GEOPOLÍTICA

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EDSON
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Re: GEOPOLÍTICA

#211 Mensagem por EDSON » Seg Jun 30, 2008 4:32 pm

Negociações de não-proliferação nuclear devem afetar o Brasil
Postado por William Waack em 26 de Junho de 2008 às 20:38
O Eixo do Mal perdeu um integrante importante nesta quinta feira (26) com o anúncio, feito pela Casa Branca, de que o regime da Coréia do Norte será retirado da lista de países que apóiam terroristas. Mais ainda: depois de declarar que a Coréia do Norte é um dos piores párias da comunidade internacional, os Estados Unidos decidiram abolir algumas das sanções impostas aos norte-coreanos.

O motivo para tanta doçura por parte de George W. Bush é uma declaração entregue pela Coréia do Norte sobre seu programa nuclear. A lista chegou 6 meses depois do prazo e é incompleta. Mesmo assim, menciona o fato de que a Coréia do Norte chegou a produzir quase 40 quilos de plutônio – material físsil que, na avaliação dos americanos, poderia servir para oito a doze ogivas nucleares.

A lista não faz menção, porém, à existência de bombas. Nem explica as alegadas conexões entre a Coréia do Norte e a Síria (que sofreu um ataque aéreo de Israel por conta disso). E não fala também do programa de enriquecimento de urânio da Coréia do Norte, o outro caminho para se chegar ao material que serve para bombas atômicas.

Os resultados obtidos são, apesar de tudo, consideráveis. Há forte ceticismo quanto à possibilidade de a Coréia do Norte abandonar seu programa nuclear (como já o fizeram, em outras ocasiões, África do Sul e Líbia, por exemplo). Mas um longo e paciente jogo de pressões diplomáticas, além de sanções de vários tipos, levaram os norte-coreanos a fazer concessões.

O que vale a pena assinalar aqui não é tanto a questão da Coréia do Norte, mas, sim, como Washington lida com os problemas de não proliferação. Evitar que tecnologias nucleares sensitivas caiam em outras mãos é um dos pilares da política externa americana desde o Projeto Manhattan (que levou à primeira bomba atômica). Mas há, claramente, dois pesos e duas medidas, por parte dos americanos, quando tratam de não-proliferação.

O próprio Bush assinou com a Índia – país que violou os princípios da não-proliferação e desenvolveu-se como potência nuclear – um amplo tratado de cooperação na área nuclear, abrindo acesso a transferência de tecnologia no setor e o desenvolvimento comum de reatores para produção de eletricidade. É melhor ser bem comportado, como o Brasil sempre fez, ou é melhor arrombar a porta e depois negociar, como a Índia fez?

O caso do Irã é o mais relevante no momento, muito mais que o da Coréia do Norte. Por motivos não diretamente nucleares: o programa iraniano está ainda distante de produzir petardos nucleares, mas o país transformou-se na principal potência do Oriente Médio, junto de Israel. Não há equilíbrio possível no Iraque, por exemplo, sem algum tipo de entendimento com o Irã.

O novo presidente americano (Obama ou McCain) estaria disposto a conversar diretamente com o Irã, e sem pré-condições, como querem os iranianos (quer dizer, sem que eles tenham de abandonar o programa de enriquecimento de urânio)? A questão da não-proliferação terá conseqüências diretas para o Brasil também.

Chamou a atenção em recentes pronunciamentos de Obama sobre a América Latina a intenção do candidato democrata, se for eleito presidente, de sentar-se à mesa e discutir também com o Brasil o uso de tecnologias nucleares sensitivas. O Brasil detém um método próprio de enriquecimento de urânio, ao qual são aplicadas rígidas salvaguardas (vigilância) internacionais.

Preparem-se para rodadas de fortes pressões diplomáticas – sobre países como o Brasil. Dá para se falar sem rodeios: quando afrouxam por lá, apertam aqui.




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Marino
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Re: GEOPOLÍTICA

#212 Mensagem por Marino » Ter Jul 01, 2008 8:34 pm

O Globo:

Jobim quer reforçar presença do Exército nas fronteiras
Publicada em 01/07/2008 às 19h43m
Reuters
BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, pretende apresentar em setembro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um programa para reforçar a presença do Exército nas fronteiras brasileiras na Amazônia. Segundo Jobim, o projeto constará do Plano Nacional de Defesa que está sendo finalizado pelo governo. O ministro não revelou quando e nem quantos soldados seriam mobilizados.

Jobim fez as declarações em resposta à preocupação dos deputados da Comissão de Agricultura da Câmara, que o ouviram nesta terça-feira. Para os deputados, as fronteiras estão ameaçadas pela demarcação contínua de terras indígenas contínuas.

- Já tem um plano do Exército de ocupar e fazer um cinto de segurança para a fronteira do Brasil - disse Jobim aos deputados.

Para viabilizar essa maior presença, de acordo com o ministro, o governo terá que alterar um decreto presidencial de 2002, segundo o qual a criação de postos do Exército e da Polícia Federal em áreas indígenas precisa da autorização do Conselho de Defesa Nacional. O decreto não restringe o policiamento, apenas a instalação de bases na região de fronteira em terras indígenas.

Jobim assegurou que a demarcação de terras indígenas não representa um risco à soberania nacional, pois as áreas continuam sendo propriedades da União. As comunidades indígenas têm usufruto vitalício dessas áreas, mas não a propriedade das terras.

- É bom deixar bem claro isso. Nós temos um regime jurídico da terra indígena absolutamente compatível com a segurança nacional - afirmou.

Os parlamentares, no entanto, mantiveram o tom de preocupação.

- A demarcação contínua pode ser um problema se depois virar uma nação - disse Luis Carlos Heinze (PP-RS).

Jobim rebateu afirmando que no Brasil os índios não são vistos como povos ou nações, do ponto de vista jurídico, mas como tribos.

