
SBS - Special Boat Service
(Serviço Especial de Embarcações)
Parte I
HISTÓRIA
A história do ancestral do Special Boat Service teve inicio no verão de 1940, com a formação de uma seção de canoagem sob o comando do major Roger Courtney, que passou a ser chamada de Special Boat Squadron (SBS). Em fevereiro de 1941, Courtney e outros quinze homens seguiram para o Oriente Médio, encarregados de operar com os comandos. Designado como Seção "Z", esse grupo foi transferido, em abril, para a 1ª Flotilha de Submarinos. No final do ano, a Seção "Z" e a SBS (Special Boat Section, Seção Especial de Embarcações), uma unidade formada na primavera de 1941, foram absorvidas pelo Esquadrão "D" do 1.° Regimento do SAS, juntamente com três grupos de canoeiros sob o comando do conde Jeilicoe. No outono de 1942, Jeilicoe dividiu essas forças em três seções denominadas "M", "L" e "S", a partir da primeira letra do sobrenome de seus comandantes.
Na primavera de 1943, após a captura de David Stirling, criador e comandante do SAS, as três seções se organizaram em esquadrões, com uma força total de 180 homens. Outro grupo do SAS formou o 1.° SRS (Special Raiding Squadron, Esquadrão Especial de Ataque). Sob a liderança do major "Paddy" Mayne, essa unidade desempenhou um papel-chave na invasão da Sicília, em julho de 1943. Em novembro desse ano, o Special Boat Squadron, de Jeilicoe, passou para o comando do general-de-brigada Tumbull, da Raiding Forces Middie East (força de ataque do Oriente Médio), e teve seu nome trocado para Special Boat Service. Passou então ao controle das forças terrestres que atuavam no litoral do Adriático e realizou operações nos mares Mediterrâneo, Adriático e Egeu.
Logo depois da Segunda Guerra Mundial, as forças especiais de ataque naval formadas durante as hostilidades passaram por um período de grande reorganização. A maior parte foi dissolvida, mas elementos de três delas, o Royal Marine Boom Patrol Detachment (RMBPD, destacamento de patrulhamento extensivo dos Fuzileiros Navais) criado especificamente para ataques relâmpagos a partir de embarcações e a limpeza de obstáculos das praias de desembarques anfíbios, eles eram o equivalente mais próximo das Underwater Demolition Teams (UDT, Equipes de Demolição Subaquática) dos EUA , os Royal Navy's Combined Operation Assault Pilotage Parties (COPP, grupos de operações combinadas de assalto e pilotagem da Marinha britânica) que se especializaram em reconhecimento de praia ,e a Marines School of Combined Operations Beach and Boat Section (SCOBBS, Seção de Operações Combinadas de Praia e Embarcações da Escola de Fuzileiros Navais), continuaram em serviço. O atual Special Boat Service – SBS (Serviço Especial de Embarcações) é descendente direto dessas unidades.
Mesmo com a dissolução de muitas unidades especiais da Marinha e dos Fuzileiros Navais a Inglaterra decidiu manter o RMBPD porque pequenas operações especiais com barcos seriam realizadas no futuro pelos RM. Em 1947 estas duas unidades foram transferidas para a Escola de Operações Anfíbias dos RM em Portsmouth para repor o SCO. Essas forças foram reunidas num único comando, conhecido como Small Raids Wing (SRW, Grupos de Incursões em Escala Limitada) e começaram a ressuscitar as velhas habilidades adquiridas na última guerra, pois agora restava poucos veteranos do último grande conflito. Depois a unidade transformou-se na Special Boat Unit (SBU, Unidade Especial de Embarcações), e era composto por três Seções Especiais de Barco, assim ressuscitando as iniciais SBS, e uma unidade operacional e de treinamento. Os nadadores-canoeiros, desta unidade estavam entre os voluntários que se apresentaram para servir no Comando 41 Independente, unidade dos RM, que lutou na Guerra da Coréia em 1950-51. Esta unidade foi empregada principalmente em ataques de comandos nos litorais da Coréia do Norte e também estiveram presentes nos combates ocorridos no Reservatório de Chosin, ao lado da 1ª Div. dos Fuzileiros Navais dos EUA.
