Mapinguari escreveu:Jet Crash® escreveu:Tava aqui sem fazer nada e me deparei com o hovercraft, então me veio a cabeça a seguinte pergunta. Porque não usá-los na Amazônia?
Existem vários modelos de diferentes tamanhos. Seria um ótimo veículo para locomoção no Rio Amazonas, já que não teria problemas com bancos de areia, poderia aportar naquelas praias tranquilamente, maior velocidade que embarcações convencionais, sem preocupação com as cheias do rio. Ajudaria na integração da Amazônia, talvez tal qual o anfíbio Catalina fez um dia.
Prá deslocar tropas em grande quantidade e rapidez.
Não rola hovercraft na Amazônia, JetCrash.
Existem muitos troncos flutuando, descendo rio abaixo. No primeiro impacto com um, adeus hovercraft.
Mas a MB e o EB juntos poderiam comprar as CB-90 suecas para o Batalhão de Operações Ribeirinhas (CFN) e para os Batalhões de Selva do EB. A CB 90 e a Group Boat (G-Boat) já foram demonstradas aqui e avaliadas por mais de um ano pelo EB. Essas sim, são fantásticas. O casco delas é de alumínio mas é reforçado, uma vez que foram projetadas para operar no litoral rochoso da Suécia. E a filosofia de emprego delas prevê abicagens nas margens, quando os soldados desembarcam.
Tenho um vídeo que fiz de uma demonstração da CB 90 para a qual fui convidado, em abril de 2004. Vou subir o vídio para o YouTube e postar aqui o link. O barco é fantástico.
Gente, desculpe a intromissão, mas reli o tópico todo e notei que o principal problema dos hovercrafts para operações na Amazônia não foi citado.
É verdade que eles passariam por cima dos troncos flutuantes sem nem percebê-los, que poderiam passar de um trecho de rio para o outro pairando sobre a terra firme sem problemas, e que podem se deslocar bem rapidamente. E também é verdade que eles consomem muito combustível (pois precisam gastar grande parte da energia gerada por seus motores para manter o colchão de ar sobre o qual flutuam), e que o desgaste das saias é rápido, principalmente em terreno abrasivo (como acontece com pneus). Mas o fator que limita seu uso nos rios amazônicos é outro completamente diferente.
O que acontece é que os hover's, justamente por se deslocarem sobre um conchão de ar que elimina o atrito com a superfície da água ou do solo, apresentam uma comportamento direcional errático, deslizando de lado em qualquer manobra ou mesmo quando apenas atingidos pelo vento ou por uma onda na saia. Este efeito pode ser minimizado pelo uso de hélices móveis para o controle direcional (no lugar dos simples lemes aerodinâmicos), mas mesmo isto não elimina totalmente o problema de derrapagem típico da navegação destes veículos. Assim, eles não são adequados para operar em espaços estreitos, apenas em áreas desimpedidas como grandes lagos, oceanos, pântanos com poucas árvores e desertos.
Entrar com um hovercraft em um igarapé da Amazônia é pedir para bater em todas as árvores que ladearem os caminhos estreitos, e se enroscar em tudo que é touceira de mato que estiver na linha sinuosa que é a trajetória que estes veículos percorrem, a menos que estejam em alta velocidade (quando suas superfícies aerodinâmicas tem melhor efeito em estabilizá-los). O único lugar onde eles poderiam se deslocar sem risco seria no meio da calha dos grandes rios, longe das margens, e isto lhes daria um emprego tático muito restrito na região.
Somente os hovercrafts semi-rígidos (cujas laterais são paredes rígidas que penetram na água como os cascos das embarcações normais, e que possuem saias flexíveis apenas na dianteira e na traseira) apresentam uma condição de navegação melhor, mas estes não podem sair da água e seriam muito danificados caso encontrassem algum tronco flutuante, coisa comum na região, quando estivessem utilizando sua alta velocidade.
É por esta razão que não se utilizam hovercrafts em lugares como os pântanos dos Everglades na Flórida (onde são utilizadas aquelas lanchas de fundo chato e helices aéreas, que derrapam um pouco menos), ou nos lagos menores do Canadá, ou nos rios amazônicos.
Leandro G. Card