GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
O Estado de São Paulo ARTIGO
Tensão sino-indiana cresce em silêncio
Shashi Tharoor*
Quando um chanceler se esforça para garantir aos repórteres que não existe tensão na fronteira de seu país com um poderoso vizinho, a tendência lógica é perguntar-se se os desmentidos não são excessivos a ponto de perder a credibilidade. Afinal, não se ouve o chanceler do Canadá dizer que não há tensões na fronteira com os EUA, porque essa é uma verdade óbvia. A declaração de Pranab Mukherjee, o ministro do Exterior da Índia - numa visita a Pequim, em junho -, de que a fronteira sino-indiana está livre de tensões levou observadores a pressupor exatamente o contrário.
E eles estão certos. Nos últimos seis meses, proliferaram incidentes ao longo da fronteira de 4.057 quilômetros entre os dois países. Cerca de cem chegaram a ser registrados, entre eles, 65 incursões do Exército chinês em apenas um setor, a chamada Área do Dedo, de 2,1 quilômetros quadrados, incrustada no Estado indiano de Sikkim, que tem 206 quilômetros de fronteira com o Tibete.
Embora a Índia procure não dar muita importância a essas notícias, a imprensa indiana noticiou um incidente no setor oeste da fronteira. Em 16 de maio, uma equipe que investigava informações de incursões chinesas foi ameaçada e obrigada a retirar-se por uma patrulha de fronteira da China. Os soldados chineses teriam assumido posições de tiro, levando os indianos a recuar para não provocar um tiroteio.
No mês anterior, foi divulgada uma incursão armada chinesa 12 quilômetros adentro do Estado indiano de Arunachal Pradesh, no nordeste do país. Um intenso patrulhamento chinês tem sido observado em vários pontos e em Arunachal Pradesh, Estado que o embaixador chinês em Nova Délhi chegou a reivindicar em entrevistas.
Como a China estabeleceu quatro novas bases aéreas no Tibete e três em suas províncias do sul na fronteira com a Índia, comenta-se que a Força Aérea indiana teria aumentado sua presença na área, deslocando para lá dois esquadrões de caças Sukhoi-30 MKI.
O que está havendo, afinal? China e Índia estariam se preparando para uma guerra? Temores da iminência de hostilidades graves são evidentemente exagerados. É muito improvável que a China, com a proximidade da Olimpíada, inicie um confronto, e a Índia não pretende provocar a vizinha, que a humilhou numa brutal guerra de fronteira em 1962, na qual a China ficou com 23.200 quilômetros quadrados de território indiano. Ao mesmo tempo, a China tem insistido em lembrar à Índia que continua reclamando outros 92.000 quilômetros quadrados, a maior parte no Estado de Arunachal Pradesh.
Em nada contribui o fato de os dois países compartilharem a fronteira há mais tempo disputada do mundo, pois a Linha de Controle Atual (LCA), que delineia a divisa provisória, nunca foi formalmente demarcada de modo a ser aceita por ambas as partes. A fronteira da Índia foi definida pelos administradores do Império Britânico em 1913 - a Linha MacMahon, que a China questiona.
Quando a LCA foi criada, depois da vitória da China, em 1962, a situação ficou ainda mais nebulosa. Sempre que tropas dos dois lados constroem estradas, edificam casamatas e outras fortificações ou fazem patrulhas perto da linha, a tensão aumenta. Nos últimos meses, ao que tudo indica, a China tomou conscientemente a decisão de fazer com que os indianos fiquem de prontidão.
Não é difícil identificar essas tensões. Os recentes problemas da China com o Tibete reavivaram a lembrança indesejada da hospitalidade oferecida pela Índia ao dalai-lama e a seu governo no exílio. O fato de Tawang, terra natal do sexto dalai-lama e sede de um importante mosteiro do budismo tibetano, localizar-se no Estado de Arunachal priva a China de um trunfo vital em suas tentativas de consolidar o controle total sobre o Tibete. Portanto, lembrar à Índia as reivindicações chinesas é absolutamente urgente para a China.
O ministro Mukherjee foi tratado rudemente na visita a Pequim: o primeiro-ministro Wen Jiabao cancelou um encontro com ele e o governador da Província de Sichuan não compareceu para receber as doações da Índia às vítimas do terremoto.