Amazônia

Jobim defendeu ainda a regulamentação das atividades econômicas em terras indígenas e áreas de preservação da Amazônia. Para o ministro, só a legalização das atividades econômicas pode reduzir as irregularidades nessas áreas.

- Se nós não dermos soluções para eles (os que vivem na Amazônia), outros se sentirão no direito de dá-las. Se nós não ocuparmos espaços, outros vão ocupar- advertiu.

O ministro citou o caso de índios que cobram pedágios de carros que passam por rodovias federais que cruzam reservas indígenas. Ressaltou que a iniciativa é ilegal, mas é aceita porque os índios não têm de onde tirar dinheiro.

- Precisamos dar soluções econômicas senão eles vão encontrá-las. É um fato - constatou.

Para o ministro, o Congresso deveria estabelecer uma pauta que reúna todos os projetos sobre o tema para resolver com maior rapidez esse gargalo no marco regulatório do país.

Pré-sal

Jobim disse aos deputados que está em contato com a Petrobras para fortalecer o patrulhamento das unidades de exploração da empresa na costa brasileira, onde se encontra a camada pré-sal.

O objetivo do ministro é construir 45 navios-patrulha e instalar radares nas plataformas. O submarino nuclear que o governo pretende construir também poderia ser usado nesse esforço. O ministério e a Petrobras conversam sobre a ajuda financeira da empresa para estes equipamentos.

Em outro front, o Brasil tenta junto a ONU aumentar o limite de suas águas territoriais.

- A importância disso é o pré-sal. O que queremos é uma estrutura de segurança - disse o ministro.




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Re: GEOPOLÍTICA

#213 Mensagem por jauro » Qua Jul 02, 2008 3:47 pm

Folha de São Paulo

Lula e Chávez questionam Quarta Frota

O Brasil pediu aos EUA que expliquem a razão do relançamento da Quarta Frota na América do Sul, Central e Caribe. O presidente Lula afirmou ontem que o chanceler Celso Amorim espera uma resposta sobre a questão da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice.

Segundo os EUA, o restabelecimento da esquadra, que existiu entre 1943 e 1950, visa o combate ao narcotráfico, a ajuda humanitária e a assistência médica, além de exercícios militares conjuntos com aliados. A frota, que deve iniciar sua missão no dia 12, não teria porta-aviões.

Segundo Lula, o tema tem sido discutido pelo governo brasileiro. ""Descobrimos petróleo a 300 km da costa brasileira. Qual é a lógica dessa Quarta Frota se vivemos numa região pacífica? Nossa única guerra é contra a fome e a pobreza", afirmou.

O assunto foi abordado ainda pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, durante a cúpula do Mercosul na Argentina.

"Não tenho dúvidas de que é uma ameaça e precisamos que alguém nos explique o porquê", afirmou Chávez. Ele destacou que os recursos naturais da região são fundamentais em tempos de crise alimentar e energética. "Devemos estar preparados para ver o que querem fazer aqui", disse. (AK)




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Re: GEOPOLÍTICA

#214 Mensagem por Marino » Qui Jul 03, 2008 6:50 pm

Em vez de pensarmos como americanos, devíamos pensar no que pretendem os candidatos em relação ao Brasil.
Esse Obama está colocando as manguinhas de fora:

Sucessão nos EUA / política externa: Obama quer negociar com Hugo Chávez

Candidato democrata defende ainda liberação de viagens para cubanos e manutenção da Quarta Frota, dizem assessores à Folha Senador pretende manter tarifa sobre álcool brasileiro e não se compromete a dar apoio ao Brasil por vaga permanente no CS da ONU

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Barack Obama pretende sentar-se para negociar com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, quer liberar viagens de cubanos e seus descendentes dos EUA para a ilha e vice-versa e é a favor do envio da Quarta Frota à América Latina. Ele é contra a suspensão da tarifa cobrada atualmente sobre o álcool brasileiro e não se compromete com o nome do Brasil como membro permanente numa reforma do Conselho de Segurança da ONU.

Foi isso que a equipe de assessores do candidato democrata à Casa Branca disse à Folha durante teleconferência ontem à tarde, da qual participaram outros jornalistas. Responderam às questões do jornal o assessor de política externa Denis McDonough e Dan Restrepo, cotado para ocupar o lugar de diplomata responsável pela região num eventual governo Obama. Leia os principais trechos.

FOLHA - Obama apóia o Brasil no Conselho de Segurança da ONU?
DENIS MCDONOUGH - Barack acredita numa reforma completa da ONU. Obviamente, na reforma está incluída uma boa olhada em quem será ou não membro [permanente] do Conselho de Segurança, mas o senador não se comprometerá com nomes neste momento.

FOLHA - Ele é a favor da eliminação da tarifa que os EUA cobram atualmente do álcool brasileiro?
MCDONOUGH - Não neste momento, por uma série de motivos, como o impacto sobre nossa capacidade de desenvolver o álcool de celulose e de baixa emissão de carbono a longo prazo. E isso beneficiará não só os EUA mas toda a região.

FOLHA - Quando ele pretende visitar a América Latina?
MCDONOUGH - Barack está ansioso para visitar a região tão logo seja possível. Mas ele acaba de concluir uma fase da campanha que foi muito disputada e agressiva e agora está envolvido na campanha contra [o republicano John] McCain, de forma que não está claro quando a viagem ocorrerá.

DAN RESTREPO - Quando Barack Obama for à América Latina, levará uma visão que melhorará a relação dos países com os EUA, que avançará nossos interesses e os interesses que dividimos com a região. Será uma quebra, uma mudança bem-vinda em relação à viagem que McCain faz agora [à Colômbia e ao México] e que Bush fez nos últimos oito anos.

FOLHA - Quão diferente da atual será a política de Obama para Cuba e Venezuela?
RESTREPO - Para Cuba, o senador Obama tem propostas muito claras. A primeira é permitir que familiares viajem sem restrições em ambos os lados, permitindo assim que cubanos-americanos interajam, funcionem como embaixadores da liberdade e possam ajudar seus familiares não só moral mas estrategicamente, abrindo espaços e os deixando menos dependentes do regime cubano.

