REVANCHISTAS
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Re: REVANCHISTAS
Revoltados com Tarso, militares discutem punir 'terroristas'
Militares convocam seminário sobre 'passado terrorista'; evento é contra-ataque à declaração de ministro
Christiane Samarco, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Os militares decidiram dar o troco ao ministro da Justiça, Tarso Genro, por conta da audiência pública convocada por ele na semana passada, para debater a punição de "agentes do Estado" que tenham praticado tortura, assassinatos e violações dos direitos humanos durante o regime militar. Revoltados com o que consideram "conduta revanchista" do ministro, oficiais da reserva, com o apoio de comandantes da ativa, patrocinarão uma espécie de "anti-seminário" no Clube Militar do Rio de Janeiro, na próxima quinta-feira.
Em recente conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, disse que é preciso "pôr uma pedra sobre este assunto", até porque o tema está saturado e o objetivo da Lei da Anistia foi encerrar um debate que "abre feridas e provoca indignação". Um general da ativa que acompanha a movimentação dos colegas reformados disse ao Estado que a oficialidade vai se manter calada, "como convém ao regime democrático", mas avisa que a reserva "vai pôr a boca no trombone".
Segundo este general, o objetivo do "anti-seminário" de 7 de agosto é debater o "passado terrorista" de autoridades do governo Lula e de personalidades do PT, discutindo, inclusive, se não seria o caso de puni-los pelos excessos cometidos na luta armada. O que mais irrita oficiais das três Forças é o fato de a maioria desses "terroristas" ter recebido "indenizações milionárias" do Estado. A queixa geral é de que "eles também mataram e seqüestraram, e agora querem provocar os militares que engolem calados".
No seminário, uma das idéias é aproveitar a estrutura do Clube Militar, como agremiação que desde a República Velha vem funcionando como uma espécie de porta-voz da oficialidade, para exibir uma série de slides com fotos e uma biografia resumida da "atividade terrorista" de ministros de Estado e petistas ilustres. A lista das autoridades começa pelo ex-ministro José Dirceu e tem o próprio Tarso Genro em quinto lugar. O segundo posto é dado à ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. O ministro da Comunicação de Governo, Franklin Martins, aparece em quarto, logo atrás do deputado José Genoino (PT-SP). Mais atrás, estão os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.
"Será que quem seqüestrou o embaixador norte-americano e o prendeu, dizendo todo dia que ia matá-lo, não cometeu ato de tortura igualmente condenável?", questionou o presidente do Clube Militar, general da reserva Gilberto Barbosa de Figueiredo, em recente entrevista ao Estado. Ele não mencionou o ministro Franklin como um dos idealizadores do seqüestro, mas antecipou o tom do fórum de debates do dia 7 de agosto.
O general defende a tese de que, se for para julgar quem torturou, como sugeriu o ministro Tarso Genro, o julgamento deve ser estendido a todos, inclusive os que estão na cúpula do atual governo. A lista dos "terroristas do governo" já está circulando entre oficiais da ativa e da reserva por meio de mensagens divulgadas pela Internet. Nela, os militares se queixam de que o presidente Lula governa "cercado por remanescentes da luta armada".
Um dos mais criticados é o secretário de Direitos Humanos, acusado no texto de "agir com muita liberdade e desenvoltura na defesa de posições revanchistas", no desempenho de suas funções. A mensagem conclui afirmando que a Secretaria dos Direitos Humanos "foi criada para promover o revanchismo político, afrontar as instituições militares e defender organizações de esquerda".
Na biografia comentada da ministra Dilma, a mensagem diz que ela "participou da organização de assaltos a bancos e quartéis, foi condenada em três processos e ficou presa no presídio Tiradentes". Em tom irônico, lembra trechos do depoimento da ministra ao Tortura Nunca Mais, em que ela relatou ter sido torturada durante 22 dias. "Um caso raro que não se sabe por que não foi incluído até hoje no Guiness, pois conseguiu sobreviver durante 528 horas aos diferentes tipos de tortura a que alega ter sido submetida", conclui a mensagem.
Fonte: http://www.estadao.com.br/nacional/not_nac216852,0.htm
Militares convocam seminário sobre 'passado terrorista'; evento é contra-ataque à declaração de ministro
Christiane Samarco, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Os militares decidiram dar o troco ao ministro da Justiça, Tarso Genro, por conta da audiência pública convocada por ele na semana passada, para debater a punição de "agentes do Estado" que tenham praticado tortura, assassinatos e violações dos direitos humanos durante o regime militar. Revoltados com o que consideram "conduta revanchista" do ministro, oficiais da reserva, com o apoio de comandantes da ativa, patrocinarão uma espécie de "anti-seminário" no Clube Militar do Rio de Janeiro, na próxima quinta-feira.
Em recente conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, disse que é preciso "pôr uma pedra sobre este assunto", até porque o tema está saturado e o objetivo da Lei da Anistia foi encerrar um debate que "abre feridas e provoca indignação". Um general da ativa que acompanha a movimentação dos colegas reformados disse ao Estado que a oficialidade vai se manter calada, "como convém ao regime democrático", mas avisa que a reserva "vai pôr a boca no trombone".
Segundo este general, o objetivo do "anti-seminário" de 7 de agosto é debater o "passado terrorista" de autoridades do governo Lula e de personalidades do PT, discutindo, inclusive, se não seria o caso de puni-los pelos excessos cometidos na luta armada. O que mais irrita oficiais das três Forças é o fato de a maioria desses "terroristas" ter recebido "indenizações milionárias" do Estado. A queixa geral é de que "eles também mataram e seqüestraram, e agora querem provocar os militares que engolem calados".
