Tropa de Elite, o filme - Pra quem já assistiu
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- rodrigo
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‘Tropa de elite’ acumula público de 1,6 milhão nos cinemas
Em cartaz há quatro semanas, filme de José Padilha lidera lista dos mais vistos.
http://g1.globo.com/Noticias/Cinema/0,, ... NEMAS.html
Em cartaz há quatro semanas, filme de José Padilha lidera lista dos mais vistos.
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"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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vilmarmoccelin escreveu:Acho que pra um maconheiro colocar o símbolo do BOPE no braço ele teria que ser muito sem noção... Pra não conseguir ver a mensagem do filme que está explícita...
Aqui no rio quando os bandidos suspeitam que você é tira, já te despacham pro além...
Se você tiver uma tatoo do bope, vai beijar a bunda do capeta imediatamente !
Conheça os livros que muitos não querem que você leia:
http://www.livrariabrasil.net
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rodrigo escreveu:‘Tropa de elite’ acumula público de 1,6 milhão nos cinemas
Em cartaz há quatro semanas, filme de José Padilha lidera lista dos mais vistos.
http://g1.globo.com/Noticias/Cinema/0,, ... NEMAS.html
Como diria o mestre Bat.
Toma!!!!Toma!!!!Toma!!!!Toma!!!!Toma!!!!
Aos esquerdistas que tentaram fazer uma campanha de difamação contra o filme.
O pior dos infernos é reservado àqueles que, em tempos de crise moral, escolheram por permanecerem neutros. Escolha o seu lado.
- Centurião
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Kratos escreveu:rodrigo escreveu:‘Tropa de elite’ acumula público de 1,6 milhão nos cinemas
Em cartaz há quatro semanas, filme de José Padilha lidera lista dos mais vistos.
http://g1.globo.com/Noticias/Cinema/0,, ... NEMAS.html
Como diria o mestre Bat.
Toma!!!!Toma!!!!Toma!!!!Toma!!!!Toma!!!!
Aos esquerdistas que tentaram fazer uma campanha de difamação contra o filme.
Boa notícia! Com certeza vai entrar no TOP 10 do ano.
- Pablo Maica
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- Guerra
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Na minha opinião o filme TROPA DE ELITE conseguiu algo que a muito eu queria ver no cinema brasileiro. Os "intelectuais" que monopolizam a cultura brasileira tomando um cala boca.
Eu não sei quanto a voces, mas eu estava de saco cheio com a xaropança do cinema brasileiro. Cansei de ver filme de fusca preto e branco perseguindo gordini.
Só espero que o pessoal do Oscar não se comova com o choro do menino bundão, deu certo com a Vida é bela, vai que da certo com o filme brasileiro. porque dai é mais uma decada de filme bosta patrocinado com dinheiro publico.
Eu não sei quanto a voces, mas eu estava de saco cheio com a xaropança do cinema brasileiro. Cansei de ver filme de fusca preto e branco perseguindo gordini.
Só espero que o pessoal do Oscar não se comova com o choro do menino bundão, deu certo com a Vida é bela, vai que da certo com o filme brasileiro. porque dai é mais uma decada de filme bosta patrocinado com dinheiro publico.
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SGT GUERRA escreveu:Na minha opinião o filme TROPA DE ELITE conseguiu algo que a muito eu queria ver no cinema brasileiro. Os "intelectuais" que monopolizam a cultura brasileira tomando um cala boca.
Eu não sei quanto a voces, mas eu estava de saco cheio com a xaropança do cinema brasileiro. Cansei de ver filme de fusca preto e branco perseguindo gordini.
Só espero que o pessoal do Oscar não se comova com o choro do menino bundão, deu certo com a Vida é bela, vai que da certo com o filme brasileiro. porque dai é mais uma decada de filme bosta patrocinado com dinheiro publico.
O problema da maioria desses intelctualóides que despencam para o OESTE, é que fazem filmes para seus pares ou para atender demandas ideológicas...
Produz-se esterco de baixa qualidade
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- Guerra
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xupacabr@ escreveu:SGT GUERRA escreveu:Na minha opinião o filme TROPA DE ELITE conseguiu algo que a muito eu queria ver no cinema brasileiro. Os "intelectuais" que monopolizam a cultura brasileira tomando um cala boca.
Eu não sei quanto a voces, mas eu estava de saco cheio com a xaropança do cinema brasileiro. Cansei de ver filme de fusca preto e branco perseguindo gordini.
Só espero que o pessoal do Oscar não se comova com o choro do menino bundão, deu certo com a Vida é bela, vai que da certo com o filme brasileiro. porque dai é mais uma decada de filme bosta patrocinado com dinheiro publico.
O problema da maioria desses intelctualóides que despencam para o OESTE, é que fazem filmes para seus pares ou para atender demandas ideológicas...
Produz-se esterco de baixa qualidade
É bem isso que eu chamo de monopolio cultural. Ai daquele que criar um héroi fora dos padrôes impostos por aqueles que "pensam".
Achei excelente
Mostrou policia como policia, seja a parte honesta seja a banda podre.
Principalmente a dificuldade de ser honesto e principalmente produtivo em um ambiente contaminado.
Mostrou bandido como bandinho, não como aquela fabula encantada do filme Carandiru
Mostrou a sociedade brasileira como ela é, uma classe média que fuma um baseado no apartamento do amigo e depois é assaltado na ida até a sua casa, reclamando depois "do governo"
Mostrou a pseudo inteceltualidade brasileira, com suas ONG's etc...
A sociedade brasileira é alergica a verdade é bom um filme que cause um pouco de coceira na conciência das pessoas que consequem pagar 10 ou 15 reais para ir a um cinema é bem vindo. Porque são parte delas que também pagam 30 ou 50 reais por uma "bucha" de cocaina.
Mostrou policia como policia, seja a parte honesta seja a banda podre.
Principalmente a dificuldade de ser honesto e principalmente produtivo em um ambiente contaminado.
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Mostrou a pseudo inteceltualidade brasileira, com suas ONG's etc...
A sociedade brasileira é alergica a verdade é bom um filme que cause um pouco de coceira na conciência das pessoas que consequem pagar 10 ou 15 reais para ir a um cinema é bem vindo. Porque são parte delas que também pagam 30 ou 50 reais por uma "bucha" de cocaina.
- Brigadeiro
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Koslova escreveu:Achei excelente
Mostrou policia como policia, seja a parte honesta seja a banda podre.