Em seu encontro com o colega chinês, Yang Jiechi, Mukherjee soube o que seus anfitriões achavam das atividades do dalai-lama na Índia, e foi lembrado de que os incidentes na fronteira refletiam posições diferentes a respeito da localização correta do limite. Os chineses pediram a retomada do diálogo sobre a questão, embora haja escassas perspectivas de concessões de ambas as partes.
O desentendimento pode ocultar um cálculo estratégico maior. Com o fim da Guerra Fria, a China tinha duas opções em relação à Índia: considerá-la uma aliada natural, juntamente com a Rússia, criando uma alternativa ao predomínio americano na região, ou identificá-la como uma adversária em potencial. A recente revelação de uma associação entre os EUA e a Índia pode ter convencido os líderes chineses de que a Índia se tornou um instrumento de "contenção" da China.
A conclusão pode ter sido confirmada pelos freqüentes exercícios militares indianos com EUA, Japão e Austrália.
Portanto, é improvável que a situação na fronteira entre a China e a Índia fique calma. Alfinetando a Índia, a China mantém a vizinha preocupada a ponto de expor as vulnerabilidades da gigantesca democracia e abalar a confiança de uma rival estratégica em potencial. Podem esperar que a China provocará novos incidentes assim que a Olimpíada acabarem.
Shashi Tharoor, diplomata indiano, foi subsecretário-geral da ONU para Informação Pública. (c) Project Syndicate
Tensão sino-indiana cresce em silêncio
Shashi Tharoor*
Quando um chanceler se esforça para garantir aos repórteres que não existe tensão na fronteira de seu país com um poderoso vizinho, a tendência lógica é perguntar-se se os desmentidos não são excessivos a ponto de perder a credibilidade. Afinal, não se ouve o chanceler do Canadá dizer que não há tensões na fronteira com os EUA, porque essa é uma verdade óbvia. A declaração de Pranab Mukherjee, o ministro do Exterior da Índia - numa visita a Pequim, em junho -, de que a fronteira sino-indiana está livre de tensões levou observadores a pressupor exatamente o contrário.
E eles estão certos. Nos últimos seis meses, proliferaram incidentes ao longo da fronteira de 4.057 quilômetros entre os dois países. Cerca de cem chegaram a ser registrados, entre eles, 65 incursões do Exército chinês em apenas um setor, a chamada Área do Dedo, de 2,1 quilômetros quadrados, incrustada no Estado indiano de Sikkim, que tem 206 quilômetros de fronteira com o Tibete.
Embora a Índia procure não dar muita importância a essas notícias, a imprensa indiana noticiou um incidente no setor oeste da fronteira. Em 16 de maio, uma equipe que investigava informações de incursões chinesas foi ameaçada e obrigada a retirar-se por uma patrulha de fronteira da China. Os soldados chineses teriam assumido posições de tiro, levando os indianos a recuar para não provocar um tiroteio.
No mês anterior, foi divulgada uma incursão armada chinesa 12 quilômetros adentro do Estado indiano de Arunachal Pradesh, no nordeste do país. Um intenso patrulhamento chinês tem sido observado em vários pontos e em Arunachal Pradesh, Estado que o embaixador chinês em Nova Délhi chegou a reivindicar em entrevistas.
Como a China estabeleceu quatro novas bases aéreas no Tibete e três em suas províncias do sul na fronteira com a Índia, comenta-se que a Força Aérea indiana teria aumentado sua presença na área, deslocando para lá dois esquadrões de caças Sukhoi-30 MKI.
O que está havendo, afinal? China e Índia estariam se preparando para uma guerra? Temores da iminência de hostilidades graves são evidentemente exagerados. É muito improvável que a China, com a proximidade da Olimpíada, inicie um confronto, e a Índia não pretende provocar a vizinha, que a humilhou numa brutal guerra de fronteira em 1962, na qual a China ficou com 23.200 quilômetros quadrados de território indiano. Ao mesmo tempo, a China tem insistido em lembrar à Índia que continua reclamando outros 92.000 quilômetros quadrados, a maior parte no Estado de Arunachal Pradesh.
Em nada contribui o fato de os dois países compartilharem a fronteira há mais tempo disputada do mundo, pois a Linha de Controle Atual (LCA), que delineia a divisa provisória, nunca foi formalmente demarcada de modo a ser aceita por ambas as partes. A fronteira da Índia foi definida pelos administradores do Império Britânico em 1913 - a Linha MacMahon, que a China questiona.
