Sei de muito de vocês estão meio apagados ao relacão do Fx. E ainda teve gente dizendo a maneira:
Se a FAB prefere o Gripen;
Se a maioria dos jornalistas especializados preferem o Gripen;
Se a maioria dos especialistas militares preferem o Gripen;
Se a maioria dos participantes de fóruns com mais vivência na área prefere o Gripen.
E não vou repetir mais!
E não vou dizer quem foi que escreveu isto, e vou dar um texto explicando como o Presidente Lula deveria seguir:
É um texto de um especialista, e nem me diga critica sobre ele, é claro se tiver..
Caças - qual a melhor escolha?
Rudnei Dias da Cunha1
1. Introdução
Toda e qualquer comparação de desempenho entre diferentes caças, baseada apenas em informações escritas, será, necessariamente, incompleta, pois, na visão desse autor, apenas sessões de teste envolvendo as aeronaves comparadas é que permitirão aos pilotos de caça emitirem seus pareceres.
Além disso, com os altos custos envolvidos, atualmente, na aquisição de aeronaves de combate (incluindo não só a aeronave em si mas, também, todas as peças de reposição, armas e software), a questão de qual é o melhor caça para um determinado país não depende unicamente de suas capacidades. Já na década de 1960, o famoso projetista aeronáutico britânico Sir Sidney Camm (responsável pelo Hawker Hurricane e Hunter, dentre outros), dizia que um caça tem quatro dimensões: "altura, comprimento, envergadura e... política".
Dito isso, é possível estabelecer algumas comparações entre alguns dos diferentes tipos de caça hoje disponíveis no mercado, baseado apenas em dados publicados em livros e revistas. O interesse nesse assunto deve-se ao fato de vários países encontrarem-se em processo de seleção de um novo caça para equiparem suas forças aéreas, inclusive o Brasil (Projeto F-X).
Os caças considerados2 nesse artigo são: o Lockheed Martin F-16C; o AMD Mirage 2000; o SAAB JAS-39 Gripen; o Eurofighter EF-2000; e o Sukhoi Su-35.A seguir, descreveremos brevemente as características de cada um deles e, após, faremos uma comparação entre eles.
2. Lockheed-Martin F-16C
O Lockheed-Martin F-16 foi o vencedor de uma competição promovida pelo Departamento de Defesa dos E.U.A. para a produção de um caça leve (do outro competidor, o Northrop YF-17, surgiu o caça naval McDonnell-Douglas F/A-18- agora Boeing). O primeiro protótipo voou em 1975; desde então, o F-16 passou a ser o principal caça da OTAN, equipando as forças aéreas da Bélgica, Dinamarca, Holanda e Noruega, além da própria U.S.A.F. De um caça leve, para qualquer tempo, o F-16 passou a ser um caça multifuncional, capaz de lançar bombas guiadas a laser (bem como designar os alvos para tais bombas), atuar como supressor de defesa aérea e em apoio aproximado.
O F-16 introduziu o uso de maior inclinação no assento do piloto (30°), a fim de reduzir a carga G imposta ao piloto em um combate aéreo moderno; as vantagens do sistema fly-by-wire (FBW), do head-up-display (HUD) e de um canopi com ótima visibilidade foram confirmadas com o F-16.
O F-16, desde as versões A (monoplace) e B (biplace), vem passando por inúmeras modificações, identificadas pelo bloco de produção. Os blocos de 1, 5, 10 e 15 identificam as aeronaves das versões A e B; os blocos 25, 30/323, 40/42, 50/52, 50D/52D e 60 correspondem a aeronaves das versões C (monoplace) e D (biplace). A maior quantidade de F-16 produzida foi do Bloco 15, com mais de 3.600 exemplares, incorporando pela primeira vez dois pontos duros sob a tomada de ar da turbina e estabilizadores horizontais maiores.
Com o Bloco 25, os F-16C/D passaram a utilizar mísseis beyond-visual-range (BVR) AIM-120 AMRAAM em conjunto com o radar AN/APG-68, de maior capacidade, além do míssil AGM-65 Maverick. No Bloco 30/32, os F-16C/D passaram a utilizar mísseis anti-radiação AGM-45 Shrike e AGM-88 HARM.
O Bloco 40/42 introduziu sistemas para navegação e ataque em condições noturnas e de baixa visibilidade, com o uso do pod LANTIRN (produzido pela Lockheed-Martin), bem como bombas guiadas a laser. A última versão em uso pela U.S.A.F. é o F-16C/D Bloco 50/52. As principais características desse bloco é o uso do radar Northrop Grumman APG-68(V)7, turbinas mais potentes, LANTIRN e lançador de chaff/flare ALE-47, dentre outras. O cockpit foi equipado com telas multifuncionais coloridas; um novo computador de bordo foi instalado, assim como um sistema digital de terreno e, desde 1999, os F-16C/D 50/52 podem utilizar bombas e mísseis como o CBU-103/104/104 Wind-Corrected Munitions Dispenser, AGM-154 Joint Stand-Off Weapon e GBU-31/32 Joint Direct Attack Munition.
O Bloco 50D/52D identifica os F-16C/D equipados com o AGM-88 e o AN/ASQ-213 HARM Targeting System (HTS), e são essas aeronaves os vetores da U.S.A.F. utilizados na supressão de defesas aéreas inimigas ou SEAD( Suppression Enemy Air Defense).
Por fim, o Bloco 60 corresponde a uma nova versão, por ora encomendada apenas pelos Emirados Árabes Unidos, o qual dispõe de um sistema de mira eletro-óptico, um novo radar e tanques de combustível conformais4, posicionados acima da fuselagem e que reduzem o arrasto.
Em 1979, Bélgica e Holanda iniciaram a construção sob licença dos F-16A/B, a fim de equiparam não só as suas próprias forças aéreas, como também as da Dinamarca e da Noruega. Mais de 1.000 exemplares foram construídos; 343 desses foram recentemente atualizados com o programa mid-life update, incorporando vários dos sistemas presentes nas aeronaves do Bloco 50/52.
O F-16C/D é equipado com um sistema de proteção contra mísseis guiados por radar, o Fiber Optic Towed Decoy, o qual consiste de um emissor de ondas eletromagnéticas. O FOTD, preso ao F-16 por um cabo, é rebocado por ele a uma certa distância e funciona como chamariz para um míssil.
