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Mensagem
por Corsário01 » Ter Ago 21, 2007 8:19 am
Agora tb em portugues:
Do podernaval:
A matéria completa sobre o S-80 :
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Espanha: Dificuldades para os submarinos S-80
Rumores de cancelamento, por entre atrasos do programa
A imprensa espanhola, embora com alguma timidez, tem vindo a referir
com cada vez mais insistência os problemas com o desenvolvimento do
submarino espanhol conhecido como projecto S-80.
O S-80, nasceu da cooperação entre a indústria francesa DCN e a
industria espanhola (Izar / Navantia). O nome do projecto conjunto
chamou-se Scorpéne.
O projecto Scorpéne implicava a construção de metade de cada submarino
na França e outra metade na Espanha, embora o consórcio fosse 67%
francês e 33% espanhol.
A Espanha no entanto, que inicialmente previa apenas pequenas
modificações locais ao submarino, cedo começou a projectar
modificações mais complexas.
A maior alteração ao projecto, ocorreu quando se confirmou que a
Espanha optaria por um sistema de combate (conjunto de hardware e de
software que coordena e gere as armas a bordo do navio) de fabrico
americano, preterindo o sistema francês «Subtics».
O desagrado francês não deixou de se notar, e à medida que a DCN e a
Navantia se afastavam, mais alterações se incorporavam ao navio
espanhol, que passou a ser conhecido como um projecto diferente do
próprio Scorpéne.
As notícias sobre as más relações entre a francesa DCN e a espanhola
Navantia, que foram noticiadas pelo areamilitar em Setembro, foram
sendo confirmadas por várias publicações especializadas, quer nos
meios de comunicação impressos quer nos digitais.
No final de 2006, os franceses, irritados com o facto de os espanhóis
terem aproveitado um submarino essencialmente francês, para
substituírem todo o seu interior com produtos de outras origens, não
estiveram com meias medidas, e apresentaram um submarino «novo», que
não é mais que um submarino Scorpéne com outro nome, a que juntaram
modificações pontuais. O novo «Marlin», pode assim ser apresentado
pelos franceses no mercado internacional, sem que os espanhóis
participem no processo, e a Espanha, se quiser tentar vender o
Scorpéne, tem que contratar pelo menos 50% da sua construção aos
franceses, os quais acabam ganhando de uma maneira ou de outra.
Mas as dores de cabeça espanholas são mais complicadas que os arrufos
e a irritação dos franceses.
Inicialmente foram feitos estudos em Espanha, para desenvolver um
sistema AIP, juntamente com a alemã MTU, mas os resultados não foram
aceitáveis e a opção da industria espanhola, foi bater à porta da UTC-
Power, do grupo United Technologies, que nos Estados Unidos desenvolve
estudos e pesquisa na área das células de combustível, tornando o
processo mais dependente da industria americana.[1]
5 anos para desenvolver um sistema:
Para piorar as coisas, e embora não tenha sido dado grande relevo à
notícia, o tempo previsto para o desenvolvimento de um sistema viável
de células de combustível AIP para os submarinos espanhóis seria
segundo a própria United Technologies de cinco anos [2], o que leva a
concluir que tal sistema só esteja pronto em 2011, atrasando
inevitavelmente o prazo de entrega previsto para o primeiro submarino,
pelo menos para 2012/2013 e o último para 2016/2017.
Somando a isto, o submarino Scorpéne, em cuja estrutura se baseia o S.
80, foi pensado para o sistema MESMA de propulsão independente do ar,
que queima Oxigénio e Etanol cuja reacção faz mover uma turbina a
vapor.
A troca do MESMA por um sistema de células de combustível, coloca os
projectistas espanhóis (que foram apenas responsáveis por uma parte do
projecto) com problemas de solução relativamente complexa.
O diagrama mostra as diferênças na colocação dos principais
componentes dos sistemas AIP MESMA e do sistema de células de
combustível
Ao contrário do MESMA, um sistema MPP (Membrana de Permuta de Protões)
de células de combustível, funciona juntando Oxigénio e Hidrogénio, e
para isso é necessário transportar quantidades consideráveis destes
dois reagentes.