Quando a LCA foi criada, depois da vitória da China, em 1962, a situação ficou ainda mais nebulosa. Sempre que tropas dos dois lados constroem estradas, edificam casamatas e outras fortificações ou fazem patrulhas perto da linha, a tensão aumenta. Nos últimos meses, ao que tudo indica, a China tomou conscientemente a decisão de fazer com que os indianos fiquem de prontidão.
Não é difícil identificar essas tensões. Os recentes problemas da China com o Tibete reavivaram a lembrança indesejada da hospitalidade oferecida pela Índia ao dalai-lama e a seu governo no exílio. O fato de Tawang, terra natal do sexto dalai-lama e sede de um importante mosteiro do budismo tibetano, localizar-se no Estado de Arunachal priva a China de um trunfo vital em suas tentativas de consolidar o controle total sobre o Tibete. Portanto, lembrar à Índia as reivindicações chinesas é absolutamente urgente para a China.
O ministro Mukherjee foi tratado rudemente na visita a Pequim: o primeiro-ministro Wen Jiabao cancelou um encontro com ele e o governador da Província de Sichuan não compareceu para receber as doações da Índia às vítimas do terremoto.
Em seu encontro com o colega chinês, Yang Jiechi, Mukherjee soube o que seus anfitriões achavam das atividades do dalai-lama na Índia, e foi lembrado de que os incidentes na fronteira refletiam posições diferentes a respeito da localização correta do limite. Os chineses pediram a retomada do diálogo sobre a questão, embora haja escassas perspectivas de concessões de ambas as partes.
O desentendimento pode ocultar um cálculo estratégico maior. Com o fim da Guerra Fria, a China tinha duas opções em relação à Índia: considerá-la uma aliada natural, juntamente com a Rússia, criando uma alternativa ao predomínio americano na região, ou identificá-la como uma adversária em potencial. A recente revelação de uma associação entre os EUA e a Índia pode ter convencido os líderes chineses de que a Índia se tornou um instrumento de "contenção" da China.
A conclusão pode ter sido confirmada pelos freqüentes exercícios militares indianos com EUA, Japão e Austrália.
Portanto, é improvável que a situação na fronteira entre a China e a Índia fique calma. Alfinetando a Índia, a China mantém a vizinha preocupada a ponto de expor as vulnerabilidades da gigantesca democracia e abalar a confiança de uma rival estratégica em potencial. Podem esperar que a China provocará novos incidentes assim que a Olimpíada acabarem.
Shashi Tharoor, diplomata indiano, foi subsecretário-geral da ONU para Informação Pública. (c) Project Syndicate
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
O Globo, 21/07/2008
Será que ele acha que a OMC é o interior do Brasil?!DESTAQUE DE CAPA Acusações de Amorim enfraquecem Brasil na OMC
Menção a nazismo atrapalha negociação crucial de comércio A declaração do chanceler Celso Amorim comparando a tática dos países ricos à dos nazistas gerou mais que mal-estar. Para o próprio ministro e negociadores brasileiros, os EUA usam agora o deslize para desqualificar a posição do Brasil na Rodada de Doha, da OMC, sobre comércio global.
Hoje começa uma negociação crucial para a rodada, que se arrasta há sete anos. O porta-voz da representante dos EUA, Susan Schwab - filha de sobreviventes do Holocausto -, cobrou sensibilidade de Amorim. Uma autoridade européia classificou o episódio de lamentável. Propaganda negativa Analogia de Amorim sobre tática nazista de ricos vira arma contra o Brasil na OMC Deborah Berlinck* Ao reagirem às declarações do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sobre nazismo, os Estados Unidos estão adotando uma estratégia para desqualificar a posição do Brasil às vésperas de uma reunião crucial hoje, com 35 ministros, na Organização Mundial de Comércio (OMC), sobre a Rodada de Doha, que se arrasta há quase sete anos. Essa é a avaliação de negociadores brasileiros próximos a Amorim. Ao ser perguntado por jornalistas se compartilhava dessa visão, o chanceler respondeu: - Eu concordo. Ontem, houve novas reações às citações de Amorim.
