Jobim: viagem Paris-Rússia. Jogada de mestre!

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

Moderadores: Glauber Prestes, Conselho de Moderação

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PRick

#991 Mensagem por PRick » Qua Fev 13, 2008 12:14 pm

zela escreveu:Oras mas não se tem nada de novidade nesse pacotão francês. Eles tentaram vender esse pacote pro Marrocos e se deram mal.


De modo nenhum, no caso do Marrocos seria ou ainda é uma venda direta de Fragatas e Rafales. Não existem submarinos, nem qualquer construção local, transferência de tecnologia, parceria estratégica, não existe como comparar as duas situações.

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#992 Mensagem por Tigershark » Qua Fev 13, 2008 12:19 pm

orestespf escreveu:Bem... Após as últimas postagens de matérias de nossa imprensa, acho que todos agora acreditam no que eu disse: o "pacotão" franceses.

Frase que mais aparece nas matérias: "Sarkozy prometeu ontem transferir tecnologia para o Brasil CASO o governo brasileiro compre submarinos, caças e helicópteros de fabricação francesa."

Só não vê quem não quer, a coisa já está aí. Agora aguardem os próximos movimentos (pode demorar um pouquinho mais), onde será dito que a linha de montagem do Rafale virá integralmente para o Brasil.

O que me preocupa (já havia falado isso antes) é a forma condicional que os franceses colocam para nos vender submarinos para produção local e com algum grau de transferência de tecnologia.

Pra mim está claríssimo, só levamos os subs se comprarmos hélis e caças (Rafale). Quanto aos hélis, já dou a coisa como certa, apesar de não gostar do Cougar, não é um modelo de tudo ruim, digamos que seria "aceitável", talvez não existirão resistências das três Forças.

Quanto aos caças (Rafale)... Aí a porca torce o rabo.

Repito, nada contra o Rafale, nada contra termos este caça na FAB. O problema pode estar nos custos, ou seja, quanto teremos que pagar por ele para termos realizada a prioridade do Governo que é ter um sub nuclear no Brasil.

Vejo um lado bom, se tudo ocorrer como o imaginado: uma linha de montagem no Brasil, não existindo mais na França, implica que os Rafale-M serão produzidos aqui também. Isto significa que mais adiante haverá pressão para que compremos os mesmos, isto é, Rafale-M para a MB.

Se não me engano, a Embraer chegou a oferencer (ou pensou em projetar) uma versão naval do AMX, mas que não foi adiante por causa dos custos. Então não me surpreenderia se os Rafale-M forem oferecidos à MB, pois já estarão finalizados e sendo produzidos aqui no País. Mais uma vez a questão é: por quanto?


Abraços,

Orestes


Um Abraço,Mestre Orestes!O Trabalho tem me tirado do dia-a-dia do DB,mas tenho acompanhado sempre que possível.

Acho que o Governo terá que fazer "a escolha de Sofia" :Decidir em ter a tecnologia do casco para o sub-nuclear,e ter que aceitar o Rafale com preços fora de nossa realidade ou comprar outro vetor e correr o risco de ver "melar" o acordo com a França.A condicional sempre colocada nas declarações me levam a acreditar que sem Rafale a coisa pode desandar.
Mudam as cores e as formas da coleira,mas ela continua por aqui.

Abs,

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#993 Mensagem por Centurião » Qua Fev 13, 2008 12:26 pm

Túlio escreveu:Sei lá, não sou economista, mas não entendo como a entrada de capital e tecnologia possa desvalorizar as ações de uma empresa... :?

Aliás, pelo que tenho lido por aí, o simples interesse de uma empresa em outra leva o preço das ações às alturas... :wink:


Também não sou economista e não entendo nem uma pequena parte desse processo. :)

Pelo o que eu entendi, a questão é que a Embraer está no nível mais alto de governança corporativa, a tomada do controle acionário por outra empresa, significa a saída dela do Novo Mercado, que é um conjunto de regras que define transparência de uma empresa. Daí a consequente desvalorização das ações. Pelo menos no curto prazo.

