativa do governo georgiano de obter o aval da sociedade", explica. Para Schurster, a Rússia não está preocupada com limpeza étnica, e sim com o fortalecimento da sua federação. "É muito fácil para a Geórgia evocar o passado - já que a Rússia já fez limpezas étnicas - e trazê-lo à tona no presente".
Autonomia da Ossétia
Na última sexta-feira, o presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, disse que, depois dos enfrentamentos dos últimos dias, as regiões separatistas da Ossétia do Sul e da Abkházia provavelmente não vão querer continuar a fazer parte do Estado georgiano. Na opinião de ambos os pesquisadores, o atual conflito no Cáucaso vai acelerar e tornar irreversível o processo de autonomia da Ossétia do Sul. "Será muito difícil que a Ossétia continue com a Geórgia, pois o país já nem se considera pertencente à Geórgia", analisa Schurster.
Francisco de Carvalho concorda, mas acredita que nenhum país da ONU vá reconhecer a Ossétia do Sul como uma nação. "Na prática, a fronteira vai ficar aberta para a Rússia", acredita o pesquisador. Schurster observa que o referendo realizado na Ossétia do Sul em 2006, no qual 99% da população concordaram com a separação da Geórgia, pode ajudar a região separatista a conseguir sua autonomia junto à comunidade internacional. O que fica claro agora, segundo ambos, é a medição de forças entre a Rússia e os Estados Unidos.
Como na Guerra Fria
Ao invadir a Ossétia do Sul, a Geórgia esperava o aval e o possível apoio dos Estados Unidos. O máximo que conseguiu foram dois aviões de ajuda humanitária e um aliado no embate diplomático travado pelas potências para que a paz retorne ao Cáucaso. O contra-ataque russo mostrou que o país comandando pelo presidente Dmitry Medvedev e pelo primeiro-ministro Vladimir Putin quer retomar a influência que tinha antes do colapso da URSS. Do outro lado estão os Estados Unidos, que têm como aliados algumas ex-repúblicas soviéticas, como a própria Geórgia.
"O atual conflito está diretamente ligado com a independência do Kosovo, quando a Rússia perdeu a soberania que tinha sobre este Estado", compara Schurster. Para ele, a contra-ofensiva é uma forma de mostrar que ela ainda mantém a soberania na região, e que, recuperada da crise econômica da década de 1990, vai buscar recuperar a influência que tinha durante o império soviético. "Os Estados Unidos, por sua vez, saíram em defesa da Geórgia não tanto pela região, mas sim para não perder um parceiro na Guerra do Iraque".
Moscou, segundo Schurster, não deve cessar-fogo até ter suas condições aceitas. No entanto, diz que a Rússia também precisa levar em conta as questões diplomáticas com o Ocidente, principalmente com a União Européia, único bloco que pode isolá-la economicamente. "Mas Medvedev e Putin não vão aceitar 'capacetes azuis' da Otan rondando suas fronteiras", diz Francisco de Carvalho, que credita a dimensão do contra-ataque russo a uma estratégia própria de proteção do seu território.
A questão territorial e a desarticulação de Estado-Nação são os pontos cruciais do embate atual entre Geórgia e Rússia, na opinião de Schurster. Em recente artigo sobre o conflito publicado no site do Laboratório de Estudos do Tempo Presente (http://www.tempopresente.org), o pesquisador assinala que "desde o fim do século XX assistimos à tentativa de desarticular o Estado-Nação como um gerente ou guia da sociedade". Para o mestre em História Social, a Ossétia do Sul é o exemplo atual dessa nova agenda global.
Redação Terra
O conflito entre a Geórgia e a região separatista da Ossétia do Sul foi muito mais do que uma demonstração da força militar e política que a Rússia procura manter na região do Cáucaso. Segundo especialistas ouvidos pelo Terra, a invasão georgiana em território ossétio e a contra-ofensiva russa são indícios da irreversível autonomia da Ossétia do Sul e trazem à tona uma guerra de informações liderada por fontes ocidentais, representada pela mídia dos Estados Unidos, digna dos tempos de Guerra Fria.
Para o professor e coordenador do curso de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Afonso Francisco de Carvalho, as informações que chegaram do conflito mostravam sempre o drama georgiano diante das ações militares da Rússia. Ele chama a atenção para a invasão da Geórgia na Ossétia do Sul, cujas conseqüências foram pouco repercutidas pela imprensa mundial. "Quando suas tropas rumaram a Tskhinvali, capital da Ossétia do Sul, a Geórgia rompeu com um tratado de paz que ela mesma tinha assinado em 1994", afirmou.
Francisco de Carvalho, que diz acompanhar o conflito assistindo a canais de TV americanos e europeus, mas também russos, diz que, ao chegar à Ossétia, a Geórgia trocou a programação de TVs da Rússia por americanas e cortou o acesso à Internet. "Foi uma tragédia, o exército da Geórgia matou 2 mil pessoas, há vídeos de pessoas sendo abatidas como animais", contou. Para o especialista, isso justificaria o contra-ataque russo, que expulsou as tropas georgianas da Ossétia do Sul e ainda ocupou algumas cidades em território georgiano.
Limpeza étnica
"A Rússia não poderia de forma alguma ficar quieta diante de uma situação dessas. Ela respondeu para defender seus cidadãos. A Geórgia tinha a idéia de em três dias chegar até a fronteira com a Rússia, mas a resposta de Moscou foi rápida e violenta", acrescentou. Francisco de Carvalho, no entanto, refuta a acusação do presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, de que os russos estariam fazendo uma limpeza étnica. "Aconteceu justamente o contrário. A Geórgia quer expulsar os ossétios do sul para o norte".
O especialista diz que a operação de invasão georgiana na Ossétia do Sul se chamou "campo limpo". Segundo ele, é um claro indício da volta da política "Geórgia para os georgianos", aplicada pelas primeiras administrações do país após o colapso da União Soviética. O pesquisador Karl Schurster, do Laboratório de Estudos do Tempo Presente, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também não vê fundamento na acusação de Saakashvili, mas pondera em relação à atitude georgiana.
