Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente
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Jornal britânico diz que dados da CIA sobre o Irã são infundados
Fonte: http://www.folha.com.br
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Muitos dos dados sobre o programa nuclear iraniano recolhidos pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos são "infundados", segundo fontes diplomáticas que atuam na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) citadas pelo jornal britânico "The Guardian', nesta sexta-feira.
As afirmações --que lembram o ocorrido antes da Guerra do Iraque, em 2003, quando Washington apresentou informações falsas sobre a existência de armas químicas-- coincidem com o aumento da tensão internacional depois de a AIEA, com sede em Viena, anunciar que o Irã desafiou o ultimato do Conselho de Segurança (CS) da ONU (Organização das Nações Unidas).
Também nesta sexta-feira, outro importante jornal britânico, o "Times", informou que autoridades do governo britânico temem que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ordene um ataque ao Irã antes do fim de seu mandato, em dois anos "Bush não quer deixar a questão para o sucessor", disse uma das fontes, que pediram anonimato.
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, afirmou nesta quinta-feira que nenhuma intervenção militar contra o Irã estava em preparação por parte do governo americano.
Os EUA acusam o Irã de tentar desenvolver em segredo um programa nuclear militar, mas a maioria das informações sobre os supostos depósitos secretos de armamento iranianos fornecidos à ONU eram falsos, segundo fontes em Viena citadas pelo jornal.
"A maioria (desses dados) se demonstrou incorreto. Apresentaram-nos um documento com uma lista de situações. (Os inspetores) fizeram um acompanhamento e foram a alguns locais, mas não encontraram sinal algum de atividades (nucleares proibidas)", disse uma fonte.
Um tema especialmente polêmico refere-se aos supostos planos de fabricação de uma ogiva nuclear que, segundo a CIA (inteligência dos EUA), estavam em um computador portátil fornecido como prova por um informante no Irã.
Em julho de 2005, funcionários dos serviços de inteligência americanos mostraram aos da AIEA versões impressas desse material, mas os membros da agência da ONU consideraram que as supostas provas não eram conclusivas para denunciar Teerã.
"Em primeiro lugar, se alguém tem um programa clandestino, não põe os dados em um computador portátil", disse um funcionário, que chamou a atenção sobre o fato de que os dados estavam todos em inglês.
"Isso (o idioma usado) parece razoável no que diz respeito aos assuntos técnicos, mas se esperava pelo menos algumas notas em idioma persa. Portanto há dúvidas sobre a procedência do computador (portátil)", disse uma das fontes.
Um funcionário europeu especialista na luta contra a proliferação nuclear reconheceu que os dados apresentados sobre o Irã às vezes são imperfeitos, mas acrescentou que isso não pode descartar "que durante 20 anos (os iranianos) têm violado os acordos sobre salvaguardas" da AIEA.
"Há uma falta de confiança sobre as verdadeiras intenções do regime", disse o funcionário ao jornal.
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02/03/2007 - 15h52
Estudo afirma que capacidade militar interna dos EUA está debilitada pelo
Iraque e o Afeganistão WASHINGTON, 2 Mar 2007 (AFP) - A Guarda Nacional americana enfrenta escassez de equipamentos que põe em perigo sua capacidade de reponder a eventual ataque terrorista, desastre nacional ou outra crise interna, segundo painel independente.
A Guarda Nacional foi reduzida a seu menor nível de resposta devido à falta de equipamento, um risco inaceitável para os americanos, garantiu a Comissão para a Guarda Nacional e Reservas em relatório apresentado ao Congresso.
O informe, entregue nesta sexta-feira, afirma que 88% das unidades do Exército da Guarda Nacional e 45% das unidades da Aviação da Guarda Nacional que não foram mobilizados para o exterior, sofrem cortes de equipamento devido aos conflitos no Iraque e no Afeganistão.
"Se não se fizerem trocas importantes, a guarda e a reserva, a capacidade de levar a cabo suas missões, continuará a se deteriorar", declarou Arnold Punaro, presidente da comissão independente e militar da reserva da marinha.
A Guarda Nacional é formada de voluntários que ajudam o Exército americano em suas missões no exterior e pode ser usada internamente para deter manifestações ou ajudar no caso de desastres naturais
AP
Estudo afirma que capacidade militar interna dos EUA está debilitada pelo
Iraque e o Afeganistão WASHINGTON, 2 Mar 2007 (AFP) - A Guarda Nacional americana enfrenta escassez de equipamentos que põe em perigo sua capacidade de reponder a eventual ataque terrorista, desastre nacional ou outra crise interna, segundo painel independente.
A Guarda Nacional foi reduzida a seu menor nível de resposta devido à falta de equipamento, um risco inaceitável para os americanos, garantiu a Comissão para a Guarda Nacional e Reservas em relatório apresentado ao Congresso.
O informe, entregue nesta sexta-feira, afirma que 88% das unidades do Exército da Guarda Nacional e 45% das unidades da Aviação da Guarda Nacional que não foram mobilizados para o exterior, sofrem cortes de equipamento devido aos conflitos no Iraque e no Afeganistão.
"Se não se fizerem trocas importantes, a guarda e a reserva, a capacidade de levar a cabo suas missões, continuará a se deteriorar", declarou Arnold Punaro, presidente da comissão independente e militar da reserva da marinha.
A Guarda Nacional é formada de voluntários que ajudam o Exército americano em suas missões no exterior e pode ser usada internamente para deter manifestações ou ajudar no caso de desastres naturais
AP
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Bush e a guarda "terrorista" do Irã*
Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/
Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/
A decisão do governo Bush de incluir o nome da Guarda Revolucionária do Irã na sua lista de "organizações terroristas estrangeiras" foi apresentada na mídia dos EUA como resposta ao suposto envolvimento de iranianos no Iraque e no Afeganistão. Na verdade, é mais uma medida da direita bushista, cujo efeito será, de novo, cobrir de vergonha os próprios americanos com alguma dignidade.
Coisas assim aconteciam também durante a histeria obscurantista que produziu a caça às bruxas - desencadeada pela mesma direita republicana, na fase aguda da guerra fria, sob a influência de seu senador Joseph R. McCarthy, um demagogo fantasiado de patriota. Os métodos de McCarthy foram depois investigados e condenados, mas o macathismo volta e meia reaparece na cena política no país.
Em meio à histeria patrioteira pós-11/9, a mídia americana embarcou outra vez na histeria. Ante a omissão dela, o governo Bush multiplicou as violações às liberdades civis dentro do país, ignorou as convenções de Genebra, instalou centrais de tortura em outros países - Guantánamo, em território cubano sob indecente ocupação americana há mais de um século; e Abu Ghrabi, no Iraque invadido e ocupado.
Atolados numa lambança
Em meio a tal situação, valendo-se da omissão (e cumplicidade) da mídia, Bush também reinventa a prática das listas que proliferavam no período macarthista. A lista de organizações terroristas estrangeiras é uma delas. E o critério das autoridades para fabricá-las é tão nebuloso como o dos extremistas de direita para aplicá-las (na década de 1950 elas serviam de base para as posteriores "listas negras").
No caso agora revelado, o governo Bush busca mesmo é mais uma desculpa para o impasse que enfrenta depois de ter atolado as tropas americanas no Iraque, onde a invasão já mostrou que, como advertira previamente os inspetores da ONU, não existiam as armas de destruição em massa (ADM) invocadas como pretexto para invadir (e devastar) o país, apropriando-se do seu petróleo.
A desculpa agora é de que a culpa pelo fracasso é o Irã. Guardas revolucionários iranianos estariam fazendo o diabo contra a força de ocupação, fornecendo armas mirabolantes, infiltrando-se e disseminando a subversão. Na verdade, Bush está numa banana monumental. Seus soldados morrem e os grupos rivais se enfrentam. Não só xiitas contra sunitas contra curdos. Até xiitas contra rivais xiitas.
Afinal, que terrorismo é esse?
A notícia sobre a guarda "terrorista" me fez lembrar o tempo em que trabalhei como redator do "Jornal do Brasil", de 1967 a 1975. Certa vez recebemos ordens expressas da direção: "Daqui para a frente, fica proibido escrever `guerrilha' ou `guerrilheiro'. No lugar dessas palavras, ponham `terrorismo' e `terrorista'". Na verdade, a norma já vigorava em "O Globo", onde também trabalhei até 1972.
A ordem era do mais alto escalão da ditadura, mas o JB achou que bastava fingir não ter entendido. Na redação perguntei: "E quando o texto for sobre guerrilheiros do passado, como os da Resistência?" A resposta: "Agora, neste jornal, eles também são terroristas". Quem consultar nossos jornais daquele tempo verá que neles não havia guerrilhas ou guerrilheiros. Tais palavras estavam banidas.
Bush, assim, sequer está sendo original. Copia os regimes autoritários, como nossa ditadura militar de 1964-85. Mas nos seus dias atuais, de pato manco, duvido que a mídia americana, meio arrependida do papelão que fez em meio à histeria patrioteira pós-11/9, leve a sério bobagens como essa. Afinal, é a primeira vez na história que um governo rotula de terrorista instituição militar de outro país.
No Pentágono era assim
Não que os EUA nunca tenham tentado coisa parecida. Há pouco mais de quatro anos, em junho de 2003, numa conferência de imprensa do então pomposo secretário da Defesa Donald Rumsfeld, este senhor já se esforçava para imitar nossa ditadura. Pois decretou: "No Iraque (já então invadido e ocupado pelos EUA) não há guerrilheiros. Há apenas terroristas", disse aos jornalistas.
Naqueles dias, Rumsfeld exibia pose de astro de rock. Suas conferências de imprensa eram transmitidas ao vivo por todas as redes de cabo dedicadas ao jornalismo. Um repórter chato (ainda existiam alguns) resolveu então ler para o super-homem do Pentágono (ele só faltava usar a fantasia do personagem) a definição de "guerrilha", feita pelo próprio Pentágono.