O maior impedimento, a meu ver, seria do governo brasileiro. Com o golden share, acredito eu que ele teria direito de barrar tal operação.

Com a operação de reestruturação societária da Embraer levada a cabo no primeiro semestre de 2006, os acionistas estratégicos europeus perderam o direito a nomear dois membros para o Conselho de Administração da companhia, direito este que era garantido por meio de acordo de acionistas. Outras mudanças trazidas pela reestruturação societária foram a manutenção de apenas um único tipo de ação da empresa, do tipo ordinária, que dá aos seus titulares o direito de voto, e a limitação do poder de voto de todos os acionistas até o máximo de 5% das ações detidas, o que representou, juntamente com a perda do direito das nomeações para o Conselho de Administração, a pulverização do poder de controle da Embraer.

Na prática, a reestruturação societária significou a quase que completa eliminação dos poderes dos acionistas estratégicos europeus na tomada de decisões estratégicas da Embraer, o que levou a alguns analistas a considerarem a reestruturação levada a efeito por Maurício Botelho e o Chief Financial Officer (CFO) da companhia, Antonio Luiz Pizarro Manso como um pequeno "coup d´etat".

http://www.defesanet.com.br/zz/emb_eads_dassault_1.htm

orestespf escreveu:Não, Centurião, não é impossível e nem quase impossível, é muito provável. Existe um estudo feito no Brasil (acho que da FGV com mais alguém) onde se mostra efetivamente por "números" que a Embraer deixará de ser uma empresa brasileira, isto no máximo em 10 anos.

Ainda não entrei neste mérito aqui porque não conheço o assunto a fundo, apenas recebi as informações superficiais de um amigo que participou dos estudos. Se eu tiver mais detalhes, podemos até discutir.

No momento eu sugiro que isso não se transforme em uma batalha, até porque eu não sei os detalhes dos estudos (2º semestre de 2007), melhor ficarmos frios sobre isso.

Abraços,

Orestes


Prof. Orestes,

Eu não li este estudo, mas acredito que ele deve tratar das aquisições de ações por vários grupos diferentes. A reestruturação societária da Embraer definiu "a limitação do poder de voto de todos os acionistas até o máximo de 5% das ações detidas". Ou seja, um mesmo grupo não pode mandar na empresa. Por isso a pulverização.

Na minha opinião, mesmo que a maioria dos grupos seja de estrangeiros, é possível que um mesmo grupo empresarial use laranjas para comprar um poder maior de voto, mas isso seria investigado pela CVM e pelo goveno brasileiro, acredito eu, que não teria interesse nisso.

Eu sei que o clima no fórum ultimamente anda belicoso. :) Só estou expondo o pouquíssimo que eu li sobre isso. Se estiver errado, irei admitir imediatamente. Afinal, estou neste fórum para aprender. Este estudo que você citou é a chave para explicar tudo.

Abraços




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#994 Mensagem por orestespf » Qua Fev 13, 2008 12:27 pm

Tigershark escreveu:
orestespf escreveu:Bem... Após as últimas postagens de matérias de nossa imprensa, acho que todos agora acreditam no que eu disse: o "pacotão" franceses.

Frase que mais aparece nas matérias: "Sarkozy prometeu ontem transferir tecnologia para o Brasil CASO o governo brasileiro compre submarinos, caças e helicópteros de fabricação francesa."

Só não vê quem não quer, a coisa já está aí. Agora aguardem os próximos movimentos (pode demorar um pouquinho mais), onde será dito que a linha de montagem do Rafale virá integralmente para o Brasil.

O que me preocupa (já havia falado isso antes) é a forma condicional que os franceses colocam para nos vender submarinos para produção local e com algum grau de transferência de tecnologia.

Pra mim está claríssimo, só levamos os subs se comprarmos hélis e caças (Rafale). Quanto aos hélis, já dou a coisa como certa, apesar de não gostar do Cougar, não é um modelo de tudo ruim, digamos que seria "aceitável", talvez não existirão resistências das três Forças.