"É uma questão complicada. Quando a guerra começa, você precisa fazê-la ter sentido para a sua população, é preciso encontrar motivos para conseguir a ajuda do povo. Acredito que a posição de Saakashvili foi uma tentativa do governo georgiano de obter o aval da sociedade", explica. Para Schurster, a Rússia não está preocupada com limpeza étnica, e sim com o fortalecimento da sua federação. "É muito fácil para a Geórgia evocar o passado - já que a Rússia já fez limpezas étnicas - e trazê-lo à tona no presente".
Autonomia da Ossétia
Na última sexta-feira, o presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, disse que, depois dos enfrentamentos dos últimos dias, as regiões separatistas da Ossétia do Sul e da Abkházia provavelmente não vão querer continuar a fazer parte do Estado georgiano. Na opinião de ambos os pesquisadores, o atual conflito no Cáucaso vai acelerar e tornar irreversível o processo de autonomia da Ossétia do Sul. "Será muito difícil que a Ossétia continue com a Geórgia, pois o país já nem se considera pertencente à Geórgia", analisa Schurster.
Francisco de Carvalho concorda, mas acredita que nenhum país da ONU vá reconhecer a Ossétia do Sul como uma nação. "Na prática, a fronteira vai ficar aberta para a Rússia", acredita o pesquisador. Schurster observa que o referendo realizado na Ossétia do Sul em 2006, no qual 99% da população concordaram com a separação da Geórgia, pode ajudar a região separatista a conseguir sua autonomia junto à comunidade internacional. O que fica claro agora, segundo ambos, é a medição de forças entre a Rússia e os Estados Unidos.
Como na Guerra Fria
Ao invadir a Ossétia do Sul, a Geórgia esperava o aval e o possível apoio dos Estados Unidos. O máximo que conseguiu foram dois aviões de ajuda humanitária e um aliado no embate diplomático travado pelas potências para que a paz retorne ao Cáucaso. O contra-ataque russo mostrou que o país comandando pelo presidente Dmitry Medvedev e pelo primeiro-ministro Vladimir Putin quer retomar a influência que tinha antes do colapso da URSS. Do outro lado estão os Estados Unidos, que têm como aliados algumas ex-repúblicas soviéticas, como a própria Geórgia.
"O atual conflito está diretamente ligado com a independência do Kosovo, quando a Rússia perdeu a soberania que tinha sobre este Estado", compara Schurster. Para ele, a contra-ofensiva é uma forma de mostrar que ela ainda mantém a soberania na região, e que, recuperada da crise econômica da década de 1990, vai buscar recuperar a influência que tinha durante o império soviético. "Os Estados Unidos, por sua vez, saíram em defesa da Geórgia não tanto pela região, mas sim para não perder um parceiro na Guerra do Iraque".
Moscou, segundo Schurster, não deve cessar-fogo até ter suas condições aceitas. No entanto, diz que a Rússia também precisa levar em conta as questões diplomáticas com o Ocidente, principalmente com a União Européia, único bloco que pode isolá-la economicamente. "Mas Medvedev e Putin não vão aceitar 'capacetes azuis' da Otan rondando suas fronteiras", diz Francisco de Carvalho, que credita a dimensão do contra-ataque russo a uma estratégia própria de proteção do seu território.
A questão territorial e a desarticulação de Estado-Nação são os pontos cruciais do embate atual entre Geórgia e Rússia, na opinião de Schurster. Em recente artigo sobre o conflito publicado no site do Laboratório de Estudos do Tempo Presente (http://www.tempopresente.org), o pesquisador assinala que "desde o fim do século XX assistimos à tentativa de desarticular o Estado-Nação como um gerente ou guia da sociedade". Para o mestre em História Social, a Ossétia do Sul é o exemplo atual dessa nova agenda global.
Redação Terra
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Re: Georgia X Rússia
17/08/2008
Após 8 anos, George W. Bush ainda ignora a realidade
Maureen Dowd
em Washington
Os Estados Unidos estão de volta à Guerra Fria e W. (George W. Bush) está de novo de férias. Isso é que é simetria terrível.
Após oito anos, a intuição do presidente continua ingênua. Ele partirá como chegou -ignorando a realidade; fracassando em prever, prevenir e até mesmo se preparar para desastres; interpretando mal os relatórios de inteligência e as pessoas; lidando com as crises de formas que as tornam exponencialmente piores.
Ele passou 469 dias de sua presidência descansando em seu rancho e 450 dias brincando em Camp David. E ainda há tempo para praticar "mountain bike" em meio a outro desastre histórico.
Enquanto as tropas russas continuavam dominando partes da Geórgia na sexta-feira, o presidente Bush pregava aos líderes russos de que "ameaça e intimidação não são formas aceitáveis de conduzir política externa no século 21" - e então voou para Crawford.
Quem dera W. tivesse tratado o restante de sua presidência tão seriamente quanto seus passeios esportivos.
Suas palavras teriam mais peso se ele, Cheney e Rummy não tivessem iniciado o século 21 com uma exibição pesada de ameaça e intimidação global baseada na invasão do Iraque.
Quando o entrevistei no início de sua candidatura presidencial em 1999, ele fez um palpite óbvio: "Eu acredito que as grandes questões serão a China e a Rússia".
Mas após o 11 de Setembro, ele deixou Cheney, Rummy e os neoconservadores o seduzirem na obsessão destrutiva pelo Iraque. Enquanto os Estados Unidos permanecem atolados e sangrando até a morte, a China e a Rússia estão engordando. A China comprou tanto dos Estados Unidos que ficaríamos tão mortos quanto os patos laqueados de Pequim (um tradicional prato chinês) se eles retirassem seus investimentos de nosso mercado. A Rússia deixou de ser uma nação pobre para se tornar uma terra repleta de milionários -tudo graças ao nosso vício em petróleo.
O que foi mais irritante em assistir o alegre passeio de W. nos Jogos Olímpicos foi que ressaltou a ascensão da China a superpotência e, graças às políticas econômica e externa negligentes do governo, a queda dos Estados Unidos. É como se a China tivesse se tornado nós e nós tivéssemos nos tornado a Europa. Como a Rússia, a China também tem demonstrado modos autoritários e ignorado as pregações americanas, incluindo as críticas contidas de W. quando voou para Pequim para apreciar o espetáculo da ascensão da China.