O F-16C/D tem participado de várias campanhas militares, incluindo a Guerra do Golfo e dos Bálcãs, além das missões de policiamento sobre as áreas de exclusão aéreas sobre o Iraque; em todas, desempenhou-se sobremaneira, obtendo vitórias sobre os Mikoyan-Gurevich MiG-25 e MiG-23 iraquianos e MiG-29 sérvios. Desde a sua entrada em serviço, o F-16 derrubou 74 aeronaves inimigas, sem nenhuma perda, o que atesta as qualidades da aeronave e dos seus pilotos.
Mais de 4000 exemplares foram produzidos e são utilizados por diversas nações, como Bahrain, Bélgica, Cingapura, Coréia do Sul, Dinamarca, Egito, Grécia, Holanda, Indonésia, Israel, Jordânia, Marrocos, Noruega, Paquistão, Portugal, Tailândia, Taiwan, Turquia e Venezuela, além dos E.U.A.
3. AMD Mirage 2000
O AMD Mirage 2000 surgiu do cancelamento do Super Mirage G-8A pelo governo francês, devido ao seu alto custo. Em 1976, a AMD começou, por conta própria, o desenvolvimento da aeronave que viria a ser o Mirage 2000.
Equipado com uma turbina SNECMA M53, o Mirage 2000 incorpora um sistema FBW que, juntamente com os computadores de bordo, controla as superfícies móveis da aeronave. Capaz de ser reabastecido em vôo, a principal diferença do Mirage 2000 em relação a seus antecessores (Mirage III/5 e F.1) está no seu sistema FBW e nos seus aviônicos.
O primeiro vôo do protótipo foi realizado em 10 de março de 1978, no qual a turbina SNECMA M53-2 demonstrou sua potência, levando a aeronave a uma velocidade de Mach 1.3. O terceiro protótipo incorporou, em 1978, o radar Cyrano RDM, uma evolução dos radares Cyrano que equipam os Mirage III e F-1C.
Os três primeiros protótipos tinham uma deriva maior e de perfil um pouco diferente, herdada do Super Mirage; a partir do quarto protótipo, instalou-se uma nova deriva, menor, bem como refinou-se a junção da fuselagem e da asa. Incorporando, ainda, modificações no seu sistema FBW, o quarto protótipo alcançou a velocidade de Mach 2 em seu segundo vôo.
O uso de um sistema FBW é que permitiu que o Mirage, com a sua asa em delta – conhecida por impor limitações nas manobras possíveis de serem efetuadas, como por exemplo a perda de velocidade em curvas – pudesse ter um desempenho comparável ao de outros caças, com asas de outras configurações. Além disso, do ponto de vista aerodinâmico, foram instalados slats nos bordos de ataque das asas, bem como pequenas aletas, instaladas nas tomadas de ar das turbinas, as quais aumentam a energia da camada limite sobre as asas, retardando seu descolamento e, conseqüentemente, aumentando a sustentação em manobras realizadas com maiores ângulos-de-ataque (AOA-Angle of Attack).
Além das versões monoplace, C, e biplace, B, de treinamento, existem ainda as versões biplace D, para ataque, e N, de ataque nuclear. O primeiro 2000C de série era equipado com o radar RDM e com a turbina SNECMA M53-5, e foi entregue em 1984. No ano seguinte, foi entregue o primeiro 2000B. Dotado de 9 estações para armas (duas sob cada asa e cinco sob a fuselagem), suas principais armas eram os mísseis infra-vermelho Magic 2 e semi-ativos Super 530F.
O 2000N foi proposto em 1979 pela AMD, com o fim de substituir os Mirage IVP de ataque nuclear. Essa versão é equipada com um radar de seguimento de terreno, indispensável para a missão de penetração nuclear supersônica a baixa altura. O primeiro protótipo voou em 1983 e o primeiro exemplar de série foi entregue em 1988. Sua principal arma é o míssil ASMP, o qual transporta uma carga nuclear tática de até 300KT; o uso desse míssil requer que o 2000N seja reabastecido no ar para cumprir sua missão, mesmo com o uso de dois tanques subalares.
A partir dos protótipos do 2000N foi desenvolvida a versão D, a qual é otimizada para ataque convencional, apesar de ser capaz de realizar um ataque nuclear se necessário, utilizando o míssil ASMP. Várias missões de ataque podem ser efetuadas com o 2000D, incluindo a incapacitação de pistas, com o uso de bombas de penetração BAP-100, antipista Matra Durandal e de fragmentação Belouga. Além disso, o 2000D pode utilizar o míssil AS-30L, o qual é guiado por laser até o alvo.
Com vistas à exportação, a AMD passou a desenvolver versões multifuncionais do Mirage 2000. A primeira versão a ser produzida em série foi a 2000-5, cujo primeiro protótipo voou em 1991. Suas principais características são a incorporação do radar RDY, com alcance aproximado de 100Km e de rastreamento e engajamento múltiplos e o uso do míssil BVR MATRA MICA, com alcance de 40Km. Essa versão é tão superior aos 2000C que o Armée de l’Air (Força Aérea Francesa) converteu 37 de seus 2000C para a versão 2000-5F, incorporando o radar RDY, mísseis MICA e novos computadores e painéis digitais no cockpit – o último desses foi entregue no ano de 20005.
Posteriormente, foi lançada a versão 2000-9, incorporando modificações no sistema de navegação e ataque e na capacidade de utilizar outros tipos de armamento, a fim de atender às necessidades da Força Aérea dos Emirados Árabes Unidos.
Mais recentemente, a AMD lançou o 2000-5 Mk. 2, que apresenta uma capacidade multifuncional ainda maior. Essa versão incorpora suporte a operações com night-vision goggles (NVG); um cockpit no qual a principal característica é a ausência de equipamentos analógicos (com exceção de um horizonte artificial); um sistema de acompanhamento digital do terreno, o qual acopla as informações georeferenciadas do área de sobrevôo ao piloto automático; um flight-control system (FCS) que impede que o piloto realize manobras que poriam em risco a segurança da aeronave; um data link para troca de informações táticas de forma silenciosa; um sistema de contra-medidas eletrônicas, além dos hoje onipresentes lançadores de chaff/flare; e capacidade de utilizar um designador laser. O 2000-5 Mk. 2 não oferece um sistema eletro-óptico, sob o argumento de que o uso dos mísseis MICA em sua versão infra-vermelho, em conjunto com o seus computadores de bordo, dispensa o uso de tal sistema.
