O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

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O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#1 Mensagem por soultrain » Ter Jul 15, 2008 3:03 pm


Hirsch: US$500/barril dentro de três a cinco anos
por Jim Kunstler



O momento da verdade na semana passada foi o aparecimento de Robert Hirsh na CNBC, no programa financeiro matutino "Squawkbox", no qual sugeriu a probabilidade de US$500 por barril de petróleo dentro de "uns três a cinco anos". A apresentadora Becky Quick ficou claramente confusa diante do impassível Sr. Hirsch, autor de um (então) assustador relatório elaborado em 2005 para o Departamento de Energia (desde então mencionado como Relatório Hirsch e enterrado pelo secretário da Energia) que advertia quanto aos medonhos efeitos sobre o modo de vida americano quando a situação do Pico Petrolífero ganhasse velocidade.

Talvez o maior contestador da realidade tenha sido o absolutamente idiota Larry Kudlow no show da noite sobre dinheiro, o qual manteve-se a repetir a lenga-lenga "furem, furem, furem" quando lhe apresentaram sinais de que alguma outra coisa além dos "especuladores do petróleo" estava a conduzir os preços para cima e a criar escassez global. Estes idiotas retornam sempre ao amuleto de que "há muito petróleo fora daqui". O que eles não percebem é que mesmo no momento em que o mundo está a desfrutar o pico máximo da produção de todos os tempos (algo em torno dos 85 milhões de barris por dia), aquele mesmo mundo está a exigir pelo menos 86 milhões de barris -- assim mesmo que se pense que há mais petróleo do que nunca, não há bastante. E o fosso só pode ficar maior.

A diferença entre o que está disponível e o que é procurado está a ser sentida pelos países pobres e pessoas pobres nos países mais ricos. Os países do Terceiro Mundo que não têm petróleo estão simplesmente a retirar-se do mercado, e as classes mais baixas nos EUA estão a ter de escolher entre comprar gasolina e velveeta [1] . As inundações no cinturão do milho certamente agravarão o problema aqui nos EUA. Intervalos para almoço em breve podem ser uma coisa do passado para a WalMart Associates. Talvez eles se ponham apenas a jogar video games nos seus telemóveis no parqueamento de carros a fim de aliviar a fome.

Enquanto isso, a noção de que furar furar furar no offshore dos EUA e mais acima no Alasca resolverá este problema mostra quão incrivelmente desinformados estão os noticiários dos próprios media. A probabilidade de ser encontrada qualquer coisa ao largo da Califórnia ou da Florida é próxima de zero, mesmo que compensasse em parte o esgotamento em curso no punhado de velhos e estabelecidos campos super-gigantes dos quais o mundo obtém a maior parte do petróleo. A propósito, apoio a ideia de furar na Reserva Natural do Alasca porque penso que isto pode ser feito de um modo higiénico e, o mais importante, faria com que os cornucopianos idiotas, imbecis da extrema-direita, finalmente calassem a boca acerca disso -- antes de descobrirem que aquilo contem menos da metade do abastecimento anual de petróleo dos EUA às actuais taxas de utilização.

Também na frente do "enquanto isso", a reunião de domingo da OPEP, em Jeddah, Arábia Saudita, foi simplesmente uma evasão desesperada, uma fantochada, um teatro kabuki de impotência. Mais uma vez os sauditas estão a pretender que podem aumentar a sua produção -- em resumo, a pretender que realmente têm algum poder no jogo. Como destacou Jeffrey Brown em THEOILDRUM.COM , o reino ainda mostrará um firme declínio de três anos em relação às suas taxas de produção de 2005 mesmo se fossem capazes de aumentar a produção actual tanto quanto eles dizem que farão em 2008.

Toda esta realidade principia a penetrar a consciência colectiva nos EUA, mas o resultado é sobretudo pânico ou descrença paralisada ao invés de qualquer conjunto de respostas inteligentes. Exemplo: recebi um telefonema de um dos produtores do Katie Couric no noticiário da CBS de sexta-feira. De algum modo, eles perceberam que os preços do petróleo estavam a tornar-se um problema na América. Chamaram-me para um comentário. A parte assustadora era que eles estavam claramente a tratar tal questão como uma estória "estilo de vida". Será que eu pensava que mais suburbanitas mudar-se-iam para o centro das cidades? E seria isso uma boa coisa...? Eles não tinham a mais mínima pista sobre quão vastamente e profundamente estas dinâmicas afectarão a vida deste país, ou mesmo a nossa capacidade para permanecermos um país. Também, a propósito, isto demonstra como a rede dos noticiários nocturnos tornou-se o equivalente das antigas "páginas da mulher" dos jornais diários.

