Georgia X Rússia

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Re: Georgia X Rússia

#466 Mensagem por Clermont » Seg Ago 11, 2008 5:37 pm

FAZENDO ACENDER A GUERRA DA GEÓRGIA.

Por Mark Ames – 8 de agosto de 2008 - http://www.thenation.com/doc/20080818/ames.

A eclosão da guerra na Geórgia, na sexta-feira, oferece um perturbador e, de algum modo, surreal sabor do que esperar caso John McCain se torne o comandante-chefe da nossa nação. Enquanto séculos de animosidades étnicas entre Geórgia e Ossétia fervem em outro conflito armado, arrastando a vizinha Rússia, McCain emitiu uma declaração, tremendamente irracional, de Des Moines, que é, perturbadoramente, reminescência da linguagem utilizada para levar a OTAN à guerra contra a Iugoslávia, em 1999, uma guerra pela qual McCain, zelozamente, pressionou:

"Nós devemos, de imediato, pedir um encontro do Conselho do Atlântico Norte, para avaliar a segurança da Geórgia e rever as medidas que a OTAN pode tomar para contribuir rumo à estabilização dessa situação muito perigosa,” disse McCain.

Pedindo a OTAN que “estabilize esta situação perigosa” não vai cair bem com a Rússia, onde imagens de pacificadores russos mortos e de civis ossétios, apavorados, fluindo pelas suas fronteiras, colocou o país num clima muito vingativo. É difícil imaginar quais medidas a OTAN poderia tomar sob uma presidência McCain, mas, na cabeça de um homen que acha que as tropas americanas devem permanecer, cem anos, no Iraque, e que anda por aí, cantando “Bomba! Bomba no Irã!” não é difícil adivinhar – e ainda menos difícil não ficar horrorizado pelo que pode acontecer, a partir de janeiro de 2009, se ele ganhar.

O apelo de McCain para envolver a OTAN na guerra não apenas é assustador, também é uma ilusão: ambas as forças, da OTAN e dos Estados Unidos estão, já, distendidas além do ponto de ruptura, mesmo pela própria avaliação recente do Presidente dos Chefes Combinados de Estado-Maior, Michael Millen.

Mas o cérebro de McCain permanece sem sere detido pela realidade, um fato que se tornou dolorosamente claro, hoje, em Des Moines, quando ele, também, exigiu, “Os EUA devem, imediatamente, convocar uma sessão de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para pedir à Rússia que reverta o curso.”

O problema com a ousada exigência de McCain sobre ir à ONU é que a Rússia já tentou fazer, exatamente, o que McCain pediu – e foi rejeitada pelos companheiros neocons de McCain na Administração Bush. No início desta manhã, a Rússia convocou uma sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU, apelando para ambos os lados cessarem, imediatamente, as hostilidades, voltarem à mesa de negociações e renunciar ao uso da força – mas esta última parte sobre a renúncia ao uso da força é, exatamente, o que o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, se recusa a fazer.

A Administração Bush mostrou que não tem paciência com sonoras resoluções “renunciando ao uso da força”. De acordo com um relato da Reuters, do início deste dia:

À pedido da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU manteve uma sessão de emergência em New York, mas fracassou em alcançar consenso, no começo da sexta-feira, sobre uma declaração rascunhada pela Rússia.

O Conselho concluiu que estava em impasse, após os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e alguns outros membros apoiarem os georgianos na rejeição à frase, na declaração, rascunhada em três sentenças, que exigia que, ambos os lados, “renunciem ao uso da força”, disseram diplomatas do conselho.


O signficado disto é claro: os Estados Unidos e a Grã-Bretanha estão apoiando a invasão de Saakhvili. Por quê deveríamos apoiar a insensata guerra de Saakashvili, quando, ano passado, até mesmo Bush, estava denunciando esse rascunho de Pinochet pelo seu violento ataque contra seu próprio povo, durante uma pacífica manifestação da oposição, na capital da Geórgia, como, também, fechando a mídia oposicionista e exilando oponentes políticos? Isto seria um enigma insolúvel, se os últimos sete anos já não tivessem respondido esta questão, tantas vezes, de forma dolorosa.