Além da 1ª Seção Especial de Embarcações (SBS), foram formadas em 1950-51 as Seções 2 e 3 para operar com o Esquadrão da Royal Navy no rio Reno na Alemanha. A sua missão prioritária em caso de guerra seria destruir pontes e outros alvos ao longo do rio se as forças Aliadas fossem forçadas a se retirar, com o objetivo de retardar o avanço Soviético. Em 1952, os SBS foi enviado ao Egito para realizar um reconhecimento do porto de Alexandria a pedido do palácio do rei Farouk, para a preparação de uma possível evacuação de residentes britânicos naquele país. As equipes de canoas foram infiltradas por submarino e o reconhecimento foi feito, mas um nadador perdeu o ponto de reunião na volta da equipe e foi recolhido pelos egípcios, e cedido a Inteligência Naval da RN em Fayid. Se Nasser tivesse optado por um golpe violento, um destacamento poderia ter sido enviado a Farouk numa missão de resgate, mas isto não era necessário.
O 4º e 5º SBS foram criados com membros dos voluntários da Reserva Real das Forças de Fuzileiros Navais. Em meados dos anos 50, o 6º SBS foi apressadamente formado para apoiar as forças navais da OTAN no Mediterrâneo contra qualquer ataque dos submarinos russos vindos do Mar Negro. Quando a 3ª Brigada de Comando foi transferida da Malásia para Malta em meados dos anos 50, o 6º SBS foi enviado para servir com ela. De Malta e depois do Barhein, o 6º SBS conduziu numerosos reconhecimentos de várias praias do Oriente Médio.
Em 1956 em Poole, o 1º SBS tinha sido colocado em alerta e dentro de poucos dias foi requisitado ao Mediterrâneo para a operação Musketeer. O 1º SBS tinha a tarefa de cortar os cabos que foram colocados no Canal de Suez para impedir a passagem por navios. A Seção 1 SBS voou para Malta, mas antes que pudesse dar prosseguimento aos preparativos da missão ela foi cancelada. O 6º SBS também foi mobilizado durante a crise do Canal de Suez. Ele foi mobilizado para preparar um reconhecimento detalhado dos locais de desembarque anfíbio, mas a tarefa foi cancelada outra vez antes que se pudesse iniciar o trabalho, devido a este tipo de invasão ser considerado muito arriscado no momento. Em vez disso o 6º SBS foi embarcado no HMS Ocean e enviado a Port Said junto com a 3ª Brigada de Comandos.
Em 1957 o SRW foi reorganizado, tornando-se a Special Boat Unit (Unidade Especial de Embarcações). Um ano depois, a unidade foi rebatizada de Special Boat Company (Companhia Especial de Embarcações) e separado da Escola de Operações Anfíbias dos RM, mas permaneceu dentro de sua área de aquartelamento, agora localizada em Poole. Foi neste momento que o lema "Não Por Força, Por astúcia" foi criado. Este lema apareceu na insígnia não oficial das pás cruzadas com uma rã no topo deles e das asas de pára-quedas acima. Isto se originou de um cartão de Natal em 1946.
Em 1959, o 6º SBS foi colocado em alerta para se preparar para evacuar o rei Idris da Líbia, mas a diplomacia das canhoneiras conseguiu o efeito desejado e o SBS teve sua missão cancelada. Porém os homens do 6º SBS não desperdiçaram a viagem, e conduziram um reconhecimento ao longo da costa de Tobruk a Tripoli.
Em 1961, uma seção do SBS foi enviada junto com a 3ª Brigada de Comando para encontrar e capturar especificamente um líder guerrilheiro, e participou da libertação de reféns feitos pelas guerrilhas apoiadas pelos indonésios. O 6º SBS, baseado em Malta, enviou um destacamento para Barhein, de onde poderia se desdobrar para várias áreas da península arábica durante possíveis conflitos regionais. Com a ameaça de invasão do Kuwait pelo Iraque em 1961, o SBS ficou com um destacamento baseado permanentemente Barhein.