O universo paralelo do mundo financeiro está a mostrar a tensão resultante de toda esta ansiedade com o petróleo -- uma vez que, afinal de contas, o petróleo é o recurso primário para movimentar economias industriais. Passou-se algum tempo desde que os rapazes ao serviço dos banqueiros embarcaram na sua aventura fatal de alquemizar uma nova estirpe mutante de instrumentos de investimento para substituir as velhas acções e títulos, os quais representavam a esperança para a produção do excedente de riqueza da actividade industrial -- agora posta em debate pela estória do petróleo. A ideia dos investimentos mutantes era produzir riqueza com nenhuma actividade real produtora de riqueza. Este velho truque, antigamente conhecido como finanças Ponzi ou um "esquema de pirâmide", era naturalmente auto-limitante, e de um modo que acabaria por se demonstrar muito destrutivo para sociedade como um todo. De facto, ele minou fatalmente a legitimidade de todo o sistema financeiro, e iniciou-se um estado de náusea abrangente quando testemunhamos todos a dissolução do fundamento da economia dos EUA sob um tsunami de dívidas que nunca serão reembolsadas.

Os mercados parecem saber isto, os actos mais interventivos estão a guinchar mais acerca disso, alguns bancos estão a emitir amedrontadoras advertências "duck-and-cover" [2] , utilizando frases de filme de horror tais como "...pior do que na Grande Depressão dos anos 30..." e o público geral está a afundar na areia movediça da bancarrota, devolução aos donos, e ruína. Não estive em quaisquer festas no relvado no Hamptons deste ano, mas imagino que borbulhas eczematosas de ansiedade estão a competir com queimaduras depois de acabado este ano. Realmente, estamos certos de voltar aonde estávamos por esta altura no ano passado, apenas pior. O petróleo duplicou, a comida está terrífica, as barragens romperam-se, as pessoas que dirigem as coisas estão a borrar as calças, e toda a gente está à espera da queda final. -- 23/Junho/2008.

As previsões apontavam para estimativas máximas do preço do petróleo na ordem dos 300 US dólares/barril em 2015-2016. A perspectiva dos 500 dólares (já para 2011 ou 2013!) apontada agora pelo reconhecido especialista Robert Hirsch (autor dum famoso estudo para o Governo americano, datado de 2005, sobre as perspectivas da produção petrolífera), vem não só confirmar os avisos insistentes sobre o impacto necessariamente catastrófico do Pico Petrolífero nas economias mundiais, mas torná-los ainda mais dramáticos.

Segundo a BP, ao que parece, optimista, as reservas comprovadas de petróleo dão para mais 39,96 anos, se se mantiver o actual consumo mundial na ordem dos 85 milhões e barris/dia! No entanto, se o consumo chegar aos 100 milhões b/d até 2015, como seria necessário que chegasse para satisfazer a procura mundial previsível, as contas alteram-se e muito, não é senhores economistas da BP? Claro que há sempre a possibilidade de uma recessão mundial profunda e duradoura, ou uma guerra mundial, atrasar o relógio de Hubbert. Mas a que preço Senhores da Saudi Aramco (e demais NOCs), da BP, da Exxon Mobil, da Chevron e da Shell? Vale a pena ler o artigo da Times Online que se segue.

Former President Bush energy adviser says oil is running out

June 30, 2008. The era of globalisation is over and rocketing energy prices mean the world is poised for the re-emergence of regional economies based on locally produced goods and services, according to a former energy adviser to President Bush and the pioneer of the "peak oil" theory.

Matt Simmons, chief executive of Simmons & Company, a Houston energy consultancy, said that global oil production had peaked in 2005 and was set for a steep decline from present levels of about 85 million barrels per day. "By 2015, I think we would be lucky to be producing 60 million barrels and we should worry about producing only 40 million," he told The Times.