No seminário, uma das idéias é aproveitar a estrutura do Clube Militar, como agremiação que desde a República Velha vem funcionando como uma espécie de porta-voz da oficialidade, para exibir uma série de slides com fotos e uma biografia resumida da "atividade terrorista" de ministros de Estado e petistas ilustres. A lista das autoridades começa pelo ex-ministro José Dirceu e tem o próprio Tarso Genro em quinto lugar. O segundo posto é dado à ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. O ministro da Comunicação de Governo, Franklin Martins, aparece em quarto, logo atrás do deputado José Genoino (PT-SP). Mais atrás, estão os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.
"Será que quem seqüestrou o embaixador norte-americano e o prendeu, dizendo todo dia que ia matá-lo, não cometeu ato de tortura igualmente condenável?", questionou o presidente do Clube Militar, general da reserva Gilberto Barbosa de Figueiredo, em recente entrevista ao Estado. Ele não mencionou o ministro Franklin como um dos idealizadores do seqüestro, mas antecipou o tom do fórum de debates do dia 7 de agosto.
O general defende a tese de que, se for para julgar quem torturou, como sugeriu o ministro Tarso Genro, o julgamento deve ser estendido a todos, inclusive os que estão na cúpula do atual governo. A lista dos "terroristas do governo" já está circulando entre oficiais da ativa e da reserva por meio de mensagens divulgadas pela Internet. Nela, os militares se queixam de que o presidente Lula governa "cercado por remanescentes da luta armada".
Um dos mais criticados é o secretário de Direitos Humanos, acusado no texto de "agir com muita liberdade e desenvoltura na defesa de posições revanchistas", no desempenho de suas funções. A mensagem conclui afirmando que a Secretaria dos Direitos Humanos "foi criada para promover o revanchismo político, afrontar as instituições militares e defender organizações de esquerda".
Na biografia comentada da ministra Dilma, a mensagem diz que ela "participou da organização de assaltos a bancos e quartéis, foi condenada em três processos e ficou presa no presídio Tiradentes". Em tom irônico, lembra trechos do depoimento da ministra ao Tortura Nunca Mais, em que ela relatou ter sido torturada durante 22 dias. "Um caso raro que não se sabe por que não foi incluído até hoje no Guiness, pois conseguiu sobreviver durante 528 horas aos diferentes tipos de tortura a que alega ter sido submetida", conclui a mensagem.
Fonte: http://www.estadao.com.br/nacional/not_nac216852,0.htm
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Re: REVANCHISTAS
Militares reagem a Tarso e criticam ''passado terrorista'' do governo Lula
Oficiais vão patrocinar seminário na quinta para discutir o que consideram ?conduta revanchista? do ministro
Christiane Samarco, BRASÍLIA
Os militares decidiram dar o troco ao ministro da Justiça, Tarso Genro, por causa da audiência pública convocada por ele na semana passada para debater a punição de "agentes do Estado" que tenham praticado tortura, assassinatos e violações dos direitos humanos durante o regime militar. Revoltados com o que consideram "conduta revanchista" do ministro, oficiais da reserva, com o apoio de comandantes da ativa, patrocinarão uma espécie de anti-seminário no Clube Militar do Rio de Janeiro, na próxima quinta.
Em recente conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, disse que é preciso "pôr uma pedra sobre este assunto", até porque o tema está saturado e o objetivo da Lei da Anistia foi encerrar um debate que "abre feridas e provoca indignação". Um general da ativa que acompanha a movimentação dos colegas reformados disse ao Estado que os militares vão se manter calados, mas avisa que a reserva se manifestar.
Segundo este general, o objetivo do seminário de 7 de agosto é debater o que consideram "passado terrorista" de autoridades do governo Lula e de personalidades do PT, discutindo, inclusive, se não seria o caso de puni-los pelos excessos cometidos na luta armada. O que mais irrita oficiais das três Forças é o fato de a maioria deles ter recebido indenizações. A queixa geral é de que eles também mataram e seqüestraram e agora querem provocar os militares.
No seminário, uma das idéias é aproveitar a estrutura do Clube Militar, como agremiação que desde a República Velha vem funcionando como uma espécie de porta-voz do setor, para exibir uma série de slides com fotos e uma biografia resumida de ministros de Estado e petistas ilustres. A lista começa pelo ex-ministro José Dirceu e tem o próprio Tarso Genro em quinto lugar. O segundo posto é dado à ministra da Casa Civil, Dilma Roussef.
O ministro da Comunicação, Franklin Martins, aparece em quarto, logo atrás do deputado José Genoino (PT-SP). Mais atrás, estão os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.
"Será que quem seqüestrou o embaixador norte-americano e o prendeu, dizendo todo dia que ia matá-lo, não cometeu ato de tortura igualmente condenável?", questionou o presidente do Clube Militar, general da reserva Gilberto Barbosa de Figueiredo, em recente entrevista ao Estado. Ele não mencionou Franklin como um dos idealizadores do seqüestro, mas antecipou o tom do seminário.
LULA "CERCADO"
O general defende a tese de que, se for para julgar quem torturou, como sugeriu Tarso, o julgamento deve ser estendido a todos, incluindo os que estão na cúpula do governo. A lista já circula entre oficiais da ativa e da reserva por meio de mensagens pela internet. Nela, os militares se queixam de que o presidente Lula governa "cercado por remanescentes da luta armada".
Um dos mais criticados é o secretário de Direitos Humanos, acusado no texto de "agir com muita liberdade e desenvoltura na defesa de posições revanchistas" no desempenho de suas funções. A mensagem conclui que a Secretaria dos Direitos Humanos "foi criada para promover o revanchismo político, afrontar as instituições militares e defender organizações de esquerda".
