02/10/2007 - 13h07
Tropa de elite tem estréia antecipada para sexta-feira
Após virar um sucesso pirata, filme finalmente chega aos cinemas do Rio e São Paulo.
Em coletiva de lançamento, diretor nega que vazamento tenha sido golpe de marketing.
Carla Meneghini
O público do Rio e de São Paulo vai poder conferir o filme “Tropa de elite” nos cinemas antes do que pensava. O longa-metragem teve sua estréia nessas duas cidades antecipada para a próxima sexta-feira (5), com 140 cópias. No resto do Brasil, a produção desembarca no dia 12 de outubro.
O anúncio aconteceu na manhã desta terça-feira, na coletiva de imprensa oferecida em função do lançamento. Estavam presentes o diretor José Padilha, o produtor Marcos Prado e os atores Wagner Moura, Caio Junqueira, André Ramiro e Fernanda Machado.
Originalmente, o filme seria lançado em novembro, mas uma cópia não-finalizada do longa acabou vazando na internet e teve cerca de 1 milhão de cópias piratas vendidas, segundo dados estimados da produtora.
A produção tem lançamento nos EUA previsto para janeiro pela Weinstein e pode até virar seriado no futuro. “Alguns canais de TV procuraram a gente para transformar o filme em série. Quem sabe? Mas o filme para mim é uma obra em si”, disse o diretor.
Golpe de marketing?
Pela primeira vez, o cineasta explicou os detalhes de como o longa foi pirateado. “Três funcionários da empresa de legendagem copiaram o filme e levaram para casa, daí para chegar às ruas levou um mês e meio, mas quando chegou, eu já tinha terminado”, conta Padilha, que nega ter feito modificações na produção em função da recepção da cópia pirata.
“Ah, Zé, foi uma jogada de marketing, não é?”, brincou Wagner Moura durante a entrevista. “Não houve jogada de marketing, isso é fato”, respondeu Padilha. “Acho errado atribuir à pirataria a palavra marketing, não gastamos um centavo para vender esse filme.”
Críticas
Ainda durante a entrevista, o diretor e o elenco rebateram críticas ao conteúdo do filme, que mostra os bastidores da ação do Batalhão de Operações Especiais da Polícia do Rio (Bope) em favelas. “Nós não vemos o Capitão Nascimento como herói; queremos apenas mostrar a realidade pelo olhar do policial. Se as pessoas se identificam com ele, nós não temos responsabilidade nenhuma sobre isso”, afirma Wagner Moura.
Sobre a abordagem que “Tropa” faz dos usuários de drogas de classe média, representados na trama por estudantes universitários, o cineasta afirmou: “eu sou a favor da descriminalização das drogas e da liberação da maconha, mas meu filme tem outro ponto de vista, que é o do policial”.
A posição política do filme também foi motivo de discussão. “É uma bobagem julgar se o filme é de direita ou esquerda, é uma abordagem provinciana e simplória”, diz Padilha.
O cineasta conta que, no início, “Tropa de elite” seria um documentário, mas logo ele encontrou obstáculos ao projeto. “Não consegui fazer como documentário. Se tivesse feito, não estaria vivo”, diz Padilha. “É importante mostrar que a polícia tortura e mata, mas um filme não pode resolver todos os problemas do Brasil.”
http://g1.globo.com/Noticias/Cinema/0,, ... 75,00.html