Mas, com McCain, responder a isto é um pouco mais complicado. Quando ele emitiu a declaração de hoje, em Des Moines, pedindo para a Rússia fazer o que ela já tinha feito, poucas horas antes, você pode se perguntar: ou a memória de curto-prazo de McCain está, totalmente morta, encerrada numa impenetrável placa de zircônio-alumínio... ou, pior, McCain, muito simplesmente, não dá porra nenhuma pela realidade, ele só quer acender a guerra na Geórgia, com tanta vontade quanto Saakashvili quer.

A dolorosa verdade é, muito provavelmente, uma combinação das duas, o que é o pior de todos os mundos, considerando a furiosa russofobia de McCain, e os laços financeiros e ideológicos da sua equipe de campanha com Saakashvili. Como já foi relatado, o principal conselheiros de política externa de McCain, o neocon Randy Scheunemann, tem, há muito tempo, relações financeiras com Saakashvili, para ser lobista dos interesses deste último, nos Estados Unidos.

De acordo com o Wall Street Journal:

Em 2005, o senhor Scheunemann pediu ao senador McCain para apresentar uma resolução no Senado, expressando apoio para a paz, na região de influência russa da Ossétia do Sul, que deseja se separar da Geórgia, mostram os registros.

Tais resoluções de apoio do Senado são simbólicas, mas úteis para as relações diplomáticas dos países. O Senado aprovou a resolução do senador McCain, em dezembro de 2005, e a Embaixada georgiana publicou o texto no seu website.

O senador McCain endossou o objetivo da Geórgia de entrar na OTAN, uma questão para a qual o país contratou o senhor Scheunemann para fazer lobby. Em 2006, o senador McCain pronunciou um discurso na Conferência de Munique sobre segurança, na Alemanha, na qual disse que “Geórgia tem implementado reformas militares, econômicas e políticas, de longo alcance” e deveria entrar na OTAN, segundo mostra um texto de seu discurso, no website da conferência.


Scheunemann, um barbudo, com cara de Geek, que parece com um bonequinho de G.I. Joe que tivesse sido cevado por anos enchendo a pança em restaurantes luxuosos, com políticos traficantes de influência e pequenos ditadores. Também trabalhou para o recentemente caído em desgraça, levantador de fundos de Bush, Stephen Payne, fazendo lobby para seu negócio petrolífero, Aliança do Cáspio. O oleoduto do Cáspio, corre através da Geórgia, a principal razão pela qual o país tem puxado os cordões dos neocons e plutocratas do petróleo há, pelo menos, uma década ou mais.

Em 2006, McCain visitou a Geórgia e denunciou os separatistas sul-ossétios, provando que Scheunemann não tinha desperdiçado o dinheiro de seus patrocinadores georgianos. Num discurso que ele fez, numa base do exército georgiano, em Senaki, McCain declarou que a Geórgia era “a melhor amiga” da América, e que os pacificadores russos deveriam ser postos para fora.

Hoje, as forças georgianas, vindas desta mesma base em Senaki, são parte da força de invasão da Ossétia do Sul, uma invasão que deixou montes – talvez, centenas – de habitantes mortos, pelo menos dez pacificadores russos, e 140 milhões de russos, emputecidos, clamando por sangue.

Perdido em tudo isto, não só está a questão do por quê a América deveria arriscar um apocalipse para ajudar um pequeno ditador, como Saakashvili, a conseguir o controle de uma região que não quer nada com ele. Mas ninguém está parando para perguntar o quê os próprios ossétios pensam a respeito disso, ou por quê eles estão lutando por sua independência, em primeiro lugar. Isso porque os georgianos – com a ajuda de lobistas como Scheunemann – tem avançado a linha de que a Ossétia do Sul é uma ficção, construída pelos malvados neo-stalinistas do Kremlin, antes do que um povo com uma legítima reinvindicação.