"Operações militares ou paramilitares conduzidas em território sob poder do inimigo ou território hostil por forças irregulares predominantemente locais", disse. E perguntou a Rumsfeld: "Não é exatamente o que ocorre no Iraque?" E Rumsfeld: "Não, não é". Seguiu-se gargalhada geral - justo prêmio para o melhor programa de ficção e humorismo da TV americana naqueles dias.
*Argemiro Ferreira
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A FASE III DA GUERRA DE BUSH.
Por Patrick J. Buchanan – 03 de setembro de 2007
Aqueles que esperavam que – a partir da vitória do partido anti-guerra em 2006, a saída de Rumsfeld e dos neocons do Pentágono, a ascensão de Condi e o eclipse de Cheney – a América estava rumando para fora do Iraque tiveram um rude despertar. Eles estão perto de ter outro.
Hoje, os Estados Unidos tem 30 mil soldados à mais do que no dia em que a América repudiou a política de guerra de Bush e votou para tirar o GOP do poder. E o Presidente Bush, com a autoconfiança crescendo, está, agora empregando contra o Irã uma belicosidade remanescente dos dias anteriores à Operação IRAQI FREEDOM.
O que dá a Bush sua nova impudência? O total colapso da coalizão anti-guerra na Colina do Capitólio e a divisão do Congresso.
Na última primavera, Bush vetou os prazos congressionais para retirada das tropas, então esfregou no nariz do Congresso a derrota deste, ao exigir e obter $ 100 bilhões para apoiar o reforço e continuar a guerra.
Antes do recesso de agosto, os Democratas se dividiram de novo e votaram para dar a Bush a autoridade para grampos telefônicos sem mandado, que muitos dentre eles tinham dito ser uma usurpação de poder inconstitucional e digna de “impeachment”. Eles estão divididos e um bocado assustados.
Parece evidente que os democratas congressionais não só perderam o voto pró-vitória, mas também o voto pela paz.
De acordo com a pesquisa Zogby da última semana em agosto, apenas duas semanas antes do relatório do general Petraeus e do embaixador Crocker, os americanos, por 45 % contra 20 %, dão a esse Congresso Democrata graus mais baixos na conduta da guerra do que o Congresso Republicano por eles substiuído.
Cinqüenta e quatro porcento da nação acredita, contra Harry Reid, que a guerra não está perdida. Isso é o dobro do apoio que Bush goza por sua liderança de guerra, magros 27 %. Mas, por nove contra um, a liderança de Bush sobre a guerra é preferida aquela do Congresso de Nancy Pelosi e Harry Reid.
Incrivelmente, apenas 3 % da nação dá ao Congresso um crédito positivo no manejo da guerra. O Congresso perdeu os falcões, e as corujas e as pombas. Ninguém confia em sua liderança sobre a guerra.
E George W. fareja isso. Ele não mais teme o poder do Congresso, e sua retórica sugere que ele é desdenhoso dele. Ele está transbordante com a autoconfiança de que pode romper qualquer tentativa Democrata para impor prazos-limite para a retirada das tropas e forçar o Congresso a vomitar todos os fundos que ele exigir.
Confiante na vitória neste outono na Colina, Bush agora está se movendo para a Fase III em sua Guerra ao Terror. Primeiro, o Afeganistão, então o Iraque, e agora o Irã.
Não acredite só na palavra desse escritor. Preste atenção à espantosa retórica que Bush utilizou na Convenção da Legião Americana em Las Vegas contra o Teerã:
“O Irã... é o estado-líder no patrocínio ao terrorismo.... O Irã fornece fundos a grupos terroristas como o Hamas e a Jihad Islâmica palestina, que assassinam inocentes e visam Israel. ... O Irã está enviando armas para o Taliban. ... O Irã prendeu acadêmicos americanos visitantes que não tinham cometido crime algum. ... A ativa procura do Irã por tecnologia que pode levar a armas nucleares ameaça pôr a região, já conhecida por sua instabilidade e violência, debaixo da sombra de um holocausto nuclear.”
“As ações do Irã ameaçam a segurança das nações em toda a parte. ... Nós iremos enfrentar esse perigo antes que seja tarde demais.”
Bush tem, repetidas vezes prevenido o Irã para cessar de fornecer os insurgentes iraquianos com armas e IEDs aperfeiçoadas para ataques contra nossas tropas no Iraque.
Como Teerã tem respondido aos virtuais ultimatos de Bush?
“Os ataques sobre nossas bases e nossas tropas por munições fornecidas pelos iranianos tem aumentado nos últimos poucos meses – apesar de declarações do Irã de ajudar a estabilizar a situação de segurança no Iraque.”
“Os líderes do Irã não podem fugir da responsabilidade por ajudar ataques contra forças da coalizão e a matança de iraquianos inocentes.”
Isso é um caso para guerra. De fato, é uma afirmação do Presidente Bush de que o Irã está de conluio em atos de guerra contra soldados, fuzileiros navais e aliados dos Estados Unidos. O que ele tenciona fazer?
“Eu autorizei nossos comandantes militares para confrontar as mortíferas atividades de Teerã. ... Nós estamos conduzindo operações contra agentes iranianos que fornecem munições letais para grupos extremistas.”
Isso sugere que as forças dos Estados Unidos já podem estar engajadas em operações de combate contra os iranianos.
Quem ou o quê pode deter esse avanço rumo à guerra?
Na última primavera, Nancy Pelosi em pessoa, depois da grita vinda do lobby israelense, retirou uma emenda que teria forçado Bush a ir diante do Congresso em busca de autorização específica antes de atacar o Irã. Antes do recesso de agosto, o Seando votou por 97 à zero por uma resolução patrocinada por Joe Lieberman para censurar o Irã por cumplicidade na matança de soldados dos Estados Unidos no Iraque.
A resolução, explicitamente rejeita autorização para imediata ação militar, mas a essência dela afirma que o Irã está participando de atos de guerra contra os Estados Unidos, preparando os fundamentos para uma confrontação.
O que pode impedir Bush de atacar o Irã e alargar a guerra, no momento e no lugar de sua escolha, e mais cedo do que imaginamos?
Nada e nem ninguém.
Por Patrick J. Buchanan – 03 de setembro de 2007
Aqueles que esperavam que – a partir da vitória do partido anti-guerra em 2006, a saída de Rumsfeld e dos neocons do Pentágono, a ascensão de Condi e o eclipse de Cheney – a América estava rumando para fora do Iraque tiveram um rude despertar. Eles estão perto de ter outro.
Hoje, os Estados Unidos tem 30 mil soldados à mais do que no dia em que a América repudiou a política de guerra de Bush e votou para tirar o GOP do poder. E o Presidente Bush, com a autoconfiança crescendo, está, agora empregando contra o Irã uma belicosidade remanescente dos dias anteriores à Operação IRAQI FREEDOM.
O que dá a Bush sua nova impudência? O total colapso da coalizão anti-guerra na Colina do Capitólio e a divisão do Congresso.
Na última primavera, Bush vetou os prazos congressionais para retirada das tropas, então esfregou no nariz do Congresso a derrota deste, ao exigir e obter $ 100 bilhões para apoiar o reforço e continuar a guerra.
Antes do recesso de agosto, os Democratas se dividiram de novo e votaram para dar a Bush a autoridade para grampos telefônicos sem mandado, que muitos dentre eles tinham dito ser uma usurpação de poder inconstitucional e digna de “impeachment”. Eles estão divididos e um bocado assustados.
Parece evidente que os democratas congressionais não só perderam o voto pró-vitória, mas também o voto pela paz.
De acordo com a pesquisa Zogby da última semana em agosto, apenas duas semanas antes do relatório do general Petraeus e do embaixador Crocker, os americanos, por 45 % contra 20 %, dão a esse Congresso Democrata graus mais baixos na conduta da guerra do que o Congresso Republicano por eles substiuído.
Cinqüenta e quatro porcento da nação acredita, contra Harry Reid, que a guerra não está perdida. Isso é o dobro do apoio que Bush goza por sua liderança de guerra, magros 27 %. Mas, por nove contra um, a liderança de Bush sobre a guerra é preferida aquela do Congresso de Nancy Pelosi e Harry Reid.
Incrivelmente, apenas 3 % da nação dá ao Congresso um crédito positivo no manejo da guerra. O Congresso perdeu os falcões, e as corujas e as pombas. Ninguém confia em sua liderança sobre a guerra.
E George W. fareja isso. Ele não mais teme o poder do Congresso, e sua retórica sugere que ele é desdenhoso dele. Ele está transbordante com a autoconfiança de que pode romper qualquer tentativa Democrata para impor prazos-limite para a retirada das tropas e forçar o Congresso a vomitar todos os fundos que ele exigir.
Confiante na vitória neste outono na Colina, Bush agora está se movendo para a Fase III em sua Guerra ao Terror. Primeiro, o Afeganistão, então o Iraque, e agora o Irã.
Não acredite só na palavra desse escritor. Preste atenção à espantosa retórica que Bush utilizou na Convenção da Legião Americana em Las Vegas contra o Teerã:
“O Irã... é o estado-líder no patrocínio ao terrorismo.... O Irã fornece fundos a grupos terroristas como o Hamas e a Jihad Islâmica palestina, que assassinam inocentes e visam Israel. ... O Irã está enviando armas para o Taliban. ... O Irã prendeu acadêmicos americanos visitantes que não tinham cometido crime algum. ... A ativa procura do Irã por tecnologia que pode levar a armas nucleares ameaça pôr a região, já conhecida por sua instabilidade e violência, debaixo da sombra de um holocausto nuclear.”