Quanto aos caças (Rafale)... Aí a porca torce o rabo.

Repito, nada contra o Rafale, nada contra termos este caça na FAB. O problema pode estar nos custos, ou seja, quanto teremos que pagar por ele para termos realizada a prioridade do Governo que é ter um sub nuclear no Brasil.

Vejo um lado bom, se tudo ocorrer como o imaginado: uma linha de montagem no Brasil, não existindo mais na França, implica que os Rafale-M serão produzidos aqui também. Isto significa que mais adiante haverá pressão para que compremos os mesmos, isto é, Rafale-M para a MB.

Se não me engano, a Embraer chegou a oferencer (ou pensou em projetar) uma versão naval do AMX, mas que não foi adiante por causa dos custos. Então não me surpreenderia se os Rafale-M forem oferecidos à MB, pois já estarão finalizados e sendo produzidos aqui no País. Mais uma vez a questão é: por quanto?


Abraços,

Orestes


Um Abraço,Mestre Orestes!O Trabalho tem me tirado do dia-a-dia do DB,mas tenho acompanhado sempre que possível.

Acho que o Governo terá que fazer "a escolha de Sofia" :Decidir em ter a tecnologia do casco para o sub-nuclear,e ter que aceitar o Rafale com preços fora de nossa realidade ou comprar outro vetor e correr o risco de ver "melar" o acordo com a França.A condicional sempre colocada nas declarações me levam a acreditar que sem Rafale a coisa pode desandar.
Mudam as cores e as formas da coleira,mas ela continua por aqui.

Abs,

Tigershark


Se tem trabalhado muito é porque a coisa está indo bem, Tigershark. Boas notícias!

O que me preocupa nestes "pacotões" é justamente isso, uma coisa atrelada por impedir a outra. O Jobim (língua solta?? rsrs) já declarou que precisa analisar os custos do Rafale para ver se compensa. Este é um sinal claro da coisa.

Suponha que o Governo conclua que os custos sejam realmente elevados e que não tenhamos condições de bancar o Rafale. Corremos o risco de não ter pacotão francês. Até aí, aparentemente, nada de mais. Mas existe uma "sutileza": e os planos da MB e seus subs?

Fica a pergunta: o que é mais caro, pagar pelo Rafale (et all) ou ficar sem os subs pra MB?

Um custo é o efetivo (Rafale), já o outro é técnico/estratégico.

Já vislumbro uma alternativa, mas deixemos o povo opinar.


Abração,

Orestes




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#995 Mensagem por orestespf » Qua Fev 13, 2008 12:34 pm

Centurião escreveu:
Túlio escreveu:Sei lá, não sou economista, mas não entendo como a entrada de capital e tecnologia possa desvalorizar as ações de uma empresa... :?

Aliás, pelo que tenho lido por aí, o simples interesse de uma empresa em outra leva o preço das ações às alturas... :wink:


Também não sou economista e não entendo nem uma pequena parte desse processo. :)

Pelo o que eu entendi, a questão é que a Embraer está no nível mais alto de governança corporativa, a tomada do controle acionário por outra empresa, significa a saída dela do Novo Mercado, que é um conjunto de regras que define transparência de uma empresa. Daí a consequente desvalorização das ações. Pelo menos no curto prazo.

O maior impedimento, a meu ver, seria do governo brasileiro. Com o golden share, acredito eu que ele teria direito de barrar tal operação.

Com a operação de reestruturação societária da Embraer levada a cabo no primeiro semestre de 2006, os acionistas estratégicos europeus perderam o direito a nomear dois membros para o Conselho de Administração da companhia, direito este que era garantido por meio de acordo de acionistas. Outras mudanças trazidas pela reestruturação societária foram a manutenção de apenas um único tipo de ação da empresa, do tipo ordinária, que dá aos seus titulares o direito de voto, e a limitação do poder de voto de todos os acionistas até o máximo de 5% das ações detidas, o que representou, juntamente com a perda do direito das nomeações para o Conselho de Administração, a pulverização do poder de controle da Embraer.