Uns poucos anos atrás, eu tive um ossétio trabalhando como diretor de vendas para o meu, agora, defunto jornal, The eXile. Após escutar-me, arengar sobre o quanto eu sempre gostei (e ainda gosto) dos georgianos, ele, por fim, perdeu a paciência, e contou-me o outro lado da história georgiana, explicando como os georgianos tinham, sempre, maltratado os ossétios, e como os sul-ossétios queriam se reunir à Ossétia do Norte, de modo a evitar serem engolidos, e como este conflito, recua nos tempos, muito antes dos dias da União Soviética. Ficou claro que o ódio georgiano-ossétio era velho e profundo, como muitos conflitos étnicos nesta região. Na verdade, inúmeros grupos étnicos caucasianos ainda guardam profundo ressentimentos para com a Geórgia, acusando-os de imperialismo, chauvinismo e arrogância.

Um exemplo disto pode ser encontrado no livro do historiador Bruce Lincoln, Red Victory, no qual ele escreve sobre o período da breve independência da Geórgia, de 1917-1921, um tempo quando a Geórgia foi apoiada pela Grã-Bretanha:

os líderes georgianos, rapidamente, se moveram para alargar suas fronteiras às custas de seus vizinhos armênios e azerbaijanis, e sua ânsia territorial espantou observadores estrangeiros. “O estado democrático socialista independente da Geórgia, sempre irá permanecer na minha memória como o exemplo clássico de uma pequena nação imperialista,” escreveu um jornalista britânico... “Tanto na tomada de territórios no exterior, quanto na tirania burocrática interna, seu chauvinismo está além de quaisquer limites.”


Na quinta-feira, seguindo-se a intenso canhoneio e disparo de foguetes katyusha contra Tskhinvali, um fluxo de refugiados se estendia a partir da Ossétia do Sul, contando aos repórteres que os georgianos tinham nivelado, aldeias inteiras, e a maioria de Tskhinvali, deixando “pilhas de cadáveres” nas ruas, mais de mil por alguns relatos. Entre os mortos, estão, pelo menos, dez pacificadores russos, que tombaram após sua base ter sido atacada por forças georgianas. Relatos também dizem que as forças georgianas destruíram um hotel onde jornalistas russos estavam.

Em resposta, jatos russos bombardearam posições georgianas, tanto dentro da Ossétia do Sul, quanto da Geórgia propriamente dita, atacando uma base onde instrutores militares americanos estavam aquartelados (não há relatos de americanos feridos). Pelo meio-dia, hora de Moscou, uma televisão local mostrou casas incendiadas e mulheres e crianças ossétias se amontoado em abrigos anti-bombas, colunas blindadas russas, atravessando para o interior do território georgiano, e o presidente da Geórgia pedindo por total mobilização de homens em idade militar, para a guerra contra a Rússia.

A invasão foi apoiada por uma ofensiva de relações-públicas tão esquematizada e sofisticada que, eu mesmo, recebi um chamado histérico de um gerente de companhia de investimentos especulativos, em New York, berrando sobre um “chamado aos investidores” que o primeiro-ministro georgiano Lado Gurgenidze fez, esta manhã, com cerca de cinqüenta dos principais gerentes de investimentos bancários e analistas ocidentais. Depois, eu vi um resumo do J.P. Morgan da conferência, que, lindamente, reflete o pontos discutidos, mais tarde pegos pela mídia.