Na biografia de Dilma, a mensagem diz que ela "participou da organização de assaltos a bancos e quartéis, foi condenada em três processos e ficou presa no presídio Tiradentes". Em tom irônico, lembra o depoimento dela ao Tortura Nunca Mais, em que ela relatou ter sido torturada por 22 dias. "Um caso raro que não se sabe por que não foi incluído até hoje no Guinness, pois conseguiu sobreviver durante 528 horas aos diferentes tipos de tortura a que alega ter sido submetida."
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 7041,0.php
Oficiais vão patrocinar seminário na quinta para discutir o que consideram ?conduta revanchista? do ministro
Christiane Samarco, BRASÍLIA
Os militares decidiram dar o troco ao ministro da Justiça, Tarso Genro, por causa da audiência pública convocada por ele na semana passada para debater a punição de "agentes do Estado" que tenham praticado tortura, assassinatos e violações dos direitos humanos durante o regime militar. Revoltados com o que consideram "conduta revanchista" do ministro, oficiais da reserva, com o apoio de comandantes da ativa, patrocinarão uma espécie de anti-seminário no Clube Militar do Rio de Janeiro, na próxima quinta.
Em recente conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, disse que é preciso "pôr uma pedra sobre este assunto", até porque o tema está saturado e o objetivo da Lei da Anistia foi encerrar um debate que "abre feridas e provoca indignação". Um general da ativa que acompanha a movimentação dos colegas reformados disse ao Estado que os militares vão se manter calados, mas avisa que a reserva se manifestar.
Segundo este general, o objetivo do seminário de 7 de agosto é debater o que consideram "passado terrorista" de autoridades do governo Lula e de personalidades do PT, discutindo, inclusive, se não seria o caso de puni-los pelos excessos cometidos na luta armada. O que mais irrita oficiais das três Forças é o fato de a maioria deles ter recebido indenizações. A queixa geral é de que eles também mataram e seqüestraram e agora querem provocar os militares.
No seminário, uma das idéias é aproveitar a estrutura do Clube Militar, como agremiação que desde a República Velha vem funcionando como uma espécie de porta-voz do setor, para exibir uma série de slides com fotos e uma biografia resumida de ministros de Estado e petistas ilustres. A lista começa pelo ex-ministro José Dirceu e tem o próprio Tarso Genro em quinto lugar. O segundo posto é dado à ministra da Casa Civil, Dilma Roussef.
O ministro da Comunicação, Franklin Martins, aparece em quarto, logo atrás do deputado José Genoino (PT-SP). Mais atrás, estão os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.
"Será que quem seqüestrou o embaixador norte-americano e o prendeu, dizendo todo dia que ia matá-lo, não cometeu ato de tortura igualmente condenável?", questionou o presidente do Clube Militar, general da reserva Gilberto Barbosa de Figueiredo, em recente entrevista ao Estado. Ele não mencionou Franklin como um dos idealizadores do seqüestro, mas antecipou o tom do seminário.
LULA "CERCADO"
O general defende a tese de que, se for para julgar quem torturou, como sugeriu Tarso, o julgamento deve ser estendido a todos, incluindo os que estão na cúpula do governo. A lista já circula entre oficiais da ativa e da reserva por meio de mensagens pela internet. Nela, os militares se queixam de que o presidente Lula governa "cercado por remanescentes da luta armada".
Um dos mais criticados é o secretário de Direitos Humanos, acusado no texto de "agir com muita liberdade e desenvoltura na defesa de posições revanchistas" no desempenho de suas funções. A mensagem conclui que a Secretaria dos Direitos Humanos "foi criada para promover o revanchismo político, afrontar as instituições militares e defender organizações de esquerda".
Na biografia de Dilma, a mensagem diz que ela "participou da organização de assaltos a bancos e quartéis, foi condenada em três processos e ficou presa no presídio Tiradentes". Em tom irônico, lembra o depoimento dela ao Tortura Nunca Mais, em que ela relatou ter sido torturada por 22 dias. "Um caso raro que não se sabe por que não foi incluído até hoje no Guinness, pois conseguiu sobreviver durante 528 horas aos diferentes tipos de tortura a que alega ter sido submetida."
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 7041,0.php
Re: REVANCHISTAS
Prezados,
Os militares erraram quando derrubaram um governo democraticamente eleito em 1964 (sob o pretexto, contestável, que o país caminhava para um golpe "comunista").
Depois erraram quando transformaram um regime ditatorial implantado para ser temporário (daí grande parte de seu apoio político) em um regime que durou 20 anos (sob o pretexto que os pequenos grupos armados que se formaram representavam uma ameaça real à segurança nacional. Garanto-lhes que não eram nem de perto tão perigosos para a segurança nacional quanto os traficantes que dominam morros e periferias são hoje).
Por fim, erraram quando autorizaram membros do exército e das forças policiais a torturarem presos políticos para extrair informações. Não que a tortura não tenha sido eficaz para combater os grupos armados, mas porque ela formou um para-estado (porque a tortura já era ilegal na época) e porque minou o apoio do regime juntos as classes médias urbanas.
O dia que representantes das forças armadas brasileiras realizarem uma auto-crítica, pararem de enaltecer o trabalho de torturadores (e dos que autorizaram suas ações), reconhecerem esses erros (especialmente o segundo e o terceiro) e vierem a público pedir desculpas para a sociedade e para as famílias que sofreram devido a tais decisões equivocadas, a reconciliação final ocorrerá.