Principalmente a dificuldade de ser honesto e principalmente produtivo em um ambiente contaminado.
Mostrou bandido como bandinho, não como aquela fabula encantada do filme Carandiru
Mostrou a sociedade brasileira como ela é, uma classe média que fuma um baseado no apartamento do amigo e depois é assaltado na ida até a sua casa, reclamando depois "do governo"
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X2!
Até mais!
Thiago
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"O respeito e a educação são garantia de uma boa discussão. Só depende de você!"
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- J.Ricardo
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Koslova escreveu:Achei excelente
Mostrou policia como policia, seja a parte honesta seja a banda podre.
Principalmente a dificuldade de ser honesto e principalmente produtivo em um ambiente contaminado.
Mostrou bandido como bandinho, não como aquela fabula encantada do filme Carandiru
Mostrou a sociedade brasileira como ela é, uma classe média que fuma um baseado no apartamento do amigo e depois é assaltado na ida até a sua casa, reclamando depois "do governo"
Mostrou a pseudo inteceltualidade brasileira, com suas ONG's etc...
A sociedade brasileira é alergica a verdade é bom um filme que cause um pouco de coceira na conciência das pessoas que consequem pagar 10 ou 15 reais para ir a um cinema é bem vindo. Porque são parte delas que também pagam 30 ou 50 reais por uma "bucha" de cocaina.
Concordo, assisti esse filme no cinema! Ele mostra a realidade (triste) da criminalidade carioca, onde a classe-média entrou por vontade própria em um círculo vicioso onde é financiadora e vítima ao mesmo tempo! A postura do governo do Rio é a postura correta, não se deve esperar nem mais nem menos de um governo sério! Quanto as ONG que cuidem dos sintomas e deixem a cura para o Estado resolver!
- rodrigo
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Domingo, Novembro 04, 2007
O Efeito Tropa de Elite na sua consciência
Edição de Artigos de Domingo do Alerta Total http://alertatotal.blogspot.com/
Por Jorge Serrão
Na prática, uma estratégia de comunicação provoca, na opinião pública, o efeito inverso daquela intenção desejada ou prevista, originalmente, pela teoria ou ideologia formulada pelo comunicador, roteirista, marketeiro ou ideólogo. Batizamos tal fenômeno comunicativo de “Efeito Tropa de Elite”. Tal efeito ocorre toda vez que a teoria se desgraça na prática. A Teoria da Comunicação deveria catalogar o novo conceito. Terá grande utilidade para os aprendizes de ideólogos e manipuladores de consciências.
O recordista de público do cinema brasileiro (e da pirataria) entra para a história como uma ação comunicativa cuja interpretação da audiência contrariou o planejamento estratégico ou ideológico de quem concebeu a obra. O Capitão Nascimento virou herói sem querer. Existisse de verdade, o meganha de farda preta seria sério candidato a impedir o terceiro (e indesejado) mandato do Poderoso Lula. E nem precisaria usar a famosa 12... No confronto com o Nascimento, o chefão do 13 gritaria, suplicando: “Desisto! Me dá minha Kaiser!”.
Mas a estória agora é outra. E, na história o que importa é a versão. Nem sempre valem os fatos – geralmente, política e ideologicamente manipulados pelos poderosos de plantão. O cineasta José Padilha deixou clara que a intenção de seu filme era denunciar o excesso de violência, o abuso de autoridade e alguns desvios praticados pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, na comparação com um batalhão, considerado de elite.
O filme “Tropa de Elite” foi, praticamente, uma ficção-documentário. Uma espécie de “o Bope como ele é”. A narrativa estilo Pulp-Fiction (Tempos de Violência) colaborou para criar uma identificação entre a audiência e os personagens. Toda a seqüência de imagens parecia o mundo real da violência urbana. O filme foi inspirado e baseado no tom crítico do livro “Elite da Tropa” (editora Objetiva), escrito pelo sociólogo Luiz Eduardo Soares, e por ex-integrantes do Bope, Rodrigo Pimentel e André Batista.
O Tropa de Elite desagradou a “elite” da PM. O tenente-coronel Mário Sérgio de Brito Duarte liderou o movimento contra o filme “Tropa de Elite”. Falou mais alto o sistema corporativo, já que o oficial foi comandante do Bope e atualmente exerce o cargo de confiança de Superintendente de Planejamento Operacional da Secretaria de Segurança. Além disso, Duarte é autor do livro “Incursionando no Inferno - A Verdade da Tropa”. O militar deve saber que as verdades doem. São tiros de 12 na consciência.
O corregedor interno da PM, coronel Paulo Ricardo Paúl, abriu uma investigação para apurar como se deu ou não a participação de oficiais da PM na elaboração do filme que mostra uma PM bem corrupta. O cineasta José Padilha e o ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel, roteirista do filme, tiveram de prestar depoimento para a responsável pelo inquérito, tenente-coronel Ana Cláudia Siciliano. Só faltou o famoso “saco plástico”. Tal sindicância tende a dar em nada. No máximo, algum PM pode ser “justiçado”. Isto é, “condenado” a trabalhar de chefe de cozinha do batalhão...
O Tropa de Elite caiu na graça da opinião pública. Mas pelo motivo inverso ao desejado por seus roteiristas. O Capitão Nascimento virou herói nacional. Sem querer! O filme acabou viabilizando a “linha Sivuca”: “Bandido bom é bandido morto”. Tropa de Elite retratou bandidos como bandidos. “Vítimas da questão social” deveriam atuar em outro filme. Em Tropa de Elite não colou o termo usado pela elite da intelectualidade para justificar a face marginal do crime. O retrato foi o mesmo no caso dos corruptos – funcionários públicos, fardados, mal pagos para zelar pela lei e pela ordem.
Os produtores do filme não contavam com a tolerância ou até o apoio da opinião pública ao excesso de violência do esquadrão do Capitão Nascimento. A reação inesperada pelos cineastas foi gerada pela leitura simplista que a sociedade faz da relação entre violência e criminalidade. O cidadão comum tem poucos elementos para saber que existe um sistema do crime organizado nos governando. Quem manda no Brasil é a associação, para fins delitivos, entre as classes política e empresarial, membros dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), e marginais de toda espécie, todos, unidos na parceria para usurpar o poder do Estado, praticando o roubo, a corrupção, a violência e o terror.
