REVANCHISTAS
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REVANCHISTAS
HISTÓRIA OFICIAL: Declarações de Tarso Genro provocam reações conflitantes de militares e ex-militantes políticos
'A Lei da Anistia foi feita para os dois lados'
Presidente do Clube Militar diz que, se acusados de tortura forem julgados, o mesmo deve ocorrer com ex-guerrilheiros
Soraya Aggege
SÃO PAULO. O Clube Militar defendeu ontem que o governo "escancare" os arquivos secretos da ditadura, mostrando também supostos crimes cometidos por membros da cúpula do atual governo que militaram contra o regime. Os militares também avaliaram que, se ocorrer uma reinterpretação da Lei da Anistia, de 1979, deverão ser punidos também acusados de terrorismo e assassinatos na época.
As declarações do general da reserva Gilberto Figueiredo, presidente do Clube, foram uma resposta ao ministro Tarso Genro (Justiça) e ao Ministério Público Federal, que defendeu o julgamento de torturadores e chefes dos órgãos de repressão. Tarso avaliou que a Lei da Anistia, de 1979, não protege os crimes de tortura, prática que também era criminosa durante o regime militar.
- Alguns colegas de governo do ministro também cometeram crimes hediondos durante o regime. A Lei da Anistia foi feita para os dois lados e é um assunto superado. Agora, se houver uma revisão, ela terá que valer para os dois lados- disse o general da reserva.
Figueiredo afirmou ainda que a abertura dos arquivos secretos do regime não encontra mais resistências entre os militares:
- Não sei por que não abrem os arquivos. É preciso abrir, sim, escancarar tudo. Tenho conversado com outros militares e não vemos motivos para não escancará-los. Mas é preciso escancarar tudo mesmo, porque quando isso for feito, os militares serão os menos atingidos. Se abrir, quem mais terá a perder são os do outro lado, que cometeram assassinatos, terrorismo e muitos crimes. E muitos estão no governo - disse o presidente do Clube, depois de frisar que o ministro fez tais declarações para desviar o foco das atenções de outros problemas do governo, como os conflitos em Raposa Serra do Sol e o caso do dossiê da Casa Civil.
Ativistas pedem punição para torturadores
De outro lado, organizações de ex-presos políticos e entidades civis defenderam ontem a punição dos responsáveis pelos crimes de tortura na ditadura militar e a abertura dos arquivos secretos, no embalo das declarações do ministro e da ação do Ministério Público Federal.
"Os ex-chefes do Doi-Codi devem ser ouvidos pela Justiça - juntamente com seus subordinados - para que dezenas de mortes e desaparecimentos possam ser finalmente esclarecidos", declararam ontem em nota conjunta o Fórum Permanente dos Ex-Presos e Perseguidos e Políticos, o Grupo Tortura Nunca Mais, o Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), a Acat (Ação dos Cristãos para a abolição da Tortura) e o Movimento Nacional de Direitos Humanos.
OAB: lei da época previa censura, não tortura
Entidade diz que anistia não pode significar amnésia
SÃO PAULO. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que já mantém uma ação no Superior Tribunal Militar (STM) por causa dos arquivos secretos, apoiou as avaliações jurídicas do ministro da Justiça, Tarso Genro.
- A censura, por exemplo, poderia até estar amparada (nas leis da época), mas a tortura não. Há muito a OAB mantém o pressuposto de que anistia não significa amnésia ou esquecimento. Tratam-se de crimes de agente de estado que feriram a lei da época, que já proibia a tortura- disse o presidente da OAB, Cézar Britto.
Para as entidades de defesa dos direitos humanos, é chegado o momento de o país reconhecer inclusive que os crimes não foram cometidos pelo Estado, mas por indivíduos que deveriam inclusive arcar com as indenizações dos torturados políticos.
- Neste país os torturadores continuam impunes e os desaparecidos continuam desaparecidos. Esta é a primeira vez na História que se lança uma ação para punir os criminosos da ditadura - disse Ivan Seixas, do Fórum de Ex-Presos, e ex-guerrilheiro do MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes).
Seixas afirmou ainda que não vê problemas em a Lei da Anistia ser reinterpretada para os dois grupos de interessados:
- Eu topo abrir os arquivos e fazer a lei valer para os dois lados. Nunca torturamos. Eu, por exemplo, fui guerrilheiro e nunca matei nem torturei ninguém. Tomei fábrica, fiz enfrentamento político. Fui preso por seis anos, três deles em um manicômio, e fui muito torturado. Gostaria muito de ver justiça- afirmou Ivan Seixas.
"Levei tapas, choques, quase perdi meus filhos"
Animada pelas declarações do ministro e a ação do Ministério Público, a viúva de Virgílio Gomes da Silva, Ilda Martins da Silva, de 77 anos, visitou ontem a cela onde ficou nove meses presa, hoje espaço integrante do Memorial da Resistência. Virgílio, ex-militante da ALN (Ação Libertadora Nacional), usava o codinome Jonas e morreu sob tortura. Dona de casa, Hilda nunca integrou uma organização política, mas passou a ser torturada, junto com os três filhos pequenos, depois de Jonas ter sido morto pelos militares. O corpo dele nunca foi localizado.
- Queriam que eu contasse coisas que ele foi morto sem contar. Coisas que eu nem sabia, não entendia. Eu amamentava meu bebê de quatro meses e eles prenderam os meus filhos. Levei choques, tapas, chutes, quase perdi meus filhos. E o pior: se passaram 36 anos e eu nunca pude enterrar meu marido, levar uma flor ao seu túmulo. Para mim, continuo torturada. Tudo o que queremos é a abertura dos arquivos, a localização do corpo e, quem sabe, a punição dos nossos torturadores - disse Ilda.
HISTÓRIA OFICIAL: Alvos da iniciativa inédita do Ministério Público Federal são um coronel da reserva e um ex-policial
MP quer ação contra suspeitos da morte de Herzog
Procuradores argumentam que a Lei da Anistia não pode ser usada para acobertar crimes praticados durante a ditadura
Ricardo Galhardo
SÃO PAULO. O Ministério Público Federal estuda a abertura de ação criminal por homicídio contra o coronel da reserva Audir Santos Maciel e o ex-investigador de polícia Pedro Antonio Mira Grancieri. Os dois são suspeitos de participação na morte do jornalista Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975.
A iniciativa é inédita no Ministério Público Federal e faz parte de nova concepção dos procuradores a respeito da Lei da Anistia, de 1979. Anteontem, seis procuradores da área cível ajuizaram ação contra Maciel e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, na qual pedem que eles sejam responsabilizados financeiramente pelas indenizações pagas pela União às vítimas da ditadura militar mortas, desaparecidas ou torturadas no Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi). Ustra e Maciel comandaram o Doi-Codi de 1970 a 1976, quando 64 pessoas morreram ou desapareceram no local.
Os procuradores argumentam, com base em tribunais internacionais e na Constituição Federal, que a Lei da Anistia não pode ser usada para acobertar os crimes praticados durante a ditadura.
- O Brasil é passível de condenação em qualquer corte internacional de direitos humanos por não revogar a Lei da Anistia - disse o procurador Marlon Weichert.
Os procuradores enviaram ofício ao procurador criminal Fábio Gaspar, para que ele avalie a possibilidade de ação criminal. A estratégia é procurar abrir processos específicos para cada caso de morte ou tortura ocorrido no Doi-Codi. Herzog é o primeiro porque a investigação de sua morte está mais avançada e também pelo simbolismo. Diretor de jornalismo da TV Cultura, Herzog morreu aos 38 anos durante uma sessão de tortura. A reação da sociedade obrigou o Exército a reconhecer que o jornalista não havia cometido suicídio.
Especialista diz que momento é de reavaliação
'Quando documentos vierem à tona, trarão muitas dores'
SÃO PAULO. A estabilidade jurídica que paira no Brasil em torno da Lei da Anistia, desde 1979, está em xeque, segundo avaliação do professor Eliezer Rizzo de Oliveira, especialista em Forças Armadas e pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Segundo ele, configura-se um novo quadro na História, depois da transição política do pós-ditadura militar.
- A estabilidade em torno do assunto está realmente em questão pela primeira vez, porque está sendo colocada por poderes estabelecidos. São declarações de pelo menos três ministros (Tarso Genro, da Justiça, Paulo Vannuchi, dos Direitos Humanos e Nelson Jobim, da Defesa e ex-presidente do STF) e agora do Ministério Público.
Para o especialista, está evidente que a interpretação da Lei da Anistia será contestada nos tribunais por ambas as partes: civis e militares.