Até lá, as Forças Armadas continuarão a serem vistas como inimigas da democracia por diversos grupos e continuará existindo espaço para contestações da Lei da Anistia, processos contra militares, etc.
Infelizmente, o revanchismo continua existindo dos dois lados. Se há de um lado ex-guerrilheiros, torturados, organizações de direitos humanos que continuam querendo subverter a Lei da Anistia e punir os torturadores também existem Forças Armadas que relutam em se auto-criticarem e reconhecerem seus erros durante a ditadura (como se vê, todos anos, as manifestações dos generais e do próprio exército quando do 1 de abril).
Att.
Os militares erraram quando derrubaram um governo democraticamente eleito em 1964 (sob o pretexto, contestável, que o país caminhava para um golpe "comunista").
Depois erraram quando transformaram um regime ditatorial implantado para ser temporário (daí grande parte de seu apoio político) em um regime que durou 20 anos (sob o pretexto que os pequenos grupos armados que se formaram representavam uma ameaça real à segurança nacional. Garanto-lhes que não eram nem de perto tão perigosos para a segurança nacional quanto os traficantes que dominam morros e periferias são hoje).
Por fim, erraram quando autorizaram membros do exército e das forças policiais a torturarem presos políticos para extrair informações. Não que a tortura não tenha sido eficaz para combater os grupos armados, mas porque ela formou um para-estado (porque a tortura já era ilegal na época) e porque minou o apoio do regime juntos as classes médias urbanas.
O dia que representantes das forças armadas brasileiras realizarem uma auto-crítica, pararem de enaltecer o trabalho de torturadores (e dos que autorizaram suas ações), reconhecerem esses erros (especialmente o segundo e o terceiro) e vierem a público pedir desculpas para a sociedade e para as famílias que sofreram devido a tais decisões equivocadas, a reconciliação final ocorrerá.
Até lá, as Forças Armadas continuarão a serem vistas como inimigas da democracia por diversos grupos e continuará existindo espaço para contestações da Lei da Anistia, processos contra militares, etc.
Infelizmente, o revanchismo continua existindo dos dois lados. Se há de um lado ex-guerrilheiros, torturados, organizações de direitos humanos que continuam querendo subverter a Lei da Anistia e punir os torturadores também existem Forças Armadas que relutam em se auto-criticarem e reconhecerem seus erros durante a ditadura (como se vê, todos anos, as manifestações dos generais e do próprio exército quando do 1 de abril).
Att.
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Re: REVANCHISTAS
Arthur escreveu:Prezados,
Os militares erraram quando derrubaram um governo democraticamente eleito em 1964 (sob o pretexto, contestável, que o país caminhava para um golpe "comunista").
Depois erraram quando transformaram um regime ditatorial implantado para ser temporário (daí grande parte de seu apoio político) em um regime que durou 20 anos (sob o pretexto que os pequenos grupos armados que se formaram representavam uma ameaça real à segurança nacional. Garanto-lhes que não eram nem de perto tão perigosos para a segurança nacional quanto os traficantes que dominam morros e periferias são hoje).
Por fim, erraram quando autorizaram membros do exército e das forças policiais a torturarem presos políticos para extrair informações. Não que a tortura não tenha sido eficaz para combater os grupos armados, mas porque ela formou um para-estado (porque a tortura já era ilegal na época) e porque minou o apoio do regime juntos as classes médias urbanas.
O dia que representantes das forças armadas brasileiras realizarem uma auto-crítica, pararem de enaltecer o trabalho de torturadores (e dos que autorizaram suas ações), reconhecerem esses erros (especialmente o segundo e o terceiro) e vierem a público pedir desculpas para a sociedade e para as famílias que sofreram devido a tais decisões equivocadas, a reconciliação final ocorrerá.
Até lá, as Forças Armadas continuarão a serem vistas como inimigas da democracia por diversos grupos e continuará existindo espaço para contestações da Lei da Anistia, processos contra militares, etc.
Infelizmente, o revanchismo continua existindo dos dois lados. Se há de um lado ex-guerrilheiros, torturados, organizações de direitos humanos que continuam querendo subverter a Lei da Anistia e punir os torturadores também existem Forças Armadas que relutam em se auto-criticarem e reconhecerem seus erros durante a ditadura (como se vê, todos anos, as manifestações dos generais e do próprio exército quando do 1 de abril).
Att.
Arthur
tortura nunca foi o pensamento da tropa em nenhuma época, e outra as F.Armada responderam a um chamamento da Sociendade, e nao porque estavam sem ter o que fazer, igual a hoje uma parcela expressiva da sociedade clama para resolver o problema nos morros e áreas conflagradas. Tortura éra coisa de ums poucos e sem o conhecimento dos demais, da mesma forma que nem todos da esquerda recorreram para a luta armada. E é diferente de tortura o cara ter morrido em combate por resistencia a prisao ou troca de tiros.
Editado pela última vez por PQD em Seg Ago 04, 2008 3:41 pm, em um total de 2 vezes.
Cabeça dos outros é terra que ninguem anda... terras ermas...
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Re: REVANCHISTAS
Arthur escreveu:
Prezados,
Os militares erraram quando derrubaram um governo democraticamente eleito em 1964 (sob o pretexto, contestável, que o país caminhava para um golpe "comunista").
Nessa época, eu tinha 15 anos e lá em uma cidadezinha do interior do paraná eu ouvia professores, padres, freiras, comerciantes amigos de meu pai dizerem que se um tal de Gal C.Branco não tomasse a frente do poder, o Brasil iria virar um país comunista igual a Rússia.
Será que foi sonho? Devaneio de minha parte?
Quem viveu viu e escutou muitos temores, mesmo sem entender.