Na prática, a reestruturação societária significou a quase que completa eliminação dos poderes dos acionistas estratégicos europeus na tomada de decisões estratégicas da Embraer, o que levou a alguns analistas a considerarem a reestruturação levada a efeito por Maurício Botelho e o Chief Financial Officer (CFO) da companhia, Antonio Luiz Pizarro Manso como um pequeno "coup d´etat".

http://www.defesanet.com.br/zz/emb_eads_dassault_1.htm

orestespf escreveu:Não, Centurião, não é impossível e nem quase impossível, é muito provável. Existe um estudo feito no Brasil (acho que da FGV com mais alguém) onde se mostra efetivamente por "números" que a Embraer deixará de ser uma empresa brasileira, isto no máximo em 10 anos.

Ainda não entrei neste mérito aqui porque não conheço o assunto a fundo, apenas recebi as informações superficiais de um amigo que participou dos estudos. Se eu tiver mais detalhes, podemos até discutir.

No momento eu sugiro que isso não se transforme em uma batalha, até porque eu não sei os detalhes dos estudos (2º semestre de 2007), melhor ficarmos frios sobre isso.

Abraços,

Orestes


Prof. Orestes,

Eu não li este estudo, mas acredito que ele deve tratar das aquisições de ações por vários grupos diferentes. A reestruturação societária da Embraer definiu "a limitação do poder de voto de todos os acionistas até o máximo de 5% das ações detidas". Ou seja, um mesmo grupo não pode mandar na empresa. Por isso a pulverização.

Na minha opinião, mesmo que a maioria dos grupos seja de estrangeiros, é possível que um mesmo grupo empresarial use laranjas para comprar um poder maior de voto, mas isso seria investigado pela CVM e pelo goveno brasileiro, acredito eu, que não teria interesse nisso.

Eu sei que o clima no fórum ultimamente anda belicoso. :) Só estou expondo o pouquíssimo que eu li sobre isso. Se estiver errado, irei admitir imediatamente. Afinal, estou neste fórum para aprender. Este estudo que você citou é a chave para explicar tudo.

Abraços


Pois é Centurião, eu confesso que não tenho domínio sobre o tema e igualmente ando sem tempo para buscar mais detalhes. Em breve estarei no Rio e em contato direto com o meu colega que participou deste estudo. Vou tentar com ele alguma informação extra, talvez me passe os originais, pois segundo ele já foi publicado em alguma revista especializada (em forma de paper). Acredito que a parte publicada seja a só a superficial, pois em geral, muita coisa não vem a tona.

Acho que este assunto por si só vale um tópico, talvez lá nas "Gerais", visto que está relacionado ao possível pacotão francês. Não me sinto a vontade para tratar do tema, não é minha área, mas existem pessoas no DB que poderiam nos dar de beber de seus conhecimentos sobre este interessantíssimo assunto.

Abraços,

Orestes




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#996 Mensagem por Tigershark » Qua Fev 13, 2008 12:35 pm

Concordo em gênero,número e grau,e deixo minha modesta preocupação:Será que,como plano "B", veremos a ressuscitação da linha de montagem do M-2000 aqui no Brasil para alegria do Prick? :shock: :roll:

Abs,

Tigershark




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#997 Mensagem por orestespf » Qua Fev 13, 2008 12:42 pm

Tigershark escreveu:Concordo em gênero,número e grau,e deixo minha modesta preocupação:Será que,como plano "B", veremos a ressuscitação da linha de montagem do M-2000 aqui no Brasil para alegria do Prick? :shock: :roll:

Abs,

Tigershark


Não foi o que eu pensei, Tigershark. Na verdade considero isso um retrocesso, pois a própria FAB não aceitou os M-2000 na época do FX-1, acredito que não seria agora. O Governo daria um tiro no pé, não tenha dúvida.

Penso em algo intermediário, podemos comprar, mas não fabricar, cerca de 24-36 Rafales. Se eles toparem, poderemos ter alguma chance com os subs.