- Nunca foram registradas tantas iniciativas - disse, lembrando que há dois processos que pedem o reconhecimento de torturadores.
E defendeu a abertura:
- Pessoalmente sou defensor da abertura dos arquivos, pois temos direito à nossa própria história. Talvez o momento seja propício, pois há mais maturidade política e as Forças Armadas não chegam a significar impedimento, pois têm boa relação com a democracia.
Para o especialista, civis e militares precisam refletir sobre as mudanças em questão:
- Quando os documentos vierem à tona, trarão muitas dores. Tanto para os fardados quanto para os civis.
'A Lei da Anistia foi feita para os dois lados'
Presidente do Clube Militar diz que, se acusados de tortura forem julgados, o mesmo deve ocorrer com ex-guerrilheiros
Soraya Aggege
SÃO PAULO. O Clube Militar defendeu ontem que o governo "escancare" os arquivos secretos da ditadura, mostrando também supostos crimes cometidos por membros da cúpula do atual governo que militaram contra o regime. Os militares também avaliaram que, se ocorrer uma reinterpretação da Lei da Anistia, de 1979, deverão ser punidos também acusados de terrorismo e assassinatos na época.
As declarações do general da reserva Gilberto Figueiredo, presidente do Clube, foram uma resposta ao ministro Tarso Genro (Justiça) e ao Ministério Público Federal, que defendeu o julgamento de torturadores e chefes dos órgãos de repressão. Tarso avaliou que a Lei da Anistia, de 1979, não protege os crimes de tortura, prática que também era criminosa durante o regime militar.
- Alguns colegas de governo do ministro também cometeram crimes hediondos durante o regime. A Lei da Anistia foi feita para os dois lados e é um assunto superado. Agora, se houver uma revisão, ela terá que valer para os dois lados- disse o general da reserva.
Figueiredo afirmou ainda que a abertura dos arquivos secretos do regime não encontra mais resistências entre os militares:
- Não sei por que não abrem os arquivos. É preciso abrir, sim, escancarar tudo. Tenho conversado com outros militares e não vemos motivos para não escancará-los. Mas é preciso escancarar tudo mesmo, porque quando isso for feito, os militares serão os menos atingidos. Se abrir, quem mais terá a perder são os do outro lado, que cometeram assassinatos, terrorismo e muitos crimes. E muitos estão no governo - disse o presidente do Clube, depois de frisar que o ministro fez tais declarações para desviar o foco das atenções de outros problemas do governo, como os conflitos em Raposa Serra do Sol e o caso do dossiê da Casa Civil.
Ativistas pedem punição para torturadores
De outro lado, organizações de ex-presos políticos e entidades civis defenderam ontem a punição dos responsáveis pelos crimes de tortura na ditadura militar e a abertura dos arquivos secretos, no embalo das declarações do ministro e da ação do Ministério Público Federal.
"Os ex-chefes do Doi-Codi devem ser ouvidos pela Justiça - juntamente com seus subordinados - para que dezenas de mortes e desaparecimentos possam ser finalmente esclarecidos", declararam ontem em nota conjunta o Fórum Permanente dos Ex-Presos e Perseguidos e Políticos, o Grupo Tortura Nunca Mais, o Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), a Acat (Ação dos Cristãos para a abolição da Tortura) e o Movimento Nacional de Direitos Humanos.
OAB: lei da época previa censura, não tortura
Entidade diz que anistia não pode significar amnésia
SÃO PAULO. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que já mantém uma ação no Superior Tribunal Militar (STM) por causa dos arquivos secretos, apoiou as avaliações jurídicas do ministro da Justiça, Tarso Genro.
- A censura, por exemplo, poderia até estar amparada (nas leis da época), mas a tortura não. Há muito a OAB mantém o pressuposto de que anistia não significa amnésia ou esquecimento. Tratam-se de crimes de agente de estado que feriram a lei da época, que já proibia a tortura- disse o presidente da OAB, Cézar Britto.
Para as entidades de defesa dos direitos humanos, é chegado o momento de o país reconhecer inclusive que os crimes não foram cometidos pelo Estado, mas por indivíduos que deveriam inclusive arcar com as indenizações dos torturados políticos.
- Neste país os torturadores continuam impunes e os desaparecidos continuam desaparecidos. Esta é a primeira vez na História que se lança uma ação para punir os criminosos da ditadura - disse Ivan Seixas, do Fórum de Ex-Presos, e ex-guerrilheiro do MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes).
Seixas afirmou ainda que não vê problemas em a Lei da Anistia ser reinterpretada para os dois grupos de interessados:
- Eu topo abrir os arquivos e fazer a lei valer para os dois lados. Nunca torturamos. Eu, por exemplo, fui guerrilheiro e nunca matei nem torturei ninguém. Tomei fábrica, fiz enfrentamento político. Fui preso por seis anos, três deles em um manicômio, e fui muito torturado. Gostaria muito de ver justiça- afirmou Ivan Seixas.
"Levei tapas, choques, quase perdi meus filhos"
Animada pelas declarações do ministro e a ação do Ministério Público, a viúva de Virgílio Gomes da Silva, Ilda Martins da Silva, de 77 anos, visitou ontem a cela onde ficou nove meses presa, hoje espaço integrante do Memorial da Resistência. Virgílio, ex-militante da ALN (Ação Libertadora Nacional), usava o codinome Jonas e morreu sob tortura. Dona de casa, Hilda nunca integrou uma organização política, mas passou a ser torturada, junto com os três filhos pequenos, depois de Jonas ter sido morto pelos militares. O corpo dele nunca foi localizado.
- Queriam que eu contasse coisas que ele foi morto sem contar. Coisas que eu nem sabia, não entendia. Eu amamentava meu bebê de quatro meses e eles prenderam os meus filhos. Levei choques, tapas, chutes, quase perdi meus filhos. E o pior: se passaram 36 anos e eu nunca pude enterrar meu marido, levar uma flor ao seu túmulo. Para mim, continuo torturada. Tudo o que queremos é a abertura dos arquivos, a localização do corpo e, quem sabe, a punição dos nossos torturadores - disse Ilda.
HISTÓRIA OFICIAL: Alvos da iniciativa inédita do Ministério Público Federal são um coronel da reserva e um ex-policial
MP quer ação contra suspeitos da morte de Herzog
Procuradores argumentam que a Lei da Anistia não pode ser usada para acobertar crimes praticados durante a ditadura
Ricardo Galhardo
SÃO PAULO. O Ministério Público Federal estuda a abertura de ação criminal por homicídio contra o coronel da reserva Audir Santos Maciel e o ex-investigador de polícia Pedro Antonio Mira Grancieri. Os dois são suspeitos de participação na morte do jornalista Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975.
A iniciativa é inédita no Ministério Público Federal e faz parte de nova concepção dos procuradores a respeito da Lei da Anistia, de 1979. Anteontem, seis procuradores da área cível ajuizaram ação contra Maciel e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, na qual pedem que eles sejam responsabilizados financeiramente pelas indenizações pagas pela União às vítimas da ditadura militar mortas, desaparecidas ou torturadas no Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi). Ustra e Maciel comandaram o Doi-Codi de 1970 a 1976, quando 64 pessoas morreram ou desapareceram no local.
Os procuradores argumentam, com base em tribunais internacionais e na Constituição Federal, que a Lei da Anistia não pode ser usada para acobertar os crimes praticados durante a ditadura.
- O Brasil é passível de condenação em qualquer corte internacional de direitos humanos por não revogar a Lei da Anistia - disse o procurador Marlon Weichert.
Os procuradores enviaram ofício ao procurador criminal Fábio Gaspar, para que ele avalie a possibilidade de ação criminal. A estratégia é procurar abrir processos específicos para cada caso de morte ou tortura ocorrido no Doi-Codi. Herzog é o primeiro porque a investigação de sua morte está mais avançada e também pelo simbolismo. Diretor de jornalismo da TV Cultura, Herzog morreu aos 38 anos durante uma sessão de tortura. A reação da sociedade obrigou o Exército a reconhecer que o jornalista não havia cometido suicídio.
Especialista diz que momento é de reavaliação
'Quando documentos vierem à tona, trarão muitas dores'
SÃO PAULO. A estabilidade jurídica que paira no Brasil em torno da Lei da Anistia, desde 1979, está em xeque, segundo avaliação do professor Eliezer Rizzo de Oliveira, especialista em Forças Armadas e pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Segundo ele, configura-se um novo quadro na História, depois da transição política do pós-ditadura militar.