Existem algumas explicações para o fenômeno Tropa de Elite. Em tempos de impunidade, a opinião pública enxergou, com bons olhos, o líder de uma tropa policial que pega pesado contra os bandidos. Mesmo que seja apenas contra os “pés de chinelo” do sistema de gestão do crime organizado. O Bope não foi criado para pegar tubarão. Por mais bem intencionados e preparados que sejam seus hoje 380 integrantes, os homens de preto não foram treinados para pegar a “elite do crime”. Nem que quisessem, o sistema não deixaria. O papel deles é “enxugar o gelo” do narcovarejo. Neste caso, o combate à criminalidade é apenas aparente.
O próximo filme do José Padilha, se deixarem ele fazer, tem o título provisório de “O Corruptólogo”. A obra pretende retratar nossa classe política. Ele só não pode soltar o Capitão Nascimento no Congresso, porque será uma carnificina. Tomara que Padilha use o conceito certo de Governo do Crime Organizado. Afinal, conceituar é denominar e definir as características básicas de um dado objeto ou sujeito. A conceituação pressupõe e exige uma intencionalidade e a aplicação de um juízo de valor sobre o objeto em questão. Conceituar significa definir as características fundamentais das coisas, acontecimentos ou fenômenos.
Enquanto Tropa de Elite não vira seriado de televisão (SBT e Rede TV! negociam para transformar o filme em série), o principal mecanismo do Governo Mundial que nos controla e governa de verdade, com a ajuda do crime organizado, resolve se intrometer nos delicados assuntos da violência nacional. A ONU alega estar "alarmada" com o nível de violência e de impunidade no Brasil. Desde sexta-feira passada, escalou um especialista para investigar os assassinatos cometidos pela polícia no Brasil.
O relator para Execuções Extra-judiciais da ONU, Philip Alston, desembarco no Brasil para uma missão de onze dias pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e o Distrito Federal. O resultado da investigação de Philip Alston será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, nos próximos meses. Desde o começo do ano, a ONU envia pedidos de explicação ao governo brasileiro sobre assassinatos e suspeitas de envolvimento de agentes de segurança pública nos crimes. A ONU reclama que nem todas as solicitações são respondidas. Seus observadores criticam nossa impunidade.
A violência é evidente. O clima é de guerra civil. Apenas no primeiro semestre do ano, os policiais civis e militares mataram 694 pessoas durante confrontos no Rio de Janeiro. Em comparação com o primeiro semestre de 2006, houve um aumento de 33,5% no total de mortos pelas polícias. O balanço é oficial. Os números são do Instituto de Segurança Pública do governo do Estado do Rio de Janeiro.
O governador Sérgio Cabral Filho já admitiu que existem células terroristas sendo combatidas no Rio de Janeiro. O curioso é que as informações sobre o terror não chegam até a sociedade, como chegam "os traumas das ações de combate da Polícia" que são acompanhadas pela mídia como se fossem “combate ao crime organizado”. A imprensa prefere ignorar o conceito de Governo do Crime Organizado (exposto parágrafos acima).
Os meios de comunicação preferem retratar as políticas de confrontos adotadas pela polícia nas favelas cariocas, e que geralmente resultam em mortos e feridos. A mídia amestrada também considera mais cômodo botar coletinhos à prova de balas em seus repórteres e cinegrafistas, para fazê-los retratar o “enxugamento de gelo” do pretenso combate ao crime. Dependendo do clima pré-eleitoral, a polícia é criticada ou elogiada pela mídia em sua ação de combate aos “pés de chinelo do crime”.
Não existe outra forma de combate ao crime, senão o confronto. O problema é: confronto contra quem? Contra pobre, preto e favelado? Contra narcovarejista que é associado e treinado por grupos terroristas ou com intenções ideológicas? Contra o Foro de São Paulo e os vários grupos narcoguerrilheiros que pretendem revolucionar a América do Sul e Caribe? Contra o Legislativo, os políticos e partidos que formam alianças ocultas com os criminosos de toda espécie? Contra o governo federal que desinveste nas Forças Armadas? Contra o Exército, a Marinha, a Aeronáutica ou a Polícia Federal que não cumprem direito a missão de defender nossas fronteiras? Contra o Judiciário que julga com rigor seletivo e colabora, com sua lentidão e ineficiência, para o sentimento de impunidade generalizada? Contra o sistema financeiro mundial que lucra alto e facilita o financiamento e a sobrevivência de várias atividades criminosas para manter as nações sob controle? Contra todos que são coniventes com o desastroso estado das coisas?
São várias indagações a serem respondidas pelos milhões de brasileiros que assistiram às versões cinematográfica ou pirata de Tropa de Elite. O grande dilema é: Como combater o verdadeiro Crime Organizado em um País cujo Estado não foi fundado pela sociedade – e sim inventado por outro Estado ibérico, cheio de vícios, burocratices, corrupções e autoritarismos? O sistema não vai combater a si mesmo. É inútil esperar que isto aconteça, por milagre.
A essa altura do campeonato, o Capitão Nascimento deve estar confuso. Seu estresse, que provoca síndromes do pânico, já deve beirar o limite do tolerável. Vamos deixá-lo descansar na paz da ficção, e partir para a ação. O confronto só precisa da escolha de um alvo preciso para começar. Se for eleito o alvo errado, continuaremos no eterno enxugamento de gelo. Se cada brasileiro começar eliminando o corrupto que existe dentro de si mesmo, já terá dado uma grande contribuição para a futura vitória contra o Verdadeiro Crime Organizado.
Experimente dar um tiro de 12 na sua consciência. É melhor do que deixar sua cara bonitinha (porém ordinária) para seu velório no enterro geral de uma Nação condenada pela História a nunca dar certo. Aperte logo o gatilho! Senta o dedo à vontade! Antes que seja tarde demais. E a terra (arrasada) lhe seja leve.
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Na prática, uma estratégia de comunicação provoca, na opinião pública, o efeito inverso daquela intenção desejada ou prevista, originalmente, pela teoria ou ideologia formulada pelo comunicador, roteirista, marketeiro ou ideólogo. Batizamos tal fenômeno comunicativo de “Efeito Tropa de Elite”. Tal efeito ocorre toda vez que a teoria se desgraça na prática. A Teoria da Comunicação deveria catalogar o novo conceito. Terá grande utilidade para os aprendizes de ideólogos e manipuladores de consciências.