Ele também mandou uma mensagem clara aos cubanos, que tomem passos reais e sérios no sentido de abrir espaço democrático na ilha, começando por libertar os prisioneiros políticos. Então, e com o tempo, os EUA estarão prontos para trabalhar para normalizar as relações entre os dois países.

Já em relação à Venezuela, o mais importante de se lembrar é a precariedade com que a situação venezuelana foi tratada pelo governo Bush: a combinação de escalada retórica e a falta de atenção com o resto da região abriu espaços que Chávez usou para avançar uma agenda e uma retórica antiamericana.

Temos de achar formas de lidar com a região nos seus termos e nos termos que são importantes para o povo venezuelano avançar a democracia.

Obama está disposto a se reunir com Hugo Chávez numa hora e num lugar que Obama escolher, para fazer avançar os interesses dos povos venezuelano e americano. Isso por si só terá o efeito desejado de desarmar Chávez num sentido retórico e não colaborar com uma falsa confrontação entre Washington e Caracas que serve à causa de um indivíduo.

FOLHA - Obama apóia a decisão de Bush de reativar a Quarta Frota?
MCDONOUGH - O senador admite que a importância da região requer todos os elementos a nosso alcance para unir mais profundamente o continente e para ajudar nossos aliados a encarar desafios em comum. O uso de nossa Marinha e o aumento da cooperação militar, do treinamento e da ajuda humanitária [que a frota promoverá, segundo Washington] fazem sentido.




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Re: GEOPOLÍTICA

#215 Mensagem por EDSON » Sex Jul 04, 2008 1:23 pm

A cobiça pelo petróleo brasileiro
por Fernando Siqueira [*]
entrevistado por Valéria Nader [**]


Enquanto caminham a pleno vapor as notícias de novas reservas de petróleo na província do pré-sal – incluindo as reservas de Carioca, Tupi e Júpiter na Bacia de Campos –, sente-se a mão cada vez mais pesada de poderosos lobbies externos para ficar com a mina de ouro.

Halliburton, Repsol e outras mais contam, ademais, com o braço amigo de influentes figuras que, beneficiando-se do prodigioso espaço concedido pela mídia, salientam que as atuais descobertas de petróleo não foram frutos exclusivos de 50 anos de trabalho da Petrobrás. Teriam resultado, outrossim, da nova Lei do Petróleo de F. H. Cardoso, a qual estabeleceu o fim do monopólio da União na exploração desse combustível e aumentou o número de empresas atuando no país.

E não param por aí as benesses que essa concepção pode receber. Encontra muitas vezes escandalosa guarida em uma preocupante interseção entre interesses privados e públicos.

A AEPET – Associação de Engenheiros da Petrobrás –, tendo em vista mais uma indicação de apropriação indébita de nossos recursos, já está propondo mudanças na Lei do Petróleo criada no governo FHC em carta enviada ao Congresso. É para comentar as justificativas a essa mudança e o contexto atual de exploração de petróleo em nosso país que conversamos com o engenheiro da AEPET Fernando Siqueira.
Correio da Cidadania: Em entrevista concedida em abril ao Correio da Cidadania, o senhor avaliava que, a se confirmarem reservas de petróleo da ordem de 90 mil milhões de barris na nova província do pré-sal (incluindo as reservas de Carioca, Tupi e Júpiter na Bacia de Campos), seria urgente rever a Lei do Petróleo do governo FHC, que estabeleceu o fim do monopólio da União na exploração desse combustível. Houve algum avanço na confirmação dessas reservas?

Fernando Siqueira: Sim. Dois avanços consideráveis: a Petrobrás descobriu mais dois campos (Guará e Bem-te-vi) na camada do "pré-sal" da Bacia de Santos. Podem ocorrer volumes maiores, pois ainda há, a serem explorados, os 41 blocos do pré-sal que foram corretamente retirados do 9º leilão. Além deles, existem os 10 blocos na borda do pré-sal que estão incluídos no oitavo leilão, suspenso por liminar.

CC: A AEPET – Associação de Engenheiros da Petrobrás – já está propondo mudanças na Lei do Petróleo criada no governo FHC em carta enviada ao Congresso. Qual a justificativa para essa mudança e qual o teor mais importante das alterações propostas?

FS: As justificativas são fortes:

1) A Lei do Petróleo, 9478/97, está com incoerências que precisam ser eliminadas. Por exemplo: os artigos 3º e 21º rezam que as jazidas e o produto da exploração delas pertencem à União, consoantes com a Constituição Federal. Mas o artigo 26 diz que quem produzir o petróleo é dono dele. Este artigo é fruto do lobby sobre o Congresso Nacional; 2) A lei 9478/97 estabelece que a União terá uma Participação Especial na produção pelas concessionárias. O Decreto 2705, de 1998, estabelece esta participação num patamar absurdamente baixo. Para águas profundas, a participação varia de 0 a 40%. No mundo, os países exportadores recebem, em média, 84% a título de Participação Especial; 3) A justificativa para a mudança da Constituição era a vinda de capital externo para descobrir novas áreas produtoras. Ora, o pré-sal não tem mais o que descobrir. Já está descoberto e a quantidade de petróleo é enorme, sem nenhum risco.

Suponhamos, para efeito de cálculo, que chegue a 100 mil milhões de barris de reserva. A 140 dólares o barril, isto representa uma riqueza de US$ 14 trilhões, que pertence ao povo brasileiro. Como cedê-lo, nas atuais condições, para concessionárias estrangeiras ou seus testas de ferro?

CC: Alguns críticos às mudanças salientam que as atuais descobertas de petróleo não foram frutos exclusivos de 50 anos de trabalho da Petrobras. Teriam resultado, outrossim, da nova lei, a partir da qual aumentou o número de empresas atuando no país. O que o senhor responderia a esses críticos?