- A estabilidade em torno do assunto está realmente em questão pela primeira vez, porque está sendo colocada por poderes estabelecidos. São declarações de pelo menos três ministros (Tarso Genro, da Justiça, Paulo Vannuchi, dos Direitos Humanos e Nelson Jobim, da Defesa e ex-presidente do STF) e agora do Ministério Público.
Para o especialista, está evidente que a interpretação da Lei da Anistia será contestada nos tribunais por ambas as partes: civis e militares.
- Nunca foram registradas tantas iniciativas - disse, lembrando que há dois processos que pedem o reconhecimento de torturadores.
E defendeu a abertura:
- Pessoalmente sou defensor da abertura dos arquivos, pois temos direito à nossa própria história. Talvez o momento seja propício, pois há mais maturidade política e as Forças Armadas não chegam a significar impedimento, pois têm boa relação com a democracia.
Para o especialista, civis e militares precisam refletir sobre as mudanças em questão:
- Quando os documentos vierem à tona, trarão muitas dores. Tanto para os fardados quanto para os civis.
Cabeça dos outros é terra que ninguem anda... terras ermas...
- Túlio
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Re: REVANCHISTAS
Por mim que abram TUDO!!!
Tanto tortura quanto terrorismo sempre foram ilegais mesmo, vai sobrar pra cambada das 'indenizações' também, podem apostar...
Mas acho que não vai dar em nada, afinal, invadir propriedade privada TAMBÉM era e É ilegal, o MST que o diga...
Tanto tortura quanto terrorismo sempre foram ilegais mesmo, vai sobrar pra cambada das 'indenizações' também, podem apostar...
Mas acho que não vai dar em nada, afinal, invadir propriedade privada TAMBÉM era e É ilegal, o MST que o diga...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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- Vinicius Pimenta
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Re: REVANCHISTAS
Os documentos DEVEM ser abertos. Mas TODOS. Não apenas os que forem convenientes pra essa turma que está no poder.
Sobre a Lei da Anistia, querer reinterpretá-la fazendo valê-la só para um dos lados é um absurdo sem tamanho.
Sobre a Lei da Anistia, querer reinterpretá-la fazendo valê-la só para um dos lados é um absurdo sem tamanho.
Vinicius Pimenta
Você é responsável pelo ambiente e a qualidade do fórum que participa. Faça sua parte.
Você é responsável pelo ambiente e a qualidade do fórum que participa. Faça sua parte.
Re: REVANCHISTAS
A sociedade - em especial os defensores dos dois lados - deve começar a levar com mais seriedade este assunto, nem os guerrilheiros eram santos, nem os militares eram lobos maus, e muito menos continuam a defender ditaduras.
Coisa que os comunistas devem parar de fazer é este circo quando se fala em relação a ditadura, se for liberado os documentos, devem servir pra mostrar que a democracia é o maior bem da sociedade brasileira, e não para demonizar um ou outro.
Coisa que os comunistas devem parar de fazer é este circo quando se fala em relação a ditadura, se for liberado os documentos, devem servir pra mostrar que a democracia é o maior bem da sociedade brasileira, e não para demonizar um ou outro.
Re: REVANCHISTAS
Não vão abrir todos os documentos, e todos nós sabemos disso.
Os terroristas vão tentar (e com sucesso) justificar seus crimes como sendo uma luta contra a ditadura, quando na verdade esses vagabundos estavam era lutando pra implantar o comunismo. E nenhum dos militares torturadores serão condenados.
Se nem policiais corruptos são, imagina aqueles militares cujos os crimes se deram à 20 anos ou mais? Ainda mais com o PT no governo as chances de saírem ao crivo público os abusos dois 2 lados é NULA; vai depender da coragem e boa vontade de alguem vazar esses arquivos na internet.
Vejam por exemplo quando vazaram o ORVIL, o único destaque que a imprensa marrom desse país sujo deu foi aos crimes cometidos pelo militares, mas não pelos terroristas.
Outro fato ridículo aqui é que o sujeito morre dentro de uma dependência do DOI-CODI/DOPS e logo todo mundo aponta o dedo e falam que foram os militares, ou algum ex-presidente (cassado pela ditadura) morreu num acidente de carro e logo repetem a mesma ladainha.
Os terroristas vão tentar (e com sucesso) justificar seus crimes como sendo uma luta contra a ditadura, quando na verdade esses vagabundos estavam era lutando pra implantar o comunismo. E nenhum dos militares torturadores serão condenados.
Se nem policiais corruptos são, imagina aqueles militares cujos os crimes se deram à 20 anos ou mais? Ainda mais com o PT no governo as chances de saírem ao crivo público os abusos dois 2 lados é NULA; vai depender da coragem e boa vontade de alguem vazar esses arquivos na internet.
Vejam por exemplo quando vazaram o ORVIL, o único destaque que a imprensa marrom desse país sujo deu foi aos crimes cometidos pelo militares, mas não pelos terroristas.
Outro fato ridículo aqui é que o sujeito morre dentro de uma dependência do DOI-CODI/DOPS e logo todo mundo aponta o dedo e falam que foram os militares, ou algum ex-presidente (cassado pela ditadura) morreu num acidente de carro e logo repetem a mesma ladainha.
O pior dos infernos é reservado àqueles que, em tempos de crise moral, escolheram por permanecerem neutros. Escolha o seu lado.
- PQD
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Re: REVANCHISTAS
TENDÊNCIAS/DEBATES
Falácias sobre a luta armada na ditadura
MARCO ANTONIO VILLA
Militantes de grupos de luta armada criaram um discurso eficaz. Quem questiona "vira" adepto da ditadura. Assim, evitam o debate
A luta armada, de tempos em tempos, reaparece no noticiário. Nos últimos anos, foi se consolidando uma versão da história de que os guerrilheiros combateram a ditadura em defesa da liberdade. Os militares teriam voltado para os quartéis graças às suas heróicas ações. Em um país sem memória, é muito fácil reescrever a história. É urgente enfrentarmos essa falácia. A luta armada não passou de ações isoladas de assaltos a bancos, seqüestros, ataques a instalações militares e só. Apoio popular? Nenhum. O regime militar acabou por outras razões.
Argumentam que não havia outro meio de resistir à ditadura, a não ser pela força. Mais um grave equívoco: muitos dos grupos existiam antes de 1964 e outros foram criados logo depois, quando ainda havia espaço democrático (basta ver a ampla atividade cultural de 1964-1968). Ou seja, a opção pela luta armada, o desprezo pela luta política e pela participação no sistema político e a simpatia pelo foquismo guevarista antecedem o AI-5 (dezembro de 1968), quando, de fato, houve o fechamento do regime.
O terrorismo desses pequenos grupos deu munição (sem trocadilho) para o terrorismo de Estado e acabou usado pela extrema-direita como pretexto para justificar o injustificável: a barbárie repressiva.
Todos os grupos de luta armada defendiam a ditadura do proletariado. As eventuais menções à democracia estavam ligadas à "fase burguesa da revolução". Uma espécie de caminho penoso, uma concessão momentânea rumo à ditadura de partido único.
Conceder-lhes o estatuto histórico de principais responsáveis pela derrocada do regime militar é um absurdo. A luta pela democracia foi travada nos bairros pelos movimentos populares, na defesa da anistia, no movimento estudantil e nos sindicatos. Teve na Igreja Católica um importante aliado, assim como entre os intelectuais, que protestaram contra a censura. E o MDB, nada fez? E seus militantes e parlamentares que foram perseguidos? E os cassados?
Quem contribuiu mais para a restauração da democracia: o articulador de um ato terrorista ou o deputado federal emedebista Lisâneas Maciel, defensor dos direitos humanos, que acabou sendo cassado pelo regime militar em 1976? A ação do MDB, especialmente dos parlamentares da "ala autêntica", precisa ser relembrada. Não foi nada fácil ser oposição nas eleições na década de 1970.
Os militantes dos grupos de luta armada construíram um discurso eficaz. Quem questiona é tachado de adepto da ditadura. Assim, ficam protegidos de qualquer crítica e evitam o que tanto temem: o debate, a divergência, a pluralidade, enfim, a democracia. Mais: transformam a discussão política em questão pessoal, como se a discordância fosse uma espécie de desconsideração dos sofrimentos da prisão. Não há relação entre uma coisa e outra: criticar a luta armada não legitima o terrorismo de Estado.
Precisamos romper o círculo de ferro construído, ainda em 1964, pelos inimigos da democracia, tanto à esquerda como à direita. Não podemos ser reféns, historicamente falando, daqueles que transformaram o adversário, em inimigo; o espaço da política, em espaço de guerra.