No sábado, o chanceler acusou os países ricos de orquestrarem uma campanha de desinformação nas negociações da OMC, ao acusarem os emergentes, e o G-20 em particular, de estarem dificultando um acordo para concluir a Rodada de Doha. O problema é que, para ilustrar, Amorim citou o chefe de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, que dizia que uma mentira contada muitas vezes acaba sendo aceita como verdade. Funcionário da UE: "lamentável" Citar o nazista Goebbels chocou a principal negociadora de comércio dos EUA, Susan Schwab, que é filha de sobreviventes do Holocausto. Seu porta-voz, Sean Spicer, disse ao jornal francês "Le Monde" que "no momento em que tentamos encontrar um resultado favorável para as negociações, esse tipo de comentário é muito mal recebido". Spicer evocou a "história pessoal" de Susan e disse que um chanceler "deveria ter consciência de certas sensibilidades". Um alto funcionário da União Européia (UE) classificou o episódio de "altamente lamentável". Já o representante de Comércio da UE, Peter Mandelson, cujo pai é judeu, não deu importância: -Vamos deixar Goebbels de lado.
Ontem, diante da repercussão de seus comentários nos jornais brasileiros e em algumas agências de notícia estrangeiras, Amorim tentou minimizar o episódio, que causou um mal-estar diplomático. - Eu sinto muito. Quem cobriu política no Brasil sabe que isso é dito milhões de vezes sem ofensa a ninguém. No dia da declaração de Amorim, o Itamaraty já divulgara nota dizendo que ele fora "suficientemente cuidadoso para desqualificar o autor da frase". Ministro mantém sua posição Ontem, Amorim reafirmou que lamentava ter ferido sentimentos e insistiu que não fora sua intenção: - Eu sinto muito. Comecei meus comentários desqualificando o autor. Talvez se eu tivesse dito o mesmo, sem mencionar o autor, o que seria uma espécie de plágio, não haveria reação. Mas o chanceler insistiu que os países ricos estão contando mentiras sobre as negociações da OMC: - O que mantenho é o seguinte: repetir uma distorção faz as pessoas acreditarem que a distorção é uma verdade. (*) Com agências internacionais
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: GEOPOLÍTICA
Mas convenhamos, basear-se em uma frase infeliz para desqualificar toda uma negociação envolve muita, mas MUITA má-fé da parte dos interlocutores. Será que foram pegos mentindo mesmo e agora usam o episódio para livrarem a cara? Para mim, o Goebbels deixou muitos seguidores - inclusive judeus ianques - por aí...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: GEOPOLÍTICA
Eu também não gosto do MRE Celso Amorim. Mas como o Tulio, tenho a impressão que os caras estão forçando em cima de uma declaração infeliz pra criar obstáculos e assim vender as facilidades.
Uma lastima para o comercio internacional.
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Se na batalha de Passo do Rosário houve controvérsias. As Vitórias em Lara-Quilmes e Monte Santiago, não deixam duvidas de quem às venceu!
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Re: GEOPOLÍTICA
Mas isso era tão previsível de ocorrer que me espanta o amadorismo do banana em usar esse tipo de comparação.Túlio escreveu:Mas convenhamos, basear-se em uma frase infeliz para desqualificar toda uma negociação envolve muita, mas MUITA má-fé da parte dos interlocutores. Será que foram pegos mentindo mesmo e agora usam o episódio para livrarem a cara? Para mim, o Goebbels deixou muitos seguidores - inclusive judeus ianques - por aí...
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Re: GEOPOLÍTICA
Quiron, estou pouco ligando pro Amorim e o resto dos petralhas junto, o que me irrita é usarem uma besteira dessas contra O BRASIL, POWS!!!
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Re: GEOPOLÍTICA
Os ricos não vão ceder nada aos pobres.
Neste mundo do individualismo: Antes eu do que vc.
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Re: GEOPOLÍTICA
Peço apenas para que não façam análise sob a mesma ótica parcial de O Globo ou da Veja. Daqui a pouco esses veículos vão começar a publicar que a Rodada de Doha não teve êxito porque o Amorim disse isso ou aquilo.
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Re: GEOPOLÍTICA
10/07/2008 - 09h47
França critica Brasil e China por dificultar acordo na OMC
da France Presse
da Folha Online
O presidente da França, Nicolas Sarkozy --que também é o presidente em exercício da União Européia (UE)-- afirmou nesta quinta-feira que os negociadores não conseguem 'fechar as contas' para um acordo na OMC sobre a liberalização do comércio internacional e criticou o Brasil e a China por causa disso.