FS: Esta é uma profunda falácia. A Petrobrás estudou essa província durante 30 anos, correu todos os riscos para encontrá-la, sendo que o 1º poço custou US$ 240 milhões. A empresa também desenvolveu toda a tecnologia para explorar nessa profundidade. Em contrapartida, as empresas estrangeiras que vieram não adquiriram um único bloco em áreas novas. Só compraram blocos onde a Petrobrás pesquisou e eliminou boa parte do risco geológico. No caso do pré-sal é ainda mais gritante: as empresas não tinham conhecimento tecnológico nem confiança ou coragem de participarem sozinhas e se associaram à Petrobrás. Mas não ajudaram em nada. A Petrogal , por exemplo, não conhece águas profundas. Nem a Repsol. Mas são sócias.

CC: O senhor acredita que as mudanças propostas na Lei do Petróleo poderão se concretizar?

FS: Acredito piamente. Não tem o menor sentido permanecerem as condições atuais do marco regulatório. O Brasil não pode abrir mão de uma riqueza desta ordem tendo 60 milhões de miseráveis, um sistema de saúde caótico, uma educação vergonhosa, uma infra-estrutura e um desenvolvimento muito aquém do seu potencial.

Mesmo tendo um parlamento vergonhoso, ainda assim, acho que a sociedade tem que exigir os seus direitos e defender o patrimônio nacional. E aqui dou algumas razões: suponhamos, para efeito de raciocínio, que as reservas do pré-sal sejam da ordem de 100 mil milhões de barris e que o petróleo se mantenha no preço de US$ 140/barril (sabemos que a tendência de subida é irreversível, visto que chegamos ao pico de oferta). Isto representa uma riqueza de US$ 14 milhões de milhões.

Com esse dinheiro, a União Federal pode pagar sua dívida mobiliária e criar um Fundo de Desenvolvimento Sustentado para as gerações futuras, como fez a Noruega; destinar verbas anuais de R$ 100 mil milhões para a educação e R$ 100 mil milhões para a saúde, usando parte para prevenção, parte para erradicar doenças como dengue, malária, chagas, e parte para equipar os hospitais de tratamento e assistência médica, bem como destinar aos institutos, tipo Manguinhos, Vital Brasil, Butantã, Lapec e outros, recursos para fabricar vacinas e remédios para a população carente; destinar verba anual de R$ 100 mil milhões para tirar cerca de 60 milhões de brasileiros do nível de miséria, número vergonhoso, sobretudo para o país mais viável do planeta; destinar verba de R$ 100 mil milhões anuais para pesquisa e desenvolvimento, através de universidades, institutos e laboratórios de pesquisa; destinar R$ 100 mil milhões para construir uma infra-estrutura viável e investir no saneamento básico; destinar, também, uma verba de R$ 100 mil milhões para dotar as Forças Armadas de condições de defender o país, em especial a Marinha, para defender a costa brasileira e a plataforma continental, protegendo não apenas as reservas de petróleo, mas também as riquezas do mar, a chamada "Amazônia Azul", que possui recursos fabulosos.

Quer dizer, há muito a se fazer no país com esses recursos.

CC: Subsidiárias da empresa internacional Halliburton são sabidamente algumas das contratadas da Petrobrás para tudo que diz respeito à exploração das reservas de petróleo e gás no litoral. Como o senhor prevê que essa e outras empresas atuarão em face das alterações propostas na Lei do Petróleo?

FS: A Halliburton, cujo presidente foi, por muito tempo, o atual vice-presidente norte-americano, é um caso de polícia (internacional). Além de ter trazido o seu diretor (Nelson Narciso) de Angola para ser diretor da ANP, ela administra, há 10 anos consecutivos, o banco de dados daquela agência reguladora, ou seja, os dados de exploração que a Petrobrás é obrigada, pelo artigo 22 da Lei 9478/97, a repassar à ANP. A Halliburton tem ainda um mega-contrato de serviços com a Petrobrás há vários anos, para perfilagem e canhoneio de poços. É uma relação meio incestuosa que precisa ser revista.

Lembro que nós estamos em pleno terceiro e definitivo choque mundial de petróleo (com a oferta chegando ao pico e a demanda crescendo fortemente), cuja conseqüência é a subida, irreversível, do preço do barril de petróleo. Como os EUA têm uma brutal dependência do petróleo (consomem cerca de 10 mil milhões de barris/ano, dos quais 8 mil milhões internamente e 2 mil milhões nas bases militares, tendo 29 mil milhões em reservas) e os preços irão disparar, aquele país deve vir com todo o seu aparato político/econômico/militar atrás de nossas reservas. A Halliburton, como ponta de lança, e as demais empresas norte-americanas estarão à frente desse processo com todos os seus recursos escusos de pressões e constrangimentos, como mostrado no livro "Confissões de um assassino econômico", do norte-americano John Perkins.

A Repsol também vem fazendo lobby fortíssimo pela reabertura dos leilões e a permanência do marco regulatório. Ela é uma empresa do Banco Santander, cujo dono é o Scotland National Bank Co., ou seja, é o capital anglo-americano, o mesmo que coordenou a invasão do Iraque. É presidida pelo também presidente do IBP, o lobbista João Carlos de Luca. A Halliburton, assim como a Repsol, é membro da poderosa comunidade financeira internacional anglo-americana.

CC: A ex-ministra das minas e energia, Dilma Roussef, atualmente muito influente no governo através da Casa Civil, prosseguiu exercendo influência no setor elétrico, como, por exemplo, através da indicação de Maria da Graça Foster para a diretoria de Energia e Gás da Petrobrás no lugar de Ildo Sauer. Como deverão, nesse sentido, atuar o governo e seus representantes em face das pressões que deverão advir de vários lobbies contra mudanças na lei, para que empresas privadas continuem se beneficiando dos leilões de petróleo?