O Mirage 2000 já participou de vários conflitos, incluindo a Guerra do Golfo e dos Bálcãs. No conflito do Kosovo, ficou demonstrada a alta operacionalidade da aeronave, próximo aos 100%; também a Força Aérea Indiana reportou a excelente capacidade da aeronave em missões ar-solo contra alvos no noroeste da Índia, contra os rebeldes cachemires.
Aproximadamente 500 exemplares foram vendidos, incluindo-se aqueles operados pelo Armée de l’Air (109 2000C, 26 2000B, 29 2000D e 72 2000N); outros países operadores são Egito, França, Grécia, Índia, Peru, Qatar, Taiwan e Emirados Árabes Unidos.
4. SAAB JAS39 Gripen
O SAAB JAS39 Gripen foi projetado e construído inteiramente pela Suécia, uma nação que tem se caracterizado por ter uma indústria de defesa própria e ativa. Ao desenvolver sozinha suas aeronaves de combate, a Suécia pode garantir que terá aquilo de que precisa, ao contrário de programas multinacionais nos quais há requisitos conflitantes por parte das nações participantes – haja visto o programa Tornado e, mais recentemente, o Eurofighter.
Nesse contexto, o Gripen surgiu como um caça multifuncional capaz de substituir os SAAB 35 Draken e 37 Viggen (AJS/SH/SF). Tendo voado pela primeira vez em 1988, é uma aeronave extremamente leve, porém capaz de carregar quase que a mesma carga de armas de um F-16 ou de um Mirage 2000.
Sendo uma aeronave aerodinamicamente instável, com asa em delta, dotada de canards, o Gripen é controlado, necessariamente, por computadores de bordo, os quais realizam as necessárias correções nas superfícies móveis. De concepção moderna, o primeiro protótipo do Gripen JAS39A acidentou-se em 1989 por falha no sistema de controle de vôo; essa foi a primeira demonstração da necessidade de se testar exaustivamente o FCS de aeronaves instáveis6.
O Gripen incorpora um canhão Mauser BK27 de 27mm, instalado sob a fuselagem, do lado esquerdo. Outras armas que são utilizadas pela Força Aérea Sueca são os mísseis ar-ar Rb 74 e Rb 99, designações locais dos AIM-9P Sidewinder e AIM-120 AMRAAM norte-americanos, assim como o RB 75 (AGM-65 Maverick) para ataque ao solo e o SAAB RBS 15 para ataque anti-navio.
A fim de se inserir no sistema de defesa sueco (STRIL 60, proposto na década de 60), o Gripen tem uma impressionante capacidade short-take-off, podendo operar a partir de rodovias e pistas mal-preparadas. Nesse contexto, o Gripen apresenta três características importantes: a) fácil manutenção, dispondo de sistema BITE e de LRUs, já que as forças armadas suecas são compostas, basicamente, por conscritos os quais permanecem pouco tempo em serviço militar ativo e não tem, portanto, condições de receberem treinamento mais específico de manutenção; b) tempo para repor a aeronave em condições de combate: 10 minutos para missões ar-ar e 20 para missões ar-terra; c) dispõe de uma unidade auxiliar de força, para permitir operações fora de base.
Do ponto de vista de aviônica, o Gripen dispõe de um radar multi-modo pulso-Doppler Ericsson PS05/A, com look-down/shoot-down. O radar pode trabalhar em quatro modos ar-ar diferentes: a) track-while-search, rastreia e engaja múltiplos alvos aéreos; b) priority-target-tracking, maior precisão para alvos engajados, enquanto ainda rastreia outros alvos; c) single-target-tracking, modo ar-ar para uso do canhão, por exemplo e d) air-combat-mode, para detecção automática de alvos aéreos em combate. Em modo ar-terra, alvos tão pequenos quanto um automóvel podem ser rastreados a distâncias próximas de 100Km.
Além disso, com o Tactical Information Data Link System – TIDLS, o Gripen é capaz de transmitir e receber informações táticas de forma furtiva (por exemplo, de uma aeronave AEW), através de um enlace seguro. Isso permite que ele possa ser vetorado para alvos de forma silenciosa ou, ainda, que sirva como uma aeronave mini-AEW, vetorando outros Gripen. Outro componente é um sistema eletro-óptico, o qual é utilizado não só para o combate como também para fins de reconhecimento.
No cockpit, o piloto do Gripen dispõe de três telas digitais multifuncionais, além de um HUD de grande amplitude. As informações obtidas pelos seus sensores ou por meio do TIDLS são processadas por um computador Ericsson/Saab EP-17, e exibidas de forma adequada. O controle da aeronave é feita com o sistema HOTAS (hands on throttle and stick).
O grupo motopropulsor consiste de uma turbina Volvo Aero RM12, baseada na turbina GE F404. A Volvo fez certas modificações no projeto original da F404 as quais, de tão bem-sucedidas, foram incorporadas pela GE em versões subseqüentes, por ela produzidas.
Em 1982, foi assinado o primeiro contrato, para os cinco protótipos e mais 30 aeronaves JAS39A (monoplace). No verão de 1992, um segundo lote de aeronaves foi adquirido, dessa vez contemplando 96 JAS39A e 14 JAS39B.
Um segundo Gripen acidentou-se em agosto de 1993, mais uma vez devido a falhas no FCS, o qual dessa vez demonstrou-se incapaz de manter a aeronave em vôo apesar das correções excessivas aplicadas pelo piloto (PIO, pilot-induced oscillations). Isso foi corrigido com modificações efetuadas no FCS, além de se introduzir um novo manche, reposicionado.
Em 1995, a Saab associou-se à British Aerospace para, juntas, produzirem e comercializarem o Gripen no mercado exterior. Dessa associação, resultou também melhorias na aeronave, com o lançamento da versão JAS39C (JAS39D biplace), a qual tem alguns de seus sistemas modificados para o padrão OTAN, além de contemplar o uso de outros mísseis (como, por exemplo, os Darter sul-africanos), de um sistema OBOGS (on-board oxigen generation system) e de uma sonda retrátil de reabastecimento aéreo. Outras modificações futuras incluem o uso de tanques de combustível conformais.
Em junho de 1997, um terceiro lote foi adquirido pela Suécia, incluindo 50 JAS39A e 14 JAS39B, totalizando 204 aeronaves adquiridas pela Suécia, das quais o último lote deverá ser produzido entre 2002 e 2007. A África do Sul, Hungria e República Tcheca selecionaram-no como seu novo caça, em substituição aos Mirage F.1 sul-africanos e aos MiG-29 húngaros e tchecos.
