#27
Mensagem
por jambockrs » Dom Fev 11, 2007 5:21 am
Meus prezados:
Com minhas homenagens ao jp e demais "Federais"
A aeronave Embraer ERJ 145 comprada pelo DPF
Por César Oliveira - Agência Fenapef
Um avião comprado em dezembro de 2005 por mais de US$ 12 milhões de dólares repousa no hangar da Coordenação de Aviação Operacional do DPF.
Bem, até aí tudo certo, já que não há outro lugar para colocar um avião a não ser num hangar.
Errado! Acontece que o avião comprado com dinheiro público, até hoje voou pouco mais de 20 horas em missão policial e está como uma espécie de monumento ao desperdício.
A aeronave Embraer ERJ 145 foi comprada sob a alegação de que o DPF deveria possuir uma aeronave maior para o transporte de pessoal, a fim de não mais depender da Força Aérea Brasileira (FAB), e tivesse, assim, melhor “eficiência operacional” e maior “sigilo das operações”. E é aí que tudo começa a se complicar.
Uma aeronave que deveria garantir o “caráter sigiloso” das operações, num lance que mais parece um filme dos “Três Patetas”, foi batizada com a matrícula (PR-DPF). Não bastasse isso, mandaram pintar o “possante” com cores do tipo viatura ostensiva. É óbvio que a viatura com asas do DPF não passará desapercebida quando chegar a qualquer cidade do país. Se a intenção era manter a discrição, um a zero para a bandidagem.
Agora, se o avião foi comprado para fazer o marketing da Policia Federal e participar de solenidades, aí sim o objetivo foi plenamente alcançado.
Mas a novela do avião que não voa começa a ganhar ares menos engraçados, quando se examina as condições de pai para filho com que foi adquirido. Fabricado no Brasil, o ERJ 145 foi comprado como USADO, pela bagatela de pouco mais US$ 12 milhões de dólares, que estariam sendo pagos no exterior. A Força Aérea Brasileira, por exemplo, comprou aviões iguais a este ao preço aproximado de US$ 9 milhões de dólares, pagos aqui no Brasil.
Apenas uma parte do valor foi paga em 2006. O restante deve ser quitado neste ano. O resultado dessa equação é simples: o DPF não terá dinheiro para comprar qualquer coisa até 2008. Entre essas “qualquer coisa” estão inclusive os diversos equipamentos necessários para a operação do próprio avião, o chamado custeio da aeronave. Parece mesmo que esse detalhe foi inteiramente esquecido quando a Administração da PF decidiu adquirir o ERJ 145.
Outro detalhe importante, esquecido na hora de planejar a operacionalidade da aeronave foi a tripulação. Um detalhe: os três pilotos foram formados às pressas. O mecânico de vôo só foi formado recentemente. Os três co-pilotos e o já famoso comissário de bordo ainda não saíram do papel.
O resultado disso tudo é que um avião, entregue em julho de 2006, voou até hoje apenas cerca de 20 horas durante a chamada “Operação Dominó” e, mesmo assim, irregularmente, sem que a Agência Nacional de Aviação Civil tenha tomado qualquer providência.
Porque a ANAC não questionou o procedimento, já que um piloto e a comissária de bordo eram da Embraer e não da Polícia Federal, como exigido pelas normas aeronáuticas quando uma aeronave atua em operação de segurança pública?
COMPRADO PARA VOAR? - Como todo avião, o “nosso” também foi feito para voar, mas não é o que tem acontecido. De acordo com a apuração feita pela Agência Fenapef, além de já ter apresentado problemas de manutenção, o avião está impossibilitado de voar por falta de planejamento, falta de plano de utilização e viabilidade financeira, falta de contrato de handling, etc. Mesmo os pilotos formados no início de 2006 terão que realizar novos treinamentos, pois hoje estão proibidos de voarem devido ao tempo em que estão parados.
E mais um problema, aliás decorrente de outro “detalhe” esquecido: a contratação de uma empresa para fazer a manutenção do avião. Até hoje não existe empresa contratada para essa finalidade e assim os problemas que estão surgindo não podem ser consertados (lembre-se de que esta matéria já registrou acima: não há dinheiro), além do que algumas manutenções exigidas pelo fabricante não estão sendo feitas.
O Despachante Operacional de Vôo (DOV), recomendado para a operação deste avião, até hoje não foi formado. Por isso, sempre que se quiser fazer uso do aparelho, será necessário embarcar por uma Base Aérea da FAB e pedir para que o DOV da Aeronáutica acompanhe o embarque e faça o peso e balanceamento do avião, como foi feito na única vez que a mesma foi utilizada. Aliás, outro fato: sempre será preciso o apoio da Força Aérea Brasileira para o atendimento de solo desse avião, onde quer que ele pouse, já que o DPF não possui pessoal nem equipamento para tal.
Durante a reportagem, a Agência Fenapef apurou também que a operação do ERJ 145 possui uma série de limitações técnicas. Somente algumas cidades do Brasil poderão receber a aeronave. Ou seja, as missões policiais com a utilização do “elefante voador” estarão limitadas a algumas localidades.