FS: A ministra é presidente do Conselho de Administração da Petrobrás. E teve um papel importante na retirada dos 41 blocos do 9º leilão. Acho até que esta é uma das razões pelas quais os "aloprados" querem queimar sua candidatura. A substituição do Ildo Sauer foi, entretanto, ruim para a Petrobrás e para o país. Ildo era o mais nacionalista dos diretores da Petrobrás. Vinha defendendo os interesses da empresa e do país com muita competência e zelo. A Maria da Graça, por sua vez, é esposa do Collin Foster, que tem uma empresa que, segundo a imprensa internacional, presta serviços à Halliburton. Ele adquiriu blocos no Brasil e declarou que pretendia formar uma grande empresa de petróleo. Há conflitos de interesses, no mínimo, preocupantes.


24/Junho/2008

[*] Da Associação dos Engenheiros da Petrobrás




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Re: GEOPOLÍTICA

#216 Mensagem por Tigershark » Seg Jul 07, 2008 10:29 am

'NYT': silenciosamente, Brasil ofusca a Venezuela
Da BBC Brasil


Um artigo publicado pelo jornal americano The New York Times afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem aos poucos "se distanciando do líder da Venezuela (Hugo Chávez) e suplantando-o discretamente enquanto vai transformando o Brasil numa potência regional".
Segundo o artigo intitulado "Silenciosamente, o Brasil ofusca um aliado", Lula "diversificou a já forte base industrial brasileira e criou uma ampla coalizão política com quase uma dúzia de vizinhos".

Já a influência de Chávez, diz o jornal, "permanece limitada a um punhado das nações mais pobres da região - Bolívia, Cuba, Dominica e Nicarágua - membros da Alba" (Alternativa Bolivariana para as Américas).

Além disso, as "credenciais regionais" do presidente venezuelano teriam sofrido na semana passada quando "seu rival ideológico, o presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, organizou um resgate dramático de 15 reféns mantidos na mata por rebeldes colombianos".

"A chave para o sucesso do Brasil tem sido a bem afortunada confluência de tendências econômicas globais, como o aumento da demanda por commodities como soja e etanol da cana-de-açúcar, mas também a discreta gestão de Silva, um ex-operário de uma montadora de automóveis", disse o jornal.

"Ele elevou o perfil do Brasil em toda a região, em parte, ao adotar uma abordagem de menos confronto em relação a Chávez do que os Estados Unidos."

Elogios
O artigo observa que Lula elogia o presidente Chávez, "tendo chegado a qualificá-lo recentemente na revista alemã Der Spiegel como ''o melhor presidente da Venezuela em um século''".

"Em uma entrevista em setembro, Silva disse que a retórica (de Chávez) ''funciona na realidade da política venezuelana'' e que o antiamericanismo de Chávez tem raiz na inabalável crença do líder venezuelano de que o governo Bush está por trás de uma tentativa de golpe".

E, enquanto Chávez se voltou mais para a esquerda após 2002, Lula buscou o centro assim que assumiu o poder, "surpreendendo muitos céticos".

O jornal aponta que o Brasil manifestou desejo de estender créditos para Cuba importar produtos agrícolas brasileiros; na Colômbia, investidores brasileiros recentemente assumiram o controle da Avianca, a maior companhia aérea do país, e até na Venezuela, abriu caminho.

"A própria Venezuela se tornou economicamente mais dependente do Brasil", diz o NYT, que cita como exemplos o aumento da exportação de produtos agrícolas brasileiros para a Venezuela e contratos obtidos por empresas brasileiras para projetos como a expansão do metrô de Caracas e a construção de uma ponte sobre o Rio Orinoco.

Controle
Enquanto o Brasil elogia publicamente os esforços de Chávez para unificar a América do Sul, "sutilmente fortalece instituições que servem para controlar iniciativas ambiciosas apoiadas pela Venezuela como um gasoduto que atravessa o continente e o Banco do Sul, um banco de desenvolvimento concebido para competir com o Banco Mundial".

O Brasil inaugurou uma nova filial do BNDES no Uruguai nove dias após o anúncio de Chávez sobre a formação do Banco do Sul, afirmou o NYT, destacando a força da instituição brasileira.

"O Banco do Sul estaria sob forte pressão para alcançar o BNDES", que realizou "US$ 4,2 bilhões de investimentos no mundo todo no ano passado, inclusive com empréstimos para a expansão do metrô de Caracas".

Já na área energética, as estimativas das maciças reservas do campo de petróleo Tupi levaram o presidente brasileiro "a anunciar planos para integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em alguns anos. Há muito a Venezuela tem sido o principal representante da América Latina lá."




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Re: GEOPOLÍTICA

#217 Mensagem por BrasileiroBR » Qua Jul 09, 2008 6:02 pm

La interpretación inglesa del discurso de Cristina Kirchner ante las Fuerzas Armadas

El diario Daily Telegraph se hizo eco de las palabras de la Presidente acerca de la necesidad de proteger los recursos naturales en la Antártida, y hasta mencionó un "posible despliegue militar"

Imagem

Gran Bretaña cubrió las palabras de la mandataria en un artículo publicado hoy: "La Argentina elevó la posibilidad de desplegar a fuerzas militares en la región antártida, con el anuncio de planes para el uso de soldados para defender sus intereses".

Se refirió a las expresiones de la Presidente acerca de que las autoridades de Defensa de la Argentina deben estar preparadas para garantizar su soberanía y proteger sus recursos naturales, mientras las naciones compiten para reclamar áreas de la región que se creen son ricas en petróleo.

El periódico inglés dijo que el plan argentino "amenaza con escalar tensiones entre Gran Bretaña y la Argentina por las Islas Malvinas, que la nación sudamericana aún considera parte de su territorio soberano, a pesar de haber perdido una guerra en 1982".

Las declaraciones tienen como contexto la propuesta británica de reclamar derechos de exploración petrolífera en la plataforma marina alrededor de las Malvinas, las Georgia del Sur y el Territorio Antártico británico, unas 350.000 millas cuadradas.

