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Mensagem
por Koslova » Qui Out 25, 2007 2:53 pm
É prudente deixar desativado sistemas defensivos como um CIWS?
Em alguns cenários sim em outros não. Normalmente quando se opera contra um inimigo que não represente uma ameaça aérea se muda os estados de prontidão do CIWS. A questão chave ai, é que a inteligencia parece não ter considerado a possibilidade dos misseis ASM nas mãos dos guerrilheiros.
Segundo se o CIWS Phanlax estivesse ligado ele teria que probabilidade abater com sucesso um míssil pequeno e silencioso eletronicamente como o C701, que veio pelo lado da popa do navio?
A possibilidade em teoria seria grande, mas como disse, se os niveis de prontidão extivessem condicionados a este tipo de ameaça. Sistemas CIWS combinados com SAM SACLOS como o Barak tem elevada acuidade mesmo contra alvos pequenos.
A Hanit pelo que observei foi projetada para engajar os mísseis que a atacam pela proa, por isso o CIWS fica na proa, tem dois lançadores de decoys na proa e mísseis Barak também na proa. Para a defesa ser eficiente não deveria haver um segundo CIWS na popa?
Quase todo navio tem um angulo preferencial de tiro para o seu CIWS. Quando o míssil é detectado o navio manobra para se posicionar com a popa ou com a proa apontada para o míssil. Isto reduz a area de impacto do míssil em até 10 vezes. Em alguns navios se aponta a proa em outros a popa. Claro que dois CIWS são mais eficientes, mas existem relações de compromisso de projeto que condicionam varios projetos a apenas um CIWS. A questão não foi ter dois CIWS ou apenas um, mas sim não tomar os procedimentos devidos para se defender.
Quanto a abater alvos amigos, não existe o sistema IFF?
De fato existe, mas a questão é que em teoria todo mundo tem IFF, todos os IFF funcionam, na pratica em conflito nem sempre é assim. O relaxamento dos modos AA era uma proteção extra para as forças da IDF em Beirute, caso Israel acredita-se que lidaria com um ASM como disse na mensagem anterior mudaria as regras de engajamento.
E o sistema de guerra eletronica MAGE (ESM) Elisra não deveria ter detectado as emissões de comunicação de guiagem entre o míssil C 701 guiado por TV e o seu lançador ou este míssil é totalmente passivo, do tipo dispare e esqueça?
Pode ser fire - and - forget, mas mesmo se houve a captura de um sinal de data link, tudo que você sabe é que existe um transmissor de data link ligado, dai até caracterizar o ataque, mudar os modos de prontidão etc, pode haver muitas falhas e atraso.
Quando aquela fragata americana foi atacada por um Exocet no golfo, o Mirage F-1 estava sendo monitorado pelo radar do navio e por um AWACS. O sistema MAGE do navio detectou o radar de bordo do caça travando no alvo antes de lançar o míssil.
Porque ele foi atingido?
Porque a cadeia de decisões que não depende to MAGE, não depente do radar, não depente do CIWS estava errado. Não saberemos exatamente quais sensores da fragata detectou o míssil, mas sabemos que houveram procedimentos errados associados a interpretação da situação tática.
Caso o sistema de decoys Deseaver fosse acionado e fossem lançados os decoys (de chaff e os decoys flares, que são projetados para iludir mísseis guiados por TV e infravermelho respectivamente), haveria alguma chance de atrapalhar a visada de um míssil guiado por TV. Digamos atrapalhar a visão óptica do míssil.
Em um míssil IIR o flare é pouco eficiente, tem que abater mesmo.
Foram lançados outros mísseis contra a Hanit?
Aparentemente sim.
Qual a sua opinião sobre a tecnologia Stealth aplicada a navios, vantagem ou não faz muita diferença desde que o navio seja armado a altura para se defender?
É vantagem sim. Um navio furtivo pode ser detectado na média a 50% da distancia de um navio de igual porte não furtivo. Isto em cenários navais pode fazer uma grande diferença. Imagina um radar de bordo de um avião de patrulha maritima com 200 milhas de alcance, porem contra um navio de projeto furtivo ele só poderia ser detectado a 100 milhas, isto dificulta a tarefa de localização do GT pelo oponente.
Se ao invés da Hanit classe Sa ar 5 fosse uma corveta classe Visby sueca, um dos navios de desenho mais furtivo da atualidade, a coisa teria sido diferente?
Seria a mesma coisa, e a Visby tivesse realizando a mesma missão com as mesmas premissas táticas.
Qual a sua opinião sobre o míssil C 701 guiado por TV, não seria ele uma boa solução para a defesa do litoral por países pobres ou é uma arma obsoleta, que deu sorte. Assim como os Styx com o Eilath no passado.
É uma arma não muito moderna.
A questão de defesa do litoral é que é peculiar. Se você esta na suécia, na dinamarca e tem ali "do outro lado" a Rússia que pode percorrer 100 milhas e te invadir, então você precisa pensar em defesa do litoral. Se esta no golfo, e ai do lado, a 100 milhas tem outro país, ou no mar do Japão ou mar da China, se estiver no mediterraneo, é uma coisa. Porque todo mundo opera perto do litoral de todo mundo.
Um C701 é um míssil ruim? De fato ele não impressiona, mas ter centenas deles protegendo a costa, bem, ai a ameaça é séria.
Em um país como o Brasil a defesa da costa é completamente diferente, não vai ser um míssil com 100Km de alcance camuflado em uma praia que defende a nossa costa. Ai é um problema dos submarinos, fragatas, corvetas, aviões embarcados ou baseados em terra, porque o GT inimigo não vai estar a 100Km e concentrado, mas espalhado por uma aréa gigantesca.
Há estava esquecendo, para quem gosta de navios, não foi um erro não colocarem um canhão naquela classe de corveta, acho que um Oto Melara de 76 mm fez e faz falta. Poderia atirar de volta contra o lançador, revidando o fogo?
Particularmente não acho que ela precise de canhão, claro que se tivesse um canhão médio haveria capacitades extras que ela não tem, mas também haveriam perdas. Estes navios assim como outras classes que operam em lugares "apertados" como o Mediterraneo ou Baltico são pensados em ter uma alta capacidade de fogo por deslocamento, penalizando é claro autonomia.
Se a marinha de Israel fosse uma marinha com pensamento de "aguas azuis" certamente haveria um canhão e este tipo de navio teria uma capacidade autonoma maior, mas a doutrina deles é que qualquer coisa que precise de fogo sobre terra vai estar "ali do lado" e ai existem uma lista enorme de vetores de ataque disponiveis para a missão.
Quando a RN decidiu colocar canhão nas Type-22 Batch II estava pensando como uma marinha de aguais azuis. Fosse ela por exemplo um navio suéco ou noruegues talvez continua-se como estava.