Missão de Paz no Haiti

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: Missão de Paz no Haiti

#961 Mensagem por eligioep » Seg Jun 09, 2008 4:31 pm

Mais um excelente artigo do professor/pesquisador Expedito Carlos Bastos, da UFJF:

http://www.defesa.ufjf.br/fts/VHAITI1.pdf

Mas será que realmente devemos retirar as tropas? Não voltará toda a bagunça, bandos armados, traficantes? Será que a ONU terá como substituir o conhecimento e as relações com a população Haitiana conquistadas pelos Brasileiros com muita dificuldade?
Eu acho que não! Att




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Vinicius Pimenta
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Re: Missão de Paz no Haiti

#962 Mensagem por Vinicius Pimenta » Seg Jun 09, 2008 5:36 pm

Li o artigo aqui na faculdade. Vou baixar em casa e lê-lo com calma. Não sei se culpa de minha leitura superficial, mas o Professor me pareceu um pouco incoerente. O título afirma que é hora de sair, o texto fala da miséria e deixa claro que a aparente situação de calma pode mudar de uma hora pra outra. Então não me parece ser hora de sair. Está claro que o Haiti ainda não é capaz de assumir as coisas. O próprio texto demonstra isso.

Concordo quando diz que não podemos ficar para sempre lá, mas não acho que tenhamos que marcar data para sair agora.

O parágrafo final me parece uma sugestão estranha. "Sair enquanto enquanto podemos." Significa que o risco de voltar ao problema que nos levou até lá é grande. Vale a pena? É isso que nós queremos? Serão quatro anos e, como ele fez questão de assinalar, quinhentos milhões jogados fora?

O argumento financeiro e de desgaste de material sinceramente não concordo.

Mas enfim, depois leio com mais calma e opino melhor.

Se o Professor puder debater isso aqui conosco, será uma honra.




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Re: Missão de Paz no Haiti

#963 Mensagem por Sniper » Seg Jun 09, 2008 6:24 pm

Concordo plenamente com você Vinicius.

Outra coisa que a mim ficou confusa, é uma aparente justificativa de problemas internos como os ocorridos em Roraima para justificar uma saída Brasileira do país. No texto o autor diz que nossos melhores homens e equipamentos estão lá e muitas áreas estaríam supostamente desguarnecidas aqui no Brasil, porém em um exército com quase 200 mil homens dizer que os pouco mais de mil homens do exército que estão lá estão fazendo tanta falta no Brasil que se justifique a sua volta, me pareceu forçado.

A alegação dos gastos com a missão eu também não concordo. O Brasil tem um PIB de US$ 1,3 trilhões, somos a maior econômia Latinoamericana e temos um grande peso político na região. Esses R$ 360 milhões são insignificantes em face da visibilidade e da liderança que o país vem demonstrando no comando da missão e sem dúvida contribuindo para o nosso anseio de uma vaga permanente do CS da ONU.

Quanto ao desgaste dos equipamentos, outra incoerência no meu ponto de vista. A missão contribuiu bastante para que se ficasse notório a precariedade dos meios logísticos da FAB e da MB. Ficou explícito o estado precário das das nossas VBTP, culminando com o deslanche do programa para a futura VBTP do EB e na aquisição de 8 Piranha pelo CFN.

Abraços!




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Re: Missão de Paz no Haiti

#964 Mensagem por Vinicius Pimenta » Seg Jun 09, 2008 9:35 pm

Pois é, Rômulo, concordo plenamente.

Vamos aguardar as opiniões dos demais, do Orestes e, se possível, do Expedito.




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Re: Missão de Paz no Haiti

#965 Mensagem por cvn73 » Ter Jun 10, 2008 12:41 am

Interessante o artigo .

Certamente o professor sabe o que diz.

Mas gostaria de saber; o que pessam os haitianos? O que dizem dos brasileiros ? Eles querem nossa saida?

Deviamos sair pois é chegada a hora, ou apenas porque se sairmos agora deixaremos uma boa imagem? As coisas podem fugir ao controle ? Isso afetaria nossa imagem de pacificadores?

