Exército tem de comandar ações no Rio, diz general
Comandante Enzo Martins Peri afirma que a Força está pronta para missão
Segundo ele, quem tem que definir a amplitude, a forma e o tempo necessário de patrulhamento é o presidente da República
O comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, disse ontem que "não é a favor nem contra" o envio de tropas federais para o Rio, mas impôs uma condição: a de que o Exército assuma o comando das operações, ou seja, que as tropas do Estado fiquem sob suas ordens. Em entrevista à Folha, por telefone, o general disse que não pretendia levar nenhum plano por escrito para a reunião de hoje entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Defesa, Waldir Pires, e os comandantes das três Forças Armadas. Segundo Peri, que completou 66 anos ontem, o Exército trabalha com "diferentes cenários" e quem tem que definir a amplitude, a forma e o tempo da missão é o presidente da República, "dentro dos limites constitucionais". Ele, porém, foi lacônico e não mostrou entusiasmo pela missão. Leia trechos da entrevista:
FOLHA - O sr. é contra o envio de tropas para o policiamento do Rio?
ENZO PERI - Não sou contra nem a favor, não discordo nem concordo. Não é condizente com a realidade dizer que sou contra, que há restrição, que há oposição a idéia.
FOLHA - Então o sr. é a favor?
PERI - O meu ponto de vista é o que está na Constituição e na Lei Complementar. Se o governador faz a solicitação de acordo com os instrumentos legais e se o presidente atende a essa solicitação, é evidente que será atendida.
FOLHA - E as condições?
PERI - As condicionantes também são explicitadas pela lei, não somos nós quem temos de dizer quais são. Não há parecer contrário nem restrições. Os procedimentos estão todos previstos, e é preciso ficar claro que as Forças Federais têm de ter o comando da missão.
FOLHA - O Exército?
PERI - Que seja o Exército, a Aeronáutica ou a Marinha, dependendo da situação, mas o comando é das Forças Federais. Cabe ao presidente determinar qual a missão, estabelecendo que é episódica, por tempo limitado, como previsto em lei. Não há nem pode haver ponto de vista pessoal, mas essas coisas têm de ficar claras. O primeiro passo é justamente o governo estadual declarar que foram esgotados os meios próprios, que esses meios são indisponíveis, insuficientes ou mesmo inexistentes. É uma formalidade requerida, que não me cabe julgar.
FOLHA - A partir desse reconhecimento, o sr. considera que o Estado está entregando o controle às Forças Federais?
PERI - O presidente é quem determina as condições, mas o que não pode acontecer é a Força Federal ficar sob o comando do Estado.
FOLHA - O próprio governador avisou que pediria socorro federal já na posse e a possibilidade de o Exército entrar é antiga. O plano está todo pronto?
PERI - Estamos aguardando as determinações e diretrizes do presidente da República.
FOLHA - Mas o sr. não tem de apresentar um plano na reunião hoje para embasar a decisão ao presidente?
PERI - Estamos prontos para cumprir a missão, isso é que importa.
FOLHA - Qual o efetivo necessário? E em quanto tempo o Exército poria as tropas no Rio?
PERI - A questão do Rio tem de ser analisada com tranqüilidade, com serenidade, não há discussão nem discordância. Essa questão do efetivo e do tempo vai depender do tamanho da missão que o presidente decidir. Não há nada fixo, não dá para dizer que são tantos homens, em tantas horas, porque tudo depende do tipo e da amplitude da missão. Então, é caso a caso.
FOLHA - Quais são os cenários possíveis?
PERI - O Exército trabalha com diferentes cenários, evidentemente, mas eu não falo sobre hipóteses.
http://www.defesanet.com.br/zz/mout_eb_rio.htm
Percebe-se o ânimo do exército nesse trabalho de polícia...