Apesar de sua previsão de 1999 de que a Rússia e a China seriam chave para a segurança mundial, W. nunca se deu ao trabalho de estudá-las. Em 2006, no encontro de cúpula do G8 em São Petersburgo, Rússia, um microfone captou alguns comentários vazios de W. para o presidente chinês, Hu Jintao.
"Este é o seu bairro", disse W. "Não demora muito para você chegar em casa. Quanto tempo leva para você chegar em casa? Oito horas? Eu também. A Rússia é um país grande o seu país é grande."
O presidente Bush e sua "especialista" em Rússia, Condi, lidaram de forma equivocada com a Rússia desde o início. W. viu uma alma "confiável" em um agente da KGB de olhos de navalha que nunca foi um bom sujeito nem mesmo por uma hora. Agora, o pessoal de Bush, que não pode fazer nada a respeito, está gritando sobre como a agressão russa "não pode ficar sem resposta", como colocou Cheney.
(O outro especialista em Rússia de W., Bob Gates, foi, como sempre, a única voz de realismo, notando: "Eu não vejo nenhuma perspectiva de uso de força militar pelos Estados Unidos nesta situação".)
O governo Bush pode ter uma ligação sentimental com a Geórgia por ela ter enviado 2 mil soldados ao Iraque como parte da "Coalizão dos Dispostos", e porque papai Bush e James Baker tinham laços estreitos com o primeiro presidente da Geórgia, Eduard Shevardnadze.
Mas com a força militar e moral de seu país tão esgotada, os Bushies mal têm como dizer à Rússia para parar de fazer o que eles mesmos fizeram no Iraque: invadir unilateralmente um país contra a vontade do mundo para assustar alguns dos líderes da região dos quais não gostam.
W. e Condi estão repentinamente percebendo quão malicioso Vladimir (Putin) é. Em uma coletiva de imprensa com Condi na sexta-feira, Mikheil Saakashvili, o presidente da Geórgia, reclamou do Ocidente por permitir que a Rússia retomasse suas táticas repressivas.
"Infelizmente, hoje nós estamos olhando o mal diretamente nos olhos", ele disse. "E hoje este mal é muito forte, muito maligno e muito perigoso para todos, não apenas para nós."
Como Michael Specter, o jornalista da "New Yorker" que já escreveu extensamente sobre a Rússia, observou: "Houve um breve período de cinco anos em que pudemos nos safar tratando a Rússia como a Jamaica - isto acabou. Agora temos que lidar com ela como adultos que possuem mais armas nucleares do que qualquer um, exceto nós".
Tradução: George El Khouri Andolfato
Visite o site do The New York Times
Após 8 anos, George W. Bush ainda ignora a realidade
Maureen Dowd
em Washington
Os Estados Unidos estão de volta à Guerra Fria e W. (George W. Bush) está de novo de férias. Isso é que é simetria terrível.
Após oito anos, a intuição do presidente continua ingênua. Ele partirá como chegou -ignorando a realidade; fracassando em prever, prevenir e até mesmo se preparar para desastres; interpretando mal os relatórios de inteligência e as pessoas; lidando com as crises de formas que as tornam exponencialmente piores.
Ele passou 469 dias de sua presidência descansando em seu rancho e 450 dias brincando em Camp David. E ainda há tempo para praticar "mountain bike" em meio a outro desastre histórico.
Enquanto as tropas russas continuavam dominando partes da Geórgia na sexta-feira, o presidente Bush pregava aos líderes russos de que "ameaça e intimidação não são formas aceitáveis de conduzir política externa no século 21" - e então voou para Crawford.
Quem dera W. tivesse tratado o restante de sua presidência tão seriamente quanto seus passeios esportivos.
Suas palavras teriam mais peso se ele, Cheney e Rummy não tivessem iniciado o século 21 com uma exibição pesada de ameaça e intimidação global baseada na invasão do Iraque.
Quando o entrevistei no início de sua candidatura presidencial em 1999, ele fez um palpite óbvio: "Eu acredito que as grandes questões serão a China e a Rússia".
Mas após o 11 de Setembro, ele deixou Cheney, Rummy e os neoconservadores o seduzirem na obsessão destrutiva pelo Iraque. Enquanto os Estados Unidos permanecem atolados e sangrando até a morte, a China e a Rússia estão engordando. A China comprou tanto dos Estados Unidos que ficaríamos tão mortos quanto os patos laqueados de Pequim (um tradicional prato chinês) se eles retirassem seus investimentos de nosso mercado. A Rússia deixou de ser uma nação pobre para se tornar uma terra repleta de milionários -tudo graças ao nosso vício em petróleo.
O que foi mais irritante em assistir o alegre passeio de W. nos Jogos Olímpicos foi que ressaltou a ascensão da China a superpotência e, graças às políticas econômica e externa negligentes do governo, a queda dos Estados Unidos. É como se a China tivesse se tornado nós e nós tivéssemos nos tornado a Europa. Como a Rússia, a China também tem demonstrado modos autoritários e ignorado as pregações americanas, incluindo as críticas contidas de W. quando voou para Pequim para apreciar o espetáculo da ascensão da China.
Apesar de sua previsão de 1999 de que a Rússia e a China seriam chave para a segurança mundial, W. nunca se deu ao trabalho de estudá-las. Em 2006, no encontro de cúpula do G8 em São Petersburgo, Rússia, um microfone captou alguns comentários vazios de W. para o presidente chinês, Hu Jintao.
"Este é o seu bairro", disse W. "Não demora muito para você chegar em casa. Quanto tempo leva para você chegar em casa? Oito horas? Eu também. A Rússia é um país grande o seu país é grande."
O presidente Bush e sua "especialista" em Rússia, Condi, lidaram de forma equivocada com a Rússia desde o início. W. viu uma alma "confiável" em um agente da KGB de olhos de navalha que nunca foi um bom sujeito nem mesmo por uma hora. Agora, o pessoal de Bush, que não pode fazer nada a respeito, está gritando sobre como a agressão russa "não pode ficar sem resposta", como colocou Cheney.