Como eu disse acima, o professor viu "in loco" a situação, creio que sabe o que diz, mas seu artigo não me convenceu apenas aumentou minhas dúvidas.




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Re: Missão de Paz no Haiti

#966 Mensagem por eligioep » Ter Jun 10, 2008 8:11 am

cvn73 escreveu:Interessante o artigo .

Certamente o professor sabe o que diz.

Mas gostaria de saber; o que pessam os haitianos? O que dizem dos brasileiros ? Eles querem nossa saida?

Deviamos sair pois é chegada a hora, ou apenas porque se sairmos agora deixaremos uma boa iimagem? As coisas podem fugir ao controle ? Isso afetaria nossa imagem de pacificadores?

Como eu disse acima, o professor viu "in loco" a situação, creio que sabe o que diz, mas seu artigo não me convenceu apenas aumentou minhas dúvidas.
CVN,
já fazem 6 meses que de lá saí, mas acho que as coisas em relação ao que vc citou pouco se modificaram.
1. O que pensam os haitianos? Eles já tiveram mais fé na MINUSTAH, e pouco no governo, agora não acreditam na MINUSTAH e tem menos fé ainda no governo(deles).

2. O que dizem dos brasileiros? São tudo "bombagai", ou seja, nos consideram amigos, gente boa, a imagem do futebol, do Ronaldinho....Em conversa com o povo, sempre ouvi que "não damos comida e nem emprego, o que fazemos lá então?" Ou seja, a imagem deles é que os militares deveriam distribuir comida e dar emprego, obrigações do braço civil da MINUSTAH. Participei também da missão em Angola, em 96/97, e lá a coisa funcionava, com a distribuição de comida e com incentivo à criação de empregos e profissionalização do povo pela parte civil da UNAVEM III. Realmente a gente via progresso, coisa que não acontece no Haiti.

3. Eles querem a nossa saída? Só a elite do país e as gangues, pois a missão atrapalha os interesses deles.

4. Se sairmos agora, certamente haverá uma lacuna que deverá ser preenchida por outro país, e nenhum tem a capacidade que o BR possuí, de negociar, dialogar e se preciso for, usar a força mínima necessária. Talvez não afetasse a nossa imagem de pacificador, até poderia melhorar se acontecesse da coisa fugir ao controle nas regiões sob proteção do BRABAT, demonstrando o excelente trabalho que lá fizemos e que fazemos falta....

5. Por fim, também achei contraditório o artigo do Professor. Ou talvez o título deveria ser"Hora do Brasil sair?". Att




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Re: Missão de Paz no Haiti

#967 Mensagem por Tigershark » Ter Jun 10, 2008 9:58 am

Fiquei também com a sensação de que o Mestre Orestes tem idéias diferentes das do Professor Expedito em relação ao Haiti.Pode ser apenas impressão...




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Re: Missão de Paz no Haiti

#968 Mensagem por Kratos » Ter Jun 10, 2008 10:48 am

E as fotos que eles tiraram no Haiti?




O pior dos infernos é reservado àqueles que, em tempos de crise moral, escolheram por permanecerem neutros. Escolha o seu lado.
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Re: Missão de Paz no Haiti

#969 Mensagem por orestespf » Ter Jun 10, 2008 11:15 am

Tigershark escreveu:Fiquei também com a sensação de que o Mestre Orestes tem idéias diferentes das do Professor Expedito em relação ao Haiti.Pode ser apenas impressão...
Não é impressão, por isso não estou comentando as coisas, respeito mesmo. :wink:




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Re: Missão de Paz no Haiti

#970 Mensagem por RenaN » Ter Jun 10, 2008 11:26 am

eligioep escreveu:CVN,
já fazem 6 meses que de lá saí, mas acho que as coisas em relação ao que vc citou pouco se modificaram.
1. O que pensam os haitianos? Eles já tiveram mais fé na MINUSTAH, e pouco no governo, agora não acreditam na MINUSTAH e tem menos fé ainda no governo(deles).