O recordista de público do cinema brasileiro (e da pirataria) entra para a história como uma ação comunicativa cuja interpretação da audiência contrariou o planejamento estratégico ou ideológico de quem concebeu a obra. O Capitão Nascimento virou herói sem querer. Existisse de verdade, o meganha de farda preta seria sério candidato a impedir o terceiro (e indesejado) mandato do Poderoso Lula. E nem precisaria usar a famosa 12... No confronto com o Nascimento, o chefão do 13 gritaria, suplicando: “Desisto! Me dá minha Kaiser!”.
Mas a estória agora é outra. E, na história o que importa é a versão. Nem sempre valem os fatos – geralmente, política e ideologicamente manipulados pelos poderosos de plantão. O cineasta José Padilha deixou clara que a intenção de seu filme era denunciar o excesso de violência, o abuso de autoridade e alguns desvios praticados pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, na comparação com um batalhão, considerado de elite.
O filme “Tropa de Elite” foi, praticamente, uma ficção-documentário. Uma espécie de “o Bope como ele é”. A narrativa estilo Pulp-Fiction (Tempos de Violência) colaborou para criar uma identificação entre a audiência e os personagens. Toda a seqüência de imagens parecia o mundo real da violência urbana. O filme foi inspirado e baseado no tom crítico do livro “Elite da Tropa” (editora Objetiva), escrito pelo sociólogo Luiz Eduardo Soares, e por ex-integrantes do Bope, Rodrigo Pimentel e André Batista.
O Tropa de Elite desagradou a “elite” da PM. O tenente-coronel Mário Sérgio de Brito Duarte liderou o movimento contra o filme “Tropa de Elite”. Falou mais alto o sistema corporativo, já que o oficial foi comandante do Bope e atualmente exerce o cargo de confiança de Superintendente de Planejamento Operacional da Secretaria de Segurança. Além disso, Duarte é autor do livro “Incursionando no Inferno - A Verdade da Tropa”. O militar deve saber que as verdades doem. São tiros de 12 na consciência.
O corregedor interno da PM, coronel Paulo Ricardo Paúl, abriu uma investigação para apurar como se deu ou não a participação de oficiais da PM na elaboração do filme que mostra uma PM bem corrupta. O cineasta José Padilha e o ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel, roteirista do filme, tiveram de prestar depoimento para a responsável pelo inquérito, tenente-coronel Ana Cláudia Siciliano. Só faltou o famoso “saco plástico”. Tal sindicância tende a dar em nada. No máximo, algum PM pode ser “justiçado”. Isto é, “condenado” a trabalhar de chefe de cozinha do batalhão...
O Tropa de Elite caiu na graça da opinião pública. Mas pelo motivo inverso ao desejado por seus roteiristas. O Capitão Nascimento virou herói nacional. Sem querer! O filme acabou viabilizando a “linha Sivuca”: “Bandido bom é bandido morto”. Tropa de Elite retratou bandidos como bandidos. “Vítimas da questão social” deveriam atuar em outro filme. Em Tropa de Elite não colou o termo usado pela elite da intelectualidade para justificar a face marginal do crime. O retrato foi o mesmo no caso dos corruptos – funcionários públicos, fardados, mal pagos para zelar pela lei e pela ordem.
Os produtores do filme não contavam com a tolerância ou até o apoio da opinião pública ao excesso de violência do esquadrão do Capitão Nascimento. A reação inesperada pelos cineastas foi gerada pela leitura simplista que a sociedade faz da relação entre violência e criminalidade. O cidadão comum tem poucos elementos para saber que existe um sistema do crime organizado nos governando. Quem manda no Brasil é a associação, para fins delitivos, entre as classes política e empresarial, membros dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), e marginais de toda espécie, todos, unidos na parceria para usurpar o poder do Estado, praticando o roubo, a corrupção, a violência e o terror.
Existem algumas explicações para o fenômeno Tropa de Elite. Em tempos de impunidade, a opinião pública enxergou, com bons olhos, o líder de uma tropa policial que pega pesado contra os bandidos. Mesmo que seja apenas contra os “pés de chinelo” do sistema de gestão do crime organizado. O Bope não foi criado para pegar tubarão. Por mais bem intencionados e preparados que sejam seus hoje 380 integrantes, os homens de preto não foram treinados para pegar a “elite do crime”. Nem que quisessem, o sistema não deixaria. O papel deles é “enxugar o gelo” do narcovarejo. Neste caso, o combate à criminalidade é apenas aparente.
O próximo filme do José Padilha, se deixarem ele fazer, tem o título provisório de “O Corruptólogo”. A obra pretende retratar nossa classe política. Ele só não pode soltar o Capitão Nascimento no Congresso, porque será uma carnificina. Tomara que Padilha use o conceito certo de Governo do Crime Organizado. Afinal, conceituar é denominar e definir as características básicas de um dado objeto ou sujeito. A conceituação pressupõe e exige uma intencionalidade e a aplicação de um juízo de valor sobre o objeto em questão. Conceituar significa definir as características fundamentais das coisas, acontecimentos ou fenômenos.
Enquanto Tropa de Elite não vira seriado de televisão (SBT e Rede TV! negociam para transformar o filme em série), o principal mecanismo do Governo Mundial que nos controla e governa de verdade, com a ajuda do crime organizado, resolve se intrometer nos delicados assuntos da violência nacional. A ONU alega estar "alarmada" com o nível de violência e de impunidade no Brasil. Desde sexta-feira passada, escalou um especialista para investigar os assassinatos cometidos pela polícia no Brasil.
O relator para Execuções Extra-judiciais da ONU, Philip Alston, desembarco no Brasil para uma missão de onze dias pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e o Distrito Federal. O resultado da investigação de Philip Alston será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, nos próximos meses. Desde o começo do ano, a ONU envia pedidos de explicação ao governo brasileiro sobre assassinatos e suspeitas de envolvimento de agentes de segurança pública nos crimes. A ONU reclama que nem todas as solicitações são respondidas. Seus observadores criticam nossa impunidade.
A violência é evidente. O clima é de guerra civil. Apenas no primeiro semestre do ano, os policiais civis e militares mataram 694 pessoas durante confrontos no Rio de Janeiro. Em comparação com o primeiro semestre de 2006, houve um aumento de 33,5% no total de mortos pelas polícias. O balanço é oficial. Os números são do Instituto de Segurança Pública do governo do Estado do Rio de Janeiro.