5. Eurofighter EF-2000 Typhoon
O Eurofighter EF-2000 é um caça multifuncional, construído por um consórcio de quatro nações – Alemanha, Espanha, Itália e Reino Unido. O consórcio foi estabelecido em 1986, com a finalidade de substituir os caças Phantom F-4F, Mirage F.1, Starfighter F-104S e Tornado F.3, em serviço naqueles países, respectivamente.
O EF-2000 tem suas origens em estudos realizados independentemente pela Alemanha (Taktisches Kampfflugzeug 1990, TKF-90) e Reino Unido (Air Staff Target 403). Os projetos da Messerschmitt-Bolkow-Blöhm (MBB) e da British Aerospace (BAe) foram unificados em meados de 1982 com a denominação Agile Combat Aircraft (ACA), com a participação da italiana Aeritalia (AIT) – as três principais fabricantes do caça Tornado. A França, apesar de ter participado de discussões iniciais com a Alemanha e Grã-Bretanha, lançou seu próprio projeto, o Avion de Combate Experimentale (ACX).
O ACA era bastante próximo do projeto P.110 da BAe e incorporava uma asa em duplo-delta e estabilizadores verticais duplos, com tomada de ar situada abaixo do nariz da fuselagem, onde se situava o cockpit, ladeado por dois canards. A partir dessa configuração, foi decidido construir-se dois demonstradores, denominados de Experimental Aircraft Project (EAP), um na Alemanha e outro no Reino Unido. Antes de se iniciar a construção, a MBB abandonou o projeto, por pressão do governo alemão, o qual ainda esperava construir uma aeronave baseada no projeto TKF-90.
Dessa forma, apenas um EAP foi construído, por decisão da BAe e com a participação da AIT, utilizando-se vários componentes do Tornado, como as turbinas RB-199 e a porção traseira da fuselagem, incluindo o estabilizador vertical (que, no EAP, era único, diferindo da proposta do ACA). O EAP voou em 8 de agosto de 1986 e incorporava não só um sistema FBW, testado no SEPECAT Jaguar ACT (active control technology), como várias outras tecnologias, como o direct voice input (DVI) e o uso de materiais compostos em grandes extensões da fuselagem. O EAP foi um sucesso, tendo realizado 259 vôos.
A persistência britânica em se construir o EAP pode ser apontada como a principal razão para que o projeto EFA – European Fighter Aircraft fosse lançado em 1983, com a participação de cinco países – Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido. Logo após, a França impôs condições inaceitáveis, como a liderança no desenvolvimento da aeronave; 50% de participação na produção; e construção e teste dos protótipos na França. Além disso, das duas configurações apresentadas para o EFA, preferia aquela baseada em seu próprio ACX. Com isso, em 1983, Alemanha, Itália e Reino Unido firmaram o acordo de Turin, com base em configuração similar ao EAP; a Espanha decidiu permanecer no projeto dois anos após. A França optou pelo seu projeto, do qual nasceu o AMD Rafale.
O projeto quase foi vítima do fim da Guerra Fria; com a queda do Muro de Berlim, o governo alemão optou por deixar o programa, por volta de 1992. Devido às cláusulas contratuais, que previam pesadas multas no caso de abandono, bem como à possibilidade de perda de empregos na Alemanha – já sofrendo os efeitos da reunificação – o programa seguiu em frente, sendo redenominado EF-2000, com a Alemanha insistindo na remoção de vários sistemas, a fim de barateá-lo.
Devido a esse problema e outros, derivados das dificuldades inerentes a um programa multinacional, bem como falhas de gerenciamento (como no caso do software de controle de vôo), o vôo do primeiro protótipo ocorreu com dois anos de atraso, tendo sido realizado em 1994.
Uma aeronave dotada de uma asa em delta, o EF-2000 foi projetado para a missão de dominação aérea, com a capacidade de efetuar curvas de alto desempenho, a altas velocidades de giro. Isso exige uma aeronave aerodinamicamente instável, com alta relação potência/peso e baixa carga alar. O EF-2000 incorpora canards, situados à altura do cockpit, no qual por sua vez o piloto – com ótima visibilidade – dispõe de avançados painéis multifuncionais e de um sistema de controle da aeronave acionado pela sua voz (direct voice input). Apesar do EF-2000 em nada se parecer com aeronaves como o F-117 e B-2 norte-americanos, o conceito de stealthiness foi incorporado no projeto desde o seu início, com especial cuidado sendo dado às superfícies internas da tomada de ar das turbinas, a qual esconde as faces dos compressores das mesmas (uma das principais fontes de eco nos radares), minimizando a assinatura-radar do EF-2000.
Utilizando duas turbinas Eurojet EJ2000, o EF-2000 pode desempenhar ainda as missões de interdição aérea, apoio aéreo aproximado, supressão de defesas aéreas inimigas e ataque marítimo.
O EF-2000 é dotado de um radar ECR90 com um alcance de 80Km e de um sistema de busca e rastreamento infra-vermelho (PIRATE, passive infra-red airborne tracking equipment), o qual permite controlar seu armamento (mísseis ar-ar e canhão), além de um avançado sistema de auto-defesa (defensive aids sub-system, DASS) e de CME. O DASS consiste de um chamariz rebocado, preso à ponta da asa direita, o qual emite ondas eletromagnéticas capazes de confundir um míssil guiado por radar; além disso, o sistema de lançamento de chaff é automecânico, o qual corta as fitas metalizadas no comprimento necessário a interferir no radar inimigo, conforme detectado pelo sistema de defesa do EF-2000.
Uma outra característica do EF-2000 – a qual não foi planejada – é a de supercruise, isso é, capaz de voar a velocidade supersônica sem o uso de pós-combustores, por um longo período. Os protótipos do EF-2000 demonstraram que, após cancelar o uso do pós-combustor, voando a Mach 1.4, o EF-2000 desacelera até Mach 1.1, mantendo essa velocidade após, sem necessitar do pós-combustor.
Em 2 de setembro de 1998, foi anunciado o nome de exportação Typhoon para o EF-2000. Os primeiros exemplares de produção deverão ser entregues em 2002, sendo 232 para o Reino Unido, 180 para a Alemanha, 121 para a Itália e 87 para a Espanha.