2. O que dizem dos brasileiros? São tudo "bombagai", ou seja, nos consideram amigos, gente boa, a imagem do futebol, do Ronaldinho....Em conversa com o povo, sempre ouvi que "não damos comida e nem emprego, o que fazemos lá então?" Ou seja, a imagem deles é que os militares deveriam distribuir comida e dar emprego, obrigações do braço civil da MINUSTAH. Participei também da missão em Angola, em 96/97, e lá a coisa funcionava, com a distribuição de comida e com incentivo à criação de empregos e profissionalização do povo pela parte civil da UNAVEM III. Realmente a gente via progresso, coisa que não acontece no Haiti.

3. Eles querem a nossa saída? Só a elite do país e as gangues, pois a missão atrapalha os interesses deles.

4. Se sairmos agora, certamente haverá uma lacuna que deverá ser preenchida por outro país, e nenhum tem a capacidade que o BR possuí, de negociar, dialogar e se preciso for, usar a força mínima necessária. Talvez não afetasse a nossa imagem de pacificador, até poderia melhorar se acontecesse da coisa fugir ao controle nas regiões sob proteção do BRABAT, demonstrando o excelente trabalho que lá fizemos e que fazemos falta....

5. Por fim, também achei contraditório o artigo do Professor. Ou talvez o título deveria ser"Hora do Brasil sair?". Att
Legal eligio, deve ser muito gratificante ter participado de 2 missões tão importantes como essas. Certa vez estava conversando com um SubTen do EB que serviu em Angola e as coisas que ele contou de lá são de arrepiar qualquer um. :( Se pudesse contar suas experiências de lá seria proveitoso, não sei se já tem um tópico sobre o assunto...




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Re: Missão de Paz no Haiti

#971 Mensagem por orestespf » Ter Jun 10, 2008 11:46 am

cvn73 escreveu:Interessante o artigo .

Certamente o professor sabe o que diz.

Mas gostaria de saber; o que pessam os haitianos? O que dizem dos brasileiros ? Eles querem nossa saida?

Deviamos sair pois é chegada a hora, ou apenas porque se sairmos agora deixaremos uma boa imagem? As coisas podem fugir ao controle ? Isso afetaria nossa imagem de pacificadores?

Como eu disse acima, o professor viu "in loco" a situação, creio que sabe o que diz, mas seu artigo não me convenceu apenas aumentou minhas dúvidas.
Tenho evitado comentar este assunto, pelo menos por hora, mas alguns trabalhos serão frutos desta minha ida ao Haiti, prometo. Comentarei apenas na forma de estorinhas, cada um que tire suas conclusões.

Houve um fato inusitado, tropas da PNH (Polícia Nacional Haitiana) estavam espancando civis haitianos quando uma patrulha de militares brasileiros chegou ao local e retiraram a força os policiais, dizendo que as atitudes altamente agressivas estavam erradas e que havia maneiras de resolver os problemas. Bem o povo haitiano ficou contra os militares brasileiros e justificaram assim: eles podem nos bater porque são haitianos, vocês não, portanto saiam fora e nos deixe resolver este problema que é nosso.

É importante que se diga que a decisão de manter ou não tropas brasileiras no Haiti não depende de nossos militares e nem do MD, depende apenas do MRE (Ministério das Relações Exteriores). A decisão é puramente de ordem política, cabe ao MD acatar as decisões e encaminhar as FFAA o planejamento estratégico. Saber a opinião dos militares, seja do simples praça ao mais alto no comando, não fará diferença alguma, pois estão lá para seguir ordem de seu comandante maior, ou seja, o presidente da república.

Acredito que a pergunta que deve ser feita seja: o militar brasileiro que vai para o Haiti está disposto a morrer pelo Haiti? Todos eles falam abertamente, se for preciso eu morro pelo Brasil.