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Os meios de comunicação preferem retratar as políticas de confrontos adotadas pela polícia nas favelas cariocas, e que geralmente resultam em mortos e feridos. A mídia amestrada também considera mais cômodo botar coletinhos à prova de balas em seus repórteres e cinegrafistas, para fazê-los retratar o “enxugamento de gelo” do pretenso combate ao crime. Dependendo do clima pré-eleitoral, a polícia é criticada ou elogiada pela mídia em sua ação de combate aos “pés de chinelo do crime”.
Não existe outra forma de combate ao crime, senão o confronto. O problema é: confronto contra quem? Contra pobre, preto e favelado? Contra narcovarejista que é associado e treinado por grupos terroristas ou com intenções ideológicas? Contra o Foro de São Paulo e os vários grupos narcoguerrilheiros que pretendem revolucionar a América do Sul e Caribe? Contra o Legislativo, os políticos e partidos que formam alianças ocultas com os criminosos de toda espécie? Contra o governo federal que desinveste nas Forças Armadas? Contra o Exército, a Marinha, a Aeronáutica ou a Polícia Federal que não cumprem direito a missão de defender nossas fronteiras? Contra o Judiciário que julga com rigor seletivo e colabora, com sua lentidão e ineficiência, para o sentimento de impunidade generalizada? Contra o sistema financeiro mundial que lucra alto e facilita o financiamento e a sobrevivência de várias atividades criminosas para manter as nações sob controle? Contra todos que são coniventes com o desastroso estado das coisas?
São várias indagações a serem respondidas pelos milhões de brasileiros que assistiram às versões cinematográfica ou pirata de Tropa de Elite. O grande dilema é: Como combater o verdadeiro Crime Organizado em um País cujo Estado não foi fundado pela sociedade – e sim inventado por outro Estado ibérico, cheio de vícios, burocratices, corrupções e autoritarismos? O sistema não vai combater a si mesmo. É inútil esperar que isto aconteça, por milagre.
A essa altura do campeonato, o Capitão Nascimento deve estar confuso. Seu estresse, que provoca síndromes do pânico, já deve beirar o limite do tolerável. Vamos deixá-lo descansar na paz da ficção, e partir para a ação. O confronto só precisa da escolha de um alvo preciso para começar. Se for eleito o alvo errado, continuaremos no eterno enxugamento de gelo. Se cada brasileiro começar eliminando o corrupto que existe dentro de si mesmo, já terá dado uma grande contribuição para a futura vitória contra o Verdadeiro Crime Organizado.
Experimente dar um tiro de 12 na sua consciência. É melhor do que deixar sua cara bonitinha (porém ordinária) para seu velório no enterro geral de uma Nação condenada pela História a nunca dar certo. Aperte logo o gatilho! Senta o dedo à vontade! Antes que seja tarde demais. E a terra (arrasada) lhe seja leve.
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Não vi a reportagem da VEJA por aqui, se estou repetindo, peço desculpas:
A realidade, só a realidade
Tropa de Elite, o filme mais visto e mais comentado
da história do cinema brasileiro, é uma obra de ficção.
Mas retrata com uma fidelidade jamais vista como a
criminalidade degradou o Brasil de alto a baixo
Para ser qualificada de grande, uma obra de arte precisa estabelecer conexões profundas com as pessoas. Ao analisar o papel das tragédias teatrais, por exemplo, o filósofo grego Aristóteles concluiu que elas acabavam por purificar os espectadores quando lhes causavam sentimentos de terror e compaixão. Isso porque, depois de experimentá-los, as pessoas sairiam aliviadas, purgadas dos próprios pesadelos. Aristóteles chamou a isso catarse. O tipo de conexão proporcionado por Tropa de Elite, do diretor José Padilha, é de outra ordem. Trata-se de um grande filme justamente pelo contrário: ele não concede válvulas de escape ao retratar como a criminalidade degradou o país de alto a baixo. O pesadelo real ganha ainda mais nitidez. A sociedade brasileira, pelo jeito, ansiava por esse tapa na cara dado pelo capitão Nascimento, o policial interpretado magistralmente por Wagner Moura. Lançado há apenas duas semanas, Tropa de Elite já é o filme mais visto e comentado da história do cinema brasileiro. As salas de exibição lotam em todas as sessões e estima-se que mais de 11 milhões de pessoas tenham assistido ao filme em DVDs piratas que inundaram os camelôs de várias capitais do país (veja reportagem). Gírias policiais reproduzidas no filme e trechos de diálogos entre os personagens – como "pegou geral" e "01 pede pra sair" – tornaram-se bordões repetidos nas mais diversas situações.
O assunto da obra do diretor José Padilha é a guerra diuturna que a polícia carioca move contra os traficantes de drogas encastelados nos morros favelizados da cidade. Mais especificamente o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a tropa de elite do título. O tráfico de drogas, o nervo mais exposto de um país em desordem e refém do medo (veja o quadro), é tema comum na cinematografia nacional recente. A diferença é que esse filme o aborda pondo os pingos nos is. Bandidos são bandidos, e não "vítimas da questão social". Há policiais corruptos, mas também muitos que são honestos. Se existem traficantes de cocaína e maconha, é porque há milhares de consumidores que os bancam. Muitos desses consumidores, aliás, são aqueles mesmos que fazem "passeatas pela paz" e compactuam com a bandidagem para abrir ONGs em favelas. Por último, a brutalidade de alguns policiais pode ser explicada pelo grau de penúria e abandono que o estado lhes reserva.
Ditas de maneira tão simples, essas verdades parecem de uma obviedade ululante. E são. Mas o Brasil, infelizmente, é um país de idéias fora do lugar por causa da afecção ideológica esquerdista que inverte papéis, transformando criminosos em mocinhos e mocinhos em criminosos. Aqui, a "questão social" é justificativa para roubos, assassinatos e toda sorte de crime e contravenção – mesmo quando praticados por quadrilhas especializadas, compostas por integrantes que nada têm de coitadinhos. O apresentador Luciano Huck que o diga. Dois ladrões roubaram-lhe um relógio caro em São Paulo e ele, indignado, atreveu-se a escrever um artigo no jornal Folha de S. Paulo para reclamar da falta de segurança. Por ser um homem rico, da elite, Huck sofre um linchamento moral. Há até quem pergunte se ele "mereceu ser roubado". Existe quem mereça?
