[quote="orestespf"]Bem, todo mundo aqui sabe o quanto eu gosto de uma polêmica, o quanto gosto de provocar (discussão). Não afirmei nada sobre nada, apenas fiz perguntas e lancei idéias no ar, mas vou dar algumas poucas opiniões sobre o assunto.
1) Não vejo problema algum em comprar um caça que pode ser considerado um fracasso comercial, desde que seja um senhor vetor e que tenhamos condições de fabricá-lo aqui. Não precisa dominar todo o ciclo de produção, as partes críticas poderão vir de fora, da mesma forma que a Embraer já faz com seus aviões.
2) Ainda não consigo ver um caça sendo fabricado ou apenas montado no Brasil sem a participação da Embraer.
3) A FAB deve dizer o caça que deseja e o governo aprová-lo ou não. Se for aprovado a Embraer será contactada e haverá negociações para fabricação/montagem pela mesma. Esta aceitará ou não. O governo deverá respeitar as posições desta empresa com interesses comerciais e financeiro. Não faz sentido o governo (FAB) impor condições que impliquem em possível prejuízo para a Embraer.
4) Não é a Embraer que deverá dizer qual o melhor caça para o país, isso é prerrogativa da FAB.
5) A FAB e o governo não devem escolher um caça pensando nos possíveis lucros da Embraer oriundos de projetos da própria empresa. Explico: a FAB não deve comprar F-16 só porque a Embraer visa lucro no projeto americano ACS. Isto diz respeito a empresa que é privada. Se a FAB desejar o F-16 que o escolha por suas características (técnicas, econômicas, etc.).
6) A FAB não deve escolher o Rafale pelas possíveis boas relações que a Embraer já teve com os franceses. Deve-se escolher pelas características do vetor em si, caso análogo ao F-16 acima.
7) A FAB não deve deixar de escolher o SU-35BM ou Gripen só porque a Embraer tem possíveis problemas com os russos e talvez com os suécos. Se forem os escolhidos, que se negocie com a Embraer. Se esta se mostrar satisfeita com as condições, ótimo, se não for o caso, que o governo viabilize condições para fabricação/montagem no país.
8) Não me importa se a Embraer vai se associar a alguma empresa extrangeira para defender seus negócios. O governo e a FAB não devem se preocupar com isso e nem com a geração de emprego, que viria por outros meios.
9) Todo tipo de pressão vai surgir, mas o governo e a FAB não podem perder a oportunidade ímpar que estão tendo para por em prática um sistema de defesa para o país. Não há espaços para manobras políticas, econômicas, corporativistas, de lobistas e de interesses pessoais. Se houver um erro da parte do governo, sinto muito, um abraço.
10) Não existe um caça escolhido até agora, apenas a determinação do governo em obter transferência de tecnologia, mais do que offset.
11) Teoricamente, todos estão empatados. Só existe um ganhador quando existe um jogo e só existe jogo se existem regras. Estas regras ainda estão sendo elaboradas. Quem ganhou, venceu com as regras antigas e que não têm validade alguma.
12) A probabilidade de um único país vencer em todas a "modalidades" (caças, subs, escoltas, etc.) é muito próxima de zero. Isso significa aumentar nossas dependências externas a um só país.
13) Um ponto relevante é a comunalidade dos armamentos (parte muito cara) e da integração dos nossos armamentos e desenvolvimento de novos. Em suma, um armamento "padrão" de um vetor pode ser diferente do que se pretende usar, mas este deve ter condições para integrar a custos aceitáveis os armamentos desejados e comuns. Esta comunalidade não é absoluta, mas é mais do que desejável.
14) O recado do MD de que é necessário transferência de tecnologia não se aplicava apenas aos EUA e França como imaginei e não apenas a caças. O recado foi usado também para o caso dos hélis e para a nossa "montadora" local (Helibrás). Fiquei sabendo que agora isso não basta, sinalizaram pra ela se "movimentar".
15) Confirmei que os EUA não transferem nada e que querem "compensar" esta deficiência com offset. Até agora, descartado (como no FX). Os franceses estão fazendo "doce", daí o recado. Usaram e abusaram com o sub e as dificuldades que tivemos com os 214, se queimaram. Os bons preços oferecidos eram para encobrir a ausência de transferência de tecnologia. Mas o "jogo" continua.
A coisa está só começando, várias conversas e negociações já estão acontecendo (muito mais do que se divulga aqui). Em função destas negociações o MD vem a público e dá "recados" claros através da imprensa. Observem e anotem.
Um recado para um determinado país não significa que seu produto é o desejado, no fundo é a forma que o governo tem encontrado para dizer o que quer e de fazer pressão. Ou seja, tem-se evitado as negociatas (observe que eu disse, "tem-se evitado").
O governo não procura apenas o melhor produto, mas também as melhores condições e não apenas de pagamento (este não será mais o ponto central). Não adianta comprar um produto barato, de rápida entrega, com "brindes", com offset maravilhoso, com etc. e reticências, é necessário condições mínimas de operacionalidades futuras (logística, manutenção, custos agregados, etc.).
Divirtam-se. Falei demais, pra quem sabe ler, pingo é letra.
Saudações,
Orestes[/quo
Usaram e abusaram com o sub e as dificuldades que tivemos com os 214, se queimaram.
Isso refere-se aos Xenofóbicos ou aos Chucrutes?