Estes tipos de conferência são, geralmente, conduzidos pelos cabeças das companhias de modo a oferecer condução aos analistas bancários. Mas, como o gerente de investimentos contou-me, hoje, “a razão pela qual Lado fez isto é porque ele sabia do enorme valor de relações-públicas que a Geórgia iria ganhar indo até o pessoal do dinheiro e analistas, particularmente tendo em vista ser a Geórgia, claramente, a agressora desta vez.” Como ex-banqueiro de investimentos, que trabalhou em Londres, e que foi chefe do Banco da Geórgia, Gurgenidze sabia o que estava fazendo. “Lado é um ex-banqueiro, portanto, ele sabia que, retratando o conflito para os mais influentes banqueiros e analistas em New York, estes banqueiros donos do poder iriam escrever relatórios e irem até a CNBC e enunciar os pontos da conversa de Lado Gurgenidze. Isso foi brilhante, e agora você pode começar a ver a mídia americana mudar sua cobertura dizendo que a Geórgia está invadindo território ossétio, para uma nova postura, que é a agressão imperial russa contra a diminuta Geórgia.”

A coisa realmente assustadora sobre esta conferência de investidores é que isto sugere um real planejamento. Como o administrador de investimentos contou-me, “estas coisas não se arranjam da noite para o dia.”

Onde esta guerra vai levar, é impossível de dizer, mas como o Iraque e o Afeganistão, para não mencionar a Chechênia, tem demonstrado, guerras tem um modo gozado de durarem mais, custando mais em dinheiro e vidas, e arrancando quaisquer liberdades individuais que as populações afetadas possam ter. Tão boa quanto esta guerra possa ser para Saakashvili, que se tornou cada vez mais impopular em casa e no exterior, ou para McCain, cujos números nas pesquisas parecem subir, toda vez que a placa de gordura devora mais outro lóbulo de seu cérebro, ela também se encaixa bem para o ressurgido primeiro-ministro Putin que parece ter ficado, cada vez mais, ressentido com a titubeante independência e um ar liberalizante, do seu sucessor, escolhido a dedo, presidente Dmitry Medvedev. Não há nada como uma boa guerra para tirar do caminho um liberal presunçoso que se atravessa no seu caminho – até mesmo McCain pode apreender este conceito.

Enquanto escrevo isto, forças russas estão combatendo para retomar Tskhinvali, enquanto Saakashvili tem estado, alternadamente, afirmando ter retirado suas forças, ou que elas estão no controle total da cidade, e derrotando os russos. Enquanto isso, a Geórgia tem assumido uma ofensiva de relações-públicas, maciça, bem-sucedida e esquematizada em vários níveis, auxiliado por anos cultivando pessoas como John McCain, tanto como um exército de neocons e antigos lutadores da guerra fria, que, naturalmente, gravitam em torno de uma luta contra a Rússia.


______________________________________

Mark Ames é o editor do jornal alternativo de Moscou, The eXile. Ele é o autor de Going Postal: Rage, Murder and Rebellion Fron Reagan’s Workplaces to Clinton’s Columbine and Beyond (Soft Skull) and The eXile: Sex, Drugs and Libel in the New Russia (Grove).




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Re: Georgia X Rússia

#467 Mensagem por vmonteiro » Seg Ago 11, 2008 5:38 pm

Pra mim parece claro que os EUA vão utilizar essa oportunidade para cutucar a Russia, como fazia em tempos de guerra fria.

Pra ela é simples, o territorio não tem americanos, o sangue derramado é de ums poucos "sei-la quem", ela tem um forte aliado na Turquia que ao contrário de que muitos pensam não esta ocupada com os PKK, isso é brincadeira pra força Turca.

Os Georgianos ja perceberam que a Russia ainda não entrou com equipamento de ponta, ate que isso ocorra podem utilizar-se de alguma vantagem tecnologica fornecida pelos EUA (Turquia ou Isarel).




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Re: Georgia X Rússia

#468 Mensagem por P44 » Seg Ago 11, 2008 5:39 pm

no mp-net acabaram de escrever que afinal o Sakhashvili já admitiu que não há tropas russas em Gori :roll:

o Jack Daniels deve-lhe estar a fazer mal á cabeça :mrgreen:

Imagem
"Where is the bottle? did anyone found the bottle???" :lol:




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Re: Georgia X Rússia

#469 Mensagem por P44 » Seg Ago 11, 2008 5:40 pm

vmonteiro escreveu:Pra mim parece claro que os EUA vão utilizar essa oportunidade para cutucar a Russia, como fazia em tempos de guerra fria.