"Somos unânimes na Europa (...) para dizer que, no estado atual das coisas, as contas não fecham, que a Europa fez todos os esforços, que a Europa não pode continuar fazendo esforços se as outras grandes regiões do mundo não estiverem decididas a avançar", afirmou Sarkozy no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
"O Brasil não fez nenhum esforço para baixar as tarifas alfandegárias na indústria; não há qualquer esforço nos serviços e o que se pode dizer do fechamento do mercado chinês?", acrescentou.
O premiê britânico, Gordon Brown, no entanto, disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está disposto a desbloquear as negociações da Rodada Doha. Ele afirmou que o sinal dado pelo presidente brasileiro é crucial para as negociações que alguns países-membros da OMC, entre eles Brasil, Índia e Estados Unidos, realizarão a partir de 20 de julho em Genebra (Suíça).
"Reino Unido e Brasil acreditam que um ambiente comercial aberto levará prosperidade às pessoas de todo o mundo e ajudará a tirar milhões de pessoas da pobreza", assinalaram os dois países em comunicado conjunto divulgado após a reunião. "Estamos convencidos de que, em um momento no qual existe uma incerteza econômica global e os preços dos alimentos sobem, devemos abrir os mercados e ampliar o comércio em vez de recorrer ao protecionismo", diz a mensagem.
França critica Brasil e China por dificultar acordo na OMC
da France Presse
da Folha Online
O presidente da França, Nicolas Sarkozy --que também é o presidente em exercício da União Européia (UE)-- afirmou nesta quinta-feira que os negociadores não conseguem 'fechar as contas' para um acordo na OMC sobre a liberalização do comércio internacional e criticou o Brasil e a China por causa disso.
"Somos unânimes na Europa (...) para dizer que, no estado atual das coisas, as contas não fecham, que a Europa fez todos os esforços, que a Europa não pode continuar fazendo esforços se as outras grandes regiões do mundo não estiverem decididas a avançar", afirmou Sarkozy no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
"O Brasil não fez nenhum esforço para baixar as tarifas alfandegárias na indústria; não há qualquer esforço nos serviços e o que se pode dizer do fechamento do mercado chinês?", acrescentou.
O premiê britânico, Gordon Brown, no entanto, disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está disposto a desbloquear as negociações da Rodada Doha. Ele afirmou que o sinal dado pelo presidente brasileiro é crucial para as negociações que alguns países-membros da OMC, entre eles Brasil, Índia e Estados Unidos, realizarão a partir de 20 de julho em Genebra (Suíça).
"Reino Unido e Brasil acreditam que um ambiente comercial aberto levará prosperidade às pessoas de todo o mundo e ajudará a tirar milhões de pessoas da pobreza", assinalaram os dois países em comunicado conjunto divulgado após a reunião. "Estamos convencidos de que, em um momento no qual existe uma incerteza econômica global e os preços dos alimentos sobem, devemos abrir os mercados e ampliar o comércio em vez de recorrer ao protecionismo", diz a mensagem.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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Re: GEOPOLÍTICA
21/07/2008 - 09h53
EUA tentam esvaziar retomada da Rodada Doha após comentário de Amorim
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VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online
Os Estados Unidos já tentam esvaziar qualquer esforço para retomar hoje as negociações da Rodada Doha, que discute a liberalização do comércio mundial, baseados em um comentário agressivo do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Ele comparou a resistência dos países ricos em negociar com a atitude do chefe da propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels.
Amorim lembrou que, em sua estratégia, Goebbels dizia que uma mentira contada muitas vezes acaba sendo aceita como verdade. Dada a sensibilidade do momento atual na economia global, em que se fala cada vez mais em protecionismo, um comentário desse tipo causou melindre para aqueles que esperam qualquer desculpa para dificultar o processo de abertura.
Entenda o que é a Rodada Doha
Susan Schwab, a representante comercial dos EUA --e descendente de sobreviventes do holocausto-- foi a primeira a reagir, através de seu porta-voz Sean Spicer. Ela disse que "esse tipo de comentário maldoso não tem lugar nessas negociações". Amorim pediu desculpas ontem pela declaração. Mas o que tirou com uma mão, recolocou com outra, insistindo no conteúdo da idéia de Goebbels: "Mantenho: repetir uma distorção faz com que as pessoas acreditem que ela é a verdade".