His controversial views, rejected by many mainstream experts, suggest that some of the world's biggest oilfields, particularly in Kuwait and those of Saudi Arabia, the world's leading producer, are in decline. "It's just the law of numbers," he said. "A lot of these oilfields are 40 years old. Once they roll over, they roll over very fast."

Mr Simmons asserted that this, coupled with soaring global energy demand, meant that world oil prices were likely to continue rising. He said that even at present record highs of more than $140 a barrel, oil remained relatively inexpensive, especially in the US, the world's biggest market. "We are just spoiled rotten in the US," he said. "It's still cheap."

Rising prices will force a tectonic shift in the structure of the global economy by destroying the rationale for shipping many goods, such as food, over long distances, he said. "This is already happening. In the US, our local farms, ranches and dairies are booming. They are having a huge comeback."

Mr Simmons set out a radical vision of the future, envisaging a society in which food and many other essentials are sourced and consumed locally and increasing numbers of people work from home. He claimed that the alternative was increasing political instability and conflict over the planet's diminishing resources. "We are living in an unsustainable society," he said. "If we don't change we are just going to start fighting one another...So let's just start assuming the worst and plan for it."

However, only this month, BP disclosed figures which indicated that the world had 1.24 trillion proven barrels of oil left in the ground - more than 40 years' worth at current rates of production. BP said that known global reserves had actually increased by 168.5 billion barrels, or 14 per cent, over the past decade. Tony Hayward, the chief executive of BP, said: "The good news is the world is not running out of oil."

BP blamed a lack of investment and access to reserves, rather than geology, for why global oil production was sputtering.

Mr Simmons claimed that many countries had overstated their reserves for political purposes and that so-called flow rates were a better indicator of recoverable volumes. He said that the quality of oil produced by Saudi Arabia and other big exporters was declining. -- in Times Online.
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NOTAS

[1] Tipo de queijo nos EUA.
[2] Duck and Cover era o método sugerido de protecção pessoal contra os efeitos de uma detonação nuclear que o governo dos Estados Unidos ensinou a gerações de escolares dos Estados Unidos desde o fim da década de 1940 até a década de 1980. Este método era suposto protegê-los no caso de um ataque nuclear inesperado o qual, diziam-lhes, podia acontecer a qualquer momento sem advertência. Imediatamente depois de verem um clarão de luz eles tinham de parar o que estavam a fazer e ficar sobre o chão sob alguma cobertura -- tal como uma mesa, ou pelo junto à parede -- e assumir a posição fetal, deitadas com a cabeça para baixo e cobrindo as cabeças com as mãos. Os críticos consideram que tal treino seria de pouca, se é que alguma, valia em caso de guerra termonuclear, e tinha pouco efeito além de promover um estado de desconforto e paranóia. A finalidade era criar no povo a aceitação da possibilidade da guerra nuclear.





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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#2 Mensagem por Immortal Horgh » Ter Jul 15, 2008 3:06 pm

A Petrobrás estima estar produzindo de 4 à 5 milhões de barris em 5 anos. Não sei qual será nosso consumo até lá, mas não creio que dobre (o atual está em torno de 2,1 milhões), logo deveremos nos tornar um bom player.




[ ]s




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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#3 Mensagem por soultrain » Ter Jul 15, 2008 3:11 pm

Immortal,

Infelizmente para o mundo, o petróleo Brasileiro é uma gota no oceano, felizmente para o Brasil, essa gota vai valer muito dinheiro e vai chegar a um ponto em que vão escolher, petróleo ou dinheiro.

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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#4 Mensagem por cvn73 » Ter Jul 15, 2008 3:25 pm

soultrain escreveu:Immortal,

Infelizmente para o mundo, o petróleo Brasileiro é uma gota no oceano, felizmente para o Brasil, essa gota vai valer muito dinheiro e vai chegar a um ponto em que vão escolher, petróleo ou dinheiro.

[[]]'s

2x

Talvez, neste monento, a escolha correta seja ... petroléo.




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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#5 Mensagem por Immortal Horgh » Ter Jul 15, 2008 3:47 pm

soultrain escreveu:Immortal,

Infelizmente para o mundo, o petróleo Brasileiro é uma gota no oceano, felizmente para o Brasil, essa gota vai valer muito dinheiro e vai chegar a um ponto em que vão escolher, petróleo ou dinheiro.