Um bom caminho para o país seria a abertura dos arquivos do regime militar. Dessa forma, tanto a ação contrária ao regime como a dos "defensores da ordem" poderiam ser estudadas, debatidas e analisadas. Parece, porém, que o governo não quer. Optou por uma espécie de "cala-boca" financeiro. Rentável, é verdade.
Injusto, também é verdade. Tanto pelo pagamento de indenizações milionárias a privilegiados como pelo abandono de centenas de perseguidos que até hoje não receberam nenhuma compensação. É fundamental não só rever as indenizações já aprovadas como estabelecer critérios rigorosos para os próximos processos. Enfim, precisamos romper os tabus construídos nas últimas quatro décadas: criticar a luta armada não é apoiar a tortura, assim como atacar a selvagem repressão do regime militar não é defender o terrorismo.
O pagamento das indenizações não pode servir como cortina de fumaça para encobrir a história do Brasil. Por que o governo teme a abertura dos arquivos? Abrir os arquivos não significa revanchismo ou coisa que o valha.
O desinteresse do governo pelo tema é tão grande que nem sequer sabe onde estão os arquivos das Forças Armadas e dos órgãos civis de repressão.
Mantê-los fechados só aumenta os boatos e as versões fantasiosas.
MARCO ANTONIO VILLA, 51, é professor de história do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e autor, entre outros livros, de "Jango, um perfil".
Falácias sobre a luta armada na ditadura
MARCO ANTONIO VILLA
Militantes de grupos de luta armada criaram um discurso eficaz. Quem questiona "vira" adepto da ditadura. Assim, evitam o debate
A luta armada, de tempos em tempos, reaparece no noticiário. Nos últimos anos, foi se consolidando uma versão da história de que os guerrilheiros combateram a ditadura em defesa da liberdade. Os militares teriam voltado para os quartéis graças às suas heróicas ações. Em um país sem memória, é muito fácil reescrever a história. É urgente enfrentarmos essa falácia. A luta armada não passou de ações isoladas de assaltos a bancos, seqüestros, ataques a instalações militares e só. Apoio popular? Nenhum. O regime militar acabou por outras razões.
Argumentam que não havia outro meio de resistir à ditadura, a não ser pela força. Mais um grave equívoco: muitos dos grupos existiam antes de 1964 e outros foram criados logo depois, quando ainda havia espaço democrático (basta ver a ampla atividade cultural de 1964-1968). Ou seja, a opção pela luta armada, o desprezo pela luta política e pela participação no sistema político e a simpatia pelo foquismo guevarista antecedem o AI-5 (dezembro de 1968), quando, de fato, houve o fechamento do regime.
O terrorismo desses pequenos grupos deu munição (sem trocadilho) para o terrorismo de Estado e acabou usado pela extrema-direita como pretexto para justificar o injustificável: a barbárie repressiva.
Todos os grupos de luta armada defendiam a ditadura do proletariado. As eventuais menções à democracia estavam ligadas à "fase burguesa da revolução". Uma espécie de caminho penoso, uma concessão momentânea rumo à ditadura de partido único.
Conceder-lhes o estatuto histórico de principais responsáveis pela derrocada do regime militar é um absurdo. A luta pela democracia foi travada nos bairros pelos movimentos populares, na defesa da anistia, no movimento estudantil e nos sindicatos. Teve na Igreja Católica um importante aliado, assim como entre os intelectuais, que protestaram contra a censura. E o MDB, nada fez? E seus militantes e parlamentares que foram perseguidos? E os cassados?
Quem contribuiu mais para a restauração da democracia: o articulador de um ato terrorista ou o deputado federal emedebista Lisâneas Maciel, defensor dos direitos humanos, que acabou sendo cassado pelo regime militar em 1976? A ação do MDB, especialmente dos parlamentares da "ala autêntica", precisa ser relembrada. Não foi nada fácil ser oposição nas eleições na década de 1970.
Os militantes dos grupos de luta armada construíram um discurso eficaz. Quem questiona é tachado de adepto da ditadura. Assim, ficam protegidos de qualquer crítica e evitam o que tanto temem: o debate, a divergência, a pluralidade, enfim, a democracia. Mais: transformam a discussão política em questão pessoal, como se a discordância fosse uma espécie de desconsideração dos sofrimentos da prisão. Não há relação entre uma coisa e outra: criticar a luta armada não legitima o terrorismo de Estado.
Precisamos romper o círculo de ferro construído, ainda em 1964, pelos inimigos da democracia, tanto à esquerda como à direita. Não podemos ser reféns, historicamente falando, daqueles que transformaram o adversário, em inimigo; o espaço da política, em espaço de guerra.
Um bom caminho para o país seria a abertura dos arquivos do regime militar. Dessa forma, tanto a ação contrária ao regime como a dos "defensores da ordem" poderiam ser estudadas, debatidas e analisadas. Parece, porém, que o governo não quer. Optou por uma espécie de "cala-boca" financeiro. Rentável, é verdade.
Injusto, também é verdade. Tanto pelo pagamento de indenizações milionárias a privilegiados como pelo abandono de centenas de perseguidos que até hoje não receberam nenhuma compensação. É fundamental não só rever as indenizações já aprovadas como estabelecer critérios rigorosos para os próximos processos. Enfim, precisamos romper os tabus construídos nas últimas quatro décadas: criticar a luta armada não é apoiar a tortura, assim como atacar a selvagem repressão do regime militar não é defender o terrorismo.
O pagamento das indenizações não pode servir como cortina de fumaça para encobrir a história do Brasil. Por que o governo teme a abertura dos arquivos? Abrir os arquivos não significa revanchismo ou coisa que o valha.
O desinteresse do governo pelo tema é tão grande que nem sequer sabe onde estão os arquivos das Forças Armadas e dos órgãos civis de repressão.
Mantê-los fechados só aumenta os boatos e as versões fantasiosas.
MARCO ANTONIO VILLA, 51, é professor de história do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e autor, entre outros livros, de "Jango, um perfil".
Cabeça dos outros é terra que ninguem anda... terras ermas...
- Guerra
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Re: REVANCHISTAS
Túlio escreveu:Por mim que abram TUDO!!!
Tanto tortura quanto terrorismo sempre foram ilegais mesmo, vai sobrar pra cambada das 'indenizações' também, podem apostar...
Mas acho que não vai dar em nada, afinal, invadir propriedade privada TAMBÉM era e É ilegal, o MST que o diga...
Eu também penso assim. E também acho que é blefe. Porque o governo não tem coragem de mexer nesse vespeiro. Porque se a coisa vier só de um lado o governo vai criar o caos, se a coisa vier dos dois, tem muita gente do governo que não vai ser mais recebida como hérois em CPIs.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
Re: REVANCHISTAS
O SGT Guerra está correto. Desde de o final do governo do FHC que se fala em abrir os tais arquivos, mas fica só na promessa; porque eles (os esquerdistas ex-guerrilheiros) sabem que, uma vez abertos os arquivos, a população tomará conhecimento dos crimes que eles cometeram, e tomarão conhecimento do fato de que esses guerrilheiros lutavam pra implantar aqui uma ditadura sanguinária nos moldes da qual Stalin empreendeu na Rússia ou Mao empreendeu na China.
O pior dos infernos é reservado àqueles que, em tempos de crise moral, escolheram por permanecerem neutros. Escolha o seu lado.
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Re: REVANCHISTAS
Tudo blefe.
Mas tomara que um dia abram todos os arquivos, até os escritos em guardanapos, tudo, daí quero ver.
Cada um no teu canto.
Odeio essa atual "anistia unilateral", onde os milicos eram super maldosos e os guerrilheiros da paz e liberdade super bonzinhos. Isso cansa, só pela ladainha você percebe que tem algo além disso.
Mas tomara que um dia abram todos os arquivos, até os escritos em guardanapos, tudo, daí quero ver.
Cada um no teu canto.
Odeio essa atual "anistia unilateral", onde os milicos eram super maldosos e os guerrilheiros da paz e liberdade super bonzinhos. Isso cansa, só pela ladainha você percebe que tem algo além disso.
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Re: REVANCHISTAS
General Leônidas: "Revanchismo tem que acabar"
21 de maio de 2008
General Leônidas Pires Gonçalves (Foto: Exército)
Por Claudio Leal (*)
O general e ex-ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves, 87 anos, desempenhou um papel central, porém discreto, nos bastidores da redemocratização do País. Na madrugada de 15 de março de 1985, telefonou para o então vice de Tancredo Neves, o senador José Sarney, depois de articulações políticas e jurídicas. A poucas horas da posse, houve de informar a Sarney a definição de seu nome como sucessor constitucional do agonizante Tancredo. Disposto a encerrar negativas, o general cortou a ligação: "Boa noite, presidente!".