Em um tom um pouco menos diplomático, mais crítico, Spicer disse que "no momento em que tentamos encontrar um resultado bem sucedido para as negociações, esse tipo de declaração é altamente infeliz". "Para alguém que é ministro de Relações Exteriores, ele devia estar mais atento para alguns pontos sensíveis."
Ele ainda afirmou: "[Amorim] fazer declarações desse tipo é incrivelmente errado. Elas são insultuosas."
Por mais inoportuno que tenha sido o comentário, as negociações comerciais já estavam estagnadas muito antes desse episódio. A obstrução de fato é causada pela dificuldade (ou desejo) que o governo norte-americano tem de enfrentar o lobby agrícola --um dos mais poderosos do país-- e cortar os subsídios aos produtores do país. Tanta atenção a um comentário mal colocado seria uma forma de desviar o foco do que realmente é o caso em Genebra: evitar que a rodada seja declarada oficialmente morta --como disse o prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz, em seu livro "Globalização: Como Dar Certo".
No sábado, Amorim disse que os líderes dos países ricos se baseiam em fórmulas diferentes de redução de alíquotas ao se referir às negociações, o que daria a entender que as concessões que poderão fazer em agricultura são muito maiores que as que os países em desenvolvimento estão dispostos a aceitar no capítulo industrial. "Essa é uma afirmação sob medida para aqueles que não querem fazer sua parte em agricultura", afirmou.
Ele disse ainda que é um "mito" a crença de que a questão agrícola já está fechada, e que a OMC só está à espera de que os países do Sul demonstrem sua boa vontade em relação aos produtos industrializados para que se alcance o acordo esperado. "Ainda resta muito a fazer na agricultura", ressaltou --prevendo que um fracasso da reunião ministerial iniciada hoje pode adiar a conclusão de um acordo de livre comércio em três ou quatro anos.
Repercussão
O diário americano "The Wall Street Journal" disse em um artigo que a declaração de Amorim é "absurda e realmente preocupante, vinda de um diplomata moderado".
Já o jornal americano "The New York Times" diz que a rodada está viva "através de aparelhos". O diário diz que a Índia e o Brasil "se recusam a reduzir suas tarifas devido ao medo das economias movidas a exportações, como a China".
O jornal "The New Zealand Herald" disse que a declaração de Amorim é "potencialmente um incidente diplomático". "O comentário motivou uma pronta resposta dos EUA, cuja representante comercial, Susan Schwab, é filha de sobreviventes do holocausto".
EUA tentam esvaziar retomada da Rodada Doha após comentário de Amorim
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VINICIUS ALBUQUERQUE
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Os Estados Unidos já tentam esvaziar qualquer esforço para retomar hoje as negociações da Rodada Doha, que discute a liberalização do comércio mundial, baseados em um comentário agressivo do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Ele comparou a resistência dos países ricos em negociar com a atitude do chefe da propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels.
Amorim lembrou que, em sua estratégia, Goebbels dizia que uma mentira contada muitas vezes acaba sendo aceita como verdade. Dada a sensibilidade do momento atual na economia global, em que se fala cada vez mais em protecionismo, um comentário desse tipo causou melindre para aqueles que esperam qualquer desculpa para dificultar o processo de abertura.
Entenda o que é a Rodada Doha
Susan Schwab, a representante comercial dos EUA --e descendente de sobreviventes do holocausto-- foi a primeira a reagir, através de seu porta-voz Sean Spicer. Ela disse que "esse tipo de comentário maldoso não tem lugar nessas negociações". Amorim pediu desculpas ontem pela declaração. Mas o que tirou com uma mão, recolocou com outra, insistindo no conteúdo da idéia de Goebbels: "Mantenho: repetir uma distorção faz com que as pessoas acreditem que ela é a verdade".
Em um tom um pouco menos diplomático, mais crítico, Spicer disse que "no momento em que tentamos encontrar um resultado bem sucedido para as negociações, esse tipo de declaração é altamente infeliz". "Para alguém que é ministro de Relações Exteriores, ele devia estar mais atento para alguns pontos sensíveis."
Ele ainda afirmou: "[Amorim] fazer declarações desse tipo é incrivelmente errado. Elas são insultuosas."