Outra situação que deve ser analisada com extremo cuidado, no Haiti temos o comando geral da Minustah, coordenamos os trabalhos e gerenciamos os trabalhos dos vários países que mandaram tropas pra lá. O problema é que cada país tem um ponto de vista, um treinamento diferente, culturas diferentes. Isto implica em comportamentos muito diferentes, por exemplo, ser amigável pode ser motivo de falta de liderança na visão de alguns, ser altamente agressivo pode igualmente questionado por outros, e assim vai. Uma ponto delicado é quando um país "subordinado" acha que o líder é frouxo, ou seja, pode não seguir certas determinações, podem agir a revelia, pode gerar sérios problemas, mas será sempre o líder que receberá a culpa.

Outra hora eu falo mais.

Abraços,

Orestes




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Re: Missão de Paz no Haiti

#972 Mensagem por jauro » Ter Jun 10, 2008 11:50 am

Acredito que o título ficaria melhor na forma interrogativa.
Para a afirmação (de sair) necessitaria de uma análise mais acurada da situação e de um maior aprofundamento nos fatores psicossociais, vistos pelo prisma haitiano.
Não sei, mas achei a análise contraditória, superficial e, pior, preconcebida.

Do ponto de vista militar, é a melhor forma de se combater a rotina dos quartéis , com probabilidades baixíssimas de perder vidas humanas, pois o combate é de baixa intensidade, em troca de um intenso treinamento militar. Sai caro? Sai! Mas aqui no Brasil também sai caro e não se adestra ninguém, comparado a uma missão dessa natureza.




Editado pela última vez por jauro em Ter Jun 10, 2008 5:06 pm, em um total de 1 vez.
"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
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Re: Missão de Paz no Haiti

#973 Mensagem por delmar » Ter Jun 10, 2008 12:55 pm

Jauro disse:
Do ponto de vista militar, é a melhor forma de se combater a rotina dos quartéis , com probabilidades baixíssimas de perder vidas humanas, pois o combate é de baixa intensidade, em troca de um intenso treinamento militar. Sai caro? Sai! Mas aqui no Brasil também sai caro e não se adestra ninguém, comparado a uma missão dessa natureza.
Concordo totalmente. Serve também para expor as deficiências de equipamento, especialmente de transporte, e de preparação da tropa. Muita coisa deve ter mudado e outras vão mudar a partir desta experiência. Penso que a presença do Brasil lá é mais importante para nós que para os próprios haitianos. Agora não devemos esperar que sejamos amados e queridos pelo povo de lá como "os bondosos brasileiros". Façamos o nosso trabalho e pronto, sem esperar a eterna gratidão do povo haitiano.

saudações




Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: Missão de Paz no Haiti

#974 Mensagem por Marino » Ter Jun 10, 2008 6:46 pm

É importante que se diga que a decisão de manter ou não tropas brasileiras no Haiti não depende de nossos militares e nem do MD, depende apenas do MRE (Ministério das Relações Exteriores). A decisão é puramente de ordem política, cabe ao MD acatar as decisões e encaminhar as FFAA o planejamento estratégico. Saber a opinião dos militares, seja do simples praça ao mais alto no comando, não fará diferença alguma, pois estão lá para seguir ordem de seu comandante maior, ou seja, o presidente da república.
Que todos entendam perfeitamente este parágrafo do Orestes.
A decisão é política, e ponto.
Não interessa o que os militares acham.
E está correta esta maneira.




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Missão de Paz no Haiti

#975 Mensagem por orestespf » Ter Jun 10, 2008 7:42 pm

Marino escreveu:
É importante que se diga que a decisão de manter ou não tropas brasileiras no Haiti não depende de nossos militares e nem do MD, depende apenas do MRE (Ministério das Relações Exteriores). A decisão é puramente de ordem política, cabe ao MD acatar as decisões e encaminhar as FFAA o planejamento estratégico. Saber a opinião dos militares, seja do simples praça ao mais alto no comando, não fará diferença alguma, pois estão lá para seguir ordem de seu comandante maior, ou seja, o presidente da república.
Que todos entendam perfeitamente este parágrafo do Orestes.
A decisão é política, e ponto.
Não interessa o que os militares acham.
E está correta esta maneira.
Como me dói ter que dizer isso, irmão Marino, como me dói... É extremamente desagradável saber que a opinião de quem está lá, de que opera e age não conta, que os que recebem parcos soldos para morrer pelo Brasil estão em outro país se expondo ao desencarne para satisfazer o ego daqueles que acham que não querem largar o osso (MRE???).