Pra ela é simples, o territorio não tem americanos, o sangue derramado é de ums poucos "sei-la quem", ela tem um forte aliado na Turquia que ao contrário de que muitos pensam não esta ocupada com os PKK, isso é brincadeira pra força Turca.

Os Georgianos ja perceberam que a Russia ainda não entrou com equipamento de ponta, ate que isso ocorra podem utilizar-se de alguma vantagem tecnologica fornecida pelos EUA (Turquia ou Isarel).

por acaso até tem, cerca de 1000 "conselheiros militares" dos EUA :roll:




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Re: Georgia X Rússia

#470 Mensagem por Wolfgang » Seg Ago 11, 2008 5:41 pm

A GUERRA E A IMPOSTURA
Os jornais ocidentais, os nossos inclusive, se derramam em análises sobre os motivos estratégicos da ação russa. E, é óbvio, são informações relevantes. Mas nada daquela condenação norteada pelo princípio dito moral que se viu à época da invasão do Iraque pelos Estados Unidos. E olhem que o embaixador russo na Otan já deixou claro: segundo ele, Saakashvili, presidente eleito da Geórgia, é “um criminoso de guerra” com quem “não é possível trabalhar”. Vale dizer: os russos decidiram derrubar Saakashvili. E ponto. O Ocidente detesta o imperialismo que o protege, mas é indiferente, leniente e até simpático com, vamos dizer, o imperialismo alheio.

E olhem a quantos rituais se submeteram os Estados Unidos antes de tomar a decisão — exercício que os russos diriam procrastinador e que só serviu para aumentar a resistência mundial à ação no Iraque. Com eles lá, a coisa é diferente. Não tem esse papo de tentar obter aval da ONU para coisa nenhuma. O negócio é ocupar. OS RUSSOS NÃO CARREGARÃO A PECHA DE QUE INVADIRAM A GEÓRGIA CONTRA O VOTO DO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU. AH, SIM: É MENTIRA QUE TENHA HAVIDO UM VOTO CONTRA A AÇÃO AMERICANA NO IRAQUE. É SÓ MAIS UMA MENTIRA INFLUENTE. O mundo pede cessar-fogo, e eles não estão nem aí. À diferença de Saddam Hussein dos primeiros dias da invasão — que anunciava a iminente derrota do inimigo —, Saakashvili pediu trégua. Negada evidentemente.

Vladimir Putin, saído da polícia secreta do regime comunista, usa o conflito para demonstrar, agora pela via militar, a restauração da Rússia — herdeira do império soviético — como a condestável de grandes cercanias, cuja fronteira é a Europa. E ninguém vai contestá-lo. Editorial de um jornal brasileiro chega a dizer, hoje, que Bush não tem moral para censurar Putin... Entenderam? O presidente americano apanha quando os Estados Unidos invadem o Iraque e quando a Rússia invade a Geórgia.

Recebi a respeito alguns comentários da boçalidade militante me indagando: “Ué, se você defendeu a invasão do Iraque, por que é contra agora a invasão da Geórgia?” Epa! Eles é que têm de responder, não eu: se foram contrários à ação no Iraque, por que não vêem qualquer problema na truculência russa?” E sabem por que a pergunta cabe a eles, não a mim?

Porque eu, de fato, achava que Saddam Hussein devia ser derrubado — era questão de tempo para o Iraque virar uma incubadora do terror. Eu estava entre aqueles que o tinham como uma ameaça à estabilidade ocidental (ver arquivo para encontrar mais motivos). Ademais, era um ditador, que se impôs por intermédio de métodos de brutalidade inédita. Esses motivos eram, para mim, fortes a ponto de justificar a transgressão do princípio da não-ingerência, em nome do qual, SUPOSTAMENTE, falavam os que eram contra a guerra. Mas é o caso da Geórgia?