6. Sukhoi Su-35
O Sukhoi Su-35 é um caça multitarefa desenvolvido pelo OKB Sukhoi a partir da versão básica do Su-27 (código OTAN Flanker). Nele, foram instalados canards (como nas versões Su-30MK/MKI e Su-33); novas turbinas, mais potentes; novos aviônicos, instrumentos de bordo digitais e radares (inclusive um direcionado para trás); sonda de reabastecimento; estabilizadores verticais de maiores dimensões, incorporando tanques de combustível; e doze estações para armamentos.
O protótipo T10M foi modificado com a adição de canards, a fim de aumentar a manobrabilidade da aeronaves quando voando a um grande AOA (aproximadamente 120°). Os canards foram instalados nas extensões da raiz do bordo de ataque das asas (LERXes), as quais, nas versões anteriores da aeronave, já permitiam a realização de manobras bastante arrojadas como, por exemplo, a "cobra" demonstrada pelo piloto de provas do OKB Sukhoi, Viktor Pugachev.
Já os canards, por sua vez, fazem com que a camada limite do ar sobre as asas e stabilators (na cauda) demore mais a se separar; com isso, a sustentação é aumentada e o buffeting – o qual surge em atitudes de grande AOA – é minimizado, o que aumenta o controle da aeronave, permitindo, inclusive, o uso do canhão interno em um dogfight.
Os canards são controlados pelos computadores de bordo e podem ser posicionados em um ângulo de –50° a +10° (relativo ao eixo longitudinal da aeronave). Na prática, os canards agem como se fossem slats, aumentando a sustentação e reduzindo a flexão das asas; além disso, permitem que se realize uma manobra a +10G sem necessitar de um reforço estrutural da fuselagem.
Comparado com o T10S (protótipo do Su-27), o T10M tem uma instabilidade estática três a cinco vezes maior; os canards, ao se movimentarem automaticamente durante o vôo, contribuem para a redução do buffeting da aeronave, proporcionando um vôo mais suave e, principalmente, uma plataforma mais estável para o lançamento de armas.
Com a família de aeronaves Flanker, pela primeira vez ficou demonstrado – em aeronaves em produção – que a maior agilidade e controle, proporcionada por uma alta relação empuxo/peso, permite que se realizem manobras de combate diferentes das utilizada até hoje, desde que o combate aéreo nasceu, quase 80 anos atrás.
As manobras "cobra"( snake) e tailslide, demonstradas em shows aéreos pelos pilotos russos, não são unicamente para fins aerobáticos;7 elas permitem, no primeiro caso, que um piloto de Flanker levante o nariz da aeronave e a gire 120°, posicionando-a de tal forma que os seus sensores – radar e infra-vermelho – adquiram o seu perseguidor e disparem automaticamente os mísseis. Já a tailslide, a qual consiste em uma brusca desaceleração, pode permitir a um Flanker que, de presa, passe a caçador; o inimigo irá ultrapassá-lo e colocar-se em posição de fácil aquisição pelos sensores do Flanker.
As turbinas instaladas no T10M foram as Lyulka AL-31FM, capazes de produzir 12.800Kgf com pós-combustor a pleno.
Além dos novos estabilizadores verticais, maiores e dotados de tanques de combustível integrais, o T10M teve instalada uma sonda de reabastecimento aéreo retrátil. Mesmo sem qualquer reabastecimento aéreo, o Su-35 tem um raio de ação (a alta altitude) de 4.000Km; se realizar um reabastecimento em vôo, seu raio de ação passa a ser de 6.500Km. Ao nível do mar, seu raio de ação é de aproximadamente 1.300Km.
Em termos de aviônicos, o T10M dispunha de um sistema digital de controle de armas (possivelmente o RLPK-27M); com esse sistema, o OKB Sukhoi diz ser possível detectar alvos aéreos com pequena assinatura-radar (como, por exemplo, aeronaves stealth e mísseis cruise). Esse sistema é centrado no radar de controle de tiro NHR Phazotron N-011 Zhuk-27; esse radar é do tipo pulso-Doppler coerente, capaz de rastrear 15 alvos simultaneamente, enquanto guia mísseis ar-ar (MAA) a 6 daqueles. O N-011 é um radar dotado de uma antena plana, com varredura mista (mecânica no azimute e eletrônica em elevação), com raio de varredura de 180° em ambas direções. O N-011 pode detectar um alvo com uma radar cross-section (RCS) de 3m² a uma distância entre 80Km e 100Km; é capaz, ainda, de detectar alvos terrestres em movimento e tem a capacidade de mapear o solo. Por outro lado, o N-011 é mais pesado e de maiores dimensões do que o radar N-001 instalado originalmente no Su-27, exigindo um nariz de perfil diferente e um trem de pouso dianteiro reforçado, com duas rodas.
O detector infra-vermelho instalado (IRST) no T10M difere dos demais, apresentando um campo de visão de 120° em azimute e de –12°/+60° em elevação.
Em termos de armamento, o T10M é equipado com um canhão GSh-301 de 30mm, com 150 granadas. Dispondo de 12 estações, sendo duas nas pontas das asas, 6 embaixo delas, uma embaixo de cada turbina e duas na fuselagem, entre as turbinas, o T10M pode transportar até 8.000Kg de carga útil. Para missões de superioridade aérea, são utilizados os mísseis Vympel R-73E (curto alcance/passivo/infravermelho), R-27R1 e R-27RE1 (médio alcance/semi-ativo/radar), R-27T1 e R-27TE1 ( médio alcance / passivo / infravermelho) e o R-77/RVV-AE (médio alcance / ativo / radar). Em missões de ataque, pode-se equipar o T10M com mísseis guiados por radar e TV Kh-29T/Kh-29L; mísseis cruise Kh-59M; mísseis anti-navio Kh-31A; bombas planadoras (guiadas por laser refletido) KAB-500KR/KAB-1500L; e uma variedade de bombas de queda-livre, napalm e do tipo cluster. Mais de 70 possíveis combinações de mísseis e bombas podem ser utilizadas.
O T10M apresentou, também, a automação de todos os modos de vôo, incluindo a capacidade de voar em um perfil segundo o relevo do solo. Outras características importantes são, a saber: suíte de CME; equipamentos de bordo resistentes a CME; monitoramento em vôo dos equipamentos de bordo (built-in test equipment, BITE), inclusive de line-replaceable units, LRUs; um emissor laser para guiar bombas planadoras; e um capacete equipado com mira, conectado ao sistema de controle de armas.