O problema é que a FAB "teria" o seu FX, mas com um número limitado de caças, podendo não ter mais nada pra adiante que pudessem substituir os F-5 e A-1. Ou seja, a FAB poderia ter que "pagar" para a MB ter seus subs.

Observe que o sub nuclear é prioridade número do Governo, e ele fará de tudo para levar isso adiante. Não duvido que alguém seja penalizado no meio do caminho, e este alguém pode ser a FAB.

Abraços,

Orestes




Carlos Mathias

#998 Mensagem por Carlos Mathias » Qua Fev 13, 2008 12:49 pm

E o EB com os sistemas perfumosos dos franceses.




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#999 Mensagem por Centurião » Qua Fev 13, 2008 12:49 pm

orestespf escreveu:
Centurião escreveu:
Túlio escreveu:Sei lá, não sou economista, mas não entendo como a entrada de capital e tecnologia possa desvalorizar as ações de uma empresa... :?

Aliás, pelo que tenho lido por aí, o simples interesse de uma empresa em outra leva o preço das ações às alturas... :wink:


Também não sou economista e não entendo nem uma pequena parte desse processo. :)

Pelo o que eu entendi, a questão é que a Embraer está no nível mais alto de governança corporativa, a tomada do controle acionário por outra empresa, significa a saída dela do Novo Mercado, que é um conjunto de regras que define transparência de uma empresa. Daí a consequente desvalorização das ações. Pelo menos no curto prazo.

O maior impedimento, a meu ver, seria do governo brasileiro. Com o golden share, acredito eu que ele teria direito de barrar tal operação.

Com a operação de reestruturação societária da Embraer levada a cabo no primeiro semestre de 2006, os acionistas estratégicos europeus perderam o direito a nomear dois membros para o Conselho de Administração da companhia, direito este que era garantido por meio de acordo de acionistas. Outras mudanças trazidas pela reestruturação societária foram a manutenção de apenas um único tipo de ação da empresa, do tipo ordinária, que dá aos seus titulares o direito de voto, e a limitação do poder de voto de todos os acionistas até o máximo de 5% das ações detidas, o que representou, juntamente com a perda do direito das nomeações para o Conselho de Administração, a pulverização do poder de controle da Embraer.

Na prática, a reestruturação societária significou a quase que completa eliminação dos poderes dos acionistas estratégicos europeus na tomada de decisões estratégicas da Embraer, o que levou a alguns analistas a considerarem a reestruturação levada a efeito por Maurício Botelho e o Chief Financial Officer (CFO) da companhia, Antonio Luiz Pizarro Manso como um pequeno "coup d´etat".

http://www.defesanet.com.br/zz/emb_eads_dassault_1.htm

orestespf escreveu:Não, Centurião, não é impossível e nem quase impossível, é muito provável. Existe um estudo feito no Brasil (acho que da FGV com mais alguém) onde se mostra efetivamente por "números" que a Embraer deixará de ser uma empresa brasileira, isto no máximo em 10 anos.

Ainda não entrei neste mérito aqui porque não conheço o assunto a fundo, apenas recebi as informações superficiais de um amigo que participou dos estudos. Se eu tiver mais detalhes, podemos até discutir.

No momento eu sugiro que isso não se transforme em uma batalha, até porque eu não sei os detalhes dos estudos (2º semestre de 2007), melhor ficarmos frios sobre isso.

Abraços,

Orestes


Prof. Orestes,

Eu não li este estudo, mas acredito que ele deve tratar das aquisições de ações por vários grupos diferentes. A reestruturação societária da Embraer definiu "a limitação do poder de voto de todos os acionistas até o máximo de 5% das ações detidas". Ou seja, um mesmo grupo não pode mandar na empresa. Por isso a pulverização.

Na minha opinião, mesmo que a maioria dos grupos seja de estrangeiros, é possível que um mesmo grupo empresarial use laranjas para comprar um poder maior de voto, mas isso seria investigado pela CVM e pelo goveno brasileiro, acredito eu, que não teria interesse nisso.