O que se tem é o seguinte: a condenação da ação americana no Iraque, revela-se agora, era de fato pacifista em manifestações não mais do que periféricas. Essencialmente, era só exercício de antiamericanismo barato. Ou se faria, agora, gritaria semelhante no caso da Geórgia. Estamos diante de uma impostura formidável no Brasil e em toda parte.


http://www.reinaldoazevedo.com.br




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Re: Georgia X Rússia

#471 Mensagem por Wolfgang » Seg Ago 11, 2008 5:46 pm

E A DITADURA SE REVELA. NÃO SE PODE CRITICAR OS RUSSOS? XI, OLHA QUE LEGAL... ALGUMA VEZ OS EUA AMEAÇOU ALGUM PAÍS POR TÃO POUCO? O CHÁVEZ SE TIVESSE CRITICADO A RÚSSIA COMO FAZ COM OS EUA JÁ ESTARIA COM POLÔNIO ATÉ A TERCEIRA GERAÇÃO. SABEM COMO É, DITADOR RECONHECE O OUTRO.


Rússia adverte países bálticos e Polônia por críticas

AE - Agencia Estado


LETÔNIA - O embaixador russo na Letônia advertiu que os Estados bálticos e a Polônia podem pagar por suas críticas ao Kremlin, por causa do conflito com a Geórgia, informou a agência de notícias do báltico BNS. "Não se deve ser precipitado em questões sérias como essa, já que enganos sérios podem ter de ser pagos por um longo período", afirmou o embaixador russo Alexander Veshnyakov. Contactado, o porta-voz da embaixada em Riga, capital da Letônia, confirmou os comentários, mas não deu mais detalhes.



As considerações de Veshnyakov seguem-se a um comunicado conjunto divulgado sábado pelo presidente da Letônia, Valdis Zatlers, e da Estônia, Lituânia e Polônia, pedindo à União Européia e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que se oponham à política ''imperialista'' russa na Geórgia. Os três Estados bálticos e a Polônia - todos membros da União Soviética durante o regime comunista e atualmente membros da União Européia e da Otan - são aliados da Geórgia. As informações são da Dow Jones.

http://www.estadao.com.br




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Re: Georgia X Rússia

#472 Mensagem por P44 » Seg Ago 11, 2008 5:47 pm

Não, os EUA são santos, já todo mundo sabe.... :roll:

o sakashvili "decidiu" iniciar uma guerra com a Rússia "porque sim".... :roll:




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Re: Georgia X Rússia

#473 Mensagem por Bolovo » Seg Ago 11, 2008 5:52 pm

E a cruzada anti-americana continua, mesmo com o tópico sendo de uma guerra entre RUSSIA e GEORGIA...




"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
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Re: Georgia X Rússia

#474 Mensagem por EDSON » Seg Ago 11, 2008 5:52 pm

pt escreveu:
EDSON escreveu:O mesmo no caso da Ossétia e Abkházia que foi dada por Stalin a Geórgia.
É um facto que a tentativa de criar uma Nação Soviética resultou numa tragédia.

O falhanço dos Impérios (ver o referido anteriormente sobre o fim do Império Austro-Hungaro, do Império Russo e do Império Otomano) levou à criação de uma quantidade de Estados-Nação.
Os Impérios era entidades que do ponto de vista étnico eram muito mais tolerantes que os Estados Nação.

Um dos exemplos era o Império Otomano, que internamente era relativamente pacífico, mas que quando deu lugar ao estado Turco, levou ao genocidio daqueles que, sendo anteriores súbditos do império, não eram da etnia à volta da qual se criou o Estado-Nação.

Os últimos resquícios dessa criação de Estados-Nação e do fim dos impérios, encontramos-lo na antiga Jugoslávia, que também acabou com uma guerra civil. A antiga Jugoslávia era o ponto em que se encontravam o Império Otomano e o Império Austro-Hungaro.

