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Mensagem
por Carlos Mathias » Sáb Jan 29, 2005 11:57 am
É Slip, você tem razão, mas o mesmo vale para os outros concorrentes em termos de desenvolvimento, o que vier agora serão modernizações. A aquisição dos Su-35 seria uma janela para a associação aos países fora do eixo EU/EUA e mesmo sendo um avião desenvolvido estaríamos já com a possibilidae de começar a operar armas realmente no estado da arte em todas as áreas, mais baratas e possíveis de participação tecnológica. Há ainda , como você disse, a oportunidade do novo treinador e ainda mais importante, o PAK-FA. Quando defendo o Su-35, não é só pela aeronave em si, que como qualquer coisa no mundo tem seus prós e contras, mas as oportunidades que se abririam valeriam muito a pena, teríamos um impulso tecnológico na nossa indústria de defesa a um nível até hoje não visto por aqui. Teremos que pagar? Óbvio, mas quem estaria disposto a vender tecnologia de ponta, mas de ponta mesmo? Não digo vender a peça em si, mas a licença de fabricação ou produção conjunta, sempre cito o caso da Índia e o YAKHONT(?) que graças a um acordo desses está operacional e veja que a Índia de maneira alguma se fechou à outros fornecedoras. Agora, qual o míssil anti-navio que nós temos? Quanto dele é nacional? Acho inclusive que o Exocet já teve seu tempo, mas hoje é uma arma de alcance pequeno se comparado aos mais recentes e o principal, não temos nenhum controle sobre nada dele, apenas compramos e pronto. Sei que vão dizer que o problema é falta de dinheiro, mas é exatamente isso que está levando a Rússia e a Índia a cooperar no desenvolvimento de armas e sensores, uma divisão de custos. Os grandes das armas da EU e EUA não precisam de nós para nada, nem que compremos seu equipamento pois suas vendas para suas FAA já são enormes , então qual o interesse em partilhar alguma coisa?
O Gripen é reconhecidamente um excelente caça, mas estaríamos incorrendo no mesmo problema de sempre, dependência tecnológica e operacional do avião, e olha que a empresa que trabalho é que faria a manutenção dele, então eu deveria estar mais inclinado à este caça, mas olhando um horizonte mais didtante não acho que no total seria a melhor escolha. Que o custo operacional é menor é indiscutível também, mas outra vez acho que devemos olhar com digamos, maiores olhos. O aporte tecnológico e a independência operacional seria a mesma? Quanto do avião estariam dispostos a ceder/partilhar? Que partes? Apenas códigos fonte? Não seria mais interessante para a indústria do país como um todo um acordo mais amplo de tecnologias, estando aí incluídas as espaciais? Quanto ganharíamos em economia de desenvolvimento de foguetes e na operação destes sistemas? Quanto seria a economia no desenvolvimento do SubNuclear? Acho que olhando mais de cima, olhando tudo em volta, a Rússia pode e principalmente, precisa desta parceria para manter sua presença no mercado. Como já foi dito no post lá da guerra do Oriente mádio, mais importante que ter é ser, independente e ter capacidade de adaptar estes equipamentos à nós e produzir localmente. Quando advogo tudo isto, muitos acham que quero importar o modelo russo de doutrina operacional e até o finado regime comunista, mas na verdade é justamente a possibilidade de termos nossa própria independência operacional e tecnológica que me move nesta direção. Nem que nos oferecessem o F-22 por R$1 acho que seria vantagem por exemplo não teríamos como usá-lo de acordo com nossas necessidades nem teríamos acesso as armas e sistemas dele, seria ótimo para o musal.
Enfim, se vier o Gripen certamente será um enorme salto para a FAB, mas estaremos perdendo uma janela de oportunidade que talvez nunca mais se abra no futuro.