Em caso de alguma pane num dos sistemas de bordo, o piloto é avisado através de um sistema de alerta da tripulação, por voz, e o BITE registra em um gravador de dados de vôo as informações necessárias. O sistema permite que o piloto em treinamento seja monitorado, pela inspeção dos parâmetros de vôo registrados; além disso, a manutenção da aeronave é simplificada, pela indicação imediata dos sistemas em pane, através do uso de LRUs.
O assento ejetável, K-36DM, é um dos mais avançados do mundo, dispondo de sistemas estabilizadores para garantir a sobrevivência do piloto; ele pode ser acionado, inclusive, pelos sistemas de bordo, caso a aeronave encontre-se em atitude irrecuperável, próxima ao solo, como demonstrado em um acidente envolvendo um Flanker no show aéreo de Le Bourget ( França ), em 1999. O assento é posicionado a 30° (assim como no F-16), a fim de reduzir a carga G imposta ao piloto.
Foram construídos dez protótipos – T10M-1 a T10M-10 – pela empresa Konsomolsk-on-Amur Aircraft Production Association (KnAAPO). O primeiro vôo, com o T10M-1, ocorreu em 28 de junho de 1988. O novo caça foi designado inicialmente como Su-27M mas, em 1992, o T10M-3 foi exibido no show aéreo de Farnborough sob a nova designação Su-35. Três exemplares do Su-35 foram entregues à Força Aérea Russa em 1996. Em 1998, foi lançado a versão biplace Su-35UB, a qual pode ser utilizada operacionalmente em missões de combate. Nenhum exemplar do Su-35 foi vendido até hoje.
7. Comparações entre os caças
As tabelas 1 e 2 apresentam as características técnicas e os sistemas de armas das aeronaves, respectivamente. O F-16C e o Mirage 2000-5 são os representantes da 3ª geração de caças, projetados na década de 70 e sucessivamente melhorados ao longo dos anos. Já o Gripen é uma aeronave em sua própria classe: de projeto recente, equipado com aviônicos de última geração, não apresenta a mesma potência dos demais caças modernos. Esses são tipificados pelos Su-35 e EF-2000, os quais apresentam grande quantidade de armamento, relação potência/peso de combate superior a 1, radares de longo alcance e sistemas de auto-defesa.
Considerando a taxa de giro estável, o Su-35 ganha dos demais; na taxa de giro instável, empata apenas para o Gripen. Comparando o Su-35 com o EF-2000, pode-se ver que a relação potência/peso de combate favorece o EF-2000; o Su-35 tem uma maior relação potência/área da seção média, e isso indica que ele tem uma maior capacidade de aceleração supersônica instantânea.
Tanto o Mirage 2000-5 quando o EF-2000 apresentam asas em delta (apesar do EF-2000 ter canards). Em princípio, isso favorece a realização de giros instáveis; porém, o Mirage 2000-5 apresenta taxas menores, devido à baixa potência de seu motor.
Outra característica importante é o alcance sem tanques externos. O Su-35 não transporta tanques externos, carregando todo o seu combustível internamente. Numa configuração ar-ar, ele pode transportar uma combinação de 4xR-77, 2xR-27ER, 2xR-27ET e 4xR-73 a uma distância de aproximadamente 3.500Km, com um raio de combate de 1.100Km; o EF-2000, equipado com 4xAIM-120, 2xAIM-9L, sem tanques externos, tem um raio de combate de 1.000Km. O Mirage 2000-5, com 4xMICA e 2xR550, sem tanques de combustível externos, tem um alcance máximo de aproximadamente 1.500Km e um raio de combate inferior a 500Km; já um F-16C 50/52, com 4xAIM-120 e 2xAIM-9L, apresenta um alcance máximo de aproximadamente 1.500Km e um raio de combate de aproximadamente 600Km.
Pode-se argumentar que esses alcances e raios de combate do Mirage 2000-5, EF-2000 e F-16C 50/52 são irreais, pois com a capacidade de reabastecimento em vôo (REVO), eles podem ser consideravelmente aumentados; porém, o mesmo pode ser dito do Su-35, pois com apenas um REVO, o alcance máximo passa a ser superior a 5.500Km e o raio de combate superior a 1.600Km. Além disso, deve-se levar em consideração que aeronaves tanques são alvos prioritários para um inimigo (bem como aeronaves AEW); portanto, ter a capacidade de dispensar tal uso, se necessário, é uma vantagem.
É importante ressaltar que apenas o Su-35 e o EF-2000, dentre esses considerados, apresentam um grupo motopropulsor com duas turbinas. Essa característica é importante para países de dimensões continentais e com uma grande costa marítima, onde a pane em uma das turbinas não implicará na perda da aeronave e, possivelmente, de seu tripulante. Por outro lado, o uso de duas turbinas aumenta o custo operacional da aeronave.
No tocante ao sistema de armas, pode-se mais uma vez salientar a capacidade do Su-35, capaz de carregar mais mísseis/bombas do que os demais. Mais ainda, seu radar apresenta uma capacidade maior de rastreamento e controle, apesar de não ser tão moderno quanto o ECR-90 do EF-2000. Das aeronaves aqui consideradas, tanto o EF-2000 quanto o Su-35 dispõem de um sistema eletro-óptico capaz de controlar mísseis ar-ar e canhão, o que aumenta ainda mais as chances de ataque furtivo.
Deve-se levar em consideração, também, o alcance de detecção do radar N-011 do Su-35. Combinado com o uso do MAA R-77, com alcance de 80Km e de guiagem autônoma, é possível detectar e engajar um F-16C 50/52 muito antes do mesmo detectar o Su-35 em seus radares.
Considerando-se agora a operação das aeronaves, enquanto no solo, esse autor acredita que, pela capacidade interna de combustível do Su-35, essa aeronave deve apresentar um tempo de reaparelhamento superior ao das demais aeronaves, apesar de não ter acesso a dados que o confirmem. As próprias dimensões do Su-35 exigem hangares e/ou hangaretes maiores; por outro lado, uma aeronave com tamanha capacidade merece ser dispersa em torno do aerodrómo, minimizando as chances de serem destruídas por um único atacante, se forem mantidas lado a lado. O Gripen, nesse caso, estaria no outro extremo do espectro, dadas as suas pequenas dimensões, principalmente em altura, o que facilitaria, inclusive, sua camuflagem no solo.
