31/07/2007 - 12h11
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Esforços dos EUA contra Irã são inúteis", diz ministro iraniano
da Folha Online
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki, criticou nesta terça-feira os projetos de venda de armas norte-americanas à Arábia Saudita e aos outros países aliados dos Estados Unidos no golfo. Para Mottaki, os projetos, que entre outros motivos pretendem contrabalançar a influência do Irã na região, são "inúteis".
"Os esforços americanos para vender bilhões de dólares de armas e propagar teorias falsas na região são oportunistas e inúteis", disse Mottaki em um comunicado. "O objetivo [dos EUA] é impedir que os fabricantes de armas americanos venham a falir", completou.
Washington confirmou nesta segunda-feira que pretende fechar contratos de assistência militar avaliados em até US$ 20 bilhões com a Arábia Saudita e outros países do golfo, além de enviar US$ 13 bilhões para o Egito e US$ 30 bilhões para Israel para aumentar suas defesas e lutar "contra a influência negativa" de grupos radicais e do Irã.
"Os políticos da Casa Branca --muitos, eles próprios, acionistas de grandes empresas armamentícias--, tentam usar seu poder para criar um clima psicológico favorável que lhes permita obter enormes benefícios", completou o ministro.
Missão no Oriente Médio
A crítica do Irã chega no mesmo dia em que a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e o secretário de Defesa, Robert Gates, iniciaram no Egito uma missão diplomática no Oriente Médio. A missão tem como objetivo negociar com os aliados locais para tentar estabilizar o Iraque e de contrabalançar a influência do Irã na região.
Os americanos buscam ainda o apoio da Arábia Saudita e de países vizinhos para exercerem pressão financeira contra o Irã e assim desencorajar a continuidade do controverso programa nuclear do país.
O Irã já sofreu duas resoluções da ONU com sanções contra seu programa nuclear, que os EUA acusam de visar a criação de armas de destruição em massa. Ainda assim, Teerã afirma que manterá o programa, que diz visar apenas a obtenção de energia.
Os oficiais americanos deverão também acalmar as tensões criadas pela guerra no Iraque e a crescente oposição local à ação dos EUA no país árabe, o que pode significar queda do apoio à Washington.
Anti-Irã
Além dos acordos de armas a serem negociados com sauditas e países do golfo, os EUA preparam também um pacote de ajuda militar para Israel e para o Egito que, juntos, somarão cerca de US$ 43 bilhões.
Para Rice, os pacotes bilionários de armamentos para o Oriente Médio ajudarão a garantir a segurança do Iraque e promover a estabilidade na região.
Antes de embarcar no tour pela região com Gates, Rice afirmou em um comunicado que o pacote bilionário de ajuda irá "promover as forças moderadas e apoiar uma estratégia maior para contrabalançar influências negativas da [rede terrorista] Al Qaeda, do grupo radical libanês Hizbollah, da Síria e do Irã".
"Temos os mesmos objetivos nesta região no que se refere a segurança e estabilidade", disse a secretária. "Não há dúvidas de que o Irã é o principal país a desafiar os interesses americanos no Oriente Médio e o tipo de região que queremos ver."
Negativa
Até agora, no entanto, os esforços americanos não resultaram em nenhuma promessa específica de apoio dos líderes árabes.
Gates negou hoje que a viagem é focada em atingir o Irã. "Estamos aqui para fazer discussões de longo prazo", disse o líder do Pentágono. Ele afirmou que as relações entre os EUA e o golfo é muito anterior aos atuais problemas com Teerã.
Na reunião de hoje com ministros árabes em Sharm el Sheik, no Egito, os aliados dos americanos no golfo expressaram preocupação com o futuro da presença militar dos EUA no Iraque.
"Há certamente uma preocupação de que os EUA vão se retirar precipitadamente do Iraque, ou sair de alguma forma que desestabilize toda a região", afirmou Gates.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mund ... 6476.shtml