“As ações do Irã ameaçam a segurança das nações em toda a parte. ... Nós iremos enfrentar esse perigo antes que seja tarde demais.”
Bush tem, repetidas vezes prevenido o Irã para cessar de fornecer os insurgentes iraquianos com armas e IEDs aperfeiçoadas para ataques contra nossas tropas no Iraque.
Como Teerã tem respondido aos virtuais ultimatos de Bush?
“Os ataques sobre nossas bases e nossas tropas por munições fornecidas pelos iranianos tem aumentado nos últimos poucos meses – apesar de declarações do Irã de ajudar a estabilizar a situação de segurança no Iraque.”
“Os líderes do Irã não podem fugir da responsabilidade por ajudar ataques contra forças da coalizão e a matança de iraquianos inocentes.”
Isso é um caso para guerra. De fato, é uma afirmação do Presidente Bush de que o Irã está de conluio em atos de guerra contra soldados, fuzileiros navais e aliados dos Estados Unidos. O que ele tenciona fazer?
“Eu autorizei nossos comandantes militares para confrontar as mortíferas atividades de Teerã. ... Nós estamos conduzindo operações contra agentes iranianos que fornecem munições letais para grupos extremistas.”
Isso sugere que as forças dos Estados Unidos já podem estar engajadas em operações de combate contra os iranianos.
Quem ou o quê pode deter esse avanço rumo à guerra?
Na última primavera, Nancy Pelosi em pessoa, depois da grita vinda do lobby israelense, retirou uma emenda que teria forçado Bush a ir diante do Congresso em busca de autorização específica antes de atacar o Irã. Antes do recesso de agosto, o Seando votou por 97 à zero por uma resolução patrocinada por Joe Lieberman para censurar o Irã por cumplicidade na matança de soldados dos Estados Unidos no Iraque.
A resolução, explicitamente rejeita autorização para imediata ação militar, mas a essência dela afirma que o Irã está participando de atos de guerra contra os Estados Unidos, preparando os fundamentos para uma confrontação.
O que pode impedir Bush de atacar o Irã e alargar a guerra, no momento e no lugar de sua escolha, e mais cedo do que imaginamos?
Nada e nem ninguém.
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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente
CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS DE NOSSA POLÍTICA EXTERNA NO ORIENTE MÉDIO E O QUE ELA SIGNIFICA PARA OS AMERICANOS.
Por Karen Kwiatkowski em conferência dada na Virgínia Tech, em 12 de fevereiro de 2008 – http://www.lewrockwell.com/kwiatkowski/ ... ki200.html
Quero agradecer aos Libertários na Virgínia Tech, o Grêmio de Ciências Políticas e o Instituto para Estudos de Humanidades pelo gentil convite para falar esta noite.
Quero falar sobre as “Causas e Conseqüências de nossa Política Externa no Oriente Médio e o Que ela Significa para os Americanos.” O título original dessa conferência era “Causas e Conseqüências de Nossa Política Externa no Oriente Médio e o Que ela Significa para os Libertários.” Mas eu alterei de libertários para americanos. Para parafrasear John F. Kennedy em Berlim, 1963, em tempos como esses, quando o sonho americano parece avassadlado pelo que tem se tornado conhecido como império americano, talvez nós somos todos libertários.
Deixem-me começar primeiro com as conseqüências de nossa política externa no Oriente Médio, por volta de 2008.
* Nós já passamos quase cinco anos do momento onde George W. Bush declarou “Missão Cumprida.”
* Entre 400.000 e 1,2 milhão de iraquianos estão mortos devido a nossas decisões e ações. Mais de dois milhões estão internamente deslocados, e mais de 2 milhões de iraquianos fugiram do país.
* 5 mil americanos estão mortos (militares e contratados) como resultado, 30 à 50 mil fisicamente feridos e mais de 100 mil mentalmente perturbados, recebendo ou aguardando tratamento.
* O Exército e o Corpo de Fuzileiros Navais estão moralmente e fisicamente na bancarrota – e onerados pela pressão do Executivo para mais forças no Afeganistão, Paquistão e problemas no Irã.
* Um trilhão de dólares foram gastos, outro trilhão será gasto antes que acabemos – e se McCain abrir caminho, nós nunca iremos acabar, e iremos sangrar pelo resto do século XXI.
* Além do Iraque, nós temos o Secretário da Defesa Bob Gates, alternadamente gritando numa sala vazia e chorando de desespero porque a OTAN não deseja arcar com o custo de manter nosso governo preferido em Cabul.
* Uma república com armas nucleares e meios para lançá-las é liderada por um ditador instável, ameaçado por seus próprios subordinados, em disputa com seu muito poderoso e bem-fundado serviço de inteligência, e detestado pela maioria de seus cidadãos. E, no caso de você se perguntar, estou falando sobre Pervez Musharraf.
* A Jordânia, antes confiável e estável, está sentindo a tensão de mais de dois milhões de iraquianos desempregados e empobrecidos, inchando seus campos de refugiados.
* A Síria – que nos ajudou com torturas e entrega de prisioneiros após o 11 de Setembro – tem sido tanto acusada quanto atacada por seu vizinho, nosso outro amigo com armas nucleares na região.
* O Líbano sofreu uma guerra tola no verão de 2006 – uma guerra que foi considerada uma embaraçosa derrota para Israel, e uma guerra com a qual Washington colaborou e, quietamente saudou.
* Nossos firmes amigos, a Casa de Saud, não nos compreendem mais.
* Nós, publicamente ameaçamos o Irã por todos os tipos de razões, mesmo embora Teerã seja signatário e cumpridor do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, e mesmo enquanto trabalhamos alegremente com todos os tipos de interesses apoiados pelos iranianos no sul do Iraque.
* Quatro cabos-chave submarinos de comunicação foram cortados numa semana, isolando e degradando seriamente muito do tráfego bancário e de comunicações de nossos amigos na região, incluindo em Dubai, que simplesmente caíram fora de algumas de nossas companhia bancárias e de cartões de crédito. Ao invés de lamentar a má construção dos cabos e oferecer o envio de nossas próprias equipes para ajudar nos reparos destes cabos no Mar Vermelho e Golfo Pérsico, nosso governo nada disse. A região inteira acha que nós fizemos isso, ou para mandar um recado, testar uma estratégia militar ou para canalizar informações para um canal que nossa vasta burocracia de inteligência pode monitorar.
* O preço do petróleo, corrigido pela inflação, ainda não está no nível da crise do petróleo de 1979. Mas está há 10 % disso. Dado o drástico aumento na demanda global por petróleo hoje, em relação a de 1979, nossa política externa no Oriente Médio pode ser dita ser prejudicial, mas não desastrosa. Mas você precisa considerar duas coisas – a quantidade de petróleo que os Estados Unidos importam do Oriente Médio é cerca de 10-15 % de todo petróleo que importamos – mas interferir com o livre mercado nesta região custa ao contribuinte americano bilhões e bilhões todo ano na manutenção de uma grande presença militar além-mar, ajuda econômica e militar para aliados maiores e menores na região, o custo de periódicas intervenções inesperadas, como o Iraque, e os custos envolvidos com proteger nosso compatriotas de pessoas que nos odeiam bastante para querer nos matar e derrubar grandes edifícios.
Tal é o estado do Oriente Médio, e tais, portanto, as conseqüências de nossa política externa.
Seria fácil jogar a culpa pela atual situação no Oriente Médio em George W. Bush, ou mais fácil ainda, Dick Cheney. Mas fazer isso seria ignorar nossa política externa pelos últimos 80 anos nesta região.
Seria fácil sugerir que a situação no Oriente Médio não é o resultado de nossas intenções, mas antes de nosso pobre julgamento, nossa incompreensão da cultura árabe ou persa, nossa falta de sofisticação, ou mesmo nosso sistema democrático em casa onde nós mudamos o curso diplomático com cada presidente que sai, e elegemos Congressos que refletem as prioridades cambiantes do povo americano, ano a ano.
Seria fácil dizer que a maioria destas políticas foram perseguidas sob os auspícios da Guerra Fria, onde fomos forçados a escolher lados ao redor do mundo de modo a parar uma revolução comunista mundial, para evitar o socialismo mundial.
Seria fácil dizer tudo isso. Mas nada disso seria verdadeiro.
De fato, George W. Bush e Dick Cheney surgiram e foram inspirados por uma política externa de força tanto por prestígio como por lucro percebido. Para ser uma nação forte, para Dick Cheney quanto para Kermit Roosevelt Jr se exigia agressão, manipulação de outros governo, e subterfúgio. Quantos de nós, aqui nos Estados Unidos estudam o golpe da CIA em 1953 (ou contragolpe, como Kermit o chamou) que reinstaurou o Xá no Irã, e anulou a democracia neste país até o populismo e o anti-americanismo ferverem em 1979? Operação AJAX, nós a chamamos.
Nossa política externa pode parecer desorganizada, mas no Oriente Médio ela tem sido deliberada e de muitas maneiras, bem ponderada. Ela não tem sido dramaticamente alterada de presidente para presidente. Jimmy Carter é, com freqüência, visto como um elemento político muito diferente do que um Dick Cheney, um George Bush, ou até mesmo um Ronald Reagan ou um Bill Clinton. Ainda assim, eventos no final dos anos 1970 sob o controle executivo de Carter eram tanto maturação de ações dos prévios presidentes republicanos quanto democratas, e estabeleceu as fundações de nossas políticas atuais. Nos lembraremos da Doutrina Carter e do estabelecimento do Comando Central? Essa história foi feita no meu tempo de vida, e para muitos de vocês, apenas uns poucos anos antes de vocês nascerem. Carter estabeleceu uma direção, seguida por Reagan e Bush. Clinton deixou sua marca com uma pseudo-guerra que nos deu bases novas em folha na Bósina e Kosovo – não postos avançados do sul da Europa, mas antes bases avançadas para os teatros do Oriente Médio e do Mar Cáspio.