Daily Telegraph recuerda que Cristina Kirchner habló de la necesidad de "defender sus recursos, la Antártida y nuestra agua", en comparación con Brasil, que usa sus Fuerzas Armadas para proteger la selva del Amazonas.

"Los comentarios de la Presidente son los primeros en sugerir el uso de tropas para proteger los intereses argentinos", añade el diario. En Gran Bretaña, en tanto, desmintieron que fueran a hacer el petitorio de exploración, pero se reservaron "el derecho" de hacerlo.




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Re: GEOPOLÍTICA

#218 Mensagem por jauro » Qui Jul 10, 2008 10:41 am

CARLOS CHAGAS

Um lobo mau muito simpático



Com todo o respeito, mas, ontem, três leitõezinhos muito fofos entraram por iniciativa própria na caverna do lobo mau. Um lobo mau muito simpático, registre-se, porque serviu café e laranjada.

Falamos da visita que os senadores Eduardo Suplicy, Pedro Simon e Cristóvam Buarque fizeram ao embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Cliford Sobel.

Foram buscar explicações e até pedir satisfações pela súbita criação da Quarta Frota da Marinha americana, encarregada de patrulhar o litoral da América do Sul e do Caribe.

Como não poderia deixar de ser, ouviram que esse monte de navios e submarinos carregados de mísseis, aviões e de marines vem aí como homenagem aos países amigos, para ajudá-los, se for o caso, a combater o narcotráfico e o contrabando. Foi mera coincidência, disse o embaixador, que a decisão sobre a Quarta Frota acontecesse pouco depois do anúncio, pelo Brasil, da descoberta de imensas reservas de petróleo em nosso litoral.

Quer dizer, o lobo mau mostrou o caldeirão onde serão cozinhados, além dos dentes, e os leitõezinhos agradeceram...




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Re: GEOPOLÍTICA

#219 Mensagem por jauro » Qui Jul 10, 2008 10:50 am

É a política de Monroe em ação:
AMÉRICA PARA OS AMERICANOS (do norte)

Bem que faz a Rússia quando repudia os mísseis na Rep Tcheca.




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Re: GEOPOLÍTICA

#220 Mensagem por ademir » Qui Jul 10, 2008 8:21 pm

A noticia a baixo é do ano passado, mas levando em consideração que o tema sobre a reativação da 4°frota esta em evidencia, acredito ser interessante a leitura deste texto:
Governo dos EUA implantará um novo comando militar na África

Por Lawrence Porter
30 de maio de 2007


Num desenvolvimento perigoso que reflete a expansão explosiva do militarismo norte-americano, o governo Bush tem considerado a África como um continente de “preocupação estratégica nacional”, dando início a uma nova política militar que coincide com essa nova posição.

O governo Bush anunciou em fevereiro a formação de um novo sistema de comando militar na África, o Comando dos Estados Unidos na África (AFRICOM), utilizando a terminologia usual que associa a defesa humanitária à luta anti-terrorista.

No mês passado, o principal assessor da Secretaria Política de Defesa, Ryan Henry, visitou seis países africanos com o objetivo de “esclarecer os mal-entendidos” sobre o novo programa militar do Pentágono. Vários governos levantaram a preocupação de que os EUA estavam se deslocando à região por causa da descoberta de enormes reservas petrolíferas em partes do continente e também devido à crescente influência da China, considerada como um rival econômico e político.

Já em Washington, ao retornar da viagem na qual se reuniu com representantes da África do Sul, Nigéria, Etiópia, Gana, Senegal e Quênia, Henry falou à imprensa que “o objetivo do AFRICOM não é estabelecer a liderança dos EUA no continente. Nosso objetivo é muito mais tornarmo-nos um complemento do que esforçarmo-nos numa suposta competição que esteja ocorrendo pela liderança”.

Ele acrescentou que o AFRICOM não representa “uma resposta à presença chinesa” ou uma tentativa de “assegurar recursos naturais” como petróleo. “Embora algumas dessas coisas fazem parte dos objetivos”, admitiu ele, a razão real é que a África “está emergindo no cenário mundial como um ‘ator’ estratégico, e nós precisamos tratá-la como um continente”.

Para tranqüilizar os líderes africanos, Henry disse que a criação do AFRICOM não ocasionará o envio de soldados em larga escala no continente ou o aumento da despesa do Pentágono nessa região. Entretanto, para qualquer um que esteja familiarizado com a linguagem diplomática, “ator estratégico” significa que, na visão do governo Bush, está começando a ficar interessante realizar guerras na África em defesa dos interesses norte-americanos.

A África Ocidental, incluindo a Nigéria, é responsável atualmente por 12% das importações de petróleo bruto dos EUA. Até 2015, estima-se que sua participação aumentará para 25%, uma parcela maior que da Arábia Saudita.

A China é o segundo maior importador de petróleo, perdendo apenas para os EUA. O petróleo africano é fundamental para garantir a rápida expansão econômica chinesa. De acordo com a Administração Geral de Taxas da China, o país importou aproximadamente 11% a mais de petróleo durante os quatro primeiros meses de 2007 em relação ao mesmo período em 2006. O volume adicional veio da África. Em 2006 a China consumiu 320 milhões de toneladas de petróleo bruto, sendo que 7% de suas importações vieram do Sudão.

A China importa 25% de seu petróleo bruto da África e está buscando formas de aumentar as importações deste continente. Desde 2000 houve um aumento de cinco vezes, totalizando atualmente US$ 5,5 bilhões por ano. A China é hoje o terceiro maior parceiro comercial da África, ficando atrás apenas dos EUA e da França, já se igualando a Inglaterra.

A África sub-saariana inclui oito países produtores de petróleo: Nigéria, Angola, Congo-Brazzaville, Gabão, Guiné Equatorial, Camarões, Chade, República Democrática do Congo e Sudão.