Hoje estão aí travestidos de cordeiros, mas em 1964 o regime comunista seria imposto aos moldes cubanos (paredón) e aos moldes soviéticos (perseguições e mortes).
Por isso, VIVA às Forças Armadas que se anteciparam à carnificínia
"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
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Re: REVANCHISTAS
Todas as últimas pesquisas de opinião dão as Forças Armadas em 1º lugar na confiança da população. O resto, e principalmente esses diversos grupos citados, deviam trabalhar por um país melhor, e não ficar fazendo negócio com as FARC.Até lá, as Forças Armadas continuarão a serem vistas como inimigas da democracia por diversos grupos e continuará existindo espaço para contestações da Lei da Anistia, processos contra militares, etc.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: REVANCHISTAS
é isso ai, não tenha a menor duvidajauro escreveu:Arthur escreveu:
Prezados,
Os militares erraram quando derrubaram um governo democraticamente eleito em 1964 (sob o pretexto, contestável, que o país caminhava para um golpe "comunista").
Nessa época, eu tinha 15 anos e lá em uma cidadezinha do interior do paraná eu ouvia professores, padres, freiras, comerciantes amigos de meu pai dizerem que se um tal de Gal C.Branco não tomasse a frente do poder, o Brasil iria virar um país comunista igual a Rússia.
Será que foi sonho? Devaneio de minha parte?
Quem viveu viu e escutou muitos temores, mesmo sem entender.
Hoje estão aí travestidos de cordeiros, mas em 1964 o regime comunista seria imposto aos moldes cubanos (paredón) e aos moldes soviéticos (perseguições e mortes).
Por isso, VIVA às Forças Armadas que se anteciparam à carnificínia
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Re: REVANCHISTAS
Voce esta falando do 31 de março? Se for não existe mais essa data no calendario militar. Não existem mais formaturas e notas sobre esse dia.Arthur escreveu: (como se vê, todos anos, as manifestações dos generais e do próprio exército quando do 1 de abril).
Eu acho que para esse assunto existem dois caminhos. Ou esquecem de vez essa história, ou coloca ela a limpo de vez para não ficar nessa de ficar glorificando vagabundo.
Pelo menos no EB o que ouço muito é gente defendendo a abertura dos documentos e a encaçapada em quem deve. Quanto as FAs pedirem desculpas, eu nunca vi ninguém falando a respeito (nem a favor nem contra).
Creio que caso essa história de condenar torturadores venha se confirmar, as FAs não vão ter outra escolha se não pedir desculpas. Embora, eu acho que se fizerem isso, a pressão por condenar os atos de terrorismo vai aumentar.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: REVANCHISTAS
Olha os bons tempos, puxando o saco:
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
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Re: REVANCHISTAS
E os terroristas também vão pedir desculpas à nação e aos parentes e familiares de:
20/08/69 - José Santa Maria
(Gerente de Banco RJ)
Morto por terroristas que assaltaram o Banco de Crédito Real de Minas Gerais, do qual era gerente.
25/08/69 - Sulamita Campos Leite
(Dona de casa PA)
Parente do terrorista Flávio Augusto Neves Leão Salles.
Morta na residência dos Salles, em Belém, ao detonar, por inadvertência ,uma carga de explosivos escondida pelo terrorista.
31/08/69 - Mauro Celso Rodrigues
(Soldado PM - MA)
Morto quando procurava impedir a luta entre proprietários e posseiros, incitada por movimentos subversivos.
12/08/70 - Benedito Gomes
(Capitão do Exército SP)
Morto por terroristas, no interior do seu carro, na Estrada Velha de Campinas.
19/08/70 - Vagner Lúcio Vitorino da Silva
(Guarda de segurança ? RJ)
Morto durante assalto do Grupo Tático Armado da organização terrorista MR8, ao Banco Nacional de Minas Gerais, no bairro de Ramos.
Sônia Maria Ferreira Lima foi quem fez os disparos que o mataram. Participaram, também, dessa ação os terroristas Reinaldo Guarany Simões, Viriato Xavier de Melo Filho e Benjamim de Oliveira Torres Neto, os dois últimos recém chegados do curso em Cuba.
29/08/70 - José Armando Rodrigues
(Comerciante - CE)
Proprietário da firma Ibiapaba Comércio Ltda. Após ter sido assaltado em sua loja, foi seqüestrado, barbaramente torturado e morto a tiros por terroristas da ALN. Após seu assassinato seu carro foi lançado num precipício na serra de Ibiapaba, em São Benedito, CE.
Autores: Ex-seminaristas Antônio Espiridião Neto e Waldemar Rodrigues Menezes, ( autor dos disparos), José Sales de Oliveira, Carlos Timoschenko Soares de Sales, Francisco William de Montenegro Medeiros, Gilberto Telmo Sidney Marques.
Os mortos acima relacionados não dão nomes a logradouros públicos, nem seus parentes receberam indenizações mas os responsáveis diretos ou indiretos por suas mortes dão nome à escolas, ruas, estradas e suas famílias receberam vultosas indenizações, pagas com o nosso dinheiro.
20/08/69 - José Santa Maria
(Gerente de Banco RJ)
Morto por terroristas que assaltaram o Banco de Crédito Real de Minas Gerais, do qual era gerente.
25/08/69 - Sulamita Campos Leite
(Dona de casa PA)
Parente do terrorista Flávio Augusto Neves Leão Salles.
Morta na residência dos Salles, em Belém, ao detonar, por inadvertência ,uma carga de explosivos escondida pelo terrorista.
31/08/69 - Mauro Celso Rodrigues
(Soldado PM - MA)
Morto quando procurava impedir a luta entre proprietários e posseiros, incitada por movimentos subversivos.