O problema russo, é que resistiu ao esfacelamento que resultou do fim da Dinastia Romanov. Os Romanov aceitaram passar a ser uma familia real, numa monarquia constitucional, mas os sovietes, como sabemos, mandaram assassinar toda a família a tiros de pistola.

Os sovietes, tentaram então recriar um império, baseando-se numa nova ordem, a ordem comunista. Mas o país era o mesmo, era a Rússia, país onde os problemas se resolvem com um genocidiozito. Afinal há tantas minorias, que matar um milhãozito não faz diferença nenhuma.

Com o colapso da União Soviética, resultado da incapacidade do sistema soviético, as principais etnias e republicas da União Soviética acederam à independência política. Mas a Federação Russa, não desapareceu e a Federação Russa, é em si mesma um Império dentro de um Império, constituida por inumeras etnias.

Moscovo e os oligarcas corruptos da Gazprom e da Máfia russa, sabem disto. Eles sabem que embora tenham resolvido o problema da Chechénia com o assassinio de grande parte da sua população, a Rússia continua a ter problemas de minorias.

A Russia não pode dar-se ao luxo de passar uma mensagem de fraqueza. A Rússia precisa de mostrar que continua cruel como sempre foi.Moscovo tem a faca na mão e aproveitou a actual situação para matar civis e mostrar a bandeira.
São os civis que precisam ser aterrorizados. Aterrorizam assim os civis de todas as repúblicas que podem pensar em autonomia alargada, e fazem os ucranianos pensar duas vezes.

A Russia dos Czares, hoje como ontem, impõe-se não pela sua superioridade cultural e tecnológica, mas sim pelo terror.

É por isso que a cada metro que avançam na Georgia, os Czares acabam apenas por mostrar a sua verdadeira cara.[/quote]


Esta parte que eu assinalei em vermelho demonstra que vc não gosta nem um pouco dos russos. Mas isso por mim não há problema algum é opinião sua e vou respeitar.

A parte em negrito preto eu concordo plenamente mas neste caso vale ressaltar que os americanos fariam a mesma coisa.

A restante do texto é uma boa analogia que acrecenta em muito ao debate.




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Re: Georgia X Rússia

#475 Mensagem por chm0d » Seg Ago 11, 2008 5:53 pm

Bolovo escreveu:E a cruzada anti-americana continua, mesmo com o tópico sendo de uma guerra entre RUSSIA e GEORGIA...
Cara, os americanos estão envolvidos nesse caso até a boca!!! como não falar deles? até porque comparações são inevitaveis.

Abs.




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Re: Georgia X Rússia

#476 Mensagem por P44 » Seg Ago 11, 2008 5:54 pm

Bolovo escreveu:E a cruzada anti-americana continua, mesmo com o tópico sendo de uma guerra entre RUSSIA e GEORGIA...
volto a perguntar...vc SINCERAMENTE acha que os EUA são "alheios" a tudo isto :?:




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Re: Georgia X Rússia

#477 Mensagem por Wolfgang » Seg Ago 11, 2008 5:54 pm

P44 escreveu:Não, os EUA são santos, já todo mundo sabe.... :roll:

o sakashvili "decidiu" iniciar uma guerra com a Rússia "porque sim".... :roll:
Me refiro ao silêncio da mídia ocidental.. fazendo hara-kiri com o punhal de seus princípios.. Sabe aquele sempre pronto a colocar o dedo em riste contra os EUA? Abana o rabinho para os russos.




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Re: Georgia X Rússia

#478 Mensagem por Wolfgang » Seg Ago 11, 2008 5:56 pm

P44 escreveu:
Bolovo escreveu:E a cruzada anti-americana continua, mesmo com o tópico sendo de uma guerra entre RUSSIA e GEORGIA...
volto a perguntar...vc SINCERAMENTE acha que os EUA são "alheios" a tudo isto :?:

Vejo que todos são rápidos a pedir provas sobre armas de destruição em massa no Iraque - no quee estão certos - mas não se preocupem em apurar se os EUA mandaram o louco georgiano fazer o que fez. Eu duvido.