OS TRÊS PASSOS DO DESCASO - Um avião inútil e que representa pelo menos três passos a mais do que poderiam ser dados. Não há grandes operações policiais toda a semana e que exijam o deslocamento de 50 policiais de um momento para outro. Comprar um avião desse porte, pagar uma empresa de manutenção e outra de atendimento de pista, além de formar e treinar tripulantes, para serem utilizados duas ou três vezes por mês, é, por definição, descaso com o dinheiro público. Como a reportagem é longa, cabe lembrar: a justificativa do sigilo já caiu por terra. E a de não precisar da Força Aérea, também. Há outro motivador não apresentado?
E há quem se orgulhe do “investimento”, garantem, indignadas, fontes da Agência Fenapef. A revolta toma conta do ar: “o maior possuidor de milhas do programa “Federal Miles” obtidas quando dispunha do “seu jatinho particular” Citation III e que acha normal transportar suas filhas nas aeronaves do DPF é um deles”, declaram alguns dos entrevistados.
A UTILIDADE QUINZENAL - Para remediar os fatos, foi editada a Instrução Normativa nº 008/2006-DG/DPF (BS 176) que institui LINHAS DE VÔOS REGULARES (?) para o jato. Assim, a aeronave fará a linha Brasília/Rio/Brasília e Brasília/SãoPaulo/Brasília a cada quinze dias. Logicamente, já está prevista nesta IN a possibilidade de se levar como passageiros algumas pessoas não integrantes dos quadros do DPF, desde que autorizado pela cúpula do Órgão. Parentes, amigos, namoradas... mas só se autorizados, ok?! O lamentável, é que isso também é fato!
Por falar em amigos, é bom lembrar a história do avião Citation III que foi devolvido ao Comendador Arcanjo, após um gasto de mais de US$ 2 milhões de dólares em manutenção. Como as viagens VIP’s com convidados no Embraer 145 estão temporariamente fora de questão, um movimento estaria sendo feito para trazer para o hangar da CAOP um jatinho Citation II, apreendido provisoriamente em São Paulo. Para utilizar esse jatinho - dando mais um mau exemplo de como não devem ser utilizadas as verbas públicas – o DPF já teria torrado mais de R$ 300 mil em treinamento de pilotos e manutenção sem que o avião tenha sido repassado em definitivo ao DPF.
Mesmo assim, um piloto totalmente inexperiente, que nem mesmo é Comandante de uma aeronave monomotor, foi escalado para fazer o curso teórico para o citado jato, em detrimento de outros pilotos comandantes mais experientes. A justificativa: ele é delegado. Do impasse, o que a reportagem apurou é a indignação: “Fez concurso para o cargo errado! Lugar de “doutor” é nas delegacias”.
O CAMINHO - O que resta é torcer. Torcer para que daqui para frente seja realizado um rigoroso estudo sobre a viabilidade operacional e econômica desse avião, o que parece não ter sido feito para a sua compra.
Certamente a conclusão seria de que o avião deve ser devolvido, utilizando os R$ 27 milhões com a compra de outros modelos mais baratos e verdadeiramente úteis ao DPF, evitando assim o desperdiço do dinheiro público.
Do jeito que está essa “nova” aeronave usada vai ser coberta de poeira, juntando-se aos outros seis aviões do DPF (que estão proibidos de decolar pela ANAC), aos dois helicópteros Bell 412 (parados há mais de 3 anos por falta de contrato de manutenção) e aos três helicópteros Esquilo (parados há quatro meses, também por falta de contrato de manutenção).
Comprar uma aeronave não é como comprar uma viatura. Comprar um avião para uma instituição séria como a Polícia Federal exige competência, seriedade e, sobretudo, respeito ao dinheiro público. E isso é fato.
Fonte: Agência Fenapef
Normalmente, onde há fumaça há fogo.
O administrador público caracteriza-se pela transitoriedade na função. Administra o que não é seu por um breve período. Por vaidade e, na maioria das vezes pela simples incompetência, acaba fazendo coisas que desagradam e que merecem a desaprovação dos servidores efetivos, estáveis e que buscam o melhor para a sua Unidade, mas que não podem se pronunciar. Então recorrem ao seu sindicato que, assumindo o papel de porta-voz, torna público os desmandos da chefia, na esperança de que tal grito seja ouvido pela mídia e tenha a repercussão, bem como os resultados desejados.
Trazendo o assunto para a compra deste ERJ-145, pergunto: Não seria muito mais econômico se a PF fizesse um convênio com a FAB para utilização de um VC-99 (utilização rara, como podemos observar do que foi informado)?
A FAB fez isso com o Exército e creio que os resultados foram (e estão sendo) os melhores possíveis. A FAB mantém seus aviadores treinados voando, com seus DOV treinados operando, com a manutenção das aeronaves em dia e as despesas pagas pelo Exército.
Pô! A PF não tem nada, nem piloto, nem mecânico, nem DOV!
Nesta semana um telejornal mostrou a transferência de um criminoso de grosso calibre para a prisão federal no Paraná. Advinhem em que aeronave o "cidadão" em tela foi transportado? Bandeirante da FAB. Onde estão as aeronaves da PF?
O que mata é o amador... Na iniciativa privada se o administrador dá uma derrapada destas (e pôe derrapada...) vai para o ôlho da rua.
Apesar de, na VARIG, houve um caso de três aeronaves que, compradas, ficaram paradas mais de dez meses e, que eu saiba, ninguém foi para a rua. Mas isso já é outra história, ou a exceção que confirma a regra.
--------------------
Um abraço e até mais...