12/08/70 - Benedito Gomes
(Capitão do Exército SP)
Morto por terroristas, no interior do seu carro, na Estrada Velha de Campinas.
19/08/70 - Vagner Lúcio Vitorino da Silva
(Guarda de segurança ? RJ)
Morto durante assalto do Grupo Tático Armado da organização terrorista MR8, ao Banco Nacional de Minas Gerais, no bairro de Ramos.
Sônia Maria Ferreira Lima foi quem fez os disparos que o mataram. Participaram, também, dessa ação os terroristas Reinaldo Guarany Simões, Viriato Xavier de Melo Filho e Benjamim de Oliveira Torres Neto, os dois últimos recém chegados do curso em Cuba.
29/08/70 - José Armando Rodrigues
(Comerciante - CE)
Proprietário da firma Ibiapaba Comércio Ltda. Após ter sido assaltado em sua loja, foi seqüestrado, barbaramente torturado e morto a tiros por terroristas da ALN. Após seu assassinato seu carro foi lançado num precipício na serra de Ibiapaba, em São Benedito, CE.
Autores: Ex-seminaristas Antônio Espiridião Neto e Waldemar Rodrigues Menezes, ( autor dos disparos), José Sales de Oliveira, Carlos Timoschenko Soares de Sales, Francisco William de Montenegro Medeiros, Gilberto Telmo Sidney Marques.
Os mortos acima relacionados não dão nomes a logradouros públicos, nem seus parentes receberam indenizações mas os responsáveis diretos ou indiretos por suas mortes dão nome à escolas, ruas, estradas e suas famílias receberam vultosas indenizações, pagas com o nosso dinheiro.
"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
Jauro.
Jauro.
Re: REVANCHISTAS
Prezados,
Primeiro, é extremamente discutível o risco de radicalização à la Cuba do governo Goulart (Jauro, sua impressão não necessariamente corresponde a realidade...).
Segundo, havia sim um clima entre a classe média favorável ao golpe, mas nunca uma mobilização para que as Forças Armadas permenecessem no poder 20 anos como fizeram (o próprio General Castello Branco era contra uma ditadura prolongada).
Terceiro, é óbvio que uma fração expressiva das FAs não participou da tortura, mas altos escalões do governo e os comandos militares certamente autorizaram a formação dos aparatos de segurança que torturaram presos políticos. Por isso, as FAs devem desculpas a sociedade. Inclusive se alguém não percebeu, sou a favor da lei da anistia. Não defendo investigações. Indenizações sim (para todos, inclusive os vitimados por ações dos grupos armados). Só acho que enquanto as FAs não reconhecerem seus equívocos (como vários integrantes das lutas armadas fazem, tipo o Gabeira, o Sirkis, o Franklin Martins, etc) e sim derem apoio tácito a torturadores (ex: Gen. Ustra) elas darão munição a revanchismo e contestações, continuarão com a desconfiança dos governos civis e com isso perderão verbas e poder (prejudicando o cumprimento da sua missão constitucional).
Att.
PS: Sobre notas dos militares exaltando o golpe e a ditadura, é só procurar nos arquivos desse fórum que vocês encontrarão discussões minhas com outros membros desse fórum acerca de tal tipo de notas divulgado quanto do 31 de março (apesar da data real ser 1 de abril...).
Primeiro, é extremamente discutível o risco de radicalização à la Cuba do governo Goulart (Jauro, sua impressão não necessariamente corresponde a realidade...).
Segundo, havia sim um clima entre a classe média favorável ao golpe, mas nunca uma mobilização para que as Forças Armadas permenecessem no poder 20 anos como fizeram (o próprio General Castello Branco era contra uma ditadura prolongada).
Terceiro, é óbvio que uma fração expressiva das FAs não participou da tortura, mas altos escalões do governo e os comandos militares certamente autorizaram a formação dos aparatos de segurança que torturaram presos políticos. Por isso, as FAs devem desculpas a sociedade. Inclusive se alguém não percebeu, sou a favor da lei da anistia. Não defendo investigações. Indenizações sim (para todos, inclusive os vitimados por ações dos grupos armados). Só acho que enquanto as FAs não reconhecerem seus equívocos (como vários integrantes das lutas armadas fazem, tipo o Gabeira, o Sirkis, o Franklin Martins, etc) e sim derem apoio tácito a torturadores (ex: Gen. Ustra) elas darão munição a revanchismo e contestações, continuarão com a desconfiança dos governos civis e com isso perderão verbas e poder (prejudicando o cumprimento da sua missão constitucional).
Att.
PS: Sobre notas dos militares exaltando o golpe e a ditadura, é só procurar nos arquivos desse fórum que vocês encontrarão discussões minhas com outros membros desse fórum acerca de tal tipo de notas divulgado quanto do 31 de março (apesar da data real ser 1 de abril...).
- rodrigo
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Re: REVANCHISTAS
Tarso, Farc e Doi-Codi
RUY FABIANO
A denúncia, por parte da revista colombiana Cambio, de que personagens de proa do governo brasileiro mantêm relações estreitas com a direção das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), veio à tona quase simultaneamente com a decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, de reabrir processos contra militares que torturaram presos políticos no curso do governo militar.
São coisas aparentemente distintas, mas que abrem o flanco para que o atual governo seja posto no banco dos réus pelos mesmos motivos pelos quais quer punir os seus adversários do regime de 64.
As Farc são uma organização terrorista, que seqüestra pessoas, mata, trafica drogas e armas e mantém em cativeiro, em condições abjetas, mais de setecentas pessoas – muitas das quais inteiramente dissociadas da luta política. Ou seja, o governo que quer punir a tortura do passado a coonesta no presente.