A Nigéria é o maior produtor de petróleo na África e tem a 11ª maior reserva de petróleo no mundo. Atualmente ela produz 2,45 milhões de barris por dia, 42% dos quais vai para os EUA. Das três maiores companhias petrolíferas do país incluem-se duas empresas nortes-americanas, a ExxonMobil e a Chevron, além da anglo-holandesa Shell.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo na África, e estima-se que alcance a marca de 2 milhões de barris por dia em 2008.

O Sudão também é rico em petróleo. 40% da produção de petróleo do país são controlados pela China, que exerce a maior influência no Sudão atualmente, embora a Chevron tenha gasto US$ 1,2 bilhões no país, descobrindo campos de petróleo no sul, o que abre a possibilidade do Sudão ter mais petróleo do que o Irã e a Arábia Saudita.

Mandy Turner, do Guardian, caracterizou tanto os EUA como a China como atores chave numa nova “partilha da África”. “O novo integrante da partilha é a China”, escreveu ela. “A África detém os recursos naturais vitais para garantir seu rápido crescimento econômico,” incluindo cobre e cobalto na República Democrática do Congo e da Zâmbia, minério de ferro e platina na África do Sul, e madeira em Camarões, Gabão e República do Congo. A China está fechando acordos com a Nigéria, Angola, Sudão e Guiné Equatorial para a exploração de petróleo.


Os militares, a segurança e o petróleo

Com o fim da Guerra Fria, quando a maior preocupação dos EUA era a luta contra a União Soviética, o que exigia alianças com os ditos regimes independentes do Terceiro Mundo, após 1991, os EUA sentiram-se capazes de realizar mais abertamente uma política colonialista de controle hegemônico, por meio de ações militares. Os ataques de 11 de setembro serviram como um eficiente pretexto para essa forma de intervenção norte-americana na África.

Apesar da afirmação de que a luta contra o terrorismo e a ajuda humanitária sejam os principais objetivos das operações norte-americanas na África, um relatório publicado pelo Conselho de Inteligência Nacional, que considera a si próprio como o centro de pensamento estratégico de médio e longo prazo, deixa claro que os objetivos dos EUA na região são de natureza geopolítica, cuja principal preocupação é o controle do petróleo.

Intitulado “Relações Externas e a África”, o relatório afirma que “o envolvimento militar se transformou de um apoio direto a regimes ou movimentos aliados durante a guerra fria,” (assim como quando o governo Belga, com a ajuda da CIA, derrubou e assassinou o primeiro-ministro do Congo, Patrice Lumumba), “em um apoio à reconstrução, associada a um envolvimento militar norte-americano direto em bases localizadas em áreas como Djibouti, sobretudo após o atentado de 11 de setembro”.

Na seção “Caminhos Futuros no Envolvimento Externo com a África”, uma das primeiras razões dadas para o envolvimento militar direto é “a crescente importância do setor petrolífero em relação aos interesses norte-americanos na África”.

O relatório afirma ainda que “o mais importante é que os maiores produtores de petróleo não são membros da OPEP - especialmente Angola, Gabão, Guiné Equatorial, Congo-Brazzaville e Camarões”.

Um perigoso alerta em relação às futuras operações norte-americanas na África soou no mês passado, quando soldados etíopes, apoiados pelos EUA, realizaram um banho de sangue na Somália, destruindo grandes áreas das regiões mais pobres da capital, Mogadíscio (Veja “Massacre in Mogadishu - war crime made in the USA”). Mais de mil pessoas morreram, e entre 350.000 a 500.000 pessoas abandonaram as cidades, indo para os campos de refugiados, por causa dos ataques realizados por aviões norte-americanos contra as cidades do sul da Somália.

Embora não haja, oficialmente, soldados americanos envolvidos nesse conflito, membros da CIA e das forças especiais vem treinando soldados etíopes. Um dos primeiros objetivos das tropas etíopes era recuperar a embaixada norte-americana que havia sido ocupada. (Veja“Ethiopian troops ocupy Mogadishu”).

A Somália é apenas um ponto estratégico passageiro. J. Peter Pham, diretor do Instituto Nelson para Relações Internacionais e Públicas da Universidade James Madison e defensor da dominação norte-americana da África, comentou num editorial no National Interest Online, que a decisão do governo Bush de estabelecer um centro de comando “representa o passo fundamental no sentido de tratar a África como uma prioridade”. (Veja “The Africa Command Rises - Finally”)

“Essa ação”, afirmou Pham de maneira enfática, poderia representar “significativamente um envolvimento de longo prazo”, podendo “colocar o continente definitivamente na órbita norte-americana”. Ele voltou a citar o documento de 2002 de Estratégia de Segurança Nacional, no qual o governo Bush afirmou que tinha o direito de realizar ataques preventivos contra qualquer país, a fim de defender seus interesses. “A África,” afirma o relatório, “tem uma importância geo-estratégica crescente e é de grande prioridade para esse governo”.

Atualmente os EUA controlam três comandos regionais na África, que dividem a responsabilidade da defesa dos interesses norte-americanos no continente. A maior área é controlada pelo Comando Europeu, que supervisiona o norte da África, a África Ocidental, incluindo o golfo da Guiné e a África Central e do Sul. O Comando Central é responsável pelo chifre da África - países como a Somália, Etiópia, Eritréia, Quênia, Djibouti, Sudão e Egito. No Comando do Pacífico incluem-se Madagascar, as Ilhas Seichelles e a área do Oceano Índico na costa africana.

O AFRICOM irá inicialmente operar em Stuttgart, a base alemã do Comando Europeu, antes de mudar-se para uma base permanente na África. Os EUA estão tendo o cuidado de não mencionar os seus planos, afirmando apenas que ajudarão a manter a paz, realizar missões de ajuda humanitária, treinamento militar e apoio aos países africanos aliados.