Por mais inoportuno que tenha sido o comentário, as negociações comerciais já estavam estagnadas muito antes desse episódio. A obstrução de fato é causada pela dificuldade (ou desejo) que o governo norte-americano tem de enfrentar o lobby agrícola --um dos mais poderosos do país-- e cortar os subsídios aos produtores do país. Tanta atenção a um comentário mal colocado seria uma forma de desviar o foco do que realmente é o caso em Genebra: evitar que a rodada seja declarada oficialmente morta --como disse o prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz, em seu livro "Globalização: Como Dar Certo".
No sábado, Amorim disse que os líderes dos países ricos se baseiam em fórmulas diferentes de redução de alíquotas ao se referir às negociações, o que daria a entender que as concessões que poderão fazer em agricultura são muito maiores que as que os países em desenvolvimento estão dispostos a aceitar no capítulo industrial. "Essa é uma afirmação sob medida para aqueles que não querem fazer sua parte em agricultura", afirmou.
Ele disse ainda que é um "mito" a crença de que a questão agrícola já está fechada, e que a OMC só está à espera de que os países do Sul demonstrem sua boa vontade em relação aos produtos industrializados para que se alcance o acordo esperado. "Ainda resta muito a fazer na agricultura", ressaltou --prevendo que um fracasso da reunião ministerial iniciada hoje pode adiar a conclusão de um acordo de livre comércio em três ou quatro anos.
Repercussão
O diário americano "The Wall Street Journal" disse em um artigo que a declaração de Amorim é "absurda e realmente preocupante, vinda de um diplomata moderado".
Já o jornal americano "The New York Times" diz que a rodada está viva "através de aparelhos". O diário diz que a Índia e o Brasil "se recusam a reduzir suas tarifas devido ao medo das economias movidas a exportações, como a China".
O jornal "The New Zealand Herald" disse que a declaração de Amorim é "potencialmente um incidente diplomático". "O comentário motivou uma pronta resposta dos EUA, cuja representante comercial, Susan Schwab, é filha de sobreviventes do holocausto".
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Re: GEOPOLÍTICA
Essa agora bancar a Virgem... As instituições internacionais têm ouvido de tudo, e nós tambem, nestes anos e por uma citação arrepiam-se todas?????
O Bush diz que fala com Deus e tem um mandato sagrado para matar milhares, por parafrasear um Nazista, uma frase que fez história, é usada como figura de estilo, fazem uma festa dessas...
Por favor, a diplomacia Americana devia era ter vergonha de tudo o que o seu presidente fez até agora, incluindo as muitas e muitas gaffes durante estes anos todos.
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O Bush diz que fala com Deus e tem um mandato sagrado para matar milhares, por parafrasear um Nazista, uma frase que fez história, é usada como figura de estilo, fazem uma festa dessas...
Por favor, a diplomacia Americana devia era ter vergonha de tudo o que o seu presidente fez até agora, incluindo as muitas e muitas gaffes durante estes anos todos.
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: GEOPOLÍTICA
Evidentemente é uma estratégia suja para desqualificar o Brasil. Não gosto do Amorim, mas dessa vez o que estão fazendo, se aproveitando de uma distorção da fala dele é ridículo. Mas isso tem seu lado bom, assim talvez eles entendam que esse tipo de negociação é de gente grande e que os abutres estão loucos atrás de qualquer deslize e que o Brasil deve falar alto também. Essa conversinha fiada de resolver tudo em "negociações" não é prática no mundo. Mais uma razão pra entender a necessidade de um poder militar condizente. Deveriam aprender com a Rússia.
Vinicius Pimenta
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Re: GEOPOLÍTICA
GustavoB escreveu:Peço apenas para que não façam análise sob a mesma ótica parcial de O Globo ou da Veja. Daqui a pouco esses veículos vão começar a publicar que a Rodada de Doha não teve êxito porque o Amorim disse isso ou aquilo.
Eu não sei o que anda dizendo "O Globo", mas sei o que o Amorim fala, e posso afirmar que é muita bobagem.
O Barão deve estar se revirando em seu túmulo.
unanimidade só existe no cemitério
Re: GEOPOLÍTICA
Mas é pra isso que ele ganha, caríssimo cvn. Qual é a função do diplomata senão mentir descaradamente em defesa do seu país? Brabo é quando tem gente 'nossa' trabalhando contra. Abs