Delmar escreveu:O Brasil não é herdeiro direto de Portugal. Primeiro por que Portugal ainda não morreu. Além da lingua é certo que temos muita influência de Portugal, porém também recebemos muitas outras influências diferentes. A Espanha, por ser um país maior e mais poderoso que Portugal, teve uma influência maior em suas antigas colonias americanas que os portugueses tiveram no Brasil.
Para comparar a influência de Portugal sobre o Brasil, bastaria falar da questão das universidades. Os espanhóis criaram universidades nas suas colónias das Américas, enquanto que Portugal proíbia isso, para garantir que as elites vinham todas do mesmo lugar, ou seja, a Universidade de Coimbra.
No final do século XVIII e inicio do século XIX se um Brasileiro não quisesse estudar na universidade portuguesa, tinha que ir para outro país. Como já discutimos noutros tópicos, a não existência de elites de lugares distintos, garantiu que o país se mantinha unido em vez de se esfrangalhar aos bocados. O mais conhecido intento separatista, a revolução farroupilha, foi um intento separatista não das elites culturais, mas das oligarquias agrárias, que não tinham nehuma ligação à cultura.
A conclusão, é simples: Portugal influenciou o Brasil, muito mais que a Espanha influenciou as suas colonias.
Isto acontece, porque os portugueses sempre reconheceram que um dos problemas que tinham era a pequena dimensão da metropole. Por isso, agiram no sentido de garantir que o seu dominio se prolongaria.
Mesmo depois da independência em 1822, havia um enorme fosso entre o governo do Império do Brasil e os governos das repúblicas sul americanas de língua espanhola. O governo do Rio de Janeiro, via os outros regimes como «bárbaros» por serem repúblicas. O Brasil nasceu como monarquia constitucional, ao contrário de todos os restantes países do continente (excepto o Canadá por razões conhecidas).
PT, ¿en que quedamos? ¿La Unión Ibérica fue sólo una unión dinástica o fue una conquista? Porque por derecho de conquista el conquistado no tiene derechos y sin embargo a Portugal se le respetó, vamos, más que lo ha respestado Inglaterra.
Do ponto de vista puramente formal, a União Ibérica foi uma União Dinástica. As tropas esperaram na fronteira portuguesa, até ter chegado a notícia de que o Conselho de Regência do Reino tinha declarado rei de Portugal, a «Felipe II», que no ano seguinte seria aclamado nas cortes como Filipe-I, Rei de Portugal e Algarves, de Aquém e de Além mar...
O facto de que parte da aristocracia em Castela, ou Napoles e muitos nobres de vários dos reinos Habsburgos não aceitaram esta realidade, compreende-se porque perderam a oportunidade de conseguir domínios nos territórios portugueses.
Na verdade, embora outro rei (D. António) tivesse sido aclamado em algumas cidades portuguesas, quem decidiu tudo, foi na prática o Duque de Bragança, que odiava D. António e temia que a sua família fosse outra vez vitima da ira real, como tinha acontecido dois séculos antes.
É o poder do Duque de Bragança, que extorquiu a Filipe II ainda mais dinheiro e ainda mais poder, que explica e justifica a legitimidade e a legalidade da acção de 1580 e que explica que não foi conquista.
O problema no Brasil existiu, como continuou a existir a rivalidade entre a Coroa de Portugal e a Coroa de Castela no chamado «anti meridiano de Tordesilhas». Na Ásia, como no Brasil, portugueses e castelhanos continuavam a defender os interesses de cada um dos seus reinos, recorrendo à violência se necessário.
O Tratado de Tordesilhas, entre a Coroa de Portugal e a Coroa de Castela, foi na prática substituído pelo Tratado de Madrid, esse assinado entre a coroa espanhola e a coroa portuguesa.
O TRatado de Madrid, como afirmei anteriormente, foi uma aceitação de uma situação «De facto». Ao controlar a desembocadura dos rios, os portugueses podiam chegar ao interior do continente com grande facilidade, enquanto que os espanhóis tinham a cordilheira dos Andes para transpor.
A não haver Tratado de Madrid, provavelmente a fronteira do Brasil chegava aos Andes, e a Bolivia andina seria parte do Peru.
É importante também não esquecer, que a Espanha recebeu de Portugal o direito de estabelecer um pé na África equatorial. Mas a Espanha nunca mostrou interesse por essas possessões, mas isso não é culpa dos portugueses.
Cumprimentos