A presença do Brasil no Haiti deve (e só pode ser) discutida no âmbito político, nunca doutrinário/tático/militar. Sim, existe uma estratégia por trás de tudo isso, mas a mesma não é militar, não é de Estado, é de governo. Sinto dor ao reconhecer que a estratégia assumida em nosso país é fruto de disputa de poder entre o MRE e as FFAA, que impõe suas vontades, suas vicissitudes, e porque não dizer, mazelas, para satisfazer egos de natureza pessoal e não do coletivo. Mazelas estas que se expõe fragilmente ao sonho primário de acreditar que uma pseudo-forma-imperialista deste (ainda) ingênuo país possa conseguir respaldo internacional na (ex)grande instituição (hoje) falida de nome ONU.

Não são ações do "tipo Haiti" que fará com que o Brasil assuma uma cadeira permanente no CS/ONU, mas as ações do MRE são claras, nítidas para aqueles que possuem olhos e senso crítico, impor poder "moral" aos escravizados militares, fazendo uso da utópica expressão "morrer pelo Haiti é morrer pelo Brasil", como se os menos de dois mil dólares mês (durante 6 meses) pagasse as contas dos familiares que nem sempre se auto-sustentam por estas bandas.

A minha revolta é brutal, mas não vou dar a minha opinião de forma explícita, só dizer que os FN estão em uma base onde todos (repito, todos) possuem boa alimentação e acomodações, mas muito diferente dos "verdinhos" do EB, que em alguns "pontos fortes" possuem instalações pra lá de questionáveis, sendo um deles (não o pior) um ex-forte, ex-presídio feminino, com o "pé direito" muito alto e que foi dividido ao meio (sentido vertical), onde a parte de baixo contém portas e a parte de cima obriga os militares a entrar e sair pelo buraco do ar condicionado que havia lá no passado. Acomodações tais que em determinados lugares os militares são "obrigados" (falta de opção) a dormir no relento, pois os alojamentos praticamente pegam fogo de tão quentes.

Sim... É muito fácil ser uma espécie de brasileiro nacionalista, achar que tropas em outro país é demonstração de projeção de poder, algo que não existe no papel, menos do MRE, mas achando bonito ver um ser humano e que por acaso é um "mísero" militar se expondo a uma vida... (não vou falar) enquanto estamos aqui no bem-bom. É muito fácil mandar um "idiota" pra frente de batalha, lutar e morrer por uma causa que não é a de seu país, talvez porque seja utopicamente belo ver alguém (que não seja eu e meus parentes e amigos) morrer por causas defendidas por "falsos poderes de político/acadêmico/diplomático. Sim, mandar morrer é fácil e belo, mas ir pra frente de combate é coisa para o "outro". Que coisa, né? A elite pensante não pensa, se esquece que acabam emplacando e fazendo eco das falas apregoadas por aqueles que deveriam receber as críticas. Neste caso, ouso outros ecos, mas daqueles que produzem gargalhadas sobre a inocência momentânea e casuística daqueles que apenas reproduzem frases prontas geradas pelos "gargalhadores" e que nem eles acreditam no que disseram.

Penso assim, se não posso mudar sozinho o pensamento perverso dos "hilários formadores de opinião", pelo menos não reproduzo suas falas e muito menos dou rizada da coisa, afinal vidas importantes estão em jogo.

Encerro assim, quantas vidas brasileiras poderão ser necessárias para satisfazer egos que insistem em dizer que o País se projetará internacionalmente? Aventura para quem não nasceu pra coisa é ingenuidade maior, não ouvir que vive o problema de forma cotidiana é presunção e arrogância, acreditar que se conseguirá ser grande em cima de pequenos é assumir a condição de ingênuo. Sim, sou pra lá de nacionalista, mas não sou Policarpo Quaresma.


Forte abraço, mano véio,

Orestes




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