O que parece ser falta de sofisticação nada mais é do que o poder em ação. Quando se é um grande país no mundo, quem precisa de modos?
Nós temos seguido no Oriente Médio, antes, durante e após a Guerra Fria, uma política de notável consistência. Admitir que temos nos comportado muito semelhante as potências colonais que já admiramos, e que temos, talvez subconscientemente, assumido um papel que o Império Britânico há muito já tinha reconhecido ser impossível e inadequado no final do século XX, é duro de fazer.
Poderemos nós, graciosamente, nos desvencilharmos do que tem sido uma política externa muito cheia de propósitos, através de tantas décadas? Bem, da mesma forma como nos programas de 12 passos, admitir que temos um problema é o primeiro passo. Eu quero, agora, tratar do muito necessário quarto passo num típico processo de 12 passos – fazer um minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
Eu mencionei o Iraque como um dos desafios na região, apenas um exemplo de nossa desastrosa política externa. Mas esta política externa é contínua, quase ininterrupta no Oriente Médio, através de muito do século XX e em todo o século XXI até agora.
Eu penso que uma rápida análise do que levou os americanos para o Iraque pode servir como um modelo para compreender como nós temos perseguido tais políticas similares numa região através de muitas décadas, e isso irá explicar alguma coisa sobre nós mesmos, tanto quanto sobre nosso governo. Isso irá nos ajudar nesta minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
Como entramos no Iraque, somente nesta última vez em 2003? Eu penso que podemos, com segurança, falar sobre cinco fatores, cinco pré-condições integrais para esse desastre de política externa.
* Foram precisos 935 mentiras repetidas ad nauseam pelo governo, ambos os partidos e a mídia principal. Eu encorajo a vocês a lerem o último estudo do Centro Para Integridade Pública (http://www.publicintegrity.org/WarCard/), intitulado Iraq: The War Card, recém-saído. Também foram precisos milhões de americanos ansiosos para acreditarem nessas 935 mentiras.
* Foi preciso um entusiasmo obsceno pela guerra entre as elites de Washington. Por obsceno, eu quero dizer “revoltante e moralmente ofensivo, especialmente mostrando total desconsideração por outras pessoas”.
* Foi preciso um plano de longo prazo pelo Pentágono e o Congresso para repor e expandir a presença além-mar e os orçamentos para o Comando Central e o Comando Europeu (contrário a toda lógica e expectativas após o término da Guerra Fria).
* Foi preciso uma, inusitadamente persistente, mentalidade de guerra entre o povo comum. Essa persistente mentalidade de guerra é relativamente nova na história americana – talvez coincidindo com a preeminência do sistema de educação pública nos níveis primários.
* Foi preciso um bocado de dinheiro sendo feito pelas indústrias ligadas ao governo, como um resultado disso, e impresso em nome da expansão do estado e da guerra. Incidentalmente, isso inclui dinheiro feito nos mercados de energia através de limitações induzidas do suprimento de petróleo como parte e parcela de uma batalha pela influência sobre os suprimentos de gás e petróleo. Nos anos 1970, a OPEC podia quase fechar a bica global.Hoje, a OPEC controla apenas 40 % da produção de petróleo. Talvez as ações de nosso atual cartel militar no Oriente Médio tenha mais a ver com o, certa vez todo poderoso, cartel do da OPEC do que pode ver o olho.
Que espécie de política externa é essa, e o que a causou? Bem, vamos rever essas cinco pré-condições como se estivéssemos conduzindo um minucioso e destemido inventário moral.
* Pecado número 1 – Nós sofremos de uma superabundância de propaganda estatal que toma a forma de mentiras escancaradas, repetidas com freqüência. Eu gostaria de citar Aldous Huxley, de seu Propaganda in a Democratic Society.
Só precisamos nos lembrar da famosa linha de George W. Bush, em Rochester, New York a 24 de maio de 2005, e eu cito: “Vejam, no meu ramo de trabalho, a gente tem de continuar repetindo as coisas de novo, de novo e novo outra vez para a verdade se entranhar, de certo modo, catapultar a propaganda.”
Se eu pudesse comparar esse problema particular com um dos sete pecados mortais, esse seria a preguiça – uma simples falta de vontade de achar a verdade, e arcar com ela, pelo governo, pela mídia e pelo povo.
* Pecado nº 2 é um obsceno entusiasmo de guerra entre elites e políticos. Onde mais nós achamos um similar entusiasmo pela guerra e expansão da influência? Nós os achamos nos modelos imperiais da antiguidade e nos modelos fascistas de um passado mais recente. Nós achamos entusiasmo pela guerra, ocasionalmente em extremismos religiosos, por exemplo as Cruzadas ou no modermo fundamentalismo cristão ou islâmico. Nós o achamos entre os insanos e os inimputáveis. Suja cura é uma recuperação da sanidade, e ativa perseguição da humildade.
* Se o Pecado nº 2 é luxúria, então o Pecado nº 3 pode ser considerado o orgulho. Parece que nós temos um paixão de estado por expandir o poder militar em volta do mundo, e uma popular concepção errônea por muitos americanos de que o poder militar precisa ser constantemente expandido ou caso contrário nós estaremos perdendo alguma coisa. Essa luxúria militarista, com freqüência apoiada em palavras como difundir o cristianismo entre os índios, difundir o protestantismo para os já católicos filipinos, difundir a democracia e a liberdade para incontáveis outros por toda parte, descreve nossa própria história americana dos últimos 120 anos – nós podemos dizer que isso é uma moderna tradição americana. Nós também vimos esse mesmo zelo pela imposição militar de valores globais nas políticas expansionistas da velha União Soviética. Ela é por sua própria natureza, anti-republicana, anti-democrática e anti-liberdade.
* Pecado número 4 pode ser a ira. Parece haver no país uma mentalidade de estado de guerra entre a cidadania – caracterizada por extremo e irrefletido patriotismo, xenofobia, chauvinismo nacional, intolerância e conformidade, tudo sob o manto do americanismo. Essa mentalidade de estado de guerra tem uma coorte não-explícita – e isso é o forjamento de um difundido medo da dissensão. A idéia de que a dissensão é patriótica – vista, talvez em algum galhardete – realmente, não é alguma coisa que a maioria das pessoas na América moderna acredite. Ter um antigo presidente publicamente declarando – como Theodore Roosevelt fez em 1918, e eu cito:
é, hoje em dia, impensável, impopular, e se isso acontecer, ignorado. Isso é, em parte, porque, com freqüência estamos zangados, e acreditamos que “o executivo” nunca está errado.
* Finalmente, há uma grande parcela de dinheiro sendo feito na perseguição da guerra e do estatismo, ao menos por alguns setores da sociedade. Quando examinamos nossa aproximação histórica para o Oriente Médio, fica claro que ganhar e formar parceiros comerciais subordinados, antes do que livre comércio e competição, era o objetivo de Washington DC. A extensiva intransigência e a imensidão do complexo militar-industrial neste país, a última usina de força industrial americana remanescente, já foi discutida alhures. Mas, eu gostaria de dizer isso: a idéia de um estado corporativo, de todos os empregos ligados ao estado, toda a prosperidade ligada às políticas governamentais, programas e condução – isso é o fascismo, como Mussolini o definia: “Tudo para o Estado. Nada contra o Estado. Nada fora do Estado.” Você pode chamar isso pecado da gula, mas é, especificamente a gula do estado e de um pequeno segmento de colarinhos-brancos, beneficiários do estado de bem-estar social.
(...)
_______________________________
Karen Kwiatkowski, Ph.D., é uma tenente-coronel reformada da Força Aérea dos Estados Unidos.
Por Karen Kwiatkowski em conferência dada na Virgínia Tech, em 12 de fevereiro de 2008 – http://www.lewrockwell.com/kwiatkowski/ ... ki200.html
Quero agradecer aos Libertários na Virgínia Tech, o Grêmio de Ciências Políticas e o Instituto para Estudos de Humanidades pelo gentil convite para falar esta noite.
Quero falar sobre as “Causas e Conseqüências de nossa Política Externa no Oriente Médio e o Que ela Significa para os Americanos.” O título original dessa conferência era “Causas e Conseqüências de Nossa Política Externa no Oriente Médio e o Que ela Significa para os Libertários.” Mas eu alterei de libertários para americanos. Para parafrasear John F. Kennedy em Berlim, 1963, em tempos como esses, quando o sonho americano parece avassadlado pelo que tem se tornado conhecido como império americano, talvez nós somos todos libertários.
Deixem-me começar primeiro com as conseqüências de nossa política externa no Oriente Médio, por volta de 2008.
* Nós já passamos quase cinco anos do momento onde George W. Bush declarou “Missão Cumprida.”
* Entre 400.000 e 1,2 milhão de iraquianos estão mortos devido a nossas decisões e ações. Mais de dois milhões estão internamente deslocados, e mais de 2 milhões de iraquianos fugiram do país.
* 5 mil americanos estão mortos (militares e contratados) como resultado, 30 à 50 mil fisicamente feridos e mais de 100 mil mentalmente perturbados, recebendo ou aguardando tratamento.
* O Exército e o Corpo de Fuzileiros Navais estão moralmente e fisicamente na bancarrota – e onerados pela pressão do Executivo para mais forças no Afeganistão, Paquistão e problemas no Irã.
* Um trilhão de dólares foram gastos, outro trilhão será gasto antes que acabemos – e se McCain abrir caminho, nós nunca iremos acabar, e iremos sangrar pelo resto do século XXI.
* Além do Iraque, nós temos o Secretário da Defesa Bob Gates, alternadamente gritando numa sala vazia e chorando de desespero porque a OTAN não deseja arcar com o custo de manter nosso governo preferido em Cabul.