Tortura não tem ideologia. É asquerosa e inaceitável, seja qual for a causa. A diferença entre a das Farc e a do regime militar é que uma está no passado e a outra no presente. A tortura pós-64 está sob o manto da Lei de Anistia, que sobre ela desceu o manto do “perpétuo esquecimento” (é o que significa a palavra anistia, gostemos ou não). A das Farc não está coberta por nada. Merece repúdio internacional.
As relações dúbias do PT e do governo brasileiro com aquela organização têm sido noticiadas há anos. As Farc têm assento no Foro de São Paulo, entidade fundada por Lula quando na presidência do PT, em 1992, para articular as esquerdas no continente. Hoje, as Farc, formalmente, estão excluídas do Foro.
Apenas formalmente. Continuam presentes nas reuniões anuais da entidade.
Não houve, até aqui, manifestações convincentes da parte brasileira quanto à improcedência desse envolvimento. Pelo contrário. Basta ver o caso Olivério Medina, um dos chefes das Farc, preso em São Paulo em 2005 e cuja extradição, pedida pelo governo colombiano, foi negada pelo STF, por empenho do governo brasileiro.
Ao acolhê-lo como asilado político, empenhando-se para tirá-lo da prisão e dando emprego na Presidência da República à sua esposa, Angela Maria Slongo - nomeada pelo ministro da Pesca, Altemir Gregolin, a pedido de Dilma Rousseff, para o cargo de oficial de gabinete II, com salário de DAS 102.2 -, o governo brasileiro praticou um gesto de simpatia com aquele grupo narcoguerrilheiro.
Negou a extradição, optando por atender às Farc. No mínimo, reconheceu nelas um grupo político legítimo, acolhendo como perseguido um de seus integrantes, dando-lhe tratamento de asilado, quando, na verdade, aos olhos do mundo, integra uma organização criminosa, que mata, tortura e vende drogas.
Formalmente, o governo brasileiro, desde a libertação de Ingrid Bettencourt, passou a condenar os métodos das Farc. Não ficava bem manter-se oblíquo em suas considerações, já que o episódio confirmou os métodos e objetivos delinqüentes daquela organização.
Não obstante, Medina continua à solta e sua mulher funcionária de confiança do Planalto. A revista obteve documentos extraídos do lap-top de Raúl Reys, o segundo na hierarquia das Farc, morto por militares colombianos no início deste ano.
Nele, entre outras coisas, há diversos e-mails trocados com dirigentes da organização, em que são feitas menções ao apoio e simpatia de integrantes do PT e do governo brasileiro à causa. São muitos os nomes listados. Entre outros, Celso Amorim (ministro das Relações Exteriores), José Dirceu (ex-chefe da Casa Civil), Marco Aurélio Garcia (assessor especial da Presidência) e Gilberto Carvalho (chefe da secretaria Particular da Presidência).
O governo contra-argumenta que os e-mails não provam nada, já que nenhum se dirige diretamente a essas pessoas, mas a gente das próprias Farc, não havendo nenhum de autoria dos acusados. Entre eles, porém, há um, de Medina a Reyes, tratando da nomeação de sua esposa, apelidada de “Mona”, que evidencia o apoio logístico que estava recebendo por parte do governo Lula.
O e-mail diz: “Na segunda-feira, dia 15, a ‘Mona’ começou em seu novo emprego e, para garanti-la ou impedir que a direita em algum momento a hostilize, a colocaram na Secretaria da Pesca, trabalhando no que chamam aqui de cargo de confiança ligado à Presidência.”
Se isso não é uma evidência, então o que será? Mona é servidora pública do Paraná. Foi transferida por solicitação de Dilma Rousseff, que assina o ofício ao governo paranaense. Quando a revista diz que o governo Lula deve, ao menos, uma explicação, diz o óbvio. Ou não?
No entanto, além de nada esclarecer, o governo se empenha em buscar criminosos do passado – os torturadores do regime militar – indiferente aos do presente. A legislação não oferece instrumentos para puni-los, já que a lei que pune tortura como crime hediondo (que de fato o é) é posterior à da anistia. E a lei, como se sabe, não retroage para punir.
Será tecnicamente improdutivo – e Tarso Genro, como advogado, o sabe, insistir nisso. O que quer, no entanto, é produzir factóides, que tirem do governo Lula o foco nos contratempos constrangedores de suas alianças do presente.
recebido por e-mail
RUY FABIANO
A denúncia, por parte da revista colombiana Cambio, de que personagens de proa do governo brasileiro mantêm relações estreitas com a direção das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), veio à tona quase simultaneamente com a decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, de reabrir processos contra militares que torturaram presos políticos no curso do governo militar.
São coisas aparentemente distintas, mas que abrem o flanco para que o atual governo seja posto no banco dos réus pelos mesmos motivos pelos quais quer punir os seus adversários do regime de 64.
As Farc são uma organização terrorista, que seqüestra pessoas, mata, trafica drogas e armas e mantém em cativeiro, em condições abjetas, mais de setecentas pessoas – muitas das quais inteiramente dissociadas da luta política. Ou seja, o governo que quer punir a tortura do passado a coonesta no presente.
Tortura não tem ideologia. É asquerosa e inaceitável, seja qual for a causa. A diferença entre a das Farc e a do regime militar é que uma está no passado e a outra no presente. A tortura pós-64 está sob o manto da Lei de Anistia, que sobre ela desceu o manto do “perpétuo esquecimento” (é o que significa a palavra anistia, gostemos ou não). A das Farc não está coberta por nada. Merece repúdio internacional.