Tentaram fazer o mesmo com Tropa de Elite. Os ideólogos que o rotularam de "fascista" viram-se, porém, obrigados a dobrar-se ao sucesso do filme. Na semana passada, a pedido de VEJA, o instituto Vox Populi realizou uma pesquisa para medir o impacto de Tropa de Elite nos espectadores. Os resultados indicam por que o filme é arrebatador. Na opinião de 72% dos entrevistados, os criminosos que aparecem no filme são tratados como merecem. Quase 80% deles concordam que a polícia é apresentada com fidelidade – ou seja, tem uma banda podre e uma banda boa. Tropa de Elite agrada também por abordar a responsabilidade dos usuários de drogas sem meias palavras. O capitão Nascimento diz que o "playboy" que fuma um cigarro de maconha é o responsável pela morte de um traficante abatido pelo Bope. A afirmação encontra eco na população. Para 85% dos espectadores, o raciocínio do capitão Nascimento está correto. O policial vivido por Wagner Moura ganhou enorme popularidade, mas isso não significa que todas as pessoas enxerguem num Rambo a solução para problema tão complexo como o da criminalidade. Na opinião de 53% dos entrevistados, o capitão é um herói, mas 43% rejeitam essa idéia, embora o vejam com relativa simpatia. As características do personagem ajudam a explicar tal divisão. Nascimento é um ser humano devastado. Sofre de síndrome do pânico, consome vorazmente remédios de tarja preta e suas explosões freqüentemente resultam em ações que extrapolam o manual do Bope.
Na pesquisa encomendada por VEJA, chama atenção o fato de 51% dos espectadores desaprovarem a tortura como um meio de extrair confissões de criminosos. É uma maioria pequena – 47% aprovam esse método desumano –, mas que aponta no sentido da civilização. Seria até de esperar que o desespero dos brasileiros em relação à segurança se traduzisse numa proporção ainda mais larga de pessoas adeptas da tortura policial. É bom que se diga: em nenhum momento, Tropa de Elite legitima o uso da tortura, o que seria deplorável. Apenas mostra como o descaso e a barbárie podem animalizar agentes da lei. "Como está dito no filme, o policial tem três escolhas: ou ele se corrompe, ou se omite ou vai para a guerra", afirma o diretor José Padilha. O Brasil só tem duas escolhas: ou derrota os criminosos ou é derrotado por eles. Pela acolhida que o filme está recebendo, os brasileiros não têm a menor dúvida do caminho a seguir.
Abaixo a mitologia
da bandidagem
Tropa de Elite não rompe só com a tradição nacional
de narrar uma história do ponto de vista do bandido:
rompe com a visão pia e romantizada do criminoso
Cenas chocantes não faltam em Tropa de Elite. Uma delas é abissal – não pela violência, mas pela inversão moral que representa. Baiano, chefe do tráfico em um morro, descobre que Matias, o namorado de uma estudante que trabalha numa ONG na favela (e que consome sua mercadoria), é policial. Baiano encurrala a moça e os amigos dela, exigindo uma resposta: com quem, afinal, eles "fecham"? Com ele ou com a polícia? Com ele, é claro, responde o contingente zona-sul. Que fala com sinceridade, não apenas por medo, mas porque a esses garotos e garotas de fato parece impensável alinhar-se com a autoridade e seu suposto fascismo.
Também o cinema brasileiro "fechou" com os bandidos. Ele os prefere por razões que vão de hábitos criativos à ideologia e às circunstâncias históricas do Brasil – remotas e presentes. A romantização do crime teve seu primeiro momento forte nas décadas de 60 e 70, quando a ditadura militar deu à autoridade policial contorno arbitrário. O Bandido da Luz Vermelha, O Assalto ao Trem Pagador e Lúcio Flávio – O Passageiro da Agonia marcaram época nas salas de exibição. Hoje, de Cidade de Deus e Carandiru a Cidade dos Homens, a vida do ponto de vista do crime, ou de quem existe na sua proximidade, permanece talvez o maior tema do cinema nacional. Tropa de Elite é uma exceção no empenho em observar o caos brasileiro por um prisma diverso.
A missão que Tropa de Elite cumpre agora foi iniciada por Cidade de Deus, que desmantelou os estereótipos do criminoso coitado e do bandido camarada (figuras que, logo a seguir, Carandiru reinstauraria com veemência). No cinema da "retomada", o filme de Fernando Meirelles foi pioneiro em demonstrar que o crime tem, sim, mil maneiras de seduzir jovens e pobres – mas, salvo uma minoria, a quem as circunstâncias acuam de modo inescapável, pode-se não aceitar esse convite. Esse raciocínio domina também Tropa de Elite. Meirelles e Padilha, assim, estão solitários no seu rompimento com a visão praticada pela maioria dos cineastas brasileiros. A qual, em última análise, mitiga sempre a opção pelo crime em face da pobreza e "alivia" o bandido mesmo quando não haveria o que "aliviar".
Resumir toda a atitude de uma cinematografia perante a lei, a autoridade e a Justiça obriga a generalizações. Mas o que se obtém de um balanço entre o cinema nacional e o cinema americano são concepções opostas do lugar que a lei ocupa na sociedade. Desde os velhos faroestes, a produção americana é dominada pela idéia de contrato social: o país só nasce e subsiste na medida em que os homens abdicam de fazer justiça pelas próprias mãos e transferem esse poder aos "homens da lei". Esse pacto pode ser traído, subvertido, posto em questão – por facínoras, xerifes corruptos ou justiceiros. No entanto, o importante é reafirmá-lo e, assim, preservar a sociedade.
Isso não é sinônimo de maniqueísmo. O cinema americano comporta uma miríade de retratos de criminosos e de policiais, dos mais esquemáticos aos mais matizados. O que o distingue do brasileiro é que ele provavelmente retrata mais policiais do que criminosos – e não só em filmes do gênero. Com grande freqüência, o policial conduz dramas, porque é possível enxergar nele, honesto ou corrupto que seja, um personagem rico em dilemas – não apenas a figura do bufão, do seboso ou do fascista, tão comuns na produção nacional. Muitos viraram mitos, do inflexível xerife Wyatt Earp, que já pipocou em filmes diversos, ao personagem-título de Serpico, baseado no caso real de um detetive que delatou toda uma vasta rede de corrupção na polícia de Nova York. Ao contrário destes, o Dirty Harry interpretado por Clint Eastwood em Perseguidor Implacável – que, no início dos anos 70, foi tão controverso quanto Tropa de Elite – e numa série de outros filmes não foi uma figura verídica. Mas, até hoje, seu nome serve para definir um certo tipo de agente da polícia, que não tem paciência para com as regras judiciais e da corporação e usa de métodos próprios (leia-se, truculência) para fazer justiça às vítimas do crime.