(O outro especialista em Rússia de W., Bob Gates, foi, como sempre, a única voz de realismo, notando: "Eu não vejo nenhuma perspectiva de uso de força militar pelos Estados Unidos nesta situação".)
O governo Bush pode ter uma ligação sentimental com a Geórgia por ela ter enviado 2 mil soldados ao Iraque como parte da "Coalizão dos Dispostos", e porque papai Bush e James Baker tinham laços estreitos com o primeiro presidente da Geórgia, Eduard Shevardnadze.
Mas com a força militar e moral de seu país tão esgotada, os Bushies mal têm como dizer à Rússia para parar de fazer o que eles mesmos fizeram no Iraque: invadir unilateralmente um país contra a vontade do mundo para assustar alguns dos líderes da região dos quais não gostam.
W. e Condi estão repentinamente percebendo quão malicioso Vladimir (Putin) é. Em uma coletiva de imprensa com Condi na sexta-feira, Mikheil Saakashvili, o presidente da Geórgia, reclamou do Ocidente por permitir que a Rússia retomasse suas táticas repressivas.
"Infelizmente, hoje nós estamos olhando o mal diretamente nos olhos", ele disse. "E hoje este mal é muito forte, muito maligno e muito perigoso para todos, não apenas para nós."
Como Michael Specter, o jornalista da "New Yorker" que já escreveu extensamente sobre a Rússia, observou: "Houve um breve período de cinco anos em que pudemos nos safar tratando a Rússia como a Jamaica - isto acabou. Agora temos que lidar com ela como adultos que possuem mais armas nucleares do que qualquer um, exceto nós".
Tradução: George El Khouri Andolfato
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Re: Georgia X Rússia
pt escreveu:Carlos Mathias escreveu: No Brasil existe uma corrente que não gosta dos Estados Unidos. Não por ser uma corrente comunista, mas porque acima de tudo anseia pelo reconhecimento do Brasil como potência regional e irrita-se por os Estados Unidos continuarem a recusar ao Brasil esse reconhecimento.
Isso leva a que estejam do lado oposto aos americanos, não por qualquer filia com os russos, mas apenas por anti-americanismo. Esse sector tem vários representantes neste fórum. Não gostam dos americanos, mas acima de tudo não gostam do unilateralismo que caracteriza a administração Bush.
Eu não estou em desacordo com este ponto de vista, mas tendo a ver a actual situação como passageira e por isso não critico da mesma forma os americanos.
O antiamericanismo é quase uma religião aqui no Brasil, principalmente nos meios universitários e em alguns setores das FAs. Existe um artigo interessante do Olavo de Carvalho (filósofo Brasileiro), comentando essa patologia. Quando achar postarei aqui.
abraços.
"Um grande coração não sente horror diante da morte, venha quando vier, contanto que ela seja honrosa".
(Ludovico Ariosto)
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Re: Georgia X Rússia
Aonde ouviu falar isso? Que provas tem para afirmar isso?pt escreveu:Na Rússia, não há lugar a nada disso. E não há porque valem as regras do Império Soviético. Valem as regras do periodo comunista, haja ou não haja Partido Comunista e KGB, porque a Máfia Russa e o Partido Comunista sempre foram a mesma coisa.
Depois temos os comunistas da linha-dura. Os apoiantes de Hugo Chavez, Fidel Castro, Pol-pot, Che-Guevara e todos os restantes criminosos do mesmo tipo.
Tambem posso afirmar que tem os que apoiam o Bush e seus crimes, acho que da na mesma.
Senhores, sejamos razoáveis.
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Re: Georgia X Rússia
No Brasil existe uma corrente que não gosta dos Estados Unidos. Não por ser uma corrente comunista, mas porque acima de tudo anseia pelo reconhecimento do Brasil como potência regional e irrita-se por os Estados Unidos continuarem a recusar ao Brasil esse reconhecimento.
Isso leva a que estejam do lado oposto aos americanos, não por qualquer filia com os russos, mas apenas por anti-americanismo. Esse sector tem vários representantes neste fórum. Não gostam dos americanos, mas acima de tudo não gostam do unilateralismo que caracteriza a administração Bush.
Eu não estou em desacordo com este ponto de vista, mas tendo a ver a actual situação como passageira e por isso não critico da mesma forma os americanos.
Eu acho interessante usarem o termo "antiamericanismo" para expressar o sentimento dos barsileiros para o com os EUA.
Quantas pessoa vemos queimando bandeira dos EUA aqui no Brasil? Talvez a parecela de quem faz isso, seja menor que dentro dos EUA.
O que os brasileiros sentem pelos EUA é desprezo. E esse desprezo vem da politica americana para a america latina. Porque os EUA parece a rede Globo com relação a suas concorrentes, eles simplesmente fazem de conta que eles não existem.
E esse teoria que o "antiamericanismo" vem da ignorancia do povo e da esperteza dos politicos para justificarem suas falcatruas é só prova do desprezo americano para o nosso pais. Porque politico pode ser o que for, mas burro não são. E não são burros porque adoram dinheiro.
Ora, o Brasil sempre quis ter uma relação vantajosa com os EUA, prova disso foi na 2ª GM, bastou oferecerem umas migalhas a mais e lá fomos nós.
E o que veio depois (da 2ª GM)? O que ganhamos é que depois viraram as costas para nosso pais, e fizeram a Argentina pensar ser a "escolhida" da AL. Isso a ponto da Argentina fazer oq eu fez em 82.
O fato é que os EUA conseguiu a proeza de ser "desprezado" por todas as correntes politcas do pais.
É por isso que eu digo que um mundo com os EUA como superpotencia unica é desvantajoso para o Brasil.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
Re: Georgia X Rússia
17/08/2008 - 16h02
Rice viaja à Europa tentando unir Otan e UE contra a Rússia
Paco G.Paz Washington, 17 ago (EFE).- A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, viaja amanhã a Bruxelas para formar um bloco comum com a União Européia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra à Rússia, país que os Estados Unidos exigem que cumpra o cessar-fogo e abandone imediatamente a Geórgia.