[[]]'s

Sei disse, Soultrain, mas uma coisa que acho importante é nosso investimento cada vez maior em biocombustíveis, ou seja, preparar o país para um novo mundo sem petróleo.



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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#6 Mensagem por joao fernando » Ter Jul 15, 2008 5:43 pm

Na minha visão, temos condição sim de viver num mundo sem petroleo (o Brasil, apenas). O resto, bem o resto que se vire, porque exportação nesse panomara não existirá. Terras serão para cultivo de oleoginosas e comida. Talves o gado seja criado confinado. Ou viramos a força adeptos de carne de soja. Exportação de grãos? Isso é coisa do passado. Uma guerra na asia, eliminando do mundo 3 bilhoes de pessoas, acredito e vejo como uma real possibilidade.

Não existe mundo como conhecemos sem o petroleo. O petroleo nos tirou das trevas. E só existem 6 bilhoes de almas graças a ele.




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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#7 Mensagem por Bolovo » Ter Jul 15, 2008 5:52 pm

Acho que não vai acontecer isso.

Com o petroleo a $500, ninguém vai usar, os estoques vão aumentar e o preço por consequencia vão abaixar. E metade desse preço é especulação, ainda mais alimentadas por declarações como essas.

Que vai ficar caro vai sim, mas não acredito que já ficar muito tempo em alta assim não.




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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#8 Mensagem por joao fernando » Ter Jul 15, 2008 6:08 pm

Eu já vejo o futuro a lá Mad Max...platarei cana e farei o meu proprio alcool. Que o Fusca vai queimar bem, no motorzinho dele. Oleo, usarei o soya mesmo...




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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#9 Mensagem por Tigershark » Ter Jul 15, 2008 6:19 pm

Bolovo escreveu:Acho que não vai acontecer isso.

Com o petroleo a $500, ninguém vai usar, os estoques vão aumentar e o preço por consequencia vão abaixar. E metade desse preço é especulação, ainda mais alimentadas por declarações como essas.

Que vai ficar caro vai sim, mas não acredito que já ficar muito tempo em alta assim não.
Tenho a mesma opinião,Bolovo.Como tudo é uma questão de lei da oferta e da procura,seguramente quando o preço subir a níveis astronômicos os consumidores vão buscar alternativas,e dentre elas,o etanol e outros biocombustíveis.E nós estaremos preparados.




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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#10 Mensagem por soultrain » Ter Jul 15, 2008 6:20 pm

Bolovo,

Quando eu entrei aqui no forum, criei um tópico sobre a futura falta de petróleo, disse que chegaria a 100 USD, ouvi a mesma conversa. Quando liguei a 2ª invasão do Iraque com o petróleo e que seria uma borrada sem fim, chamaram-me extremista, quando disse que o alvo seguinte era o Irão, disseram impossível, Chamaram maluco e charlatão ao Colin Campbell, eu já disse que até ao fim do ano chega aos 200.

Hoje o o petróleo está a quase 150 USD, o que disse anteriormente é encarado com a máxima normalidade.

Vem ai uma crise enorme, não existe alternativa ao petróleo e este vai subir, subir...

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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#11 Mensagem por Bolovo » Ter Jul 15, 2008 6:27 pm

Não concordo, soultrain.

Por 150 doláres por barril dá pra pagar ainda, já tá uma loucura, um monte de coisa já tá parando (cias aéreas, caminhoneiros, etc), mas 200 pra cima não dá. Daí em diante é crise global e vão ter que fazer alguma coisa de algum modo, pois como você disse, não há alternativa ao black oil, mas vão ter que inventar alguma. Comprar excedentes de petroleo, migrar pros biocombustiveis, sei lá. Mas que algo vai acontecer, vai sim.




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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#12 Mensagem por soultrain » Ter Jul 15, 2008 6:27 pm

Duelo em Madrid sobre o que incendeia o preço do barril
Por Jorge Nascimento Rodrigues em 2 Julho 2008

Enquanto o cartel petrolífero acusa os ‘especuladores’ de serem responsáveis por 60% do actual preço do barril de crude, a Agência Internacional de Energia divulgou um relatório sobre os problemas de abastecimento do mercado nos próximos cinco anos. Tornam-se transparentes duas linhas políticas de abordagem do tema do choque petrolífero.