Vinte e três anos depois daquela noite tumultuada, uma das peças do retorno do Brasil à democracia, a Lei de Anistia, ganhou contestação pública do ministro da Justiça, Tarso Genro, na antiga sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro. Com o velho tom de voz do telefonema a Sarney, o general Leônidas questiona a quebra de um pacto histórico que visava apagar ódios e rancores mútuos.
- Nós das Forças Armadas já anistiamos. E essa gente não quer nos anistiar - define.
Em entrevista exclusiva a Terra Magazine, o ex-ministro do Exército (1985-1990) do primeiro governo da Nova República critica o que chama de "revanchismo". Por telefone, abriu uma "exceção", como faz questão de dizer, e aceitou responder a perguntas sobre a Anistia, a abertura de arquivos secretos, a esquerda armada, a eclosão de 1964, a tortura e a troca de informações entre os militares da América do Sul. Em duas partes, publicamos a conversa com o general. Às 14h, a segunda.
Em 15 de maio, no Rio, durante a assinatura do Memorial da Anistia Política no Brasil, o ministro Tarso Genro defendeu a punição dos responsáveis por crimes de tortura na ditadura militar (1964-1985). A declaração reabriu o debate sobre o alcance da Lei 6.683, votada em agosto de 1979.
- A Lei de Anistia é uma lei política. Ela incide sobre os crimes políticos. A tortura não pode ser considerada um crime político (...) Agora, isso tem que ser uma interpretação do Poder Judiciário. Não é necessário modificar a lei para que esses crimes sejam punidos - analisou o ministro.
Genro criticou ainda o "sigilo eterno" de documentos secretos. Outra tecla sensível das Forças Armadas.
Para o general Leônidas, o Brasil deve ser pensado daqui "pra frente", pois avalia que a Anistia apagou as marcas dos dois lados. Se houver punição, afirma, terão de ser revistas também as ações da esquerda, a exemplo do atentado a bomba no Aeroporto de Guararapes (Recife), em 1966. O ataque é atribuído à AP (Ação Popular).
- A anistia tem um dom: nós todos temos que esquecer essas coisas e cuidar do Brasil. Pra mim, essas coisas, lamentavelmente, têm gosto de revanchismo. Acho uma coisa imperdoável pra um homem da estatura funcional do ministro Tarso Genro.
O general fala da reunião de documentos do CIE (Centro de Inteligência do Exército) sobre a esquerda armada, durante sua passagem pelo governo Sarney. Nega a elaboração de um "livro", mas admite a coleta de "registros históricos". "Mas vocês, quando falta assunto, buscam minhoca embaixo de laje, viu?", diz Leônidas sobre a mídia. Na reserva, ele vive atualmente no Rio de Janeiro.
A seguir, a primeira parte da conversa.
Terra Magazine - O que o senhor acha das declarações do ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre a Lei de Anistia?
General Leônidas Pires Gonçalves - Acho que é uma opinião dele, mas eu não concordo. Anistia tem que ser ampla e irrestrita. Esse revanchismo tem que acabar. É melhor deixarmos essas coisas do passado e cuidarmos do Brasil daqui pra frente. Até porque há coisas também a serem cobradas...
O que tem que ser cobrado?
Porque do outro lado houve vários crimes. Ou você ignora isso? Me responda.
Houve anistia para os dois lados.
Exatamente. Esse é meu ponto de vista.
O senhor fez um livro quando era ministro do Exército do governo Sarney?
Ninguém fez livro nenhum. Isso tudo é conversa de vocês da mídia! O que nós tínhamos era um registro histórico, que nunca teve esse título de "livro". Mas vocês, quando falta assunto, buscam minhoca embaixo de laje, viu? Isso é que é verdade. Nunca houve livro coisa nenhuma.
Com documentos do CIE (Centro de Inteligência do Exército)?
Um registro histórico da nossa atividade. Nunca foi pra fazer um livro. Esse título de "livro" nem sei quem é que deu.
Saiu na imprensa.
Eu, por exemplo, nunca tive a idéia de publicar nada. Até porque tem uma justificativa pra não publicar nada: é que, durante meu período, não houve essas ações revanchistas. São muito pouco patrióticas, sabe? Querer rever coisas que não interessam mais.
O ministro Tarso Genro disse que a Lei de Anistia não protege torturadores.
Ora, pergunta se pegar um embaixador, raptar um embaixador, botar dentro de um automóvel a bordoada... Um homem acostumado a ser reverenciado, botar num quartinho de 2 por 3, e todo dia dizer que vão matar... Isso não é tortura?
O seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969?
De todos eles! É muito engraçado. Só se vê as coisas de um lado. A anistia tem um dom: nós todos temos que esquecer essas coisas e cuidar do Brasil. Pra mim, essas coisas, lamentavelmente, têm gosto de revanchismo. Acho uma coisa imperdoável pra um homem da estatura funcional do ministro Tarso Genro.
Defende uma conciliação?
Total. Nós das Forças Armadas já anistiamos. E essa gente não quer nos anistiar.
O ministro da Justiça também falou da abertura de arquivos. Quais arquivos faltam ser abertos?
Olha, eu não sei, não sei por que se fala nisso. Francamente. Não sei de arquivo.
Não é preciso especificar?
Uma vez ouvi de Elio Gaspari (jornalista) uma sentença interessante: a subversão abriu muito menos seus arquivos do que nós (risos). Que eles abram os arquivos deles também.
Mas há um livro do Daniel Aarão Reis Filho (historiador, autor de Imagens da Revolução, com Jair Ferreira de Sá) que reúne documentos das organizações de esquerda.
Pois é, há também o do (Jacob) Gorender. Eles nunca quiseram derrubar ditadura nenhuma, eles queriam fazer a ditadura deles.
É a tese do golpe preventivo?
Eles hoje dizem que estavam contra a ditadura... O Gorender diz que não. O Aarão Reis diz que não. E aquela outra que foi exilada com Zé Dirceu disse: "não, nós não queríamos derrubar ditadura não... Nós queríamos fazer a nossa ditadura". Aquela gente toda era de esquerda.
O ex-ministro Jarbas Passarinho reconhece que houve, depois de 1964, um regime autoritário.
Mas, venha cá, você sabe qual é a diferença entre regime autoritário e ditadura? Primeiro, regime autoritário não tem permanência de ninguém no poder. No nosso regime, o presidente foi sistematicamente mudado. Bom, você diz, mudado no Congresso... Em quantos países do mundo a democracia é exercida pelo Congresso e não por voto direto? Segundo, nós não tínhamos ideologia. E o que caracteriza uma ditadura é a ideologia. Nós não tínhamos uma ideologia. Sabe qual era a nossa? Fazer voltar a democracia verdadeira ao Brasil. Chamar de "ditadura militar" é uma impropriedade política. Eu tenho um trabalho publicado sobre política, minha tese na Escola Superior de Guerra.
O senhor acha que o governo Lula tem motivação ideológica pra resgatar essa questão?
Você sabe de uma coisa? O presidente Lula não está muito engajado nisso. É essa periferia que se esquece de uma coisa fantástica: deviam agradecer de joelhos, todo dia, nós termos feito a Revolução que permitiu voltar a democracia, que nós sempre quisemos. E evitar que a ditadura comunista, altamente violenta e assassina, estivesse vigente. Por que eu digo isso? Porque se eles tivessem chegado ao poder pela linha deles, e não pela nossa - porque chegaram por via democrática -, todos eles já estavam mortos, na típica autofagia dos comandos comunistas. Quantas pessoas que subiram com ele o Stálin matou?
O regime militar brasileiro também registrou desaparecimentos.
Vem cá! Qual foi o primeiro sangue que correu no Brasil?
O primeiro sangue?
Na Revolução de 64.
O senhor fala do atentado no aeroporto Guararapes (25 de julho de 1966, dia da visita do general Costa e Silva a Recife)?
Ah, "você fala" não! É aquele! E que ninguém fala. Que todo mundo esconde! Se o avião do Costa e Silva tivesse pousado, morreriam 50 pessoas. O Ronaldo Costa Couto, no livro dele, diz que Betinho (sociólogo Herbert de Souza) sabia que era da AP (Ação Popular). Ninguém fala nisso, não. Essa gente podia ser julgada também, né?