As relações dúbias do PT e do governo brasileiro com aquela organização têm sido noticiadas há anos. As Farc têm assento no Foro de São Paulo, entidade fundada por Lula quando na presidência do PT, em 1992, para articular as esquerdas no continente. Hoje, as Farc, formalmente, estão excluídas do Foro.
Apenas formalmente. Continuam presentes nas reuniões anuais da entidade.
Não houve, até aqui, manifestações convincentes da parte brasileira quanto à improcedência desse envolvimento. Pelo contrário. Basta ver o caso Olivério Medina, um dos chefes das Farc, preso em São Paulo em 2005 e cuja extradição, pedida pelo governo colombiano, foi negada pelo STF, por empenho do governo brasileiro.
Ao acolhê-lo como asilado político, empenhando-se para tirá-lo da prisão e dando emprego na Presidência da República à sua esposa, Angela Maria Slongo - nomeada pelo ministro da Pesca, Altemir Gregolin, a pedido de Dilma Rousseff, para o cargo de oficial de gabinete II, com salário de DAS 102.2 -, o governo brasileiro praticou um gesto de simpatia com aquele grupo narcoguerrilheiro.
Negou a extradição, optando por atender às Farc. No mínimo, reconheceu nelas um grupo político legítimo, acolhendo como perseguido um de seus integrantes, dando-lhe tratamento de asilado, quando, na verdade, aos olhos do mundo, integra uma organização criminosa, que mata, tortura e vende drogas.
Formalmente, o governo brasileiro, desde a libertação de Ingrid Bettencourt, passou a condenar os métodos das Farc. Não ficava bem manter-se oblíquo em suas considerações, já que o episódio confirmou os métodos e objetivos delinqüentes daquela organização.
Não obstante, Medina continua à solta e sua mulher funcionária de confiança do Planalto. A revista obteve documentos extraídos do lap-top de Raúl Reys, o segundo na hierarquia das Farc, morto por militares colombianos no início deste ano.
Nele, entre outras coisas, há diversos e-mails trocados com dirigentes da organização, em que são feitas menções ao apoio e simpatia de integrantes do PT e do governo brasileiro à causa. São muitos os nomes listados. Entre outros, Celso Amorim (ministro das Relações Exteriores), José Dirceu (ex-chefe da Casa Civil), Marco Aurélio Garcia (assessor especial da Presidência) e Gilberto Carvalho (chefe da secretaria Particular da Presidência).
O governo contra-argumenta que os e-mails não provam nada, já que nenhum se dirige diretamente a essas pessoas, mas a gente das próprias Farc, não havendo nenhum de autoria dos acusados. Entre eles, porém, há um, de Medina a Reyes, tratando da nomeação de sua esposa, apelidada de “Mona”, que evidencia o apoio logístico que estava recebendo por parte do governo Lula.
O e-mail diz: “Na segunda-feira, dia 15, a ‘Mona’ começou em seu novo emprego e, para garanti-la ou impedir que a direita em algum momento a hostilize, a colocaram na Secretaria da Pesca, trabalhando no que chamam aqui de cargo de confiança ligado à Presidência.”
Se isso não é uma evidência, então o que será? Mona é servidora pública do Paraná. Foi transferida por solicitação de Dilma Rousseff, que assina o ofício ao governo paranaense. Quando a revista diz que o governo Lula deve, ao menos, uma explicação, diz o óbvio. Ou não?
No entanto, além de nada esclarecer, o governo se empenha em buscar criminosos do passado – os torturadores do regime militar – indiferente aos do presente. A legislação não oferece instrumentos para puni-los, já que a lei que pune tortura como crime hediondo (que de fato o é) é posterior à da anistia. E a lei, como se sabe, não retroage para punir.
Será tecnicamente improdutivo – e Tarso Genro, como advogado, o sabe, insistir nisso. O que quer, no entanto, é produzir factóides, que tirem do governo Lula o foco nos contratempos constrangedores de suas alianças do presente.
recebido por e-mail
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
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- Guerra
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Re: REVANCHISTAS
Arthur, eu estou afirmando que não há mais notas sobre essa data. E ela não faz mais parte do calendario.Arthur escreveu:
PS: Sobre notas dos militares exaltando o golpe e a ditadura, é só procurar nos arquivos desse fórum que vocês encontrarão discussões minhas com outros membros desse fórum acerca de tal tipo de notas divulgado quanto do 31 de março (apesar da data real ser 1 de abril...).
"Ah, mas no passado tinha" o topico é justamente sobre revanchismo.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
Re: REVANCHISTAS
Que bom que não tem mais.SGT GUERRA escreveu:Arthur, eu estou afirmando que não há mais notas sobre essa data. E ela não faz mais parte do calendario.Arthur escreveu:
PS: Sobre notas dos militares exaltando o golpe e a ditadura, é só procurar nos arquivos desse fórum que vocês encontrarão discussões minhas com outros membros desse fórum acerca de tal tipo de notas divulgado quanto do 31 de março (apesar da data real ser 1 de abril...).
"Ah, mas no passado tinha" o topico é justamente sobre revanchismo.
- Guerra
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Re: REVANCHISTAS
Pena que a esquerda não pense assim.Arthur escreveu:
Que bom que não tem mais.
Eu acho que esse negocio de fazer campanha eleitoral batendo nessa tecla vai haver reação. E eu não estou falndo de movimento de tropa, golpes e notas sobre dia 31.
Se os rumores forem verdade, eu acho que pode vir por ai o inicio de uma nova fase dos militares na sociedade brasileira. Mas vamos esperar para ver.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!