Eu sei que o clima no fórum ultimamente anda belicoso. :) Só estou expondo o pouquíssimo que eu li sobre isso. Se estiver errado, irei admitir imediatamente. Afinal, estou neste fórum para aprender. Este estudo que você citou é a chave para explicar tudo.

Abraços


Pois é Centurião, eu confesso que não tenho domínio sobre o tema e igualmente ando sem tempo para buscar mais detalhes. Em breve estarei no Rio e em contato direto com o meu colega que participou deste estudo. Vou tentar com ele alguma informação extra, talvez me passe os originais, pois segundo ele já foi publicado em alguma revista especializada (em forma de paper). Acredito que a parte publicada seja a só a superficial, pois em geral, muita coisa não vem a tona.

Acho que este assunto por si só vale um tópico, talvez lá nas "Gerais", visto que está relacionado ao possível pacotão francês. Não me sinto a vontade para tratar do tema, não é minha área, mas existem pessoas no DB que poderiam nos dar de beber de seus conhecimentos sobre este interessantíssimo assunto.

Abraços,

Orestes


Professor,

O assunto vale mesmo um tópico, ainda mais com ajuda dos colegas do fórum que entendem do assunto. Quando tiver tempo vou procurar saber mais sobre esse estudo.

Abraços




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#1000 Mensagem por alex » Qua Fev 13, 2008 12:57 pm

Olha não vejo com bons olhos a presente proposta francesa.
Vamos ter que fabricar (engolir) aqui 50 Cougar para ter uma tecnologia de subs nucleares parcial. Perguntas:
De onde vem o numero mágico 50? Teremos uma linha de montagem para 50 e depois, fecha a linha? Esta linha vai atender o mundo inteiro ou só Brasil? se for mundial não vamos sofrer a concorrencia da versão EC-725?
O Brasil quer adquirir Cougar? Temos condições de adquirir 50 Cougars de uma só vez? Afinal mal conseguimos manter a Avex voando e a MB sonha com só 6 SeaHawk para seu uso....
Mesmo com os Sapões em final de carreira não há espaço para as missões de SAR e outras para helis mais baratos como o Bell 412?

Quanto ao Rafale, construimos dois aviões de combate a jato no país.O Xavante e o AMX. Um sob licença e outro foi um projeto em conjunto com a Italia. Qual nos trouxe mais beneficio?
:twisted:

Cada vez mais me parece o seguinte: o governo não tira nada do orçamento para as FAs e usa o que pode para as obras das campanhas eleitorais. Fecha um acordo com a França e com financiamento dando uma satisfação para a area da defesa e para os militares .
Paga a primeira das parcelas deste financiamento neste governo e deixa as outras restantes para o próximo governo. Muy amigo. :twisted:




Carlos Mathias

#1001 Mensagem por Carlos Mathias » Qua Fev 13, 2008 1:07 pm

Olha, se o negócio é tão maravilhoso, tão fantástico, porque esta resistência da FAB?
Cadê o Jobim???? Assinaram realmente alguma coisa na Guiana? :?




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#1002 Mensagem por LEO » Qua Fev 13, 2008 1:10 pm

http://www.elpais.com/articulo/internacional/Francia/hara/Brasil/potencia/militar/elpepuint/20080213elpepiint_11/Tes


Francia hará de Brasil una potencia militar


Los presidentes de Francia y Brasil, Nicolas Sarkozy y Lula da Silva, sellaron ayer en la ignota localidad de Saint Georges de l'Oyapock, en la Guayana francesa junto a la frontera brasileña, un acuerdo de transferencia de tecnología militar francesa que incrementará la posición del gigante suramericano como potencia militar regional. Además, Francia se ha comprometido a redoblar sus esfuerzos diplomáticos para incluir a Brasil en organismos como el Consejo de Seguridad de Naciones Unidas y en los Foros de los países más desarrollados, como el del G-8. Para redondear el acuerdo, Sarkozy visitará Brasilia a finales de este año, siendo aún presidente de la UE. "Hemos creado una comisión bilateral para que, a más tardar en diciembre de 2008, identifique las áreas en las que queremos trabajar juntos", declaró Lula durante el encuentro.

