Saudações Walker,
Gostaria de discutir alguns pontos do seu texto.
Walker escreveu: Infelizmente o que para vc pode parecer esclarecedor, para mim é apenas conversa para CHUTAR PAISANO. Isso se deve ao fato de vcs estarem bastante desenformados sobre esses assuntos sob um ponto de vista mais prático.
Bem, é natural que estejamos desinformados. Não somos militares da Aviação do Exército. Mas podia ser pior, isso aqui podia ser a comissão de assuntos de defesa do Congresso. E, com a desvantagem de não podermos usufruir da sua presença, caro Walker.
Walker escreveu: Por exemplo, nosso Cmt de AvEx é um General de Brigada(duas estrelas) sem nenhum poder de decisão sobre assuntos de ação executiva e administrativa mais central no EB. Tais decisões competem a Generais de 4 estrelas lotados em Brasília, e mais, hj em dia precisam do crivo do Ministro da Defesa, ou seja o que o Gen Jeannot disse é apenas sua opinião pessoal sem peso no futuro da AvEx.
Perfeito, nada a discutir. Aliás, me lembro que um antecessor desse comandante, ao ser questionado sobre o mesmo assunto respondeu ao repórter, exatamente isso, que não lhe competia opinar sobre a compra de tal ou qual tipo de helicópteros. Por outro lado, é reconfortante saber que, se um general-de-brigada, comandante da Aviação do Exército, gostaria da idéia de possuir helicópteros de ataque nós, pobres donos de quitanda, paisanos, que gostaríamos de ver algum tipo de helicóptero de ataque sob as cores do Exército brasileiro, não precisamos ter medo de parecermos ridículos. De qualquer forma, estava lá no relatório final da Comissão de Implantação da Aviação do Exército que uma das Missões Básicas da futura Aviação do Exército deveria ser:
“Ataque:
- Contra carros
- Contra Tropa, contra instalações etc.”
Portanto, a posse de helicópteros de ataque, não se trata de um mero desejo de um general, mas de uma intenção à longo prazo, desde os primórdios da recriação da Aviação do Exército.
Walker escreveu: Apesar de ser um vetor, uma ilha de excelência dentro do EB, ela gerou gastos e dividas que a Força Terrestre não estava em condições de arcar. Hoje o resto do EB é ainda mais pobre e sem recursos graças as grandes somas de recursos consumidos pela AvEx, porém esse empobrecimento já está agredindo a própria AvEx que a cada dia voa menos, tanto por não ter disponível dinheiro para suas horas de vôo quanto por falta de suprimento, ferramental e assistência técnica tercerizada...
Se não estou enganado, a FAB também sofre o mesmo problema. Ou seja, teve suas horas de vôo diminuídas. Mas não me parece sensato raciocinarmos que a FAB deva ser extinta, ou que nunca devesse ter sido criada, só pq a economia brasileira iria ser uma porcaria por décadas e décadas após os anos 40. Pra falar a verdade, como já postei outro dia, talvez tivesse sido melhor para o Brasil se jamais tivéssemos criado uma força aérea independente. Mas, é claro que o Brasil TERIA que ter mantido uma força aérea, no caso o antigo corpo aéreo do Exército e a Aviação Naval. Portanto, seguindo essa minha linha de raciocínio, não podemos culpar aquela geração de líderes do Exército de meados dos anos 80, que criaram uma força de helicópteros dentro da corporação. Um oficial que se mostrasse contrário a isso, naquela época, baseando tão somente, na hipótese de que, no final dos anos 90, a economia ainda estaria em crise, seria considerado um grandissíssimo “espírito-de-porco”. Então, corrija minha ignorância civil se estiver dizendo bobagem, mas o problema, NÃO ESTÁ NA CRIAÇÃO DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO, e sim em outros fatores de ordem econômica. Alguns deles, fora da alçada do Exército, (exemplo, a incompetência econômica do país), outros de total responsabilidade dos generais brasileiros (exemplo, o tamanho do Exército e sua administração interna). Assim, a solução para o primeiro problema, está em rezarmos para que o atual governo seja vitorioso na luta pela retomada do crescimento. Quanto ao segundo, teremos de esperar que surja uma geração de líderes do Exército que chegue a conclusão de que talvez não seja sensata a manutenção de cerca de 70 batalhões de infantaria e de mais de 20 regimentos de cavalaria, pelo Brasil. E, se não fizerem isso de livre e espontânea vontade, terão de ser forçados por algum futuro presidente brasileiro e por um Congresso Nacional, mais competente e versado em assuntos de defesa.
Walker escreveu: 2-A Política de pessoal ser o calcanhar de Aquiles da Aviação se deve ao fato da Força não possuir Oficiais pilotos com um plano de carreira específico e, ela mesma, os deslocarem para funções alheias as de aviação. O próprio Gen Jeannot, muito pouco contribuiu para AvEx, já que passou bastante tempo em funções outras estranhas ao vetor aéreo e isso muitas vezes acontecem ao bel prazer desses Of pilotos oriundos de Outras Armas e serviços...
Felizmente essa aberração não acontece com os Sgt especialistas pois possuem um Quadro próprio de aviação, na realidade os Sgts são os únicos realmente elementos de aviação, já que os pilotos pertencem as armas e quadros do EB...