Em várias entrevistas para canais de televisão, Rice e o secretário de Defesa Robert Gates se mostraram céticos quanto à possibilidade de a Rússia iniciar amanhã a retirada de suas tropas, como anunciou Moscou, embora ambos tivessem advertido que a recusa russa pode gerar graves conseqüências.
Entre as medidas que os EUA querem discutir com seus aliados, está a de excluir a Rússia dos organismos internacionais que este país deseja fazer parte, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), além de excluí-la do Grupo dos Oito (G8, que reúne os sete países mais desenvovlidos e a Rússia).
"Qualquer noção de que a Rússia é um Estado responsável e preparado para se integrar às instituições internacionais de âmbito político, diplomático, econômico e de segurança, mudou. Agora temos uma Rússia diferente", declarou Rice à rede de televisão "Fox".
No mesmo sentido, Gates apontou que caso a Rússia não cumpra com o cessar-fogo, sua opinião "é de que os russos devem se submeter às conseqüências por suas ações contra um Estado soberano".
Rice explicou que se a Rússia não cumprir com o prometido, "não haverá dúvida de que terá conseqüências adicionais" além das que já ocorreram por seu isolamento internacional.
"A imagem de uma Rússia moderna e avançada, como a descrita há um mês pelo presidente Dmitri Medvedev, foi desfeita agora. Isso já supõe uma conseqüência direta para esse país", defendeu a secretária de Estado.
"Além disso, os russos não fizeram nada além de estragar suas relações com outros vizinhos como a Ucrânia e a Polônia. Acho que Moscou cometeu um grave erro", explicou Rice.
A secretária de Estado já iniciou conversas com seus aliados para avaliar a possibilidade de excluir a Rússia dos organismos internacionais.
Rice anunciou que na terça-feira participará da reunião extraordinária de ministros de Assuntos Exteriores da Otan para analisar com seus aliados "que mensagem" devem levar, "e em que formato".
No entanto, a secretária de Estado descartou que serão tomadas medidas "precipitadas".
"Vamos aproveitar nosso tempo para avaliar que conseqüências terão as ações da Rússia em nossas relações com este país", esclareceu.
No entanto, o Governo americano espera que a Rússia dê um passo positivo ao cumprir sua palavra de retirar toda a presença militar da Geórgia a partir de amanhã.
"Espero que desta vez honrem sua palavra", declarou Rice, em uma entrevista à rede "NBC".
Rice lembrou que a Rússia já se comprometeu em suspender as atividades militares assim que a Geórgia assinasse o acordo de cessar-fogo, e não o cumpriu.
"Desta vez espero que digam de verdade. O presidente russo deve demonstrar que pode cumprir sua palavra, ou de outra maneira o povo se perguntará se pode confiar na Rússia", afirmou Rice.
Em entrevista à rede "CNN", Gates também duvidou que a Rússia realize uma retirada rápida de tropas.
"No meu ponto de vista, os russos provavelmente ficarão na defensiva e tomarão mais tempo do que gostaríamos. Acho que devemos continuar mantendo a pressão e nos assegurar que cumprem com o acordo assinado no tempo previsto", disse o chefe do Pentágono.
Gates alertou, além disso, que a Rússia está dando mostras que quer voltar ao seu passado "autoritário", e isso obrigará os EUA a reavaliar o tipo de relação que existe entre as duas potências.
"Existe uma preocupação real de que a Rússia esteja alterando seu rumo, olhando mais para o passado do que para o futuro, e espero que nas próximas semanas vejamos ações que nos permitam descartar este temor", comentou Gates.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2 ... 24495.jhtm
Rice viaja à Europa tentando unir Otan e UE contra a Rússia
Paco G.Paz Washington, 17 ago (EFE).- A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, viaja amanhã a Bruxelas para formar um bloco comum com a União Européia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra à Rússia, país que os Estados Unidos exigem que cumpra o cessar-fogo e abandone imediatamente a Geórgia.
Em várias entrevistas para canais de televisão, Rice e o secretário de Defesa Robert Gates se mostraram céticos quanto à possibilidade de a Rússia iniciar amanhã a retirada de suas tropas, como anunciou Moscou, embora ambos tivessem advertido que a recusa russa pode gerar graves conseqüências.
Entre as medidas que os EUA querem discutir com seus aliados, está a de excluir a Rússia dos organismos internacionais que este país deseja fazer parte, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), além de excluí-la do Grupo dos Oito (G8, que reúne os sete países mais desenvovlidos e a Rússia).
"Qualquer noção de que a Rússia é um Estado responsável e preparado para se integrar às instituições internacionais de âmbito político, diplomático, econômico e de segurança, mudou. Agora temos uma Rússia diferente", declarou Rice à rede de televisão "Fox".
No mesmo sentido, Gates apontou que caso a Rússia não cumpra com o cessar-fogo, sua opinião "é de que os russos devem se submeter às conseqüências por suas ações contra um Estado soberano".
Rice explicou que se a Rússia não cumprir com o prometido, "não haverá dúvida de que terá conseqüências adicionais" além das que já ocorreram por seu isolamento internacional.
"A imagem de uma Rússia moderna e avançada, como a descrita há um mês pelo presidente Dmitri Medvedev, foi desfeita agora. Isso já supõe uma conseqüência direta para esse país", defendeu a secretária de Estado.
"Além disso, os russos não fizeram nada além de estragar suas relações com outros vizinhos como a Ucrânia e a Polônia. Acho que Moscou cometeu um grave erro", explicou Rice.
A secretária de Estado já iniciou conversas com seus aliados para avaliar a possibilidade de excluir a Rússia dos organismos internacionais.
Rice anunciou que na terça-feira participará da reunião extraordinária de ministros de Assuntos Exteriores da Otan para analisar com seus aliados "que mensagem" devem levar, "e em que formato".
No entanto, a secretária de Estado descartou que serão tomadas medidas "precipitadas".
"Vamos aproveitar nosso tempo para avaliar que conseqüências terão as ações da Rússia em nossas relações com este país", esclareceu.