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Re: Georgia X Rússia

#479 Mensagem por P44 » Seg Ago 11, 2008 5:56 pm

Wolfgang escreveu:
P44 escreveu:Não, os EUA são santos, já todo mundo sabe.... :roll:

o sakashvili "decidiu" iniciar uma guerra com a Rússia "porque sim".... :roll:
Me refiro ao silêncio da mídia ocidental.. fazendo hara-kiri com o punhal de seus princípios.. Sabe aquele sempre pronto a colocar o dedo em riste contra os EUA? Abana o rabinho para os russos.
a oposta também é verdadeira
:wink:




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Re: Georgia X Rússia

#480 Mensagem por Junker » Seg Ago 11, 2008 5:58 pm

Da parte de criticas do presidente da Georgia na Wikipedia:
There have been some concerns about Saakashvili monopolizing power since his coming to office in 2004. However, the government's human rights record has shown improvement in many areas compared to that of the Shevardnadze era, though some problems still remain.[13][14][15]

Saakashvili has occasionally used aggressive language, an example of which was reported by Amnesty International around the time of the President's inauguration. At a news briefing on 12 January, Saakashvili advised the then Justice Minister "to use force when dealing with any attempt to stage prison riots, and to open fire, shoot to kill and destroy any criminal who attempts to cause turmoil. We will not spare bullets against these people." Saakashvili in his inaugural speech stated that "now it is time for the government to be afraid of people."[16]

In 2004 a new media law sparked controversy, with fourteen Georgian civil society leaders and Georgian experts writing an open letter to the President, published in several national newspapers, claiming "Intolerance towards people with different opinions is being planted in Georgian politics and in other spheres of social life".

On March 27 2006 the government announced that it had prevented a nation-wide prison riot plotted by criminal kingpins. The police operation ended with the deaths of 7 inmates and at least 17 injuries. While the Parliamentary opposition has cast doubts over the official version and demanded an independent investigation, the ruling party has been able to vote down such initiatives.[17].

The conduct of the Sandro Girgvliani Murder Case has also raised eyebrows at home and abroad. Several senior Interior Ministry officials were alleged to have played active roles in the murder, yet despite a series of resignations and sackings, only four low-ranking individuals, that were directly engaged in the case have been prosecuted. In addition to this, Georgian businessman Badri Patarkatsishvili, has claimed that pressure has been exerted on his financial interests after Imedi Television broadcast several accusations against officials. On October 25, 2007, former defence minister Irakli Okruashvili accused his former ally president in planning Patarkatsishvili's murder.[18].[19][20] Okruashvili was detained two days later on charges of extortion, money laundering, and abuse of office.[21] However, in a video taped confession released by the General Prosecutor's Office on October 8, 2007; in which Okruashvili pleaded guilty to large-scale bribery through extortion and negligence while serving as minister; he retracted his accusations against the president and said that he did so to gain some political benefit and that Badri Patarkatsishvili told him to do so.[22] Okruashvili's lawyer and other opposition leaders said his retraction had been made under duress.[23]

The BHHRG has frequently claimed that the new government immediately set out to settle scores with Shevardnadze era officials. Many former ministers, local administrators and businessmen associated with the former regime were arrested for abuse of office. Some Western organisations were concerned by the live broadcasting of these arrests and by President Saakashvili's occasional appearances on television to denounce the suspects, before any charges were laid.

On June 30 2005 riot police and special military forces carrying machine guns violently dispersed hundreds of protesters blocking a major road in Tbilisi. It started as protest against the arrest of two well-known sportsmen accused in blackmail but soon grew into a demonstration against the central authorities. 25 people were arrested including 5 members of opposition parties.[24] In November 2007 another series of demonstrations forced Saakashvili to set the prescheduled presidential elections for January 5, 2008.[25]
esse Saakashvili me parece uma mistura bizarra de Tarso Genro, Robert Mugabe e Hugo Chavez :shock:




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