* Uma república com armas nucleares e meios para lançá-las é liderada por um ditador instável, ameaçado por seus próprios subordinados, em disputa com seu muito poderoso e bem-fundado serviço de inteligência, e detestado pela maioria de seus cidadãos. E, no caso de você se perguntar, estou falando sobre Pervez Musharraf.
* A Jordânia, antes confiável e estável, está sentindo a tensão de mais de dois milhões de iraquianos desempregados e empobrecidos, inchando seus campos de refugiados.
* A Síria – que nos ajudou com torturas e entrega de prisioneiros após o 11 de Setembro – tem sido tanto acusada quanto atacada por seu vizinho, nosso outro amigo com armas nucleares na região.
* O Líbano sofreu uma guerra tola no verão de 2006 – uma guerra que foi considerada uma embaraçosa derrota para Israel, e uma guerra com a qual Washington colaborou e, quietamente saudou.
* Nossos firmes amigos, a Casa de Saud, não nos compreendem mais.
* Nós, publicamente ameaçamos o Irã por todos os tipos de razões, mesmo embora Teerã seja signatário e cumpridor do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, e mesmo enquanto trabalhamos alegremente com todos os tipos de interesses apoiados pelos iranianos no sul do Iraque.
* Quatro cabos-chave submarinos de comunicação foram cortados numa semana, isolando e degradando seriamente muito do tráfego bancário e de comunicações de nossos amigos na região, incluindo em Dubai, que simplesmente caíram fora de algumas de nossas companhia bancárias e de cartões de crédito. Ao invés de lamentar a má construção dos cabos e oferecer o envio de nossas próprias equipes para ajudar nos reparos destes cabos no Mar Vermelho e Golfo Pérsico, nosso governo nada disse. A região inteira acha que nós fizemos isso, ou para mandar um recado, testar uma estratégia militar ou para canalizar informações para um canal que nossa vasta burocracia de inteligência pode monitorar.
* O preço do petróleo, corrigido pela inflação, ainda não está no nível da crise do petróleo de 1979. Mas está há 10 % disso. Dado o drástico aumento na demanda global por petróleo hoje, em relação a de 1979, nossa política externa no Oriente Médio pode ser dita ser prejudicial, mas não desastrosa. Mas você precisa considerar duas coisas – a quantidade de petróleo que os Estados Unidos importam do Oriente Médio é cerca de 10-15 % de todo petróleo que importamos – mas interferir com o livre mercado nesta região custa ao contribuinte americano bilhões e bilhões todo ano na manutenção de uma grande presença militar além-mar, ajuda econômica e militar para aliados maiores e menores na região, o custo de periódicas intervenções inesperadas, como o Iraque, e os custos envolvidos com proteger nosso compatriotas de pessoas que nos odeiam bastante para querer nos matar e derrubar grandes edifícios.
Tal é o estado do Oriente Médio, e tais, portanto, as conseqüências de nossa política externa.
Seria fácil jogar a culpa pela atual situação no Oriente Médio em George W. Bush, ou mais fácil ainda, Dick Cheney. Mas fazer isso seria ignorar nossa política externa pelos últimos 80 anos nesta região.
Seria fácil sugerir que a situação no Oriente Médio não é o resultado de nossas intenções, mas antes de nosso pobre julgamento, nossa incompreensão da cultura árabe ou persa, nossa falta de sofisticação, ou mesmo nosso sistema democrático em casa onde nós mudamos o curso diplomático com cada presidente que sai, e elegemos Congressos que refletem as prioridades cambiantes do povo americano, ano a ano.
Seria fácil dizer que a maioria destas políticas foram perseguidas sob os auspícios da Guerra Fria, onde fomos forçados a escolher lados ao redor do mundo de modo a parar uma revolução comunista mundial, para evitar o socialismo mundial.
Seria fácil dizer tudo isso. Mas nada disso seria verdadeiro.
De fato, George W. Bush e Dick Cheney surgiram e foram inspirados por uma política externa de força tanto por prestígio como por lucro percebido. Para ser uma nação forte, para Dick Cheney quanto para Kermit Roosevelt Jr se exigia agressão, manipulação de outros governo, e subterfúgio. Quantos de nós, aqui nos Estados Unidos estudam o golpe da CIA em 1953 (ou contragolpe, como Kermit o chamou) que reinstaurou o Xá no Irã, e anulou a democracia neste país até o populismo e o anti-americanismo ferverem em 1979? Operação AJAX, nós a chamamos.
Nossa política externa pode parecer desorganizada, mas no Oriente Médio ela tem sido deliberada e de muitas maneiras, bem ponderada. Ela não tem sido dramaticamente alterada de presidente para presidente. Jimmy Carter é, com freqüência, visto como um elemento político muito diferente do que um Dick Cheney, um George Bush, ou até mesmo um Ronald Reagan ou um Bill Clinton. Ainda assim, eventos no final dos anos 1970 sob o controle executivo de Carter eram tanto maturação de ações dos prévios presidentes republicanos quanto democratas, e estabeleceu as fundações de nossas políticas atuais. Nos lembraremos da Doutrina Carter e do estabelecimento do Comando Central? Essa história foi feita no meu tempo de vida, e para muitos de vocês, apenas uns poucos anos antes de vocês nascerem. Carter estabeleceu uma direção, seguida por Reagan e Bush. Clinton deixou sua marca com uma pseudo-guerra que nos deu bases novas em folha na Bósina e Kosovo – não postos avançados do sul da Europa, mas antes bases avançadas para os teatros do Oriente Médio e do Mar Cáspio.
O que parece ser falta de sofisticação nada mais é do que o poder em ação. Quando se é um grande país no mundo, quem precisa de modos?
Nós temos seguido no Oriente Médio, antes, durante e após a Guerra Fria, uma política de notável consistência. Admitir que temos nos comportado muito semelhante as potências colonais que já admiramos, e que temos, talvez subconscientemente, assumido um papel que o Império Britânico há muito já tinha reconhecido ser impossível e inadequado no final do século XX, é duro de fazer.
Poderemos nós, graciosamente, nos desvencilharmos do que tem sido uma política externa muito cheia de propósitos, através de tantas décadas? Bem, da mesma forma como nos programas de 12 passos, admitir que temos um problema é o primeiro passo. Eu quero, agora, tratar do muito necessário quarto passo num típico processo de 12 passos – fazer um minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
Eu mencionei o Iraque como um dos desafios na região, apenas um exemplo de nossa desastrosa política externa. Mas esta política externa é contínua, quase ininterrupta no Oriente Médio, através de muito do século XX e em todo o século XXI até agora.
Eu penso que uma rápida análise do que levou os americanos para o Iraque pode servir como um modelo para compreender como nós temos perseguido tais políticas similares numa região através de muitas décadas, e isso irá explicar alguma coisa sobre nós mesmos, tanto quanto sobre nosso governo. Isso irá nos ajudar nesta minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
Como entramos no Iraque, somente nesta última vez em 2003? Eu penso que podemos, com segurança, falar sobre cinco fatores, cinco pré-condições integrais para esse desastre de política externa.
* Foram precisos 935 mentiras repetidas ad nauseam pelo governo, ambos os partidos e a mídia principal. Eu encorajo a vocês a lerem o último estudo do Centro Para Integridade Pública (http://www.publicintegrity.org/WarCard/), intitulado Iraq: The War Card, recém-saído. Também foram precisos milhões de americanos ansiosos para acreditarem nessas 935 mentiras.
* Foi preciso um entusiasmo obsceno pela guerra entre as elites de Washington. Por obsceno, eu quero dizer “revoltante e moralmente ofensivo, especialmente mostrando total desconsideração por outras pessoas”.
* Foi preciso um plano de longo prazo pelo Pentágono e o Congresso para repor e expandir a presença além-mar e os orçamentos para o Comando Central e o Comando Europeu (contrário a toda lógica e expectativas após o término da Guerra Fria).
* Foi preciso uma, inusitadamente persistente, mentalidade de guerra entre o povo comum. Essa persistente mentalidade de guerra é relativamente nova na história americana – talvez coincidindo com a preeminência do sistema de educação pública nos níveis primários.
* Foi preciso um bocado de dinheiro sendo feito pelas indústrias ligadas ao governo, como um resultado disso, e impresso em nome da expansão do estado e da guerra. Incidentalmente, isso inclui dinheiro feito nos mercados de energia através de limitações induzidas do suprimento de petróleo como parte e parcela de uma batalha pela influência sobre os suprimentos de gás e petróleo. Nos anos 1970, a OPEC podia quase fechar a bica global.Hoje, a OPEC controla apenas 40 % da produção de petróleo. Talvez as ações de nosso atual cartel militar no Oriente Médio tenha mais a ver com o, certa vez todo poderoso, cartel do da OPEC do que pode ver o olho.
Que espécie de política externa é essa, e o que a causou? Bem, vamos rever essas cinco pré-condições como se estivéssemos conduzindo um minucioso e destemido inventário moral.
* Pecado número 1 – Nós sofremos de uma superabundância de propaganda estatal que toma a forma de mentiras escancaradas, repetidas com freqüência. Eu gostaria de citar Aldous Huxley, de seu Propaganda in a Democratic Society.
”Na sua propaganda dos dias de hoje, os ditadores se fiam em sua maior parte sobre a repetição, supressão e racionalização – a repetição de bordões que eles desejam que sejam aceitos como verdade, a supressão dos fatos que eles desejam que sejam ignorados, a excitação e racionalização das paixões que podem ser utilizadas nos interesses do Partido ou do Estado.”