Em outro filme de Eastwood, Os Imperdoáveis, Gene Hackman eternizou uma estirpe bem diversa de homem da lei – aquele que acha que a lei não se aplica, por exemplo, ao sujeito que mutilou uma prostituta. Quando todo o bordel se cotiza para contratar um pistoleiro que corrija a situação, tem-se um exemplo cristalino da importância da idéia do contrato social. Prostitutas também votam em xerifes, e portanto exigem a justiça que lhes é devida, ainda que por meios anômalos. A sociedade, enfim, está longe de ser perfeita – mas o cancelamento de seus acordos básicos seria ainda pior. No cinema brasileiro, prevalece a idéia oposta: a de que a sociedade é essencialmente má. Em parte, essa visão decorre de o Brasil ser de fato injusto; mas é sobretudo um resquício encarquilhado de esquerdismo: se a sociedade é ruim, jogue-se a sociedade fora.
No cinema brasileiro, o bandido foi, antes de tudo, um romântico, um inconformista. Isso, até agora. O impacto de Tropa de Elite mostra com clareza que o cinema nacional precisa de uma nova sociologia. A platéia sabe que escolher entre uma polícia corrupta e uma polícia violenta não é escolha. Mas dá sinais de que não quer mais ver a bandidagem mitificada.
http://veja.abril.com.br/171007/p_080.shtml
A realidade, só a realidade
Tropa de Elite, o filme mais visto e mais comentado
da história do cinema brasileiro, é uma obra de ficção.
Mas retrata com uma fidelidade jamais vista como a
criminalidade degradou o Brasil de alto a baixo
Para ser qualificada de grande, uma obra de arte precisa estabelecer conexões profundas com as pessoas. Ao analisar o papel das tragédias teatrais, por exemplo, o filósofo grego Aristóteles concluiu que elas acabavam por purificar os espectadores quando lhes causavam sentimentos de terror e compaixão. Isso porque, depois de experimentá-los, as pessoas sairiam aliviadas, purgadas dos próprios pesadelos. Aristóteles chamou a isso catarse. O tipo de conexão proporcionado por Tropa de Elite, do diretor José Padilha, é de outra ordem. Trata-se de um grande filme justamente pelo contrário: ele não concede válvulas de escape ao retratar como a criminalidade degradou o país de alto a baixo. O pesadelo real ganha ainda mais nitidez. A sociedade brasileira, pelo jeito, ansiava por esse tapa na cara dado pelo capitão Nascimento, o policial interpretado magistralmente por Wagner Moura. Lançado há apenas duas semanas, Tropa de Elite já é o filme mais visto e comentado da história do cinema brasileiro. As salas de exibição lotam em todas as sessões e estima-se que mais de 11 milhões de pessoas tenham assistido ao filme em DVDs piratas que inundaram os camelôs de várias capitais do país (veja reportagem). Gírias policiais reproduzidas no filme e trechos de diálogos entre os personagens – como "pegou geral" e "01 pede pra sair" – tornaram-se bordões repetidos nas mais diversas situações.
O assunto da obra do diretor José Padilha é a guerra diuturna que a polícia carioca move contra os traficantes de drogas encastelados nos morros favelizados da cidade. Mais especificamente o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a tropa de elite do título. O tráfico de drogas, o nervo mais exposto de um país em desordem e refém do medo (veja o quadro), é tema comum na cinematografia nacional recente. A diferença é que esse filme o aborda pondo os pingos nos is. Bandidos são bandidos, e não "vítimas da questão social". Há policiais corruptos, mas também muitos que são honestos. Se existem traficantes de cocaína e maconha, é porque há milhares de consumidores que os bancam. Muitos desses consumidores, aliás, são aqueles mesmos que fazem "passeatas pela paz" e compactuam com a bandidagem para abrir ONGs em favelas. Por último, a brutalidade de alguns policiais pode ser explicada pelo grau de penúria e abandono que o estado lhes reserva.
Ditas de maneira tão simples, essas verdades parecem de uma obviedade ululante. E são. Mas o Brasil, infelizmente, é um país de idéias fora do lugar por causa da afecção ideológica esquerdista que inverte papéis, transformando criminosos em mocinhos e mocinhos em criminosos. Aqui, a "questão social" é justificativa para roubos, assassinatos e toda sorte de crime e contravenção – mesmo quando praticados por quadrilhas especializadas, compostas por integrantes que nada têm de coitadinhos. O apresentador Luciano Huck que o diga. Dois ladrões roubaram-lhe um relógio caro em São Paulo e ele, indignado, atreveu-se a escrever um artigo no jornal Folha de S. Paulo para reclamar da falta de segurança. Por ser um homem rico, da elite, Huck sofre um linchamento moral. Há até quem pergunte se ele "mereceu ser roubado". Existe quem mereça?
Tentaram fazer o mesmo com Tropa de Elite. Os ideólogos que o rotularam de "fascista" viram-se, porém, obrigados a dobrar-se ao sucesso do filme. Na semana passada, a pedido de VEJA, o instituto Vox Populi realizou uma pesquisa para medir o impacto de Tropa de Elite nos espectadores. Os resultados indicam por que o filme é arrebatador. Na opinião de 72% dos entrevistados, os criminosos que aparecem no filme são tratados como merecem. Quase 80% deles concordam que a polícia é apresentada com fidelidade – ou seja, tem uma banda podre e uma banda boa. Tropa de Elite agrada também por abordar a responsabilidade dos usuários de drogas sem meias palavras. O capitão Nascimento diz que o "playboy" que fuma um cigarro de maconha é o responsável pela morte de um traficante abatido pelo Bope. A afirmação encontra eco na população. Para 85% dos espectadores, o raciocínio do capitão Nascimento está correto. O policial vivido por Wagner Moura ganhou enorme popularidade, mas isso não significa que todas as pessoas enxerguem num Rambo a solução para problema tão complexo como o da criminalidade. Na opinião de 53% dos entrevistados, o capitão é um herói, mas 43% rejeitam essa idéia, embora o vejam com relativa simpatia. As características do personagem ajudam a explicar tal divisão. Nascimento é um ser humano devastado. Sofre de síndrome do pânico, consome vorazmente remédios de tarja preta e suas explosões freqüentemente resultam em ações que extrapolam o manual do Bope.
