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Mensagem
por Clermont » Dom Fev 11, 2007 10:30 pm
BOMBARDEAR O IRÃ É UM CHAMADO PARA BUSH?
Por Patrick J. Buchanan – 9 de fevereiro de 2007.
Para abortar o programa nuclear do Irã, “todas as opções estão na mesa.”
Algumas versões dessa ameaça contra o Irã tem sido feitas, ultimamente, por John McCain, Hillary Clinton, John Edwards e Mitt Romney.
Ainda assim, se um ataque ao Irã está entre as “opções...na mesa”, quem a pôs lá? Quem deu ao Presidente Bush a autoridade para atacar o Irã? E quando isso foi concedido? E todas as opções também “estão na mesa” se a Coréia do Norte continuar a testar armas nucleares?
O que torna essas questões mais do que acadêmicas é que Bush está colocando no local, elementos militares que irão lhe permitir ordenar e efetuar a rápida castração nuclear do Irã. Mas, nem um pio de protesto tem sido ouvido de nossa liderança congressional.
Observadores tem percebido o envio de varredores de minas e outro porta-aviões americano para o Golfo Pérsico, a nomeação do almirante Bill “Fox” Fallon para encabeçar o CentCom, que hoje administra duas guerras terrestres, e o retorno de caças-bombardeiros americanos para a Turquia. Na Vanity Fair de março, Craig Unger relata:
“Os mesmos ideólogos neocons por trás da guerra do Iraque estão utilizando as mesmas táticas – alianças com exilados suspeitos, inteligência dúbia sobre WMDs – para pressionar pelo bombardeio do Irã. Enquanto o Presidente Bush aumenta a pressão sobre Teerã, estará ele planejando dobrar a aposta no Oriente Médio?”
O ex-Primeiro-Ministro israelense “Bibi” Netanyahu disse à CNN: “O Irã é a Alemanha, e isso é 1938. Exceto que esse regime nazista que está no Irã...deseja dominar o mundo, aniquilar os judeus, e também aniquilar a América.”1
Mais agourento que a conversa de falcão é o relato de Unger de que “Bush instruiu o StratCom (Comando Estratégico dos Estados Unidos) para preparar planos para um ataque maciço contra o Irã, no momento em que o CentCom está com as mãos cheias supervisionando operações no Iraque e no Afeganistão. Voltando-se para o StratCom indica que eles estão falando sobre um ataque aéreo, naval e da força aérea, realmente punitivo (contra o Irã).” Assim disse o coronel reformado Patrick Land, antigamente da Agência de Inteligência da Defesa.
Agora, essa dramática volta rumo ao Irã – como uma ameaça e fonte de nossos problemas no Iraque que começou com o discurso de Bush anunciando o reforço – pode ter outras interpretações.
Bush pode estar acenando com o porrete grande na cara de Teerã, para compeli-la a negociar seu programa nuclear. Ele pode estar reassegurando aos sauditas e sunitas que a América não irá deixá-los para confrontar um Irã nuclear. Ele pode estar recrutando e agrupando uma coalizão anti-Irã de Israel e estados árabes sunitas para resistir à superpotência xiita no Golfo. Ele pode estar jogando para a platéia em casa, na América, que é mais receptiva a manter as armas nucleares longe dos mullahs do que em tornar o Iraque seguro para a democracia ao custo de 100 americanos mortos por mês.
Mas, qualquer que seja o motivo que tenha, Bush está colocando em posição forças que irão permiti-lo ordenar um ataque total sobre os mísseis terrestres, anti-navio, anti-aéreos, força aérea, e marinha do Irã – e todas suas instalações nucleares conhecidas.
Agora, como não há nenhuma indicação de que o Irã está preparando qualquer ataque contra forças ou instalações americanas, ou nosso território doméstico, um tal ataque americano seria o primeiro ataque em uma guerra preventiva – como aqueles que o Japão executou em Porto Arthur em 1904 e Pearl Harbor em 1941. Só que, Bush pode clamar que o Irã foi, repetidamente, avisado sobre o que ele iria fazer.
Portanto, retornamos à questão: Bush tem autoridade para fazer isso? Se tem, onde a conseguiu, já que somente o Congresso está autorizado, pela Constituição, a declarar a guerra?
Discutindo a guerra preventiva ao Irã, o senador Jim Webb disse que está considerando introduzir uma resolução declarando que Bush não tem autoridade alguma, pela presente lei, para desfechar uma guerra contra o Irã.
Uma tal resolução, HJR 14, já foi introduzida na Casa, pelo representante Walter Jones, republicano da Carolina do Norte, e agora tem o apoio de 28 membros. Em um angustiado apelo ao Presidente Bush, Ron Paul, republicano do Texas, implorou: “Não faça isso, Senhor presidente. Não bombardeie o Irã... Não precisamos disso. Não queremos isso.”
Paul foi mais longe ao declarar que, hoje, Bush não tem autoridade – pela Constituição, pela lei ou pela moralidade – para lançar uma guerra preventiva sobre outra nação que não nos atacou.
Portanto, irão os neocons abrir caminho e conseguir sua nova guerra – contra o Irã?
Ou irá o Congresso seguir a orientação de Jefferson: “Em questões de potências, então, que não se ouça falar em confiança em homens, impeça-os de maus feitos pelas correntes da Constituição.”
Esses membros do Congresso, hoje se desculpando por terem votado em um cheque em branco para Bush travar a guerra no Iraque, podem fazer melhor dizendo a Bush, por resolução conjunta, de que ele não tem nenhum cheque em branco para uma guerra contra o Irã.
Ou esse Congresso está, também, apavorado de se colocar no caminho do Bando de Guerra?
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1 : Uma das maiores asneiras que já li na vida.