(N.R. O atentado em Guararapes deixou dois mortos: o almirante Nelson Gomes Fernandes e o jornalista Edson Régis de Carvalho.)
http://terramagazine.terra.com.br/inter ... 78,00.html
General Leônidas: "Sociedade gritou por 1964
Claudio Leal
Na segunda parte da entrevista exclusiva a Terra Magazine, o ex-ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves avalia as declarações do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno. Em abril, numa palestra no Clube Militar do Rio de Janeiro, Heleno chamou de "lamentável" e "caótica" a política indigenista brasileira.
Como pano de fundo, a demarcação oficial da reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima, onde segue o conflito entre índios e arrozeiros (o Supremo Tribunal Federal julgará a questão em meados de junho). Segundo o general Leônidas, a polêmica envolve a soberania nacional:
- As palavras do general Heleno são a cristalização da opinião do Exército brasileiro, que está lá há décadas e conhece aquilo mais do que ninguém. Então, ele apenas teve a circunstância e a coragem de dizer o que nós julgamos há décadas - diz o general, que compareceu à palestra.
Leia também:
» Ouça o general Leônidas: "Forças Armadas já anistiaram. E essa gente não nos anistiou"
Outros dois temas são tocados nesta entrevista: a revisão do golpe de 1964 pela sociedade brasileira e a troca de informações entre os militares de países sul-americanos, nos anos 70. O general Leônidas diz que, se houve a Operação Condor, esta nasceu como reação ao treinamento internacional de guerrilheiros de esquerda.
- Agora, se ela (Operação Condor) existiu, acho que foi uma conseqüência natural da reunião de países com as mesmas concepções sobre a esquerda marxista-leninista, que estava atuando contra os países da América Latina - diz Leônidas, atualmente na reserva.
Numa revisão de 1964, o ex-ministro do Exército revela o sentimento dos militares sobre a mudança de ventos políticos:
- A sociedade brasileira, que veio pras ruas aos gritos, pedindo que nós barrássemos tudo (em 1964), hoje em dia nos deixa ser injustiçados, só nos chamando de "torturadores" e "matadores". Eles (esquerda armada) são matadores, eles botaram bomba, eles roubaram, eles assaltaram, eles fizeram tudo igualzinho. Esse quadro de fundo histórico nos leva ao seguinte: vamos acabar com isso tudo. A anistia ampla e irrestrita é para isso.
A seguir, a parte final da entrevista.
Terra Magazine - Tem acompanhado a questão da Amazônia? O senhor estava na palestra do general Augusto Heleno.
General Leônidas Pires Gonçalves - Fui comandante (militar) da Amazônia, conheço aquilo tudo. O que acontece é o seguinte: as palavras do general Heleno são a cristalização da opinião do Exército brasileiro, que está lá há décadas e conhece aquilo mais do que ninguém. Então, ele apenas teve a circunstância e a coragem de dizer o que nós julgamos há décadas. Realmente, nós temos um perigo internacional embutido naquilo tudo.
Relacionado à soberania?
Embutidos interesses inconfessáveis. Julgo que a marcação daquelas áreas sempre foram inadequadas. Essa segregação é uma maneira de não fazer os índios realmente brasileiros. Não tem cabimento.
As demarcações representam um perigo para o País?
Eu acho. Basta também ler "As Declarações da ONU (Organização das Nações Unidas)". Reconhecer que as tribos de dois países têm direito...
Os yanomamis?
Durante o meu período (no ministério do Exército), sempre fui contra a demarcação yanomami e consegui durante o governo do presidente Sarney que a área não fosse demarcada. A verdade é que aquela área, se tiver, tem dez mil índios. Entregar Portugal pra dez mil índios? E outra coisa interessante: aquela área é muito rica. É muito desejada.
Parte dessas áreas demarcadas são acidentadas, não agricultáveis?
Conheço aquilo muito bem. Já fiz uma manobra de 15, 20 dias. Aquelas áreas são campos. Tanto é verdade que há produção de arroz. Mas quem é que disse que é pra fazer agricultura? Nós não queremos isso. Nós queremos integrar o índio. Queremos que o índio participe da sociedade brasileira. Para isso, em vez de segregá-lo, nós temos que fazer chegar a ele saúde, educação, etc. Agora, se você vai ver a nossa tropa no Vale do Rio Negro, toda ela é de índio. É isso que nós queremos, realmente. As índias estão casando com os soldados. Mas é claro que elas querem casar com os soldados, pois os soldados também são índios, têm uma vida estruturada, têm um ordenado.
Os documentos que o senhor levantou, quando era ministro do Exército, contestam a versão da esquerda? O senhor apresentou ao presidente José Sarney...
Não, é o seguinte: aquilo é um registro das ocorrências da época. Eu sempre costumo dizer o seguinte: há um ditado português, muito velho, que diz: quem semeia vento...
Colhe tempestade...
Nós fizemos a revolução para evitar que se implantasse no Brasil um regime daquela violência que foi provada no mundo inteiro. Roberto Campos tem uma frase sensacional sobre isso: esse regime foi perverso e assassino em todos os matizes. No branco, Rússia. No amarelo, Khmer vermelho (Camboja). No preto, África. No mestiço, Caribe. O barbudo (Fidel Castro) é outro assassino. Nós evitamos que o Brasil caísse nessa linha. A sociedade brasileira nos é muito injusta. Eles falam em (passeata dos) 100 mil, na Diretas-Já... Começa que a frase "Diretas Já!" é de João Figueiredo. Você sabe disso?
Não era um bordão de Teotônio Vilela?
Podem dizer que é de outro, mas não é, não. Bom, o João Figueiredo era um homem completamente embebido de espírito democrático, o pai dele...
General Euclides Figueiredo, que foi anistiado (por duas vezes).
É. E ele aprendeu a ler na Argentina. Eu fui do Estado-Maior Revolucionário de Castelo (Branco) e nunca se pensou em fazer uma ditadura permanente. Nós estávamos querendo evitar que a ditadura maléfica, assassina, da esquerda, tomasse conta do Brasil. Quando começamos a ter a visão de acabar com ela, começou a subversão e nos aferrou num problema. Nós não pudemos mais largar o governo porque a subversão continuou. Continuou batendo em soldado, botando bomba, raptando embaixador, assaltando banco. Tudo isso foi por espírito aventureiro e muita brasilidade... É um cinismo.
Nos anos 70, o senhor ouvia falar da Operação Condor?
Olha aqui, eu nunca ouvi falar nessa Condor. Mas eu faço a seguinte análise, peço que você siga meu raciocínio e dê tua opinião também. Você sabe o MCI? Movimento Comunista Internacional. Você tem dúvida disso? Entre na internet e veja quais eram as ordens originárias da Rússia. Então, se juntou a Rússia, a Albânia, a China e Cuba, pra fazer subversão no Brasil e na América Latina. Se eles se reuniram pra fazer subversão, por que não cabe nos reunir pra nos defender?
Houve troca de informações dos regimes militares na América do Sul?
Claro que havia troca! E eu te pergunto: não havia troca de preparo dos subversivos em várias áreas? Não foi brasileiro pra Cuba? Não foi brasileiro pra Albânia? Não foi brasileiro pra Rússia? Não foi brasileiro pra China? Foi ou não foi? O movimento não era internacional? Já ouviu falar daquela máxima da mecânica? Para toda ação corresponde uma ação igual e em sentido contrário. Eu nunca participei de Condor, nem ouvi falar. Agora, se ela existiu, acho que foi uma conseqüência natural da reunião de países com as mesmas concepções sobre a esquerda marxista-leninista, que estava atuando contra os países da América Latina. E, portanto, foi uma conseqüência quase que natural esses países se reunirem pra se defender.
Há comparação entre Ernesto Geisel e Pinochet?
Que é isso! Vou te fazer uma pergunta, vou te fazer uma pergunta. Quantos habitantes tinha o Brasil em 1964? Cem milhões. Quantos mortos são atribuídos à Revolução? 224. E nós perdemos outros tantos. Pra 100 milhões, morreram 224. Agora, qual é a população do Chile?
Bem menor. Lá morreram mais de três mil.
E qual é a população de lá? Então, eu considero até ofensivo você me fazer uma pergunta dessa.
Pergunto porque o senhor falou da troca de informações...
Pois é, mas isso é um absurdo! Nós salvamos esse Brasil. Eu reconheço, meu jovem, que a morte é uma coisa transcendental. Morrer uma pessoa é uma coisa que choca a gente. Mas nós salvamos o Brasil por um preço muito barato. Quantos milhões matou o Stálin? Qual era o regime dele?
O comunismo.