Na pesquisa encomendada por VEJA, chama atenção o fato de 51% dos espectadores desaprovarem a tortura como um meio de extrair confissões de criminosos. É uma maioria pequena – 47% aprovam esse método desumano –, mas que aponta no sentido da civilização. Seria até de esperar que o desespero dos brasileiros em relação à segurança se traduzisse numa proporção ainda mais larga de pessoas adeptas da tortura policial. É bom que se diga: em nenhum momento, Tropa de Elite legitima o uso da tortura, o que seria deplorável. Apenas mostra como o descaso e a barbárie podem animalizar agentes da lei. "Como está dito no filme, o policial tem três escolhas: ou ele se corrompe, ou se omite ou vai para a guerra", afirma o diretor José Padilha. O Brasil só tem duas escolhas: ou derrota os criminosos ou é derrotado por eles. Pela acolhida que o filme está recebendo, os brasileiros não têm a menor dúvida do caminho a seguir.
Abaixo a mitologia
da bandidagem
Tropa de Elite não rompe só com a tradição nacional
de narrar uma história do ponto de vista do bandido:
rompe com a visão pia e romantizada do criminoso
Cenas chocantes não faltam em Tropa de Elite. Uma delas é abissal – não pela violência, mas pela inversão moral que representa. Baiano, chefe do tráfico em um morro, descobre que Matias, o namorado de uma estudante que trabalha numa ONG na favela (e que consome sua mercadoria), é policial. Baiano encurrala a moça e os amigos dela, exigindo uma resposta: com quem, afinal, eles "fecham"? Com ele ou com a polícia? Com ele, é claro, responde o contingente zona-sul. Que fala com sinceridade, não apenas por medo, mas porque a esses garotos e garotas de fato parece impensável alinhar-se com a autoridade e seu suposto fascismo.
Também o cinema brasileiro "fechou" com os bandidos. Ele os prefere por razões que vão de hábitos criativos à ideologia e às circunstâncias históricas do Brasil – remotas e presentes. A romantização do crime teve seu primeiro momento forte nas décadas de 60 e 70, quando a ditadura militar deu à autoridade policial contorno arbitrário. O Bandido da Luz Vermelha, O Assalto ao Trem Pagador e Lúcio Flávio – O Passageiro da Agonia marcaram época nas salas de exibição. Hoje, de Cidade de Deus e Carandiru a Cidade dos Homens, a vida do ponto de vista do crime, ou de quem existe na sua proximidade, permanece talvez o maior tema do cinema nacional. Tropa de Elite é uma exceção no empenho em observar o caos brasileiro por um prisma diverso.
A missão que Tropa de Elite cumpre agora foi iniciada por Cidade de Deus, que desmantelou os estereótipos do criminoso coitado e do bandido camarada (figuras que, logo a seguir, Carandiru reinstauraria com veemência). No cinema da "retomada", o filme de Fernando Meirelles foi pioneiro em demonstrar que o crime tem, sim, mil maneiras de seduzir jovens e pobres – mas, salvo uma minoria, a quem as circunstâncias acuam de modo inescapável, pode-se não aceitar esse convite. Esse raciocínio domina também Tropa de Elite. Meirelles e Padilha, assim, estão solitários no seu rompimento com a visão praticada pela maioria dos cineastas brasileiros. A qual, em última análise, mitiga sempre a opção pelo crime em face da pobreza e "alivia" o bandido mesmo quando não haveria o que "aliviar".
Resumir toda a atitude de uma cinematografia perante a lei, a autoridade e a Justiça obriga a generalizações. Mas o que se obtém de um balanço entre o cinema nacional e o cinema americano são concepções opostas do lugar que a lei ocupa na sociedade. Desde os velhos faroestes, a produção americana é dominada pela idéia de contrato social: o país só nasce e subsiste na medida em que os homens abdicam de fazer justiça pelas próprias mãos e transferem esse poder aos "homens da lei". Esse pacto pode ser traído, subvertido, posto em questão – por facínoras, xerifes corruptos ou justiceiros. No entanto, o importante é reafirmá-lo e, assim, preservar a sociedade.
Isso não é sinônimo de maniqueísmo. O cinema americano comporta uma miríade de retratos de criminosos e de policiais, dos mais esquemáticos aos mais matizados. O que o distingue do brasileiro é que ele provavelmente retrata mais policiais do que criminosos – e não só em filmes do gênero. Com grande freqüência, o policial conduz dramas, porque é possível enxergar nele, honesto ou corrupto que seja, um personagem rico em dilemas – não apenas a figura do bufão, do seboso ou do fascista, tão comuns na produção nacional. Muitos viraram mitos, do inflexível xerife Wyatt Earp, que já pipocou em filmes diversos, ao personagem-título de Serpico, baseado no caso real de um detetive que delatou toda uma vasta rede de corrupção na polícia de Nova York. Ao contrário destes, o Dirty Harry interpretado por Clint Eastwood em Perseguidor Implacável – que, no início dos anos 70, foi tão controverso quanto Tropa de Elite – e numa série de outros filmes não foi uma figura verídica. Mas, até hoje, seu nome serve para definir um certo tipo de agente da polícia, que não tem paciência para com as regras judiciais e da corporação e usa de métodos próprios (leia-se, truculência) para fazer justiça às vítimas do crime.
Em outro filme de Eastwood, Os Imperdoáveis, Gene Hackman eternizou uma estirpe bem diversa de homem da lei – aquele que acha que a lei não se aplica, por exemplo, ao sujeito que mutilou uma prostituta. Quando todo o bordel se cotiza para contratar um pistoleiro que corrija a situação, tem-se um exemplo cristalino da importância da idéia do contrato social. Prostitutas também votam em xerifes, e portanto exigem a justiça que lhes é devida, ainda que por meios anômalos. A sociedade, enfim, está longe de ser perfeita – mas o cancelamento de seus acordos básicos seria ainda pior. No cinema brasileiro, prevalece a idéia oposta: a de que a sociedade é essencialmente má. Em parte, essa visão decorre de o Brasil ser de fato injusto; mas é sobretudo um resquício encarquilhado de esquerdismo: se a sociedade é ruim, jogue-se a sociedade fora.
No cinema brasileiro, o bandido foi, antes de tudo, um romântico, um inconformista. Isso, até agora. O impacto de Tropa de Elite mostra com clareza que o cinema nacional precisa de uma nova sociologia. A platéia sabe que escolher entre uma polícia corrupta e uma polícia violenta não é escolha. Mas dá sinais de que não quer mais ver a bandidagem mitificada.
http://veja.abril.com.br/171007/p_080.shtml
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa