alcmartin escreveu:Tá na flor da idade, koslova...juventude c/mais maturidade,hehe!
Mas, voltando ao tema:
Koslova escreveu:Um pouco do que Israel,Irã, Iugoslávia, Japão,Taiwan, Coréia do Sul, Índia, Brasil, Italia, China, produziram como aviões de combate nas ultimas décadas.
O critério: Programas desenvolvidos dentro de paises que não são tradicionais produtores de aviões de combate, em resposta ao requerimento de forças aereas locais.
Serve para "refrescar" a memória e algumas reflexões
Dessa turma aí, o que eu noto é o sonho de todos do desenvolvimento tecnologico, da segurança militar, mas para uns falta vontade política, outros dinheiro e outros competencia, mesmo!
O destaque seria Israel, que teria todos os requisitos e renunciou voluntariamente. Provavelmente por vantagem financeira aliada a trocas políticas.
Mas, sobre Israel seria bom os comentarios de alguem c/experiencia local,he,he!!
Brincadeira, Koslova...fique a vontade e um abraço!
O que eu poderia dizer sobre Israel!
Qual a forma de se ter total independência em sistemas militares?
“Desenvolvendo a fabricando seus próprios armamentos.”
Isto é obvio para todos, e tão obvio quando é que apenas 3 ou 4 paises no mundo podem se dar ao luxo de sempre quase que exclusivamente independentes.
E os outros 98% das nações?
Bem, a estes existem estratégias, umas melhores, outras piores para contornar o problema.
A estratégia escolhida por Israel é antes de mais nada manter as suas forças armadas operacionais. Nem sempre as FA´s de Israel foram um prodígio de equipamentos de alta tecnologia, padronizadas e logisticamente integradas. Mas sempre foram FA´s prontas para a ação, com iniciativa para combate e politicamente na sociedade de Israel nunca existiram muitas “frescuras” políticas quando a um aspecto.
A IDF existe para matar nossos inimigos e garantir a segurança do estado judeu. Simples, objetivo e direto!
Outro ponto importante é que Israel sempre manteve estreito relações políticas de fornecimento de equipamentos militares com alguém.
Primeiro com a França, depois com os EUA. E quando o governo francês de afastou de Israel, ai veio o terceiro e mais importante ensinamento das FA´s de Israel.
Um modelo de industria focado em necessidades operacionais e dependência seletiva.
Quando a IAI precisou desenvolver o Kfir, ela não estava interessada em “tornar Israel um dos paises no seleto clube dos fabricantes de aviões supersônicos” o interesse era mais simples.
Dar a IAI um modelo de avião de caça moderno, em um bom numero, da maneira rápida e a baixo custo, para enfrentar a ameaça árabe na região.
O programa Kfir não era um programa tecnológico, era um programa de prioridade operacional.
Quando Israel experimentou o amargo rompimento com a França, a industria local foi orientada em cima de um modelo baseado em dois pilares.
• A capacidade de fornecimento de soluções customizadas para as necessidades locais criando uma dependência seletiva de itens criticos.
• A exportação como item de financiamento da industria local que não comprometa a operacionalidades da IDF, porque a orientação operacional em uma FA vem antes da orientação tecnológica na visão de Israel.
O que é dependência seletiva?
É o entendimento de um polinômio que diz o seguinte.
Letalidade = plataforma x armamento&sensores x doutrina x operacionalidade
Destes 4 elementos que devem ser maximizados, Israel entendia que 2 deles não dependia de fornecedores externos, doutrina e operacionalidade.
E dos outros dois, plataforma e armamentos/ sensores, os que poderiam gerar dependência não eram as plataformas, mas o acesso a armamento/sensores uma geração defasados.
O foco da industria local foi perseguir um modelo de capacitação não na plataforma, mas na capacidade de adequar esta plataforma as necessidades operacionais da IDF e assim surgiu um modelo sugerireis de industria militar.
Caças como o LAVI vieram da harmonização deste modelo alguns anos depois.
• Ele poderia ser uma solução para o mercado externo onde o preço dos caças já se encontrava em franca elevação.
• Sensores e armamentos que comporiam o programa teriam que ser desenvolvidos dentro da estratégia de dependência seletiva, fosse o programa LAVI adiante ou não.
• A incorporação de tecnologia americana de propulsão sobretudo abreviaria os custos e prazos.
Porque não fazer o LAVI? Este era o pensamento da época, que resultou no programa.
O motivo do fracasso vocês sabem tão bem quando eu qual foi. Mas Israel perdeu com o cancelamento do LAVI?
Perdeu, mas não foi algo trágico. Esta decisão teve ganhos de compensação política e econômica.
Lembro do Pepe Rezende que sempre criticou os mísseis AAM de Israel, dizendo que não existiam fotos de mísseis locais em caças da IAF em condições operacionais.
Eu sempre falava para ele nos fóruns que não poderia explicar o porque isto acontece, mas que se pude-se explicar a resposta seria incrivelmente simples.
Mesmo ainda não podendo explicar a historia por completo, lanço uma reflexão a vocês sobre o tema.
A que facilidade Israel financia um F-16 depois que mostrou que pode fabricar um caça supersônico?
A que facilidade Israel compra um míssil da Raytheon e loteia o mercado de mísseis com os americanos se pode integrar a seus caças mísseis locais de boa qualidade?
Isto é independência seletiva.
Alguns paises se inspiraram em alguns princípios que norteiam o planejamento industrial e estratégico da IDF.
A África do Sul foi um destes paises que implementou em pequena escala alguns princípios.
Os pontos fracos da África do Sul é que em Israel 85% do que a industria fatura vem de vendas externas, e a África do Sul parece que tem visto de perto o quão o mercado externo de itens militares sofisticados é uma briga de cachorro grande, o grupo DENEL não apresenta a mesma pujança econômica do grupo IAI.
Também existe um “desaquecimento” das ameaças militares na África do Sul, ao contrario do oriente médio.
Outro pais que se inspirou em alguns princípios de Israel é o Irã, claro que o Irã não tem a capacidade tecnológica de Israel, também não tem aliados de peso como os EUA.
Mas a capacidade do Ira de manter suas FA´s em um ambiente de boicote, com soluções tecnológicas focando a operacionalidade, desenvolvendo um modelo industrial local que visa alguma independência seletiva merece elogios, embora não saibamos na pratica do que afinal das FA´s locais são capazes.