Acho que a Venezuela está em um processo armamentista bem mais ambicioso do que uma simples modernização de suas FA's.
O que eu vou citar abaixo, com certeza, já é de conhecimento de muitos deste fórum, mas gostaria de transformar este tópico em um centro de informações e debates sobre este polêmico assunto.
Este artigo foi feito por Roberto Lopes e publicado pela Revista Época, 30 de junho de 2008.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/E ... HAVEZ.htmlO artigo inicia-se informando a possível aquisição do monomotor Guará 200, biplace, ideal para o adestramento de pilotos, e produzido pela empresa de SJCampos/SP Plasmatec, pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Uma vez que não tem acesso aos aviões da Embraer e da Enaer, que contêm componentes americanos e que, por sua vez, veta a venda dos mesmos para os militares chavistas, o Guará driblou esse problema alterando inclusive o motor, um Lycoming, 200 hp, a gasolina, por um francês SMA, de 230 hp, a querosene.
Em seguida informa a viagem à Rússia do vice-presidente e do ministro da defesa venezuelanos, onde tentarão comprar um primeiro lote de submarinos da classe Kilo 636. Este sub, além de torpedos, dispara mísseis sizzler, capazes de atingir alvos a 300 kms de distância, na superfície. A pressa é tamanha para esta aquisição que os almirantes venezuelanos chegaram a pedir aos russos um submarino emprestado para que oficiais e marujos chavistas pudessem, sob a supervisão russa, irem se acostumando ao novo "brinquedo". O pedido foi negado. A Venezuela, então, subiu a oferta e os russos concordaram em incluir no contrato um Kilo usado, que deverá ser incluído à frota venezuelana no final de 2011.
Trata-se de um submarino bem maior, mais equipado e mais letal que o Tupi, da MB. Possui um deslocamento de até 3950 ton quando submerso, contra 1440 ton do Tupi, também submerso.
Até almirantes cubanos estão ansiosos pela chegada destes submarinos, por conta de um acordo existente entre cubanos e Chávez - oficiais cubanos estagiariam nos Kilo 636 e os venezuelanos aprenderiam a pilotar caças russos com os mesmos. Além disso, Cháves teria acesso às escutas realizadas pelas estações de vigilância eletrônica cubanas, que rastreiam desde transmissões de fax em Wall Street a transferências de dados militares por microondas e comunicações via satélite dos americanos.
A estratégia armamentista de Chávez é motivo de preocupação. Duas semanas atrás, uma advertência do ex-encarregado de Negócios da Venezuela em Brasília e em Bogotá, Edgar Otálvora, hoje colunista do jornal venezuelano "El Nuevo Pais", passou de mão em mão no MD em Brasília: "As aquisições bélicas que realiza o governo venezuelano, pouco a pouco, deixam de ser estritamente defensivas. O tipo e a quantidade de equipamentos que Hugo Chávez está comprando desenham a construção de um aparato de guerra destinado a atuar muito mais além das fronteiras venezuelanas".
Há um ano atrás, oficiais de Chávez (entre eles o então chefe da Primeira Brigada de Fuzileiros Navais, almirante Carlos Maximo Aniasi Turchio, ex-ajudante-de-ordens e amigo pessoal de Chávez) foram ao estaleiro italiano Fincantieri, no Porto de Trieste, atrás de informações de navios porta-helicópteros da classe San Giusto, construídos para a Marinha italiana, com 8 mil ton de deslocamento, maiores que quase todas as unidades da MB. Além de pistas de pouso, possuim porões para armazenar lanchas de desembarque e alojamentos que acomodam até 350 fuzileiros bem armados. Eles gostaram do navio, mas o acharam "pequeno". "Precisavam" de uma embarcação maior, capaz de transportar até 850 fuzileiros prontos para o combate - um batalhão inteiro. Seu governo poderia encomendar até 3 navios deste porte.
A Venezuela também se interessou por uma corveta lança-mísseis da classe Mirazh e por um hovercraft Murena E. Com 31 metros de comprimento e altura de um prédio de 3 andares, o hovercraft tem canhões e mísseis antiaéreos, além de transportar carro de combate ou até 130 soldados.
Os acordos que Chávez assinou com países vizinhos - Cuba, Nicarágua, Bolívia e Equador - mostram um esforço para aumentar a influência militar da Venezuela na região.
"Há uma percepção equivocada de que os problemas comuns aos países da AL serve para uní-los", afirma o cientista político Eliézer Rizzo de Oliveira, especialista em assuntos de defesa que faz consultoria para a oposição ao governo Lula. "A expansão militar da Venezuela mostra que isso está errado".