EDSON escreveu:Ele simplesmente repassou documentos dos americanos sobre nossa FEB.
Cria uma certa suspeita pois será tudo realidade o que ele escreveu?
Primeiro, o simples fato de ele ter consultado tais documentos já fala em favor dele. Aliás, eu sempre achei uma grande vergonha para a historiografia brasileira, que as duas mais famosas obras sobre assuntos tão importantes para a compreensão histórica do Brasil, ou seja a Guerra do Paraguai e a Segunda Guerra Mundial, da década de 1980 fossem escritas por não-historiadores.
Mas, que se havia de fazer? Historiador brasileiro dos anos 80 parecia esses tarados por filme pornô. Só pensava "naquilo". Esse "aquilo" eram coisas como plantações de café; escravos; se o Brasil teve ou não teve um "modo de produção feudal"; ou se tivemos um original "Modo de Produção Escravista".
E viva Karl Marx!
É bom que se diga que a obra de William Waack ("As Duas Faces da Glória", 1985 - Editora Nova Fronteira) é mais uma grande e bem-fundamentada reportagem do que um livro de história acadêmica, o que não poderia ser diferente, afinal, ele é jornalista. Aliás, ele mesmo deixa isso claro no seu prefácio (dia desses, se estiver com paciência, digito este, até porque achar o livro nas livrarias, hoje, deve ser quase impossível)
Waack se deu ao trabalho de fazer o que outros não fizeram: cotejar documentação primária sobre o assunto a que ele se propunha discutir. E lá foi ele para a Alemanha, pesquisar e entrevistar alemães, ex-combatentes da Segunda Guerra. Foi a Washington, a Londres e à Bonn, pesquisar em primeira mão nos arquivos militares e diplomáticos, à disposição do público.
Hoje, por exemplo, seria difícil fazer o que ele fez, pois não devem haver muitos ex-combatentes alemães de pé (nem no Brasil). Se algum historiador ou jornalista tivesse tido a idéia de fazer o que Waack fez, digamos, em 1977 ou 1978, poderia, até, ter entrevistado ao vivo, o comandante da 232ª Divisão alemã, que tanta dor de cabeça deu à FEB, em Monte Castello.
Sobre a questão da realidade, se nos prendermos só as questões internas da FEB (isso é, deixando de lado as coisas absolutamente inéditas como as opiniões alemãs e aliadas em documentos e em entrevistas pessoais) eu diria que as informações de Waack coincidem com várias coisas que já foram escritas anteriormente, por militares, por jornalistas e outras fontes.
Agora, com o que elas não concordam, em hipótese nenhuma, é com as narrativas "chapa-branca" que são produzidas com a intenção de "glorificar" a história.
Aliás, dia desses, vou postar no tópico sobre "Reflexões Sobre a Guerra e os Militares", um texto que é o melhor que eu conheço, mostrando a divergências de uma análise equilibrada, com uma análise "chapa-branca" de um mesmo acontecimento histórico.