Vocês brincam com o Bat, mas ele é muito importante:
Gente feia favorece sobrevivência da espécie
Estudo revela por que apesar da seleção sexual pelos belos ainda existem feios.
Trabalho rebate críticas à teoria da evolução e mostra sutileza da seleção natural.
Marília Juste
Do G1, em São Paulo
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Se temos uma tendência a preferir parceiros bonitos em relação a feios, por que a seleção natural não agiu até agora para eliminar gente feia do mundo? Esse grande paradoxo da evolução acaba de ser respondido por dois cientistas do Reino Unido. De acordo com seu estudo, isso acontece porque um gene que causa mutações no nosso genoma “pega carona” naqueles ligados às características que apreciamos, como a beleza. Por isso, em vez de a seleção sexual diminuir as diferenças entre nós, como ditaria a lógica, ela, na verdade, nos torna cada vez mais diferentes.
O fato de a seleção sexual não ter nos transformado em uma espécie formada apenas por Giseles Bündchens e Reynaldos Gianecchinis é um dos argumentos preferidos dos criacionistas para derrubar a teoria da evolução de Charles Darwin. Agora, Marion Petrie e Gilbert Roberts, da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, respondem. Segundo seu estudo, a evolução não age por um mecanismo tão simplista.
No trabalho publicado na revista científica “Heredity”, do grupo da prestigiada "Nature", eles usaram um modelo computacional para verificar se um elemento que alterava as mutações genéticas em bactérias também causava impacto em espécies que se reproduzem de forma sexuada, como nós. A resposta foi um surpreendente “sim”.
“Esse é um extraordinário dilema evolucionário. Um grande paradoxo da teoria da evolução”, disse Petrie ao G1. “Na verdade, mecanismos que nós achávamos que não tinham muita importância na seleção natural são, de fato, muito relevantes. A questão é bem mais complexa do que parece e a seleção sexual uma ferramenta ainda mais poderosa do que pensávamos.”
Pela lógica, toda forma de seleção diminuiria as diferenças entre uma espécie em algumas gerações. Mas, na verdade, não temos nada a ganhar nos transformando em um grupo homogêneo de indivíduos. Para começar, a própria seleção natural pararia de funcionar. Afinal, se somos todos iguais, ela vai selecionar o quê? Depois, o fim da diversidade genética é um risco: sem variações dentro da espécie para resistir, uma única doença causada por uma única bactéria poderia nos dizimar a todos.
Por outro lado, mutações também não são a coisa mais segura do mundo. “Mutações benéficas são raras”, afirma Petrie. A maioria delas causa problemas, como o câncer. Por isso, embora a falta de diversidade seja um problema, seria compreensível se a lógica seguisse seu curso e a seleção sexual diminuísse a quantidade de mutações dos nossos genes.
Resolvendo o paradoxo, entra em cena o tal gene modificador, que os cientistas acreditavam que só agia em bactérias. Segundo a pesquisadora, o gene aumenta o número de mutações genéticas. Aumentando o número de mutações como um todo, ele também aumenta o número de mutações benéficas. Mutações essas que são selecionadas por nós, através da seleção sexual, que levamos de brinde o gene modificador, que vai aumentar o número de mutações e a diversidade, começando tudo outra vez.
“É um círculo. Sem diversidade não há seleção sexual. Então a seleção sexual seleciona indiretamente o gene modificador, que aumenta a diversidade, que permite que a seleção sexual continue existindo”, afirma Petrie.
Ou seja, não apenas a teoria da evolução não está errada, como ela é muito mais sutil e complexa do que pensávamos.
E se não somos uma espécie de top models, pelo menos seremos uma espécie que vai durar mais tempo.
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Longa vida ao Bat, POWS (Tulião mode)