Quantos milhões matou o Khmer Vermelho? Quantos milhares matou o Fidel Castro naquela ilha com meia dúzia de habitantes? O que nós fizemos foi salvar o Brasil de entrar nessa linha. Agora, a sociedade brasileira, que veio pras ruas aos gritos, pedindo que nós barrássemos tudo, hoje em dia nos deixa ser injustiçados, só nos chamando de "torturadores" e "matadores". Eles são matadores, eles botaram bomba, eles roubaram, eles assaltaram, eles fizeram tudo igualzinho. Esse quadro de fundo histórico nos leva ao seguinte: vamos acabar com isso tudo. A anistia ampla e irrestrita é para isso. Ninguém é purinho em nenhum dos dois lados. Agora, quem deu partida nas mortes foram eles, e não nós.
Como é sua frase do soldado e do chocolate?
(risos) Eu digo assim: na hora de se dar chocolate, não se dá tiro; mas na hora de se dar tiro, não se dá chocolate. Mas eu gosto mais de uma outra: o soldado é um cidadão de uniforme para o exercício cívico da violência. Só nós podemos fazer o exercício cívico da violência. Você guardou essa aí?
Guardei.
Então, eles não podiam fazer o exercício cívico da violência. Quem não está caracterizado pela tradição milenar, não pode fazer isso. O soldado é o cidadão de uniforme para o exercício cívico da violência. Nós, quando fazíamos o exercício cívico da violência, estávamos dentro de uma tradição milenar pra salvar o nosso País. E salvamos!
O senhor não acha que, na eleição prevista para 1965, Juscelino Kubitscheck tinha muito mais chances de chegar ao poder do que um comunista?
A parte propriamente política eu não tenho muita avaliação. Você sabe que voto é uma coisa inacreditável. O presidente Lula perdeu três eleições e acabou ganhando. Voto é uma coisa muito variável. Mutável. Tenho uma pergunta a mais, já estou te fazendo uma exceção danada de responder a perguntas.
O senhor já está me entrevistando...
Estou querendo te ensinar. Você guardou meus argumentos? No livro da Fundação Getúlio Vargas, Os anos de chumbo, sou uma das fontes ouvidas. Na abertura, o que eu digo? Que não gosto de falar desse tema. Não é que eu não me orgulhe. É porque eu acho que não vale mais a pena falar disso, temos que pensar o Brasil pra frente. Acabar com esses revanchismos pequenos. Sem dimensão. A grande conclusão minha: a anistia é para que o Brasil comece a viver outros tempos.
Terra Magazine
(*) Fonte: http://terramagazine.terra.com.br/inter ... 78,00.html
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Re: REVANCHISTAS
Passado x presente
Merval Pereira
Superados os momentos de glória da ministra Dilma Rousseff na CPMI dos Cartões Corporativos, quando se colocou como uma heroína que resistiu à tortura, mentindo para não entregar seus companheiros de luta armada, o debate político vai se recolocando, a partir do fato de que o decorrer das investigações mostrou que ela mentiu quando garantiu que não houve um dossiê sobre os gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O depoimento do ex-chefe de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires deixou claro que o dossiê que ele enviou para o assessor do senador Álvaro Dias saiu de seu computador sem alterações. Isto é, o documento que consubstancia um dossiê foi preparado mesmo pelo grupo de trabalho coordenado por Maria Soledad, a Marisol, diretora de Recursos Logísticos e chefe de gabinete de Erenice Guerra, a secretária-executiva e principal assessora da ministra Dilma Rousseff.
Mas a questão foi recolocada também do ponto de vista histórico, a partir de um corajoso artigo do historiador Marco Antonio Villa no jornal "Folha de S. Paulo", onde ele contesta a tese de que os guerrilheiros combateram a ditadura em defesa da liberdade. Também o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, escreveu um artigo no GLOBO na mesma linha de contestação, ressaltando o papel da sociedade civil organizada e dos partidos políticos na luta pela redemocratização.
Em diversas oportunidades, membros do governo vêm encontrando maneiras de exaltar seu passado guerrilheiro, estimulando uma confrontação sem sentido. O historiador Marco Antonio Villa afirma que a luta armada "não passou de ações isoladas de assaltos a bancos, seqüestros, ataques a instalações militares e só. Apoio popular? Nenhum".
E que "a opção pela luta armada, o desprezo pela luta política e pela participação no sistema político e a simpatia pelo foquismo guevarista antecedem o AI-5 (dezembro de 1968), quando, de fato, houve o fechamento do regime. O terrorismo desses pequenos grupos deu munição (sem trocadilho) para o terrorismo de Estado e acabou usado pela extrema-direita como pretexto para justificar o injustificável: a barbárie repressiva".
Villa ressalta que "todos os grupos de luta armada defendiam a ditadura do proletariado". As eventuais menções à democracia estavam ligadas à "fase burguesa da revolução".
A exaltação da luta armada sempre foi um instrumento político usado pela ministra Dilma Rousseff. Na transmissão de cargo no Gabinete Civil, ela e José Dirceu trocaram elogios, com destaque para a atuação na luta arma.
Dirceu chamou-a de "companheira de armas", se referindo à atuação de Dilma como guerrilheira da Colina, que tem entre seus feitos o roubo do cofre do ex-governador paulista Adhemar de Barros.
Recentemente, em cerimônia para julgar a anistia política de estudantes perseguidos pela ditadura militar, o ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu que os torturadores do regime militar sejam julgados pelos crimes que cometeram no período, negando que a anistia tenha perdoado esses delitos.
Antes, ele havia batido boca com o deputado Jair Bolsonaro, que o chamou de "terrorista". O mesmo Bolsonaro já protagonizara inaceitável episódio, levando para o plenário da Câmara o tenente-coronel do Exército Lício Augusto Ribeiro, que prendeu e interrogou em 1972 o então guerrilheiro do Araguaia José Genoino.
Ministro da Comunicação, Franklin Martins, um dos autores do seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, também resolveu entrar nessa disputa inútil e deu uma declaração, a propósito dos 40 anos dos acontecimentos de 1968: "É melhor ser herdeiro de 68 do que de 64. Ter uma ditadura é muito pior do que ser herdeiro de um movimento que atingiu ou não resultados. O erro é querer reduzir 1968 a uma coisa só".
No novo livro de Zuenir Ventura "1968, o que fizemos de nós", Franklin dá um depoimento onde diz que sempre esteve do lado certo, e trata com condescendência "quem não lutou muito, ou quem lutou só um pouquinho" contra a ditadura.
Ele se diz "muito tolerante inclusive com setores políticos que apoiaram a ditadura em algum momento, por confusão política ou, às vezes, porque tinham mais medo do comunismo do que da ditadura".
Ao contrário, Fernando Gabeira, candidato a prefeito do Rio, em depoimento para o mesmo livro de Zuenir fala do seqüestro do embaixador americano, de que também participou, sem nostalgia nem ressentimentos, e diz com todas as letras que "estávamos equivocados".
Para Gabeira, "quando se compreende o que aconteceu e a fragilidade do que estava por baixo, você começa a ter uma visão até bem-humorada dos erros".
Outro ex-guerrilheiro, o dirigente do Partido Verde e ex-vereador do Rio Alfredo Sirkis, por exemplo, está hoje mais preocupado com uma aproximação com as Forças Armadas para a preservação da Amazônia, na linha defendida pelo novo ministro do Meio-Ambiente Carlos Minc:
"A reação não foi das melhores - o Minc deveria ter conversado com eles antes -, mas a discussão cabe sem dúvida", reafirma Sirkis, enfatizando: "Para um diálogo com os militares em relação à defesa nacional frente a novas ameaças e conflitos futuros, devemos abandonar definitivamente a exploração política de conflitos passados, tanto quando feita pela esquerda, quanto pela direita. O confronto pavloviano entre o ministro Tarso Genro e o deputado Bolsonaro sobre os 'anos de chumbo', que já têm quase 40, é patético", exclama.
Para ele, "não teria sentido algum saltarmos de volta para nossas antigas trincheiras do mundo da guerra fria, ou ficar remoendo o passado, se no horizonte do Brasil se perfilam novas ameaças que exigem um trabalho em comum, uma colaboração ombro a ombro".
Merval Pereira
Superados os momentos de glória da ministra Dilma Rousseff na CPMI dos Cartões Corporativos, quando se colocou como uma heroína que resistiu à tortura, mentindo para não entregar seus companheiros de luta armada, o debate político vai se recolocando, a partir do fato de que o decorrer das investigações mostrou que ela mentiu quando garantiu que não houve um dossiê sobre os gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O depoimento do ex-chefe de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires deixou claro que o dossiê que ele enviou para o assessor do senador Álvaro Dias saiu de seu computador sem alterações. Isto é, o documento que consubstancia um dossiê foi preparado mesmo pelo grupo de trabalho coordenado por Maria Soledad, a Marisol, diretora de Recursos Logísticos e chefe de gabinete de Erenice Guerra, a secretária-executiva e principal assessora da ministra Dilma Rousseff.