Madrid foi, desde 29 de Junho, palco de um confronto sobre as causas da alta do preço do barril de petróleo. Informação e contra-informação inundaram os «media» que fizeram a cobertura do 19º Congresso Mundial do Petróleo (World Petroleum Congress) que decorreu na capital espanhola até 3 de Julho.

O duelo politizou-se claramente – de um lado, os exportadores organizados (o cartel da OPEP), e do outro os principais países consumidores e importadores líquidos da OCDE (chamados países industrializados) e as suas multinacionais petrolíferas, cuja projecção de poder de outros tempos desapareceu.

A OPEP (Organização dos Países Exportadores do Petróleo) acusa os investidores «não comerciais» (os grandes investidores financeiros no mercado de contratos conhecido como COT-Commitment of Traders) de serem responsáveis, com as suas jogadas de compra e venda de «barris de papel», por 60% do actual aumento do preço. E afirma que os restantes 40% do aumento são derivados do prémio de risco derivado da geopolítica.

O presidente do cartel, o argelino Chakib Jelil, acusou directamente a Agência Internacional de Energia (AIE) – o regulador energético dos países industrializados da OCDE - de estar a “fazer política” ao ter divulgado no Congresso um relatório em que alerta para problemas graves de abastecimento de crude nos próximos cinco anos, perspectiva negativa que estaria, desde já, a influenciar o mercado à vista e o mercado de futuros do crude, incendiando ainda mais os preços. Como se sabe, a OPEP tem contradito a ideia de que a oferta não consegue ou não conseguirá no futuro responder ao disparo da procura (sobretudo dos BRIC e do próprio Médio Oriente) e de que há, no horizonte, um cenário possível de “pico de produção”.

A AIE tocou directamente na ferida da OPEP – a capacidade disponível dos produtores do cartel emagrecerá até 2013, diminuindo dramaticamente a margem de manobra para atalhar a problemas contingentes, por exemplo, os derivados da insegurança geopolítica ou do apetite desmedido das economias sobreaquecidas nos países emergentes.

O mito da especulação

Opinião contrária à da OPEP (e do próprio presidente da Galp em entrevista ao Expresso na edição de 28 de Junho), foi manifestada pelos presidentes de duas das mais importantes petrolíferas europeias, a BP e a Shell.

Tony Hayward, da BP, referiu, literalmente, que é “um mito” falar da especulação como causa da alta dos preços, e que o problema está nos “fundamentais” do mercado. Por seu lado, Jeroen Van Der Veer, da Shell, interveio no mesmo sentido, alegando que é difícil “provar” que são os especuladores os responsáveis. Der Veer sublinhou, também, que o problema está nos “fundamentais”: “O petróleo fácil é muito limitado. Muito do novo petróleo será difícil”, referiu em Madrid.

A AIE opinou no mesmo sentido: “É muito comum o expediente político de encontrar um bode expiatório para altos preços, do que dedicar-se a uma análise séria ou confrontar-se com decisões difíceis”. A Agência adiantou que “há pouca evidência de que os grandes fluxos de investimento nos mercados de futuros sejam a causa do desequilíbrio no mercado e que estejam, por isso, a contribuir para preços mais altos”. E recordou a história dos mercados de «commodities»: “Movimentos de preços explosivos são sintoma de uma guerra cerrada entre procura e oferta”.

O impacto real

Os movimentos financeiros dos grandes investidores no mercado de contratos (COT) desta «commodity» têm, naturalmente, impacto na evolução do preço no mercado à vista («spot») e no mercado de futuros, mas tem sido muito limitado – durante este ano, por exemplo, nos dias em que teve maior impacto, não representou mais de 4 a 9% do preço final, segundo o estudo realizado por Pedro de Almeida, professor da Universidade da Beira Interior e especialista da ASPO Portugal.


No dia mais ‘quente’ da última semana de Junho, o peso da especulação não ultrapassou os 12 dólares no preço final do barril de crude WTI norte-americano.


As grandes oscilações nas posições financeiras só têm impacto em prazos curtos, influenciando o preço, para cima ou para baixo, apenas pontualmente. Observando um período semestral ou anual, verifica-se que a curva de subida do preço do barril de petróleo é sustentada, e não afectada significativamente pelas oscilações das posições financeiras nos «barris de papel».