La noticia en otros webs

* webs en español
* en otros idiomas

Lula ya tiene clara una cosa, con la transferencia tecnológica que Francia le proporcionará, Brasil podrá fabricar un submarino y aviones y helicópteros de combate. "No queríamos que nuestra alianza a nivel militar consistiera sólo en la entrega de material militar. Por eso le dije a Lula que estamos dispuestos a transferir tecnología para que Brasil pueda fabricar el armamento que necesite", explicó el presidente francés. El mes pasado el ministro brasileño de Defensa, Nelson Jobim, que acompañó a Lula en su viaje de ayer a la Guayana Francesa, conversó con autoridades francesas sobre acuerdos de transferencia tecnológica para que Brasil pueda acabar un submarino de propulsión nuclear en el que trabaja hace varios lustros.

Sarkozy afirmó que los dos países "son amigos" y que tienen una posición similar en diferentes foros internacionales. En ese sentido defendió una mayor participación de Brasil en los organismos internacionales como en el Consejo de Seguridad de la ONU como miembro permanente y en el G-8 como país emergente. "Reafirmo mi deseo para que el G-8 sea transformado en el G-13 con la inclusión de países emergentes como Brasil", dijo Sarkozy. Para el presidente francés, los miembros del G-8 tienen que discutir en la reunión que celebrarán en Tokio una reforma que permita la inclusión de grandes países emergentes como Brasil, China, India, México, Suráfrica y algún país árabe.




"Veni, vidi, vinci" - Júlio Cesar

http://www.jornalopcao.com.br/index.asp ... djornal=43

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#1003 Mensagem por Zanako » Qua Fev 13, 2008 1:35 pm

Do jeito que as coisas andam imaginem só
daqui uns 10 anos
Temos feitos vários Helicópteros/Caças(rafales)
a frança entra em alguma empreitada contra algum país (IRÃ?) e pedem nosso apoio?
ai já sabem oque vai acontercer né.....




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#1004 Mensagem por JOSE CARNEIRO » Qua Fev 13, 2008 2:16 pm

Centurião escreveu:
Túlio escreveu:Pois eu fico pensando é, no suposto caso da produção de caças Rafale na Embraer, na fatia acionária que a Francesada vai querer adquirir desta vez: já haviam fincado o pé dentro, foram contidos por uma brilhante manobra de pulverização de ações, agora a poeira baixou e há tecnologias sensíveis no horizonte, o quê eles quererão em troca, especificamente da EMBRAER? Olhem que a gringalhada anda comprando tudo o que presta em setores de Defesa e tecnologia avançada no Brasil...

Bobear e teremos a EMFRAER (Dassault Embraer do Brasil S/A) do véio Talha... 8-]


Túlio, isso é muito, mas muito difícil de acontecer. Está certo que não é impossível, mas isso obrigaria a Embraer a sair do Novo Mercado. Significaria uma considerável desvalorização das ações, além da perda de confiança de muitos clientes. Muito complicado, improvável.

No entanto, os franceses podem criar uma empresa em conjunto com a Embraer em que eles tenham o controle acionário.

Lembrando que os franceses estão nos devendo uma, desde o incidente da avião francês detido em Manaus. Não que esse fato explique a generosidade francesa, mas pode explicar a confiança deles conosco.


Mas Centurião, geralmente Target tem a ação valorizada, principalmente se situada no NM, onde existem uma série de normas de "plus" sobre o valor do título no caso de tomada do controle acionário.
Qual mudança levaria a saida do NM?

Orestes, se tiver o referência do artigo da FGV, poste por favor. Realmente não entendi a afirmação: "a Embraer vai deixar de ser brasileira". Qual a nacionalidade da GM? E da GE? Ela pode se tornornar uma transnacional, mas aí a briga de definiçào do termo é grande.