Olha, não sei se perdi alguma coisa. Mas isso que vc escreveu, apenas corrobora o que o General Jeannot expôs lá em cima. Ele analisou várias hipóteses de se combater a evasão de pilotos da aviação do Exército. E uma de suas propostas seria a criação de uma arma de aviação. Evidente, que não posso opinar sobre o que é certo ou errado. Mas devo dizer que já li gente do ramo, colocando prós e contras. Uma vez, li uma mensagem de um oficial do Exército americano, reclamando do mau-hábito da Força Aérea dos Estados Unidos de bombardear suas próprias tropas (referindo-se à um incidente que matou quatro canadenses no Afeganistão). E ele usou o exemplo dos pilotos do Corpo de Fuzileiros Navais que, segundo esse oficial, são oriundos das armas de combate em terra dos Fuzileiros. Assim, eles tem uma noção do que se passa no chão durante um combate de infantaria, que os pilotos da Força Aérea carecem. Essa seria a explicação do fato de nunca ocorrerem casos de “fogo amigo” vindo do ar, por aviões dos Fuzileiros Navais. Por sinal, me lembro de ter lido uma entrevista de um general americano, lá pelos inícios da Aviação do Exército no Brasil, na qual ele dizia exatamente isso. Helicópteros dentro do Exército devem ser pilotados por homens que tenham vindo da infantaria ou da arma blindada e que, de tempos em tempos, voltassem a exercer funções nas unidades de combate de suas armas. Tudo para que o combatente lá em cima, soubesse exatamente, o que o combatente lá embaixo, espera em matéria de apoio. E este, por sua vez, tendo tido contato íntimo com colegas de armas que sejam pilotos, saberá o que deve e o que não deve esperar da Aviação do Exército.
Walker escreveu: 3- Esse item é tão utópico e desprovido de responsabilidade que nem vou comentar, parece até um comentário de leigo na atual organização e possibilidades da AvEx...
Mas não existe uma licitação para escolha de um helicóptero pesado tipo CH-47? E, será que devemos esperar que o Brasil, continue descendo a ladeira, nos próximos sete ou oito anos? Claro que sou contra que, sobrando um dinheiro no orçamento federal, ele seja integralmente torrado com armamentos (a não ser, é claro, se surgir algum perigo iminente) mas, no mínimo, a gente espera que os atuais equipamentos sejam devidamente manutenidos, e os usuários (de todas as forças singulares) possam ter condições de dominar o seu uso, sem restrições orçamentárias. E, reiterando, creio que o governo deva insistir com o Exército (e com as outras forças também, pois continuo não gostando desse hábito da Marinha de ir espalhando batalhões independentes de fuzileiros navais, aqui e acolá, desligados de um quadro amplo de defesa nacional) para cortar na carne seus excessos.
Walker escreveu: 4 – A previsão de Transferência a médio/curto prazo do 3º Esqd já virou novela. Nos anos de 95/96 estava tudo certo para ser deslocado para Florianópolis o que é claro não ocorreu...Em 2000 inventaram que ele iria para Campo Grande e como todos sabem vai ser difícil, haja vista a falta de recursos alocados para a construção de infra-estrutura adequada a tal empreendimento, porém não seria a primeira vez que um Gen do EB , fala abobrinhas que não se realizam, nada como a experiência adquirida com o passar dos anos, espero que vcs a adquiram tbm...
Desculpe, mas aí vai outra “orelhada” de paisano: que diabos de razões estratégicas justificariam a colocação de um caríssimo esquadrão de helicópteros em Florianópolis? Ou em Campo Grande? Me parece, salvo engano, que o Exército do Brasil devia se ocupar, primordialmente, em ter meios de resposta rápida (24 horas por dia) para lidar com comunistas e narcotraficantes estrangeiros, desejosos de criar quizumba, na Amazônia. Assim, se existe, atualmente, algum lugar para botar helicópteros, ou devia ser em Boa Vista, ou Tabatinga. Tudo bem, mesmo um leigo de pai e mãe, como eu, entende que deve ser um pesadelo logístico, armazenar equipamento de manutenção para coisas complicadas como hlcp, em lugares desolados e molhados como essas regiões de fronteira. Mas, suponho que a Aviação do Exército exista é pra isso. Ou seja, ser desdobrada em qualquer ponto onde surjam ameaças à soberania nacional. E que seja mantida em condições de durar na ação, independente de quão longe de Taubaté, estejam seus elementos de manobra. E, até prova em contrário, qualquer eventual ameaça à Florianópolis ou Campo Grande poderia ser melhor enfrentada pela Escola de Equitação do Exército...
Pra resumir, ou se arranjam recursos financeiros pra montar infra-estrutura de apoio à Aviação do Exército onde ela seria REALMENTE necessária, ou é melhor deixar o tal de 3o Esquadrão, em paz, lá em Taubaté.
Quanto a experiência, tem dois pontos. Um bom e outro ruim. O ruim é que ninguém aqui, que não use farda, pode adquirir experiência de caserna. O ponto bom, é que vc, caro Walker, (junto com Sgt Guerra, Miliko e Tróia) está aqui conosco, para dividir a sua experiência com a rapaziada alegre (Opa! Alegre no bom sentido, bem entendido...) deste fórum de fãs dos militares brasileiros.
Um abraço,
Clermont