Mas a questão foi recolocada também do ponto de vista histórico, a partir de um corajoso artigo do historiador Marco Antonio Villa no jornal "Folha de S. Paulo", onde ele contesta a tese de que os guerrilheiros combateram a ditadura em defesa da liberdade. Também o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, escreveu um artigo no GLOBO na mesma linha de contestação, ressaltando o papel da sociedade civil organizada e dos partidos políticos na luta pela redemocratização.
Em diversas oportunidades, membros do governo vêm encontrando maneiras de exaltar seu passado guerrilheiro, estimulando uma confrontação sem sentido. O historiador Marco Antonio Villa afirma que a luta armada "não passou de ações isoladas de assaltos a bancos, seqüestros, ataques a instalações militares e só. Apoio popular? Nenhum".
E que "a opção pela luta armada, o desprezo pela luta política e pela participação no sistema político e a simpatia pelo foquismo guevarista antecedem o AI-5 (dezembro de 1968), quando, de fato, houve o fechamento do regime. O terrorismo desses pequenos grupos deu munição (sem trocadilho) para o terrorismo de Estado e acabou usado pela extrema-direita como pretexto para justificar o injustificável: a barbárie repressiva".
Villa ressalta que "todos os grupos de luta armada defendiam a ditadura do proletariado". As eventuais menções à democracia estavam ligadas à "fase burguesa da revolução".
A exaltação da luta armada sempre foi um instrumento político usado pela ministra Dilma Rousseff. Na transmissão de cargo no Gabinete Civil, ela e José Dirceu trocaram elogios, com destaque para a atuação na luta arma.
Dirceu chamou-a de "companheira de armas", se referindo à atuação de Dilma como guerrilheira da Colina, que tem entre seus feitos o roubo do cofre do ex-governador paulista Adhemar de Barros.
Recentemente, em cerimônia para julgar a anistia política de estudantes perseguidos pela ditadura militar, o ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu que os torturadores do regime militar sejam julgados pelos crimes que cometeram no período, negando que a anistia tenha perdoado esses delitos.
Antes, ele havia batido boca com o deputado Jair Bolsonaro, que o chamou de "terrorista". O mesmo Bolsonaro já protagonizara inaceitável episódio, levando para o plenário da Câmara o tenente-coronel do Exército Lício Augusto Ribeiro, que prendeu e interrogou em 1972 o então guerrilheiro do Araguaia José Genoino.
Ministro da Comunicação, Franklin Martins, um dos autores do seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, também resolveu entrar nessa disputa inútil e deu uma declaração, a propósito dos 40 anos dos acontecimentos de 1968: "É melhor ser herdeiro de 68 do que de 64. Ter uma ditadura é muito pior do que ser herdeiro de um movimento que atingiu ou não resultados. O erro é querer reduzir 1968 a uma coisa só".
No novo livro de Zuenir Ventura "1968, o que fizemos de nós", Franklin dá um depoimento onde diz que sempre esteve do lado certo, e trata com condescendência "quem não lutou muito, ou quem lutou só um pouquinho" contra a ditadura.
Ele se diz "muito tolerante inclusive com setores políticos que apoiaram a ditadura em algum momento, por confusão política ou, às vezes, porque tinham mais medo do comunismo do que da ditadura".
Ao contrário, Fernando Gabeira, candidato a prefeito do Rio, em depoimento para o mesmo livro de Zuenir fala do seqüestro do embaixador americano, de que também participou, sem nostalgia nem ressentimentos, e diz com todas as letras que "estávamos equivocados".
Para Gabeira, "quando se compreende o que aconteceu e a fragilidade do que estava por baixo, você começa a ter uma visão até bem-humorada dos erros".
Outro ex-guerrilheiro, o dirigente do Partido Verde e ex-vereador do Rio Alfredo Sirkis, por exemplo, está hoje mais preocupado com uma aproximação com as Forças Armadas para a preservação da Amazônia, na linha defendida pelo novo ministro do Meio-Ambiente Carlos Minc:
"A reação não foi das melhores - o Minc deveria ter conversado com eles antes -, mas a discussão cabe sem dúvida", reafirma Sirkis, enfatizando: "Para um diálogo com os militares em relação à defesa nacional frente a novas ameaças e conflitos futuros, devemos abandonar definitivamente a exploração política de conflitos passados, tanto quando feita pela esquerda, quanto pela direita. O confronto pavloviano entre o ministro Tarso Genro e o deputado Bolsonaro sobre os 'anos de chumbo', que já têm quase 40, é patético", exclama.
Para ele, "não teria sentido algum saltarmos de volta para nossas antigas trincheiras do mundo da guerra fria, ou ficar remoendo o passado, se no horizonte do Brasil se perfilam novas ameaças que exigem um trabalho em comum, uma colaboração ombro a ombro".
Cabeça dos outros é terra que ninguem anda... terras ermas...
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- Júnior
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Re: REVANCHISTAS
Espetáculo de Tópico!!!!!
Lamento tê-lo encontrado somente agora, mas...antes tarde que...
É pura história...perfeito!
Mas... estes ridículos comunistas, como digo, e continuarei dizendo, idependente de "travar o tópico ou não", disfarçados de socialistas covardes, não têm que mexer naquilo que está resolvido...apesar das mágoas...
Os militares, na época, fizeram o que precisavam fazer para lutar contra esses merdas comunistas(socialistas covardes), independente, da ditadura! E como foi muito bem dito, e os crimes dos guerrilheiros? Vamos acusá-los também? E as famílias de muitos destes guerrilheiros que recebem absurdas indenizações? Vamos extingui-las? Portanto, sem papas na lingua: vá se catar ministro Tarso Genro (Justiça)!
Será possível este governo ridículo, dos sem leis, sem vergonha, sem dedo, sem fala, desses MST's safados e oportunistas, que apoia também as FARC, suportaria ser "tanta abertura"?
Lamento tê-lo encontrado somente agora, mas...antes tarde que...
É pura história...perfeito!
Mas... estes ridículos comunistas, como digo, e continuarei dizendo, idependente de "travar o tópico ou não", disfarçados de socialistas covardes, não têm que mexer naquilo que está resolvido...apesar das mágoas...
Os militares, na época, fizeram o que precisavam fazer para lutar contra esses merdas comunistas(socialistas covardes), independente, da ditadura! E como foi muito bem dito, e os crimes dos guerrilheiros? Vamos acusá-los também? E as famílias de muitos destes guerrilheiros que recebem absurdas indenizações? Vamos extingui-las? Portanto, sem papas na lingua: vá se catar ministro Tarso Genro (Justiça)!
Será possível este governo ridículo, dos sem leis, sem vergonha, sem dedo, sem fala, desses MST's safados e oportunistas, que apoia também as FARC, suportaria ser "tanta abertura"?
PARA O UNIVERSO SEU DESEJO É UMA ORDEM
- rodrigo
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Re: REVANCHISTAS
Pena que são poucos no último e no atual governo que pensam assim.Para ele, "não teria sentido algum saltarmos de volta para nossas antigas trincheiras do mundo da guerra fria, ou ficar remoendo o passado, se no horizonte do Brasil se perfilam novas ameaças que exigem um trabalho em comum, uma colaboração ombro a ombro".
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
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Re: REVANCHISTAS
Aliais, diga-se de passagem lutaram muito bem. Ja que, de ameaça de um golpe para os proximos dias, ate uma resistencia fraca de poucos homens em alguns poucos cantos do pais foram menos de um ano, aliais, onde estavam todo este grande grupo de comunistas, que dariam o golpe em pouco tempo quando os militares assumiram? Na URSS?Os militares, na época, fizeram o que precisavam fazer para lutar contra esses merdas comunistas(socialistas covardes), independente, da ditadura!
Mas questões assim ninguem toca. Aliais, toca, mas é na hora chamado de defensor dos comunistas "malvados e comedores de criançinha".
- Einsamkeit
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Re: REVANCHISTAS
Gostei da foto acima, simpaticos velhinhos
Somos memórias de lobos que rasgam a pele
Lobos que foram homens e o tornarão a ser
ou talvez memórias de homens.
que insistem em não rasgar a pele
Homens que procuram ser lobos
mas que jamais o tornarão a ser...
Moonspell - Full Moon Madness
Lobos que foram homens e o tornarão a ser
ou talvez memórias de homens.
que insistem em não rasgar a pele
Homens que procuram ser lobos
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