E ironia do processo - esse impacto beneficia quem vende, de facto, os barris físicos , ou seja exactamente aqueles que ‘culpam’ os especuladores. Os investidores ganham nas negociações de «barris de papel», nas compras e vendas de contratos, e influenciam, por essa via, o preço do barril de crude todos os dias (influenciando-o para cima ou para baixo), mas nada retiram da venda dos barris físicos.

Trata-se, no fundo, de um impacto similar a outros factores contingenciais, como a geopolítica (turbulência nos países produtores, risco de guerras no Golfo e de bloqueio de rotas de «commodities» como os rumores, agora, alegam) ou as catástrofes e acidentes.

As verdadeiras bombas

Mais substancial é o impacto de todo o tipo de notícias que criem constrangimentos duradouros presentes ou futuros sobre a oferta no quadro de uma situação mundial de grande disparo do consumo de petróleo por um grupo de «glutões» (dos famosos BRIC ao próprio Médio Oriente). O mercado do crude é um mercado excepcionalmente “sensível” a qualquer desequílibrio.

Por exemplo, uma informação estratégica de que a capacidade disponível da OPEP vai continuar a restringir-se (como revelou a Agência Internacional de Energia esta semana em Madrid) ou que as exportações do Médio Oriente, do México e da América Central e do Sul declinaram em 2007 em relação ao ano anterior na ordem dos 762 mil barris diários (segundo dados da BP), são verdadeiras «bombas» junto dos compradores de barris reais e dos investidores em «barris de papel».

Inquietação idêntica geram notícias como a dada, em Madrid, em primeira mão, pelo presidente da petrolífera mexicana, Pemex, que afirmou que o seu país corre o risco de ver a produção de crude reduzir-se em 40% no horizonte de 2015.





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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#13 Mensagem por soultrain » Ter Jul 15, 2008 6:31 pm

Anúncio de «crash» bolsista para depois do Verão
Por Jorge Nascimento Rodrigues em 19 Junho 2008

Um analista escocês anuncia tempestade para Setembro
Bob Janjuah, o estratego de crédito do Royal Bank of Scotland, e mais alguns colegas aconselharam os clientes a prepararem-se para um «crash» de grandes proporções depois do Verão num relatório em que alguns detalhes chegaram ao público inglês.
Bon Janjuah voltou a assustar os clientes do Royal Bank of Scotland. No ano passado, este estratego de crédito tinha antecipado a crise do «subprime» em alguns meses. Agora veio com novo prognóstico: as bolsas, a começar pela Wall Street, poderão ter um «crash» de grandes proporções depois do Verão. A precisão dele vai ao ponto de referenciar Setembro como o mês de risco.
Ainda que seja temerário apontar com tanta precisão um mês exacto para a tempestade, pois a dinâmica das bolsas comporta-se como um sistema não linear, a chamada de atenção deve ser tomada a sério por razões que se prendem com os dilemas que os bancos centrais mais poderosos do mundo enfrentam.
Os accionistas são o elo mais fraco de uma cadeia longa que vai das casas financeiras e bancos (afectados pelo «subprime») aos cidadãos hipotecados e com serviço de dívida crescente. Os bancos centrais – nomeadamente a Reserva Federal norte-americana e o Banco Central Europeu - estão confrontados com um dilema estratégico:
- ou continuar a baixar as taxas de juro (que já estão abaixo da inflação) fornecendo dinheiro barato (a taxa negativa) aos bancos em apuros e aliviando a pressão sobre a classe média, o que é politicamente correcto, mas levará ao agravamento dos desequilíbrios (desvalorização do dólar, continuação do disparo dos preços das «commodities», agravamento das balanças comerciais e dos défices externos, tumultos sociais face à inflação);
- ou rapidamente inverter a politica monetária para fazer face à situação de estagflação (estagnação do crescimento, ou mesmo sinais de recessão económica, com inflação crescente acima dos limiares oficiais admitidos), elevando as taxas de juro, com custos elevados a nível bancário, económico e social, o que é politicamente incorrecto e de alto risco também
Pelo que, resta à ‘mão invisível’ dos mercados financeiros actuar no elo politicamente mais fraco – as bolsas.
Veremos se Bob Janjuah acertará desta vez.

http://www.telegraph.co.uk/money/main.j ... rbs118.xml





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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#14 Mensagem por soultrain » Ter Jul 15, 2008 6:33 pm

Multinacional petrolífera reconhece ‘pico’ do petróleo
Por Jorge Nascimento Rodrigues em 12 Junho 2008

É a primeira vez que um presidente de uma multinacional petrolífera fala claro sobre a situação do mercado do crude e àcerca da sua tendência estrutural para a alta. Afirma-o em discurso directo e não através de relatórios de cenários a que só os especialistas têm acesso.