Isso realmente pode ser um bom tema nos Gerais.

abs




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#1005 Mensagem por orestespf » Qua Fev 13, 2008 2:35 pm

JOSE CARNEIRO escreveu:
Centurião escreveu:
Túlio escreveu:Pois eu fico pensando é, no suposto caso da produção de caças Rafale na Embraer, na fatia acionária que a Francesada vai querer adquirir desta vez: já haviam fincado o pé dentro, foram contidos por uma brilhante manobra de pulverização de ações, agora a poeira baixou e há tecnologias sensíveis no horizonte, o quê eles quererão em troca, especificamente da EMBRAER? Olhem que a gringalhada anda comprando tudo o que presta em setores de Defesa e tecnologia avançada no Brasil...

Bobear e teremos a EMFRAER (Dassault Embraer do Brasil S/A) do véio Talha... 8-]


Túlio, isso é muito, mas muito difícil de acontecer. Está certo que não é impossível, mas isso obrigaria a Embraer a sair do Novo Mercado. Significaria uma considerável desvalorização das ações, além da perda de confiança de muitos clientes. Muito complicado, improvável.

No entanto, os franceses podem criar uma empresa em conjunto com a Embraer em que eles tenham o controle acionário.

Lembrando que os franceses estão nos devendo uma, desde o incidente da avião francês detido em Manaus. Não que esse fato explique a generosidade francesa, mas pode explicar a confiança deles conosco.


Mas Centurião, geralmente Target tem a ação valorizada, principalmente se situada no NM, onde existem uma série de normas de "plus" sobre o valor do título no caso de tomada do controle acionário.
Qual mudança levaria a saida do NM?

Orestes, se tiver o referência do artigo da FGV, poste por favor. Realmente não entendi a afirmação: "a Embraer vai deixar de ser brasileira". Qual a nacionalidade da GM? E da GE? Ela pode se tornornar uma transnacional, mas aí a briga de definiçào do termo é grande.

Isso realmente pode ser um bom tema nos Gerais.

abs


Vou procurar, José. É um tema muito interessante, mas não corri atrás por não ser da minha área, a vida é assim, trabalhamos com prioridades.

Observe que este assunto com meu amigo não tem ligação com assuntos militares, por acaso falávamos de outra coisa e por acaso o estudo foi feito pensando na Embraer.

Entendo sua dúvida sobre o que significaria "a Embraer vai deixar de ser brasileira", isto é muito vago mesmo. Porém ele me disse algo muito forte: isso não tem como objetivo "pulverizar" o capital acionário da empresa, tem a intenção de "pulverizar" de uma vez por todas esta empresa.

Como disse antes, não li o trabalho, só conversei com um dos autores e muito por acaso sobre isso. Ele comentou de maneira natural quando lhe perguntei "o que estava fazendo no momento" (pergunta típica que se faz a um pesquisador).

Não sei dizer se é um estudo acadêmico ou prático. Se acadêmico, pode-se imaginar o fim de alguma coisa, isto porque só se estudam as variáveis atuais, supondo que não existirão interferências futuras pra impedir tal coisa. Mas sempre servem de alerta!!!

O cenário ruim que ele (e amigos) concluíram é que a Embraer pode ser uma simples montadora de projetos realizados fora do país, usando o nosso potencial e recursos humanos (força bruta) para fazer aviões para terceiros. Isto é, faz-se tudo lá fora, montasse aqui, quase um CKD.

Acho esse cenário tenebroso e honestamente não consigo imaginar isso, porém ouvi de quem é da área. Tive que me contentar com um silêncio de minha parte.

Mas vou procurar este trabalho e vou pedir autorização para postá-lo aqui. Como disse anteriormente, estarei pessoalmente com o cara lá no Rio, poderei conversar mais sobre isso e ver se não entendi alguma coisa errada sobre tudo isso. Por isso peço cautela aos amigos. Porém esse assunto pode ser debatido em um tópico novo, servindo como um grande exercício de abstração, ou seja, seria possível realmente isso acontecer?


Abraços,

Orestes




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