Os EUA alegaram que não planejam enviar um grande número de soldados para a região, como fizeram no Iraque. Entretanto, a presença de tropas norte-americanas causará a militarização do continente, possibilitando a deflagração de outra guerra em busca do controle dos recursos naturais estratégicos, como ocorreu no Iraque, com implicações muito maiores e mais perigosas.




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Re: GEOPOLÍTICA

#221 Mensagem por Tigershark » Seg Jul 14, 2008 9:31 am

O Globo

Assunto: Opinião
Título: A autocrítica/Opinião
Data: 14/07/2008
Crédito: Sérgio Paulo Muniz Costa

Sérgio Paulo Muniz Costa

A superpotência está com problemas militares. A amarga troca de acusações entre políticos, militares, burocratas e jornalistas, dissecada por James Dobbins, secretário de Estado assistente nas administrações Clinton e Bush, em seu contundente ensaio "Who Lost Iraq? - Lessons From the Debacle", mostra que os EUA enfrentam o desafio de aceitar que falharam no Iraque. As conseqüências geopolíticas já são percebidas.
Houve tempos melhores para os militares dos EUA. A vitória na Segunda Guerra Mundial, que pavimentou o século XX americano, foi construída pela liderança do presidente Roosevelt, que integrou a política e a estratégia militar americana. No outro canto do tabuleiro, a Alemanha assistiu, politicamente inerme, a Hitler sobrepujar seus generais, impondo-lhes uma guerra desastrosa.
Depois de um século de guerras, descobre-se que nem sempre o militarismo é militar e que as aventuras militares não são necessariamente evitadas por burocracias de defesa. Guerras são impostas às sociedades e de suas respostas a essa imposição depende, em boa parte, a vitória.
Uma apreciação da questão da defesa nacional pode contemplar quatro linhas de ação: a política, a funcional, a econômica e a afetiva. A política trata do "quem" decide o emprego das forças armadas. A funcional é o domínio do "quê" e "como", indo da política de defesa às estratégias de preparo e emprego das forças. Na econômica define-se o "quanto" se pode fazer, "a que custo". A afetiva é o campo dos compromissos, do "justo" e do "até onde vale a pena". Essas linhas perpassam a sociedade, as instituições políticas e as Forças Armadas. O modelo pode servir para explicar os resultados dos conflitos em sociedades complexas.
SÉRGIO PAULO MUNIZ COSTA é historiador e foi delegado do Brasil na Junta Interamericana de Defesa.




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Re: GEOPOLÍTICA

#222 Mensagem por GustavoB » Seg Jul 14, 2008 4:46 pm

Em tempos de 4ª Frota, acho interessante analisar o que o Governo Bush está fazendo no apagar das luzes. Vale lembrar que ele - e os seus - foram, são e serão financiados pela indústria do petróleo norte-americana. Foi por isso a Guerra do Iraque, por isso o Afeganistão (gás) e também por isso o Irã. Sds.

Fonte: AFP

Energia
Bush derruba proibição de produção de petróleo no mar

Atualizada às 15h28

O presidente George W. Bush derrubou, nesta segunda-feira, um ato executivo que proibia a exploração de petróleo na costa dos Estados Unidos e pediu aos congressistas do país que façam o mesmo. Além da proibição do governo, um ato legislativo também descarta a iniciativa. A medida do presidente é uma resposta para o aumento mundial dos preços do petróleo.
"O povo americano está vendo os números aumentarem e aumentarem nas bombas de gasolina e esperando para ver o que o Congresso irá fazer", disse o presidente, em uma última atitude de um ano eleitoral marcado por altos preços de combustível.
Em declaração na Casa Branca, Bush recordou que no dia 18 de junho exortou o Congresso a fazer sua parte, levantando as restrições que cabem ao poder legislativo.
Bush considerou "inaceitável" que o Congresso, controlado por seus adversários democratas, não tenha tomado uma resolução a respeito.
A ordem executiva para a proibição da exploração marítima de petróleo na costa dos Estados Unidos foi imposta pelo presidente George Bush em 1990. O atual presidente já havia pedido ao Congresso americano que levantasse a proibição antes dele mas, segundo a assessora de imprensa da Casa Branca, Dana Perino, ele decidiu não esperar mais.
A proposta de Bush ecoa com o pedido do candidato republicano à presidência dos EUA, o senador John McCain, e foi criticada pelo candidato democrata, o senador Barack Obama. Segundo Obama, o governo deveria conceder um segundo pacote de estímulo à economia, com descontos em energia e também investir em combustíveis alternativos e carros mais eficientes do ponto de vista energético.
Os democratas do Congresso americano se recusaram a levantar a proibição, acusando Bush de esperar que os Estados Unidos resolvam um problema mundial.

Com informações da AP




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Re: GEOPOLÍTICA

#223 Mensagem por Kratos » Seg Jul 14, 2008 8:02 pm

Essa medida do Bush é boa, vai reduzir a dependência dos EUA de petróleo de nações de terroristas, como Venezuela e Arábia Saudita. Isso se os traidores do congresso democrata decidirem pelo melhor do país, ao invés de simplesmente sabotar os EUA por fazer birra de oposição.




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Re: GEOPOLÍTICA

#224 Mensagem por Vinicius Pimenta » Seg Jul 14, 2008 9:11 pm

Na verdade o correto seriam as duas coisas, tanto suspender a medida, que levará a uma diminuição da dependência externa de petróleo, quanto o investimento em combustíveis alternativos e carros mais eficientes do ponto de vista energético.




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Re: GEOPOLÍTICA

#225 Mensagem por Glauber Prestes » Seg Jul 14, 2008 10:43 pm

Vinicius Pimenta escreveu:Na verdade o correto seriam as duas coisas, tanto suspender a medida, que levará a uma diminuição da dependência externa de petróleo, quanto o investimento em combustíveis alternativos e carros mais eficientes do ponto de vista energético.
Com toda a certeza Vinicius. Aqui no Brasil, deveríamos fazer o mesmo.




http://www.tireoide.org.br/tireoidite-de-hashimoto/
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