8. Considerações Finais
Como ressaltado anteriormente, a seleção de uma aeronave depende de outros fatores, principalmente econômicos. Os valores aproximados apresentados na tabela 1 não refletem necessariamente o valor unitário de cada aeronave em uma oferta real. Além disso, é comum8 que transações desse tipo envolvam o offset econômico, isto é, todo ou parte do montante gasto por uma nação deve ser reinvestido nela, por parte de empresas do país vendedor da aeronave. Em termos de aeronaves militares, o contrato no valor de 3,4 bilhões de dólares para a venda de 64 caças McDonnell-Douglas F/A-18C/D para a Finlândia, no final do século passado, teve a totalidade9 de seu valor reinvestido naquele país, por força de cláusulas contratuais. Dessa forma, é claro que um dos itens que pesará em qualquer decisão será a capacidade do fabricante de garantir o offset.
Outro fator que deve pesar na compra é a capacidade do fabricante vender um pacote completo, que inclua itens sensíveis para venda como o armamento – afinal, de nada vale um caça super-moderno se não se dispõe das armas pois, afinal, ele ainda é um vetor de projéteis, mísseis e bombas. É claro que uma aeronave pode ser equipada com outros mísseis, produzidos localmente (como África do Sul10 e Brasil) ou ainda em um terceiro país (como Israel).
Uma das críticas feitas às aeronaves de origem ex-soviética é quanto à durabilidade das mesmas e de seus componentes, principalmente as turbinas. É verdade que, durante a Guerra Fria, a política soviética era de construir rapidamente aeronaves robustas, em grande número, porém de curta duração de vida (p.ex., 600h)11. Porém, com o esfacelamento da União Soviética, a necessidade de buscar divisas no mercado internacional com a venda de sistemas de armas avançados fez com que se aumentasse consideravelmente a duração de vida desses sistemas, tornando-os comparáveis aos sistemas ocidentais (p.ex., 2.000h de vida para uma turbina, com as devidas revisões feitas).
Além disso, aeronaves como o Su-35 e o MiG-29 são extremamente robustas, capazes de operar em terrenos semi-preparados (por exemplo, as entradas de ar são dotadas de grades de proteção contra ingestão de objetos estranhos, no MiG-29SMT), diferente das aeronaves ocidentais aqui citadas.
Os dados técnicos aqui apresentados nos levam a favorecer o Su-35 e o EF-2000 na escolha de um caça na atualidade. Ambos apresentam capacidades similares, tanto em desempenho como em aviônica. O Su-35 é favorecido em seu alcance e raio de combate e no tocante aos mísseis ar-ar, os quais são equivalentes ou superiores àqueles atualmente disponíveis para uso no EF-2000.
9. Notas
1. O autor não tem qualquer ligação com os fabricantes das aeronaves aqui apresentadas. As opiniões aqui apresentadas são de responsabilidade do autor. Os dados apresentados foram coletados de livros e revistas, conforme listados ao fim do artigo. Rudnei@rudnei.cunha.nom.br
NOTA DEFESANET: O Professor Rudnei é um dos capazes historiadores da FAB. Tem dois sites de cunho histórico : História da Força Aérea Brasileira http://www.rudnei.cunha.nom.br/fab.html e sobre a Força Expedicionária Brasileira - A Cobra Fumou . http://www.rudnei.cunha.nombr/feb.html
2. Outras aeronaves, como o MiG-29SMT e o Boeing F/A-18E Super Hornet não foram incluídos devido ao autor não ter dados técnicos suficientes sobre os mesmos.
3. A partir do bloco 30, a terminação em "0" refere-se aos F-16C/D equipados com turbina General Electric e em "2" àqueles equipados com turbina Pratt&Whitney.
4. Os tanques conformais foram primeiramente utilizados nos F-15E Strike Eagle.
5. Cf. http://www.dassault-aviation.fr/defense ... mirage2000.
6. Um acidente semelhante ocorreu com um dos protótipos do F-22 Raptor norte-americano, também causado pela incapacidade do computador de corrigir a arfagem da aeronave quando da aproximação final.
7. Quando foram primeiramente demonstradas, observadores ocidentais procuraram desmerecê-las, dizendo serem de pouco uso em combate; porém, tais manobras já vinham sendo estudadas pela NASA com a aeronave X-31 (E.U.A./Alemanha) de empuxo vetorado, a qual demonstrou sua viabilidade em combates aéreos simulados com aeronaves da U.S.A.F.
8. Na década de 1970, o governo da então Iugoslávia adquiriu uma frota de jatos comerciais McDonnell-Douglas DC-9. Em contrapartida, o fabricante fez com que fosse adquirida carne enlatada iugoslava para o mercado norte-americano; a própria McDonnell-Douglas adquiriu presunto iugoslavo para servir nos restaurantes da empresa.
9. Desse valor, 60% foi garantido pelo fabricante (o qual teve de localizar empresas norte-americanas dispostas a comprar produtos finlandeses); o restante foi garantido pelas companhias envolvidas na construção da aeronave (General Electric, Northrop Grumman e Hughes).
10. Os 24 Gripen adquiridos pela África do Sul serão equipados com os mísseis Darter produzidos localmente pela Kentron.
11. Essa política foi influenciada, em parte, pela impressão causada pelo enorme caudal de equipamento entregue pelos norte-americanos aos soviéticos durante a IIª Guerra Mundial, através do sistema lend-lease. Aeronaves avariadas que poderiam ser reparadas eram, muitas vezes, abandonadas e substituídas por outras, novas.
10. Bibliografia consultada
1. J. Flores, Jr. "O Jato Elétrico – Perfil do Lockheed-Martin F-16 Fighting Falcon". In: Revista Força Aérea, Ano 2, Nº 5, 1996/1997, pp. 42-53.
2. J. Flores, Jr. "Mark 2 – O Mirage 2000-5 para o novo milênio". In: Revista Força Aérea, Ano 4, Nº 16, 1999, pp. 62-69.
3. J. Flores, Jr. "Gunslinger – F-16 Fighting Falcon Pronto para Novos Duelos". In: Revista Força Aérea, Ano 6, Nº 23, 2001, pp. 86-93.
4. A. Fomin. Su-27 – Flanker Story. RA Intervestnik, Moscou, 2000.
5. A. Fontoura. "Tempo de decidir". In: Segurança e Defesa, nº 71, 2001, pp. 32-36.
6. Y. Gordon. Sukhoi Su-27 Flanker – Air Superiority Fighter. Airlife, Shrewsbury, 1999.
7. C. Kopp. "Gaze of Medusa – Rafael’s Python 4". In: Air Force Today, V. 2, No. 1, 1997, pp. 45-47.
8. J. Lake. "Eurofighter Typhoon". In: World Air Power Journal, V. 35, Winter 1998, pp. 54-97.
9. C. Lorch. "O Caçador Escandinavo – Perfil do Saab JAS39 Gripen". In: Revista Força Aérea, Ano 2, Nº 6, 1997, pp. 40-49.