No entanto, o Governo americano espera que a Rússia dê um passo positivo ao cumprir sua palavra de retirar toda a presença militar da Geórgia a partir de amanhã.
"Espero que desta vez honrem sua palavra", declarou Rice, em uma entrevista à rede "NBC".
Rice lembrou que a Rússia já se comprometeu em suspender as atividades militares assim que a Geórgia assinasse o acordo de cessar-fogo, e não o cumpriu.
"Desta vez espero que digam de verdade. O presidente russo deve demonstrar que pode cumprir sua palavra, ou de outra maneira o povo se perguntará se pode confiar na Rússia", afirmou Rice.
Em entrevista à rede "CNN", Gates também duvidou que a Rússia realize uma retirada rápida de tropas.
"No meu ponto de vista, os russos provavelmente ficarão na defensiva e tomarão mais tempo do que gostaríamos. Acho que devemos continuar mantendo a pressão e nos assegurar que cumprem com o acordo assinado no tempo previsto", disse o chefe do Pentágono.
Gates alertou, além disso, que a Rússia está dando mostras que quer voltar ao seu passado "autoritário", e isso obrigará os EUA a reavaliar o tipo de relação que existe entre as duas potências.
"Existe uma preocupação real de que a Rússia esteja alterando seu rumo, olhando mais para o passado do que para o futuro, e espero que nas próximas semanas vejamos ações que nos permitam descartar este temor", comentou Gates.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2 ... 24495.jhtm
Re: Georgia X Rússia
Não fui eu que escrevi isso não. Quem postou como tendo sido eu, por favor corrija.pt escreveu:
Carlos Mathias escreveu:
No Brasil existe uma corrente que não gosta dos Estados Unidos. Não por ser uma corrente comunista, mas porque acima de tudo anseia pelo reconhecimento do Brasil como potência regional e irrita-se por os Estados Unidos continuarem a recusar ao Brasil esse reconhecimento.
Isso leva a que estejam do lado oposto aos americanos, não por qualquer filia com os russos, mas apenas por anti-americanismo. Esse sector tem vários representantes neste fórum. Não gostam dos americanos, mas acima de tudo não gostam do unilateralismo que caracteriza a administração Bush.
Eu não estou em desacordo com este ponto de vista, mas tendo a ver a actual situação como passageira e por isso não critico da mesma forma os americanos.
Re: Georgia X Rússia
A "nova ordem mundial" que se desenha depois da ofensiva russa na Geórgia
17/08/2008 19h41
MOSCOU (AFP) - Quando a Geórgia atacou a Ossétia do Sul em 7 de agosto para alguns estava claro que algo extraordinário estava tendo início. Mas então poucos acharam que estes incidentes, que em uma semana tomaram proporções inesperadas, poderiam vir a mudar a ordem internacional nos dias que se seguiram.
Os princípios fundamentais para estabelecer relações com a Rússia e outros países, depois do desaparecimento da União Soviética, foram colocados de repente em xeque.
"O recente conflito terá repercussões dramáticas para a Rússia e a comunidade internacional no geral nos próximos tempos", afirmou Yevgeny Volk, analista político da Heritage Foundation, dos Estados Unidos.
"É o momento crucial geopolítico mais importante desde o colapso da União Soviética em 1991. É uma nova etapa nas relações internacionais, o fim de uma ilusão sobre o desenvolvimento pacífico das relações Leste-Oeste", acrescentou.
Inúmeros outros analistas políticos concordam e assinalam que a crise na Geórgia já marcou profundamente o cenário global.
"O status quo anterior se foi para sempre", indicou James Nixey, especialista-chefe em Rússia Eurásia do instituto londrino de relações internacionais Chatham House.
"Aconteça o que acontecer no Cáucaso, as relações entre a Rússia e o Ocidente (e os vizinhos da Rússia pró-ocidentais) serão certamente, a partir de agora, reavaliados por todos", acrescentou.
Reagindo com a força ao ataque georgiano na região separatista e lançando depois uma ofensiva na Geórgia, a Rússia tinha vários objetivos, alguns dos quais foram alcançados, segundo os especialistas, como consolidar sua presença no Cáucaso e reforçar seu peso econômico.
"A reação da Rússia foi uma política pré-determinada que buscava uma ampliação apropridada", advertiu Martha Brill Olcott, do centro de reflexão Carnegie Endowment for International Peace.
"A situação na Ossétia do Sul acabou sendo a tempestade perfeita para Moscou", acrescentou.
O presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, apoiado pelos Estados Unidos, já havia mencionado em várias ocasiões sua intenção de retomar o controle da Ossétia do Sul e da Abkházia, outra região separatista pró-russa.
Mas o mais surpreendente deste conflito foi a rapidez com que as hostilidades se transformaram num enfrentamento global entre, por um lado a Rússia e, por outro, os Estados Unidos e maioria dos países europeus.
Segundo os analistas, só agora os políticos estão se dando conta das conseqüências a longo prazo deste confronto.
"A Rússia diz há muitos anos que está disposta a utilizar a força fora de suas fronteiras em defesa dos cidadãos russos e seus interesses", explico Fyodor Lukyanov, jornalista de política internacional da revista Russia in Global Affairs.
"Mas o fato de fazê-lo realmente muda a situação estratégica. Neste momento crítico, parece que os Estados Unidos não pode, na realidade, fazer nada para ajudar a Geórgia", afirmou.
E isso, ainda segundo o analista, pode reorganizar o sistema internacional. Países como Geórgia, Ucrânia ou outras ex-repúblicas soviéticas vão questionar suas relações com a Rússia, Estados Unidos e o mundo.
"Aqueles que decidiram apoiar exclusivamente os Estados Unidos vão ter que refletir e diversificar suas relações para alcançar garantias sólidas de segurança", concluiu Lukyanov.
http://www.afp.com/portugues/news/stori ... tgc4w.html
17/08/2008 19h41
MOSCOU (AFP) - Quando a Geórgia atacou a Ossétia do Sul em 7 de agosto para alguns estava claro que algo extraordinário estava tendo início. Mas então poucos acharam que estes incidentes, que em uma semana tomaram proporções inesperadas, poderiam vir a mudar a ordem internacional nos dias que se seguiram.
