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Acordo entre Brasil e França para submarino nuclear causa debates na Europa
PARIS, 12 Fev 2008 (AFP) - A possibilidade de que o Brasil venha a construir submarinos nucleares com a cooperação com a França gera inquietação, principalmente devido aos riscos de proliferação nuclear, de danos ecológicos irreversíveis e de uma corrida armamentista, assinalou nesta terça-feira um especialista no jornal francês Liberation.
Jean-Marie Collin, pesquisador do Observatório Sobre o Armamento, acredita que, ao participar da construção de submarinos de ataque, a França transfere uma tecnologia ultra-sensível, protegida até agora por um acordo tácito entre as grandes potências nucleares.
Collin considera que o aluguel de um desses submarinos feito pela Rússia para a Índia em 2010, e agora a aliança estratégica, proposta pelo Brasil e aceita pela França, inicia uma primeira etapa no mercado de exportação desse tipo de embarcação.
"Apesar do Tratado de Não-Proliferação Nuclear não restringir esse tipo de transferência, essa abertura poderá ter conseqüências na luta contra a proliferação", adverte o pesquisador.
Da mesma maneira, ele alerta para o risco de danos irreversíveis para o ambiente marinho com a expansão dos equipamentos nucleares, que poderiam causar mais acidentes.
Collin considera também que a posse de um submarino nuclear por um país pode despertar antigas rivalidades e provocar a conseqüente corrida armamentista na região.
Inúmeras nações (Índia, Coréia do Sul, Argentina) desejam entrar no grupo das marinhas dotadas com arsenal nuclear e outras como Canadá e Taiwan ainda estão planejando, relembra.
Sobre essa premissa, Collin afirma que a ameaça de uma proliferação desses armamentos irá instalar-se, "a não ser que as grandes potências nucleares ratifiquem um tratado q proíba a Transferência e toda tecnologia, nuclear ou não".
Há alguns meses, os rumores sobre um acordo de cooperação nuclear entre o Brasil e a França já vinham se instalando, principalmente por diversas declarações de funcionários de alto grau dos dois países.
Em 26 de janeiro, o ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, visitou um submarino nuclear de ataque na base de Toulon, sul da França, antes de se reunir com o ministro da Defesa francês Hervé Morin e com o presidente Nicolas Sarkozy.
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