10. C. Lorch. "Mirage 2000 – As Batalhas". In: Revista Força Aérea, Ano 6, Nº 22, 2001, pp. 76-81.
11. M.C. Mendonça. "Mirage 2000 – O Delta Estado da Arte da Dassault". In: Revista Força Aérea, Ano 2, Nº 7, 1997, pp. 42-51.
12. M.C. Mendonça. "As Garras do Delta – A suíte de armamentos do Mirage 2000-5 Mk2". In: Revista Força Aérea, Ano 6, Nº 21, 2000/2001, pp. 68-73.
13. M.C. Mendonça. "Poderio Nórdico – Os Armamentos do Saab/BAe Gripen". In: Revista Força Aérea Ano 6, Nº 22, 2001, pp. 106-111.
Tabela 1 - Características técnicas12, 13
F-16C 50/52 Mirage 2000-5 JAS39C Gripen Eurofighter EF-2000 Su-35
Fabricante Lockheed-Martin Dassault SAAB/BAe Eurofighter OKB Sukhoi
Turbina 1 X P&W F100-PW-229 1 X SNECMA M53-P2 1 X Volvo RM12 2 X Eurojet EJ200 2 X Lyulka AL-31FM
Empuxo (Kgf) 1 X 13.200 1 X 9.700 1 X 8.265 2 X 9.200 2 X 12.800
Comprimento (m) 15,0 14,4 14,1 14,5 21,9
Envergadura (m) 9,5 9,1 8,4 10,5 14,7
Área alar (m²) 27,9 41,0 30,5 50,0 62,0
Área seção média (m²) 2,32 2,56 - 3,25 4,19
Peso, vazio (Kg) 8.300 7.500 5.670 9.750 18.400
Peso normal, decolagem (Kg) 12.500 11.500 8.500 18.100 25.700
Peso máximo, decolagem (Kg) 19.200 17.000 14.000 21.000 34.000
Peso combate (Kg) 10.800 10.000 8.000 13.000 20.000
Combustível interno (Kg) 3.100 3.200 2.350 4.000 -
Combustível externo (Kg) 4.450 3.720 3.061 4.500 N/D
Tanques externos 3 3 3 3 N/D
REVO Sim (sonda) Sim (cesta) Sim (cesta) Sim (cesta) Sim (cesta)
Velocidade máxima em altitude (Km/h) 2.120 2.350 2.125 2.120 2.500
Razão inicial de subida (m/s) 315 285 300 300 >330
Teto de serviço (m) 18.000 17.100 20.000 18.290 18.000
Carga máxima G 9 9 9 9 9/10
Taxa de giro estável (°/s) 19 17 20 22 22
Taxa de giro instável (°/s) 24 21,5 30 22 28
AOA Max (°) 26 26 30 30 >30
Alcance sem tanques externos (Km) 2.000 1.650 1.500 2.200 4.000
Relação potência/peso combate (Kgf/Kg) 1,22 0,97 1,03 1,42 1,28
Relação potência/área seção média (Kgf/m² X 1000) 5,7 3,7 - 5,6 6,1
Preço aproximado (milhões de dólares E.U.A.) 30 50 54 100 40
Notas:
12. O símbolo "-" indica dado não obtido; "N/D" indica não-disponível naquela aeronave.
13. Obtido na bibliografia consultada; não se refere a qualquer dado oficial e deve ser tomado apenas para fins de comparação.
Tabela 2 - Sistemas de armas14, 15
F-16C 50/52 Mirage 2000-5 JAS39C Gripen Eurofighter EF-2000 Su-35
Tipo de radar APG-68(V)7 RDY PS-05/A ECR-90 N-011
Alcance detecção radar look-up (Km) 60 111 100 80 100
Alcance detecção radar look-down (Km) 45 60 90 70 80
Nº de alvos rastreados si-multâneos 10 24 - 10 15
Alcance detecção com sensor IR (Km) N/D N/D - 80 100
Designador laser Sim Sim Sim Sim Sim
Estações de armamento 11 11 8 13 14
Carga máxima de armamento 5.400 5.800 5.300 6.500 8.000
Canhão interno 1 X M61A1 Vulcan (20mm/510 projéteis) 2 X DEFA 554 (30mm/150 projéteis por canhão) 1 X Mauser BK27 (27mm/150 projéteis) 1 X Mauser BK27 (27mm/1.760 projéteis) 1 X GSh-301 (30mm/150 projéteis)
MAA médio-alcance semi-ativo N/D N/D N/D N/D 6 X R-27RE1 (80Km)
MAA médio-alcance IR N/D 6 X MICA(80Km) N/D N/D 6 X R-27TE1 (80Km)
MAA médio-alcance ativo 4 X AIM-120 (75Km) 6 X MICA(80Km) 4 X AIM-120 (75Km) 4 X AIM-120 (75Km) 6 X R-77 (80Km)
MAA curto-alcance 4 X AIM-9L (18Km) 2 X R550 (10Km) 2 X AIM-9P (18Km) 4 X AIM-9L (18Km) 4 X R-73E (30Km)
Notas:
14. O símbolo "-" indica dado não obtido; "N/D" indica não-disponível naquela aeronave.
15. A quantidade de mísseis transportados depende da configuração utilizada; são apresentadas as quantidades máximas por tipo.
p
Em uma missão de ataque de longo alcance, o emprego de 4 Flanker armados com um total de 7,2 toneladas de bombas e 16 AAM de médio alcance para autodefesa pode ser equivalente a 8 Gripen armados com 7,2 toneladas de bombas + 4 Gripen de escolta com 8-16 AAM de médio alcance + 2 aeronaves de reabastecimento em vôo. Por esse ponto de vista, o alto custo por hora de vôo do Flanker é mais barato, além de expor menos aeronaves e tripulantes. Como os custos de compra são equivalentes, pode-se concluir que uma frota de Flanker tem um potencial muito maior que uma de caças leves, a não ser em cenários de curtas distâncias, onde o AMX poderia atuar, pelo menos nas missões de ataque.
Agora não me diga se tudo isso é uma mentira, e olha lá que ele pensou para 2007!!!
Sem mais delongas, já vou esperando por respondas!
Até mais![035]