Para Reflexão:
Do artigo "Dúvidas sobre o FX" Ponto de Vista, Por:
Cosme Degenar Drumond, em Revista Tecnologia&Defesa n.o 102
mailto:degenar@sti.com.br
"O sucesso ou fracasso de qualquer força armada é sempre consignado ao poder político,o responsavél de fato pelo preparo da máquina bélica. O pensamento estratégico de um país é o parâmetro conceitual da eficiência militar e tecnológica associada é tão importante quanto a capacitação do componente humano. Nenhuma novidade,então,pois tem sido assim,como regra."
"No Brasil o orçamento militar em 2003 foi o décimo-terceiro no mundo,em paridade de poder de compra,ou o décimo-quarto em dólares. Porem,cerca de US$8 bilhões(75% do total alocado)destinaram-se a pagamento da folha salarial. Só 0,1% foram reservados para P&D. Os Norte-americanos gastam,respactivamente, 26% e 16% do orçamento de Defesa,previsão que, na opinião de especialistas,tem de ser diretamente proporcional as riquezas do país. o IDEAL SEGUNDO AFIRMAM,SERIAM 50% PARA CUSTEIO,25% PARA AQUISIÇÃO DE MATERIAIS E 25% EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO.(o grifo é meu)
Na mesma edição, entrevista com o Almirante de esquadra (FN)
Marcelo Gaya Cardoso Tosta, CGCFN.
"Gostaria de registrar a minha crença de que os resultados eficazes obtidos por uma força armada ou por um Corpo como o nosso são decorrentes da interação de cinco fatores essenciais:
-doutrina própria e consistente,escrita em manuais de uso generalizado em todos os níveis operativos,conferindo uma linguagem específica e respaldo legal as respectivas operações;
-estrutura flexivel capaz de prover a melhor organização para o cumprimento de determinada tarefa;
-militares profissionais submetidos a um processo de formação de qualidade e a atividade diária de adestramento;
-material especifico,projetado,avaliado,testado e pósteriormente padronizado para o uso generalizado pelos grupamentos operativos; e
-capacidade logistica compatível com a preservação do poder de combate do Grupamento Operativo em uma moldura temporal definida.
Além da interação desses fatores são também nescessários espirito de corpo,engenho e arte".
Um pensamento Portugues.
http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_ ... /pag4.html
O Nó Górdio das Forças Armadas
No início dos anos 90, quando a NATO adoptou uma nova estratégia militar, as forças armadas portuguesas ficaram envolvidas num nó górdio que ainda não foi desfeito: a incompatibilidade entre as responsabilidades decorrentes de uma estratégia vocacionada para a intervenção em conflitos regionais e os orçamentos de defesa nacional, condicionados por as prioridades políticas do país estarem focalizadas na satisfação dos anseios de progresso e bem-estar dos cidadãos.
Como tais responsabilidades são inalienáveis e essenciais à credibilidade internacional e a outros interesses importantes do país, as tentativas de libertação do nó górdio das forças armadas, privilegiaram inicialmente a redução dos sistemas de forças da Marinha, do Exército e da Força Aérea. Cortar, parecia lógico e essencial para que se pudessem aumentar as despesas de funcionamento até aos níveis necessários ao emprego das forças armadas fora do território nacional. Por isso, alienaram-se infra-estruturas e diminuíram-se comandos, forças e unidades. Todavia, verificou-se que estes cortes, por um lado, só disponibilizavam recursos financeiros no muito longo prazo; por outro lado, reduziam o dispositivo à dimensão mínima para o cumprimento das missões. Em consequência, foi ensaiada uma segunda tentativa de libertação do nó górdio das forças armadas, tirando partido dos benefícios que a tecnologia proporciona.
Devido aos enormes progressos dos sistemas de comando, controlo, comunicações, vigilância e reconhecimento, dos sistemas de informação, da mobilidade e da letalidade das armas, tornou-se possível reestruturar as capacidades militares, de forma a que unidades ligeiras desempenhem funções que antes exigiam consideráveis meios humanos e materiais.
Neste contexto e, como exemplo, refira-se que a Marinha efectuou uma revisão global do seu planeamento estratégico, definindo claramente um modelo do sistema de força naval adequado e exequível face às necessidades e às possibilidades do país.
Desta forma fixaram-se objectivos muito claros, para os quais a instituição foi direccionada, o que associado às melhorias nos processos de gestão, permitiu “recapitalizar” o orçamento; isto é, com o mesmo dinheiro passou a fazer-se mais. Porém, como durante muitos anos não se adquiriram ou modernizaram os meios militares, verifica-se agora que tal iniciativa não gera recursos financeiros suficientes para que as verbas de investimento e funcionamento alcancem os montantes que as missões exigem. Daí a necessidade de se conceber uma nova tentativa de libertação do nó górdio das forças armadas, que adopte uma perspectiva ampla de reestruturação, apele à inovação e seja dirigida para as áreas mais prementes.
Como se mantém a razão que impede aumentos significativos dos orçamentos de defesa nacional, a tarefa reveste-se de elevada complexidade, requer grande responsabilidade e serenidade e, como é incompatível com visões sectoriais ou individualizadas, obriga à integração dos múltiplos contributos e perspectivas coadjuvantes da sociedade civil e das forças armadas. Só desta forma se desenvolverá o amplo consenso nacional, indispensável à decisão dos órgãos de soberania em assuntos de defesa. Neste contexto, identifico como medidas prioritárias: impulsionar a definição de um sistema de forças nacional mais equilibrado, coerente e económico; estimular o valor profissional dos efectivos; e obter meios tecnologicamente adequados ao cumprimento das missões.
Não há hoje um “império da Ásia” para oferecer a quem desate o nó górdio das forças armadas portuguesas. Porém, é necessário que os mais altos responsáveis políticos e militares nacionais tenham a mesma coragem e determinação que Alexandre demostrou na lenda do rei da Frígia, e ponham em prática as medidas antes referidas, conjugando-as com duas linhas gerais de acção. Em primeiro lugar, declinando as concepções clássicas de reestruturação das forças armadas, que preconizam apenas as reduções de meios materiais e de efectivos, o que, por si só, não beneficia a relação custo/eficácia da defesa militar.
Complementarmente, como a operacionalização daquelas medidas requer tempo, muito mais tempo que uma legislatura, importa estabelecer uma base política alargada de sustentação da reforma, bem como desenvolver um esforço de captação do apoio da opinião pública, pelo esclarecimento dos objectivos a alcançar, tarefas em que as elites política e militar têm grande responsabilidade. Só nestas circunstâncias se assegurará que os encargos com a defesa são sentidos com alta rentabilidade pública, aspecto essencial para se inverter a conhecida “desorçamentação militar”, que se caracteriza por a aumentos do PIB não corresponderem melhorias sensíveis no orçamento das forças armadas, o que as remete para uma permanente e desgastante luta pela sobrevivência, geradora de considerável frustração institucional e inibidora de um papel mais activo na afirmação de Portugal na NATO e no mundo.
António Silva Ribeiro
CFR
górdio
s. m.,
género de vermes nematelmintas que se criam nos tanques, poças, etc. ;
adj.,
nó -: grande dificuldade; problema de solução difícil.