Só precisamos nos lembrar da famosa linha de George W. Bush, em Rochester, New York a 24 de maio de 2005, e eu cito: “Vejam, no meu ramo de trabalho, a gente tem de continuar repetindo as coisas de novo, de novo e novo outra vez para a verdade se entranhar, de certo modo, catapultar a propaganda.”
Se eu pudesse comparar esse problema particular com um dos sete pecados mortais, esse seria a preguiça – uma simples falta de vontade de achar a verdade, e arcar com ela, pelo governo, pela mídia e pelo povo.
* Pecado nº 2 é um obsceno entusiasmo de guerra entre elites e políticos. Onde mais nós achamos um similar entusiasmo pela guerra e expansão da influência? Nós os achamos nos modelos imperiais da antiguidade e nos modelos fascistas de um passado mais recente. Nós achamos entusiasmo pela guerra, ocasionalmente em extremismos religiosos, por exemplo as Cruzadas ou no modermo fundamentalismo cristão ou islâmico. Nós o achamos entre os insanos e os inimputáveis. Suja cura é uma recuperação da sanidade, e ativa perseguição da humildade.
* Se o Pecado nº 2 é luxúria, então o Pecado nº 3 pode ser considerado o orgulho. Parece que nós temos um paixão de estado por expandir o poder militar em volta do mundo, e uma popular concepção errônea por muitos americanos de que o poder militar precisa ser constantemente expandido ou caso contrário nós estaremos perdendo alguma coisa. Essa luxúria militarista, com freqüência apoiada em palavras como difundir o cristianismo entre os índios, difundir o protestantismo para os já católicos filipinos, difundir a democracia e a liberdade para incontáveis outros por toda parte, descreve nossa própria história americana dos últimos 120 anos – nós podemos dizer que isso é uma moderna tradição americana. Nós também vimos esse mesmo zelo pela imposição militar de valores globais nas políticas expansionistas da velha União Soviética. Ela é por sua própria natureza, anti-republicana, anti-democrática e anti-liberdade.
* Pecado número 4 pode ser a ira. Parece haver no país uma mentalidade de estado de guerra entre a cidadania – caracterizada por extremo e irrefletido patriotismo, xenofobia, chauvinismo nacional, intolerância e conformidade, tudo sob o manto do americanismo. Essa mentalidade de estado de guerra tem uma coorte não-explícita – e isso é o forjamento de um difundido medo da dissensão. A idéia de que a dissensão é patriótica – vista, talvez em algum galhardete – realmente, não é alguma coisa que a maioria das pessoas na América moderna acredite. Ter um antigo presidente publicamente declarando – como Theodore Roosevelt fez em 1918, e eu cito:
“Anunciar que não deve haver criticismo do presidente ou que nós ficaremos ao lado do presidente, certo ou errado, não é apenas anti-patriótico e servil, mas é moralmente traiçoeiro para o público americano.
é, hoje em dia, impensável, impopular, e se isso acontecer, ignorado. Isso é, em parte, porque, com freqüência estamos zangados, e acreditamos que “o executivo” nunca está errado.
* Finalmente, há uma grande parcela de dinheiro sendo feito na perseguição da guerra e do estatismo, ao menos por alguns setores da sociedade. Quando examinamos nossa aproximação histórica para o Oriente Médio, fica claro que ganhar e formar parceiros comerciais subordinados, antes do que livre comércio e competição, era o objetivo de Washington DC. A extensiva intransigência e a imensidão do complexo militar-industrial neste país, a última usina de força industrial americana remanescente, já foi discutida alhures. Mas, eu gostaria de dizer isso: a idéia de um estado corporativo, de todos os empregos ligados ao estado, toda a prosperidade ligada às políticas governamentais, programas e condução – isso é o fascismo, como Mussolini o definia: “Tudo para o Estado. Nada contra o Estado. Nada fora do Estado.” Você pode chamar isso pecado da gula, mas é, especificamente a gula do estado e de um pequeno segmento de colarinhos-brancos, beneficiários do estado de bem-estar social.
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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente
“Naturally the common people don't want war; neither in Russia, nor in England, nor in America, nor in Germany. That is understood. But after all, it is the leaders of the country who determine policy, and it is always a simple matter to drag the people along, whether it is a democracy, or a fascist dictatorship, or a parliament, or a communist dictatorship. Voice or no voice, the people can always be brought to the bidding of the leaders. That is easy. All you have to do is to tell them they are being attacked, and denounce the pacifists for lack of patriotism and exposing the country to danger. It works the same in any country.”
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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente
Clearmont,
Este ultimo texto que postou é básicamente o que eu penso desde o principio.
Tenho apenas um reparo, já na presidência de Reagan existia uma corrente de pensamento, que agora chamamos de Neo-Conservadorismo, mas sempre houve dentro da Casa Branca força para os "encostar". Estes senhores tiveram carta branca a partir do 911, com GW Bush.
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Este ultimo texto que postou é básicamente o que eu penso desde o principio.
Tenho apenas um reparo, já na presidência de Reagan existia uma corrente de pensamento, que agora chamamos de Neo-Conservadorismo, mas sempre houve dentro da Casa Branca força para os "encostar". Estes senhores tiveram carta branca a partir do 911, com GW Bush.
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente
Ou seja, o terrorismo islâmico abriu as portas para um outro fundamentalismo.
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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente
Exacto wofgang,
Qual foi o acto que provocou mais mortes? O ataque terrorista às torres gémeas, ou a guerra do Iraque?
Porque os terroristas autores do 911 são perseguidos e os autores desta guerra não são?
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Qual foi o acto que provocou mais mortes? O ataque terrorista às torres gémeas, ou a guerra do Iraque?
Porque os terroristas autores do 911 são perseguidos e os autores desta guerra não são?
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente
Porque existem os maus terroristas e os bons terroristas
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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente
BUSH JOGA A CARTADA HITLER.
Por Patrick J. Buchanan – 20 de maio de 2008.
”Pouco conhecimento é coisa perigosa,” escreveu o Alexander Pope.
Diariamente, nosso 43º presidente confirma a afirmação de Pope.
Dirigindo-se ao Knesset no 60º aniversário do nascimento de Israel, Bush disse que aqueles que dizem que devemos negociar com o Irã ou o Hamas são como os tolos que disseram que devíamos ter negociado com Adolf Hitler.
“Enquanto os tanques nazistas cruzavam para dentro da Polônia, em 1939, um senador americano declarou, ‘Deus, se apenas eu pudesse ter falado com Hitler, tudo isso poderia ter sido evitado’. Nós temos uma obrigação de chamar isso pelo que é – o falso conforto do apaziguamento. ...”
De novo, Bush fez uma salada da história.
Apaziguamento é o nome dado ao que Neville Chamberlain fez em Munique, em setembro de 1938. Antes do que ter de enfrentar a Alemanha em outra grande guerra – para manter 3,5 milhões de alemães sob domínio tcheco, que eles desprezavam – ele concordou em sua pacífica transferência para o domínio alemão. Com esses alemães foram as terras nas quais seus ancestrais tinham vivido há séculos, a Boêmia alemã, ou Sudetos.
O acordo negociado de Chamberlain com Hitler evitou uma guerra européia – às custas da nação tcheca. Isso foi o apaziguamento.
Os tanques alemães, no entanto, não rolaram para dentro da Polônia até um ano depois, 1º de setembro de 1939. Por quê os tanques rolaram? Porque a Polônia recusou-se a negociar sobre Danzig, um porto báltico de 350 mil habitantes, 95 % destes, alemães, que foi tomado da Alemanha na conferência de paz de Paris, em 1919, em violação dos 14 Pontos de Wilson e seu princípio de auto-determinação.
Hitler não queria guerra com a Polônia. Ele queria uma aliança com a Polônia em seu pacto anti-Comintern contra Joseph Stalin.
Mas os poloneses recusaram-se a negociar. Por quê? Porque eles eram um povo heróico, orgulhoso e desafiador e porque Neville Chamberlain tinha, insanamente, dado uma não-solicitada garantia de guerra aos poloneses. Se Hitler invadisse, Chamberlain disse aos poloneses, a Grã-Bretanha iria declarar guerra à Alemanha.
De março à agosto de 1939, Hitler tentou negociar Danzig. Mas os poloneses, confiantes na sua garantia de guerra britânica, recusaram. Portanto, Hitler acertou seu acordo com Stalin, e os dois invadiram e dividiram a Polônia.
O custo da guerra que veio da recusa em negociar Danzig foi de milhões de mortos poloneses, o massacre de Katyn, Treblinka, Sobibor, Auschwitz, o aniquilamento do Exército Interno no Levante de Varsóvia de 1944, e cinqüenta anos de ocupação nazista e comunista, barbarismo e terror.
Neste mesmo discurso ao Knesset, Bush desconsiderou a idéia de que jamais poderemos ser bem-sucedidos em negociar com o Hamas, Hezbollah ou Irã:
“Alguns parecem acreditar que deveríamos negociar com terroristas e radicais, como se algum argumento engenhoso fosse persuadi-los de que eles estavam errados o tempo todo. Já ouvimos essa tola ilusão antes.”
Mas as conversações de Ronald Reagan com o Império do Mal, enquanto ele reconstruía o poder militar da América, não geraram frutos na reversão da política imperial de Moscou e com o fim da Guerra Fria?
Richard Nixon foi à China e brindou com o maior assassino em massa de todos, Mao-Tsé-Tung, quando os maoístas estavam conduzindo um expurgo nacional: a Grande Revolução Proletária Cultural. Ainda assim, Nixon findou um quarto de século de implacável hostilidade sino-americana. A viagem de Nixon à China foi inútil?
Três anos após Nikita Khruschev afogar a revolução húngara em sangue, Ike levou-o a Camp David. John Kennedy terminou a mais perigosa confrontação da Guerra Fria, a crise dos mísseis cubanos, ao negociar com o mesmo Carniceiro de Budapeste.