A "confrontação" da Grã-Bretanha com a Indonésia se agravou com as revoltas em Brunei em Dezembro de 1962. Esta revolta foi rapidamente controlada, mas grupos de guerrilheiros locais e tropas regulares indonésias começaram a se infiltrar através da fronteira pela parte malaia de Bornéo. Tropas britânicas, ajudadas por forças locais e da Comunidade britânica, foram acionadas para cessar as infiltrações. O 2º SBS já estava na área, tendo ido para Singapura com 3ª Brigada de Comando em 1961. Eles e o 1º SBS, enviado diretamente da Inglaterra, operaram principalmente nas áreas litorâneas e também através da fronteira em missões de reconhecimento. Outro trabalho realizado pelo SBS era o de abastecer pelo mar, patrulhas maiores na selva, freqüentemente compostas pelos Gurkhas. A confrontação acabou com um tratado de paz assinado em agosto de 1966.
Ao mesmo tempo a Grã-Bretanha estava envolvida com os conflitos no Protetorado de Aden (hoje porte do Iêmen). Os nadadores-canoeiros que tinham retornado às missões de comandos eram proeminentes em dirigir muitas patrulhas de reconhecimento. Um destacamento permanente foi estabelecido em Barhein, como parte do 2º SBS, e continuou seu trabalho de pesquisa da hidrografia das áreas em que a Grã-Bretanha pudesse se envolver em combates. Em 1967 a Inglaterra completou a sua retirada de Aden, mas isto não foi o fim dos serviços do SBS no Oriente Médio.
De 1970 a 1976, o SAS foi envolvido em uma feroz luta anti-insurreição, contra insurgentes comunista em Oman, quem ameaçavam depor o Sultão, e seu governo pró-britânico. Os homens do SBS localizados em Barhein, estiveram presentes nas etapas prévias desta campanha, inicialmente transportando os homens do SAS em barcos pequenos, mas mais tarde participando de patrulhas e emboscadas no interior do país. Por volta de 1971 quando a retirada da Grã-Bretanha da Malásia e Singapura estava completa a Companhia Especial de Barco foi concentrada em Poole.
Também em 1971 quando Índia e Paquistão entraram em guerra por causa dos conflitos no Paquistão Oriental, o SBS foi desdobrado para a região e ficou a bordo do HMS Albion, para realizar se necessário à evacuação de cidadãos britânicos do Paquistão Oriental. Os paquistaneses capitulam depois de duas semanas de guerra, um cessar fogo entrou em vigor e é foi fundado o Estado de Bangladesh no antigo Paquistão Oriental, não sendo necessária a evacuação britânica.
Praticamente esta foi à última participação do SBS nas distantes regiões do antigo império britânico, mas novas tarefas estavam surgindo na Europa.
Como Gibraltar era o último bastião ocidental restante do império britânico no Mediterrâneo, e que estava bloqueado pela Espanha de Franco, o 6º SBS foi desdobrado para lá em 1961, onde conduziu o reconhecimento em torno da rocha para assegurar que a Espanha não planejava um assalto à colônia. Nos anos 70, o SBS começou a se envolver no apoio à forças policiais civis no combate ao trafico de drogas nas Caraíbas.
Foi no início da década de 70 que o SBS foi utilizado pela primeira vez em operações antiterror. Em 1972 uma equipe de quatro homens foi lançada de pára-quedas em pleno Atlântico Norte para procurar por bombas a bordo do Queen Elizabeth 2, devido a uma ameaça terrorista. Nenhum explosivo foi achado. Ainda em 1972 o QE2 transporta cidadãos judeus em um cruzeiro para Israel sob a proteção do SBS, devido às tensões de ameaças de ataques terroristas. O cruzeiro termina sem nenhum incidente. Em 1976 o QE2 necessita mais uma vez de proteção do SBS em um cruzeiro com israelenses. Os operadores do SBS se misturaram com os turistas, tendo pistolas de 9 mm debaixo de suas camisas. Esse cruzeiro terminou também sem nenhum incidente