Os princípios fundamentais para estabelecer relações com a Rússia e outros países, depois do desaparecimento da União Soviética, foram colocados de repente em xeque.
"O recente conflito terá repercussões dramáticas para a Rússia e a comunidade internacional no geral nos próximos tempos", afirmou Yevgeny Volk, analista político da Heritage Foundation, dos Estados Unidos.
"É o momento crucial geopolítico mais importante desde o colapso da União Soviética em 1991. É uma nova etapa nas relações internacionais, o fim de uma ilusão sobre o desenvolvimento pacífico das relações Leste-Oeste", acrescentou.
Inúmeros outros analistas políticos concordam e assinalam que a crise na Geórgia já marcou profundamente o cenário global.
"O status quo anterior se foi para sempre", indicou James Nixey, especialista-chefe em Rússia Eurásia do instituto londrino de relações internacionais Chatham House.
"Aconteça o que acontecer no Cáucaso, as relações entre a Rússia e o Ocidente (e os vizinhos da Rússia pró-ocidentais) serão certamente, a partir de agora, reavaliados por todos", acrescentou.
Reagindo com a força ao ataque georgiano na região separatista e lançando depois uma ofensiva na Geórgia, a Rússia tinha vários objetivos, alguns dos quais foram alcançados, segundo os especialistas, como consolidar sua presença no Cáucaso e reforçar seu peso econômico.
"A reação da Rússia foi uma política pré-determinada que buscava uma ampliação apropridada", advertiu Martha Brill Olcott, do centro de reflexão Carnegie Endowment for International Peace.
"A situação na Ossétia do Sul acabou sendo a tempestade perfeita para Moscou", acrescentou.
O presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, apoiado pelos Estados Unidos, já havia mencionado em várias ocasiões sua intenção de retomar o controle da Ossétia do Sul e da Abkházia, outra região separatista pró-russa.
Mas o mais surpreendente deste conflito foi a rapidez com que as hostilidades se transformaram num enfrentamento global entre, por um lado a Rússia e, por outro, os Estados Unidos e maioria dos países europeus.
Segundo os analistas, só agora os políticos estão se dando conta das conseqüências a longo prazo deste confronto.
"A Rússia diz há muitos anos que está disposta a utilizar a força fora de suas fronteiras em defesa dos cidadãos russos e seus interesses", explico Fyodor Lukyanov, jornalista de política internacional da revista Russia in Global Affairs.
"Mas o fato de fazê-lo realmente muda a situação estratégica. Neste momento crítico, parece que os Estados Unidos não pode, na realidade, fazer nada para ajudar a Geórgia", afirmou.
E isso, ainda segundo o analista, pode reorganizar o sistema internacional. Países como Geórgia, Ucrânia ou outras ex-repúblicas soviéticas vão questionar suas relações com a Rússia, Estados Unidos e o mundo.
"Aqueles que decidiram apoiar exclusivamente os Estados Unidos vão ter que refletir e diversificar suas relações para alcançar garantias sólidas de segurança", concluiu Lukyanov.
http://www.afp.com/portugues/news/stori ... tgc4w.html
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Re: Georgia X Rússia
Começou a modernização do Ex Russo: Novos fuzis
Russian army officers examine firearms allegedly captured from the Georgian military, in Tskhinvali, South Ossetia, Sunday, Aug. 17, 2008. The conflict erupted after Georgia launched a massive barrage Aug. 7 to try to take control of South Ossetia. The Russian army quickly overwhelmed its neighbor's forces and drove deep into Georgia, raising fears that of a long-term Russian occupation.
An Abkhazian soldier displays an assault rifle, one of the firearms looted by Russian-backed separatists from Georgian barracks in Georgia's last stronghold in Abkhazia and displayed at an undisclosed location in the breakaway province, Sunday, Aug. 17, 2008. The separatists were bolstering their control over the area after Russian-backed Abkhazian fighters forced Georgians out of their last stronghold in the province earlier this week. The renewed military action in Abkhazia came alongside fighting in another breakaway province in Georgia, South Ossetia, that has pit Russian and U.S.-backed Georgian forces against each other since Aug. 7 and prompted world diplomatic efforts to end the violence
Russian army officers examine firearms allegedly captured from the Georgian military, in Tskhinvali, South Ossetia, Sunday, Aug. 17, 2008. The conflict erupted after Georgia launched a massive barrage Aug. 7 to try to take control of South Ossetia. The Russian army quickly overwhelmed its neighbor's forces and drove deep into Georgia, raising fears that of a long-term Russian occupation.
An Abkhazian soldier displays an assault rifle, one of the firearms looted by Russian-backed separatists from Georgian barracks in Georgia's last stronghold in Abkhazia and displayed at an undisclosed location in the breakaway province, Sunday, Aug. 17, 2008. The separatists were bolstering their control over the area after Russian-backed Abkhazian fighters forced Georgians out of their last stronghold in the province earlier this week. The renewed military action in Abkhazia came alongside fighting in another breakaway province in Georgia, South Ossetia, that has pit Russian and U.S.-backed Georgian forces against each other since Aug. 7 and prompted world diplomatic efforts to end the violence
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: Georgia X Rússia
O Russo ta pensando: Que porcaria é essa...Bolovo escreveu:Começou a modernização do Ex Russo: Novos fuzis
Russian army officers examine firearms allegedly captured from the Georgian military, in Tskhinvali, South Ossetia, Sunday, Aug. 17, 2008. The conflict erupted after Georgia launched a massive barrage Aug. 7 to try to take control of South Ossetia. The Russian army quickly overwhelmed its neighbor's forces and drove deep into Georgia, raising fears that of a long-term Russian occupation.