Eram Ike, JFK e Nixon, todos idiotas iludidos? Pois os ditadores com quem eles negociaram – Khruschev e Mao – eram, de longe, maiores assassinos em massa e inimigos da América do que Mahmoud Ahmadinejad.
O pai de Bush negociou com Hafez al-Assad, o Carniceiro de Hama e fez dele um aliado americano na Guerra do Golfo.
Era o pai do presidente Bush um tolo iludido?
Os próprios diplomatas do presidente negociaram um fim para o programa nuclear do coronel Khadaffi, que foi responsável pelo massacre aéreo de estudantes americanos sobre Lockerbie.
Os próprios diplomatas de Bush estão negociando com a Coréia do Norte de Kim Jong-il, um estado patrocinador do terror. O embaixador Ryan Crocker está negociando com os iranianos em Bagdá. O Egito está negociando, em nome de Israel, com o Hamas para liberar um soldado israelense capturado. Todos eles são tolos iludidos?
Bush recusou-se a conversar com Yasser Arafat porque ele era um terrorista. Mas quatro primeiro-ministros israelenses negociaram com Arafat. Shimon Peres e Yitzhak Rabin compartilharam um Prêmio Nobel com ele. “Bibi” Netanyahu cedeu Hebron à ele. Ehud Olmert ofereceu-lhe 95 % da Margem Ocidental.
Todos os quatro líderes israelenses eram tolos iludidos?
É verdade, o encontro Chamberlain-Hitler em Munique provou-se um desastre, como os encontros FDR-Churchill-Stalin em Teerã e Ialta, e o encontro JFK-Khruschev em Viena. Mas a diplomacia de JFK na crise dos mísseis pode ter evitado uma guerra nuclear. E Eisenhower, Nixon, Gerald Ford e Reagan, todos encontraram com ditadores estrangeiros com sangue nas mãos, sem perda para a América, e algumas vezes, com ganhos impressionantes.
O que a recusa de Bush em dialogar com Hamas, Hezbollah, Damasco e Teerã tem feito para tornar Israel ou a América, mais seguros?
Por Patrick J. Buchanan – 20 de maio de 2008.
”Pouco conhecimento é coisa perigosa,” escreveu o Alexander Pope.
Diariamente, nosso 43º presidente confirma a afirmação de Pope.
Dirigindo-se ao Knesset no 60º aniversário do nascimento de Israel, Bush disse que aqueles que dizem que devemos negociar com o Irã ou o Hamas são como os tolos que disseram que devíamos ter negociado com Adolf Hitler.
“Enquanto os tanques nazistas cruzavam para dentro da Polônia, em 1939, um senador americano declarou, ‘Deus, se apenas eu pudesse ter falado com Hitler, tudo isso poderia ter sido evitado’. Nós temos uma obrigação de chamar isso pelo que é – o falso conforto do apaziguamento. ...”
De novo, Bush fez uma salada da história.
Apaziguamento é o nome dado ao que Neville Chamberlain fez em Munique, em setembro de 1938. Antes do que ter de enfrentar a Alemanha em outra grande guerra – para manter 3,5 milhões de alemães sob domínio tcheco, que eles desprezavam – ele concordou em sua pacífica transferência para o domínio alemão. Com esses alemães foram as terras nas quais seus ancestrais tinham vivido há séculos, a Boêmia alemã, ou Sudetos.
O acordo negociado de Chamberlain com Hitler evitou uma guerra européia – às custas da nação tcheca. Isso foi o apaziguamento.
Os tanques alemães, no entanto, não rolaram para dentro da Polônia até um ano depois, 1º de setembro de 1939. Por quê os tanques rolaram? Porque a Polônia recusou-se a negociar sobre Danzig, um porto báltico de 350 mil habitantes, 95 % destes, alemães, que foi tomado da Alemanha na conferência de paz de Paris, em 1919, em violação dos 14 Pontos de Wilson e seu princípio de auto-determinação.
Hitler não queria guerra com a Polônia. Ele queria uma aliança com a Polônia em seu pacto anti-Comintern contra Joseph Stalin.
Mas os poloneses recusaram-se a negociar. Por quê? Porque eles eram um povo heróico, orgulhoso e desafiador e porque Neville Chamberlain tinha, insanamente, dado uma não-solicitada garantia de guerra aos poloneses. Se Hitler invadisse, Chamberlain disse aos poloneses, a Grã-Bretanha iria declarar guerra à Alemanha.
De março à agosto de 1939, Hitler tentou negociar Danzig. Mas os poloneses, confiantes na sua garantia de guerra britânica, recusaram. Portanto, Hitler acertou seu acordo com Stalin, e os dois invadiram e dividiram a Polônia.
O custo da guerra que veio da recusa em negociar Danzig foi de milhões de mortos poloneses, o massacre de Katyn, Treblinka, Sobibor, Auschwitz, o aniquilamento do Exército Interno no Levante de Varsóvia de 1944, e cinqüenta anos de ocupação nazista e comunista, barbarismo e terror.
Neste mesmo discurso ao Knesset, Bush desconsiderou a idéia de que jamais poderemos ser bem-sucedidos em negociar com o Hamas, Hezbollah ou Irã:
“Alguns parecem acreditar que deveríamos negociar com terroristas e radicais, como se algum argumento engenhoso fosse persuadi-los de que eles estavam errados o tempo todo. Já ouvimos essa tola ilusão antes.”
Mas as conversações de Ronald Reagan com o Império do Mal, enquanto ele reconstruía o poder militar da América, não geraram frutos na reversão da política imperial de Moscou e com o fim da Guerra Fria?
Richard Nixon foi à China e brindou com o maior assassino em massa de todos, Mao-Tsé-Tung, quando os maoístas estavam conduzindo um expurgo nacional: a Grande Revolução Proletária Cultural. Ainda assim, Nixon findou um quarto de século de implacável hostilidade sino-americana. A viagem de Nixon à China foi inútil?
Três anos após Nikita Khruschev afogar a revolução húngara em sangue, Ike levou-o a Camp David. John Kennedy terminou a mais perigosa confrontação da Guerra Fria, a crise dos mísseis cubanos, ao negociar com o mesmo Carniceiro de Budapeste.
Eram Ike, JFK e Nixon, todos idiotas iludidos? Pois os ditadores com quem eles negociaram – Khruschev e Mao – eram, de longe, maiores assassinos em massa e inimigos da América do que Mahmoud Ahmadinejad.
O pai de Bush negociou com Hafez al-Assad, o Carniceiro de Hama e fez dele um aliado americano na Guerra do Golfo.
Era o pai do presidente Bush um tolo iludido?
Os próprios diplomatas do presidente negociaram um fim para o programa nuclear do coronel Khadaffi, que foi responsável pelo massacre aéreo de estudantes americanos sobre Lockerbie.
Os próprios diplomatas de Bush estão negociando com a Coréia do Norte de Kim Jong-il, um estado patrocinador do terror. O embaixador Ryan Crocker está negociando com os iranianos em Bagdá. O Egito está negociando, em nome de Israel, com o Hamas para liberar um soldado israelense capturado. Todos eles são tolos iludidos?
Bush recusou-se a conversar com Yasser Arafat porque ele era um terrorista. Mas quatro primeiro-ministros israelenses negociaram com Arafat. Shimon Peres e Yitzhak Rabin compartilharam um Prêmio Nobel com ele. “Bibi” Netanyahu cedeu Hebron à ele. Ehud Olmert ofereceu-lhe 95 % da Margem Ocidental.
Todos os quatro líderes israelenses eram tolos iludidos?
É verdade, o encontro Chamberlain-Hitler em Munique provou-se um desastre, como os encontros FDR-Churchill-Stalin em Teerã e Ialta, e o encontro JFK-Khruschev em Viena. Mas a diplomacia de JFK na crise dos mísseis pode ter evitado uma guerra nuclear. E Eisenhower, Nixon, Gerald Ford e Reagan, todos encontraram com ditadores estrangeiros com sangue nas mãos, sem perda para a América, e algumas vezes, com ganhos impressionantes.
O que a recusa de Bush em dialogar com Hamas, Hezbollah, Damasco e Teerã tem feito para tornar Israel ou a América, mais seguros?
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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente
Texto excelente Clermont, como de costume!
É impressionante a ignorância de Bush, até mesmo perante seus compatriotas...
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- Clermont
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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente
QUEBRANDO BIBI.
Patrick Buchanan – 5 de junho de 2009.
”Eu tenho de admirar os residentes do território iroquês, por presumirem que tem direito de determinar onde os judeus devem viver em Jerusalém.”
Assim, o diretor de imprensa do governo israelense Daniel Seamen, causticamente, desconsiderou a oposição do presidente Obama ao direito de “crescimento natural” dos assentamentos de Israel na Jerusalém Oriental árabe e na Margem Ocidental.
Embora o discurso de Obama no Cairo não tenha forjado nenhum acordo novo, ele confirmou ao mundo que um novo dia chegou e uma mudança de maré ocorreu. A política “israelcêntrica” para o Oriente Médio de George W. Bush está morta. E com a mudança de política chegou a mudança retórica.
Com Bush, era o “eixo do mal”, “você está conosco ou com os terroristas,” “mudança de regime”, uma “luz verde” para a guerra ao Hezbollah no Líbano e ao Hamas em Gaza, e “esta guerra é uma luta entre o bem e o mal.”
Com Obama no Cairo, trata-se de “um novo começo” e “respeito mútuo” entre os Estados Unidos e um mundo islâmico de 1,2 bilhão.
Onde Bush buscava isolar a Síria como estado patrocinador do terror, Obama enviou diplomatas e está enviando militares americanos para Damasco a fim de conter a infiltração da al-Qaida no Iraque. A devolução das Colinas de Golan pode estar na mesa.