Por estas razões, as declarações que comentamos, de seguida, têm importância geoeconómica relevante.

“Os preços do crude manter-se-ão altos nos próximos anos, devido, em grande medida, a um ajustamento entre a oferta e a procura”, disse, na terça-feira (10 de Junho), em Nova Iorque, José Sérgio Gabrielli, presidente e administrador delegado da Petrobras.

Gabrielli acrescentou, ainda, preto no branco, que do lado da oferta, “os grandes produtores têm algumas restrições”, nomeadamente a Rússia e o Médio Oriente, os actuais principais produtores mundiais. Essas restrições explicam a ausência de margem de manobra dos grandes exportadores para responder afirmativamente aos “pedidos” políticos de aumento da oferta por parte dos principais consumidores, como aconteceu na última semana de Maio e nesta primeira semana de Junho.

Em relação à euforia em torno da sinalização de novas jazidas na zona «offshore» de Santos, no Brasil, Gabrielli reiterou a necessidade de moderação do optimismo bolsista (que se repercutiu em Portugal também) e oficial que se seguiu a esses anúncios em Abril. Frisou que o potencial exacto ainda se desconhece.

Estas afirmações de Gabrielli vêm, também, na sequência de novos dados recentemente divulgados sobre o xadrez da oferta mundial.

Os negociadores de crude tomaram consciência de mais dois factos relevantes que estão a pressionar em baixa a produção e a deixar nervosos os negociadores de crude nos mercados de futuros.

O primeiro facto, revelado, pelo The Oild Drum, diz respeito à Europa: a oferta oriunda do Mar do Norte (Noruega, Reino Unido e Dinamarca) está, no conjunto, a baixar significativamente, desde um pico de produção no ano 2000, em virtude do facto do Reino Unido ter passado de exportador para importador líquido desde 2006, o que já não acontecia desde os anos 1970. Também, a oferta de crude por parte da Noruega tem declinado desde um pico de produção em 2001, o que provocou um decréscimo nas exportações.

O segundo facto prende-se com as más notícias que vêm do México. Espera-se a confirmação de que este país produtor e exportador estará a caminho de inverter a situação passando, também, a importador líquido em 2015 – o que já não está assim tão longe. As exportações têm vindo desde 2005 a declinar. Como explica o especialista português da ASPO, Luis de Sousa: “O que tudo indica irá ocorrer é uma queda abrupta do maior campo petrolífero do país, Cantarel, que por volta de 2010 já estará a produzir quase zero. A partir daí, o México deverá manter alguma margem de exportação até 2015, mas muito inferior à actual. Na realidade as grandes receitas mexicanas a partir do petróleo desvanecer-se-ão com Cantarel”. O que podemos antever, no mínimo, é um problema político grave nas ‘traseiras’ dos Estados Unidos.





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Re: O mundo admite: Acabou o petróleo barato + 500US$

#15 Mensagem por delmar » Ter Jul 15, 2008 6:37 pm

Eu vejo as coisas da seguinte maneira. Há muito desperdicio de petróleo, especialmente nos EUA. Carrões com motor V8, 6.000 cc, são um exemplo. Outro são os gastos com aquecimento no inverno, muito além do necessário. Usinas termo elétricas movidas a gaz ou petróleo deveriam ser banidas. Deveriam ser incentivadas as usinas nucleares para substitui-la, em pouco tempo. Se houvesse um efetivo empenho de alguns países, os gastos de petróleo poderiam cair muito sem prejudicar a qualidade de vida.
De outra parte sempre surgem tecnologias novas capazes de substituirem as antigas. Logo veremos novos tipos de combustiveis para substituir o petróleo. Ainda não é o apocalipse.

saudações




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