An Abkhazian soldier displays an assault rifle, one of the firearms looted by Russian-backed separatists from Georgian barracks in Georgia's last stronghold in Abkhazia and displayed at an undisclosed location in the breakaway province, Sunday, Aug. 17, 2008. The separatists were bolstering their control over the area after Russian-backed Abkhazian fighters forced Georgians out of their last stronghold in the province earlier this week. The renewed military action in Abkhazia came alongside fighting in another breakaway province in Georgia, South Ossetia, that has pit Russian and U.S.-backed Georgian forces against each other since Aug. 7 and prompted world diplomatic efforts to end the violence
De certo modo concordo tenho algo semelhante na mente sobre (Colt M-4A1) perante ao novo lote de FZ russos das FE e AC
Por sinal a Familia G-36 tambem esta mais presente na FE e AC, por sinal não largo Minha G-36KV.
Sd Volcom
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Re: Georgia X Rússia
Sei não mas como todas as armas capturadas em todos as Guerras isso pode ir para o mercado negro. É esperar pra ver. Nesta hora todo mundo quer ganhar dinheiro fácil, talves venha parar em uma favela do Rio ou em algum lugar da África.Bolovo escreveu:Começou a modernização do Ex Russo: Novos fuzis
Russian army officers examine firearms allegedly captured from the Georgian military, in Tskhinvali, South Ossetia, Sunday, Aug. 17, 2008. The conflict erupted after Georgia launched a massive barrage Aug. 7 to try to take control of South Ossetia. The Russian army quickly overwhelmed its neighbor's forces and drove deep into Georgia, raising fears that of a long-term Russian occupation.
An Abkhazian soldier displays an assault rifle, one of the firearms looted by Russian-backed separatists from Georgian barracks in Georgia's last stronghold in Abkhazia and displayed at an undisclosed location in the breakaway province, Sunday, Aug. 17, 2008. The separatists were bolstering their control over the area after Russian-backed Abkhazian fighters forced Georgians out of their last stronghold in the province earlier this week. The renewed military action in Abkhazia came alongside fighting in another breakaway province in Georgia, South Ossetia, that has pit Russian and U.S.-backed Georgian forces against each other since Aug. 7 and prompted world diplomatic efforts to end the violence
Essas armas saíram das embalagens por esses dias.
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Re: Georgia X Rússia
Opa! Vou tentar pegar a minha M-4 a tempo então hahahaha lliquidação, queima de estoque, tenha a sua por 100 doletas!!
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: Georgia X Rússia
18/08/2008 - 04h32
Geórgia pede a Rússia negociações para evitar distanciamento definitivo
TBILISI, 18 Ago 2008 (AFP) - O presidente georgiano Mikhail Saakashvili pediu nesta segunda-feira negociações com a Rússia para evitar que as relações entre os dois países acabem em um "distanciamento definitivo".
"Pedimos a retirada da ocupação (russa) sem demoras. Comecemos a pensar, a negociar como podemos evitar o distanciamento definitivo de nossos dois países", acrescentou.
Desde o início do conflito militar com a Rússia por causa da região georgiana separatista da Ossétia do Sul, Saakashvili já fez muitos ataques verbais ao vizinho.
O presidente russo, Dmitri Medvedev, prometeu no domingo retirar a partir desta segunda-feira as tropas da Geórgia.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2 ... 10191.jhtm
Geórgia pede a Rússia negociações para evitar distanciamento definitivo
TBILISI, 18 Ago 2008 (AFP) - O presidente georgiano Mikhail Saakashvili pediu nesta segunda-feira negociações com a Rússia para evitar que as relações entre os dois países acabem em um "distanciamento definitivo".
"Pedimos a retirada da ocupação (russa) sem demoras. Comecemos a pensar, a negociar como podemos evitar o distanciamento definitivo de nossos dois países", acrescentou.
Desde o início do conflito militar com a Rússia por causa da região georgiana separatista da Ossétia do Sul, Saakashvili já fez muitos ataques verbais ao vizinho.
O presidente russo, Dmitri Medvedev, prometeu no domingo retirar a partir desta segunda-feira as tropas da Geórgia.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2 ... 10191.jhtm
Re: Georgia X Rússia
Rússia revisará relações com Otan
18/08/2008 05h19
MOSCOU (AFP) - Moscou revisará suas relações com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), após as "intoleráveis" declarações de membros da Aliança Atlântica sobre o papel da Rússia no conflito entre a Geórgia e sua república separatista da Ossétia do Sul, anunciou nesta segunda-feira o representante permanente da Rússia na Otan, Dimitri Rogozine.
As relações entre Rússia e Otan "serão revistas de todas as maneiras, uma vez que as declarações do secretário-geral da Aliança, Jaap de Hoop Scheffer, sobre o uso excessivo da força pela Rússia (...) são absolutamente intoleráveis", declarou Rogozine, em entrevista publicada pelo jornal oficial russo Rossiiskaya Gazeta.
"Não são afirmações sérias, e menos ainda vindo do dirigente de uma organização como a Otan - organização que utilizou uma força desproporcional contra a população civil, principalmente durante o conflito na Iugoslávia em 1999", continuou.
Na terça-feira passada, os países da Otan condenaram o uso "desproporcional" da força por parte do exército russo contra as tropas georgianas durante o conflito na Ossétia do Sul.
http://www.afp.com/portugues/news/stori ... wt07e.html
18/08/2008 05h19
MOSCOU (AFP) - Moscou revisará suas relações com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), após as "intoleráveis" declarações de membros da Aliança Atlântica sobre o papel da Rússia no conflito entre a Geórgia e sua república separatista da Ossétia do Sul, anunciou nesta segunda-feira o representante permanente da Rússia na Otan, Dimitri Rogozine.
As relações entre Rússia e Otan "serão revistas de todas as maneiras, uma vez que as declarações do secretário-geral da Aliança, Jaap de Hoop Scheffer, sobre o uso excessivo da força pela Rússia (...) são absolutamente intoleráveis", declarou Rogozine, em entrevista publicada pelo jornal oficial russo Rossiiskaya Gazeta.
"Não são afirmações sérias, e menos ainda vindo do dirigente de uma organização como a Otan - organização que utilizou uma força desproporcional contra a população civil, principalmente durante o conflito na Iugoslávia em 1999", continuou.
Na terça-feira passada, os países da Otan condenaram o uso "desproporcional" da força por parte do exército russo contra as tropas georgianas durante o conflito na Ossétia do Sul.
http://www.afp.com/portugues/news/stori ... wt07e.html