Onde Bush disse que a busca do Iraque por armas de destruição em massa ameaçava a América e o mundo, Obama chama o Iraque de “uma guerra de escolha”, e volta a se empenhar em trazer todas as tropas de combate americanas para casa, antes de 2012, e não procurar bases permanentes lá.
Onde os falcões israelenses pressionam por um ataque preventivo americano contra as instalações nucleares do Irã, Obama diz que este “deve ter o direito de acesso a energia nuclear pacífica, se cumprir com suas responsabilidades sob o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.”
Como não há evidência concreta nenhuma de que o Irã violou o TNP, isto aponta para uma resolução da questão nuclear, se Teerã puder fornecer garantias sólidas de que não tem nenhum programa clandestino de armas.
Onde Bush recusou a se encontrar com Yasser Arafat ou reconhecer a vitória eleitoral do Hamas, e entregou para Ariel Sharon e Ehud Olmert a política de Oriente Médio, Obama confrontou Bibi Netanyahu e deu um ultimato a Israel: contenha o crescimento dos assentamentos, agora, e venha até a mim com seu plano para um estado palestino.
Uma colisão que pode destroçar ambas as coalizões de Bibi e Barack, agora, parece inevitável e iminente. Ou o presidente, ou o primeiro-ministro, terá de recuar.
Netanyahu foi eleito sob as solenes promessas de nunca negociar com o Hamas, permitir um estado palestino (“um segundo Hamastão”) ou deixar Jerusalém ser dividida. Ele está empenhado com o “crescimento natural” dos assentamentos judaicos na Judéia e Samaria.
Obama disse, publicamente, que não deve haver nenhum crescimento, de qualquer espécie, na Margem Ocidental e todos os postos avançados ilegais devem ser retirados.
Há relatos de que, enquanto o Ministro da Defesa Barak estava no escritório do Conselheiro de Segurança Nacional, general Jim Jones, Obama apareceu lá por 15 minutos e disse ao mais condecorado soldado de Israel que ele quer ver um plano israelense para a paz e para um estado palestino, em julho.
Este estado irá, necessariamente, ter um enclave em Jerusalém como sua capital, já que nenhum líder palestino ou árabe pode concordar com uma paz que não inclua parte de Jerusalém, a Mesquita Al Aqsa e a Cúpula da Rocha, sem se colocar em perigo mortal.
Por trás deste choque, jaz uma mudança de perspectiva em Washington.
Obama está desafiando, diretamente, a tese de Israel e seu “lobby”, a AIPAC, de que os interesses americanos e israelenses são uma coisa só, de que somos parceiros. Barack está dizendo que os assentamentos são um empecilho e um estado palestino independente é indispensável para a paz. E, mesmo se Israel acredita que seus interesses estão sendo subordinados e sua segurança posta em risco, os Estados Unidos discordam – e os Estados Unidos prevalecerão.
Em Israel, a aposta é de que Barack irá quebrar Bibi porque Israel não pode desafiar seu último grande amigo, a única superpotência, de quem depende para segurança, armamentos e abrigo diplomático das sanções do Conselho de Segurança da ONU. Como Rick Wagoner da General Motors poderia dizer a Bibi, você recebe o shilling do rei, você toca a música do rei.
Na verdade, Obama pode argumentar que ele representa mais a comunidade judaica nos Estados Unidos do que o “lobby” israelense, já que conquistou 78 porcendo do voto judaico.
Netanyahu foi ultrapassado em pesquisas por Tzipi Livni do Kadima, que está esperando na esquina.
Bibi está numa sinuca de bico. Se desafiar Obama e ordenar novos projetos habitacionais nos assentamentos, ele poderá enfrentar uma rebelião doméstica por alienar o aliado indispensável de Israel.
Se conter o crescimento dos assentamentos e rumar para acomodar um estado palestino com a capital em Jerusalém, como explicar esta capitulação para o Likud – e para Avigdor Lieberman?
Na semana que vem, o Irã vai às urnas, e o presidente Ahmadinejad encara uma forte oposição. Se o moderado Mir-Hossein Moussavi ganhar, a possibilidade de uma detente americano-iraniana crescerá, dramaticamente.
Para Israel e os Estados Unidos, os dias de vinho e rosas estão acabados.
Patrick Buchanan – 5 de junho de 2009.
”Eu tenho de admirar os residentes do território iroquês, por presumirem que tem direito de determinar onde os judeus devem viver em Jerusalém.”
Assim, o diretor de imprensa do governo israelense Daniel Seamen, causticamente, desconsiderou a oposição do presidente Obama ao direito de “crescimento natural” dos assentamentos de Israel na Jerusalém Oriental árabe e na Margem Ocidental.
Embora o discurso de Obama no Cairo não tenha forjado nenhum acordo novo, ele confirmou ao mundo que um novo dia chegou e uma mudança de maré ocorreu. A política “israelcêntrica” para o Oriente Médio de George W. Bush está morta. E com a mudança de política chegou a mudança retórica.
Com Bush, era o “eixo do mal”, “você está conosco ou com os terroristas,” “mudança de regime”, uma “luz verde” para a guerra ao Hezbollah no Líbano e ao Hamas em Gaza, e “esta guerra é uma luta entre o bem e o mal.”
Com Obama no Cairo, trata-se de “um novo começo” e “respeito mútuo” entre os Estados Unidos e um mundo islâmico de 1,2 bilhão.
Onde Bush buscava isolar a Síria como estado patrocinador do terror, Obama enviou diplomatas e está enviando militares americanos para Damasco a fim de conter a infiltração da al-Qaida no Iraque. A devolução das Colinas de Golan pode estar na mesa.
Onde Bush disse que a busca do Iraque por armas de destruição em massa ameaçava a América e o mundo, Obama chama o Iraque de “uma guerra de escolha”, e volta a se empenhar em trazer todas as tropas de combate americanas para casa, antes de 2012, e não procurar bases permanentes lá.
Onde os falcões israelenses pressionam por um ataque preventivo americano contra as instalações nucleares do Irã, Obama diz que este “deve ter o direito de acesso a energia nuclear pacífica, se cumprir com suas responsabilidades sob o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.”
Como não há evidência concreta nenhuma de que o Irã violou o TNP, isto aponta para uma resolução da questão nuclear, se Teerã puder fornecer garantias sólidas de que não tem nenhum programa clandestino de armas.
Onde Bush recusou a se encontrar com Yasser Arafat ou reconhecer a vitória eleitoral do Hamas, e entregou para Ariel Sharon e Ehud Olmert a política de Oriente Médio, Obama confrontou Bibi Netanyahu e deu um ultimato a Israel: contenha o crescimento dos assentamentos, agora, e venha até a mim com seu plano para um estado palestino.
Uma colisão que pode destroçar ambas as coalizões de Bibi e Barack, agora, parece inevitável e iminente. Ou o presidente, ou o primeiro-ministro, terá de recuar.
Netanyahu foi eleito sob as solenes promessas de nunca negociar com o Hamas, permitir um estado palestino (“um segundo Hamastão”) ou deixar Jerusalém ser dividida. Ele está empenhado com o “crescimento natural” dos assentamentos judaicos na Judéia e Samaria.
Obama disse, publicamente, que não deve haver nenhum crescimento, de qualquer espécie, na Margem Ocidental e todos os postos avançados ilegais devem ser retirados.
Há relatos de que, enquanto o Ministro da Defesa Barak estava no escritório do Conselheiro de Segurança Nacional, general Jim Jones, Obama apareceu lá por 15 minutos e disse ao mais condecorado soldado de Israel que ele quer ver um plano israelense para a paz e para um estado palestino, em julho.
Este estado irá, necessariamente, ter um enclave em Jerusalém como sua capital, já que nenhum líder palestino ou árabe pode concordar com uma paz que não inclua parte de Jerusalém, a Mesquita Al Aqsa e a Cúpula da Rocha, sem se colocar em perigo mortal.
Por trás deste choque, jaz uma mudança de perspectiva em Washington.
Obama está desafiando, diretamente, a tese de Israel e seu “lobby”, a AIPAC, de que os interesses americanos e israelenses são uma coisa só, de que somos parceiros. Barack está dizendo que os assentamentos são um empecilho e um estado palestino independente é indispensável para a paz. E, mesmo se Israel acredita que seus interesses estão sendo subordinados e sua segurança posta em risco, os Estados Unidos discordam – e os Estados Unidos prevalecerão.
Em Israel, a aposta é de que Barack irá quebrar Bibi porque Israel não pode desafiar seu último grande amigo, a única superpotência, de quem depende para segurança, armamentos e abrigo diplomático das sanções do Conselho de Segurança da ONU. Como Rick Wagoner da General Motors poderia dizer a Bibi, você recebe o shilling do rei, você toca a música do rei.
Na verdade, Obama pode argumentar que ele representa mais a comunidade judaica nos Estados Unidos do que o “lobby” israelense, já que conquistou 78 porcendo do voto judaico.
Netanyahu foi ultrapassado em pesquisas por Tzipi Livni do Kadima, que está esperando na esquina.
Bibi está numa sinuca de bico. Se desafiar Obama e ordenar novos projetos habitacionais nos assentamentos, ele poderá enfrentar uma rebelião doméstica por alienar o aliado indispensável de Israel.
Se conter o crescimento dos assentamentos e rumar para acomodar um estado palestino com a capital em Jerusalém, como explicar esta capitulação para o Likud – e para Avigdor Lieberman?
Na semana que vem, o Irã vai às urnas, e o presidente Ahmadinejad encara uma forte oposição. Se o moderado Mir-Hossein Moussavi ganhar, a possibilidade de uma detente americano-iraniana crescerá, dramaticamente.
Para Israel e os Estados Unidos, os dias de vinho e rosas estão acabados.