A industria espanhola, tem vindo a tentar desenvolver um sistema que
permita aproveitar o facto de o Scorpéne incluir tanques de Etanol
(utilizado para o sistema MESMA) para a partir do Etanol produzir
Hidrogénio, evitando assim a complexidade associada ao transporte
daquele tipo de combustível.
Mas os atrasos no desenvolvimento de um sistema capaz de efectuar a
produção local de Hidrogénio, pode levar a que se tenha que recorrer
ao transporte do Hidrogénio em tanques. O problema é que é necessário
ter cuidados especiais com a localização do Hidrogénio, e o Scorpéne,
foi inicialmente desenhado para incluir tanques de Oxigénio e de
Etanol, mas não para transportar tanques de Hidrogénio, que nos
submarinos alemães, por exemplo, é transportado em tanques colocados
entre o casco pressurizado e o casco exterior (tecnicamente da parte
de fora do submarino).
Como o sistema MESMA, foi desenhado para conter todos ou praticamente
todos os seus componentes num módulo cilíndrico, que se pode mesmo
instalar depois de o submarino ter sido construído, cortando o
submarino e colocando a nova secção com o AIP, ele não considerou a
necessidade da colocação de pesado tanques para transportar um
combustível volátil como o Hidrogénio.
Como os técnicos espanhóis não conseguiram desenvolver o seu próprio
sistema AIP de células de combustível e tiveram que encomendar o seu
estudo e desenvolvimento aos americanos, neste momento eles não têm
como saber que sistema vai sair do período de desenvolvimento, nem tão
pouco sabem como será que vai funcionar o sistema de produção de
Hidrogénio de alto grau de pureza (se o conseguirem inventar) e onde
vão colocar os sistemas, os tanques, as válvulas, e toda a
parafernália necessária para fazer mover o submarino com o AIP ligado.
Juntando aos inevitáveis atrasos, parecem aumentar as críticas ao
facto de o S-80 não dar aos espanhóis praticamente nada em termos de
desenvolvimento de sistemas, porque o sistema de propulsão será
americano, o sistema de combate também, os torpedos e tubos de
torpedos deverão ser alemães, os mastros e sistemas telescópicos serão
igualmente de proveniência americana, embora em principio fabricados
na Itália, e os famosos mísseis Tomahawk que a Espanha pretende
comprar também virão da América.
O S-80, ficará assim em parte refém da politica externa dos Estados
Unidos, que podem a qualquer altura proibir a exportação do submarino
se os espanhóis estiverem interessados em vende-lo para algum cliente
que desagrade a Washington.
Todo o projecto está envolvido em demasiadas incógnitas, e o provável
aumento de custos, resultado dos atrasos, pode acabar por transformar
o S-80 no mais caro submarino convencional europeu.
Existem rumores de opiniões favoráveis ao cancelamento do projecto
S-80 e à sua substituição por qualquer coisa mais simples, já
desenvolvida, e que permita à industria espanhola um desenvolvimento
mais sustentado, embora mais vagaroso.
Para já, parecem ganhar contornos os projectos de modernização dos
submarinos Agosta, aos quais se poderá acrescentar também o sistema
AIP. Porém não se sabe que tipo de sistema AIP poderá ser considerado.
[1] Os números avançados pelo futuro fabricante do sistema AIP, a
United Technologies, apontam para células de combustível do tipo PEM,
idênticas às utilizadas pelos submarinos U212 e U214 alemães, embora
pelos dados conhecidos o S-80 seja um submarino 25% maior que os
submarinos alemães. Neste caso, a potência menor, reduzirá a
velocidade máxima de operação, ou então o período máximo de navegação
em modo AIP.
[2] A indústria alemã, chegou a estudar sistemas AIP nos anos 70, mas
concluiu que a tecnologia não estava suficientemente apurada. No final
dos anos 80, continuavam os trabalhos e apenas e 1996, foi finalmente
produzido um módulo viável para utilização num submarino.
Abraços,
Padilha