A despeito de boa parte dos equipamentos militares serem de origem americana, houve um certo distanciamento devido principalmente à recusa de venda de equipamentos de alta tecnologia. No FX-1 recusou-se a oferta de F-16 (por que?).
Caro Wagner, rigorosamente falando, a FAB nunca negou a qualidade dos equipamentos militares e tal "distanciamento" ocorreu pelas necessidades que surgiram dentro da própria FAB. No início dos anos 80 até início dos anos 90, o Brasil ainda era um país muito "fechado". Neste período existiu a famosa "reserva de mercado de informática" (um inferno astral pra todos nós). Foi um período em que achávamos que tudo poderia e deveria ser produzido no país. Uma cultura do tipo: para se ter indepêndencia tecnológica, precisamos desenvolver tudo por aqui. Só que muita coisa, principalmente dentro do campo da "informática" (hardware), quase tudo era "clone". E isto começou a incomodar os fabricantes originais, por perderem os royalties, entre outras.
Neste mesmo período a FAB através da Embraer, desenvolvia ao AMX em conjunto com a Itália. Os EUA começaram a fechar cada vez mais a torneira, pois qualquer informação repassada poderia ser agregada ao "banco de informações/dados" da FAB e do país e passaríamos a ser donos de tudo. Isto sem falar de vários outros projetos militares(EB, MB e mais alguns da FAB) e não militares.
Eu pergunto, por que os EUA nos dariam informações? Seriam loucos em querer um país como o Brasil (6º maior fabricantes de armas do mundo na época) detendo tecnologias de ponta e passando a ser mais um competidor? A resposta seria naturalmente um não, e foi (grosso modo) e que aconteceu.
No início do FX-1 ainda sofríamos reflexos deste período e a proposta americana contemplava apenas o fornecimento de caças "avançados", mas apenas para serem usados como está nos manuais. No final disseram até que liberariam todas as armas, mas repasse de tecnologias, em hipótese alguma! Como a FAB queria além do offset, repasse de alguma tecnologia e produção local (pois pretendia renovar toda a sua frota de caças), o pacote americano foi imediatamente descartado.
Passado esse período tumultuado (onde a FAB se enrolou toda com o processo de licitação; quase 10 anos), o cenário mudou. A política se consolidou mais no período FHC e o medo Lula foi por água abaixo, a ponto deste último ter estreitado ainda mais os laços com os americanos. Dada a confiabilidade econômica atual, a política que não corre mais riscos nem com os antigos radicais, o novo cenário geo-político e mais uma porção de "coisinhas", a visão dos americanos em relação a nós mudou também.
Hoje os interesses americanos em relação a nós é muito maior e totalmente diferente. Por uma lógica simplista como essa que apresentei, faz sentido então considerar as propostas deles, já que será totalmente diferente do que foi no passado e em particular no programa FX-1.
Abraços,
Orestes