Entrevista com Erik G. Hjelm ,
representante da Gripen International no Brasil.
( em duas Páginas )
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Defesanet -- As recentes notícias sobre os problemas com o radar do Gripen podem afetar a participação da Gripen no Brasil?
Erik G. Hjelm--Não há problemas com o Radar. O radar do Gripen vem sendo testado, todos os dias. Há, no momento, cinco Esquadrões Operacionais completos, em serviço, durante 24 horas por dia, na Suécia. As funções deste Radar também já comprovaram seu sucesso, em vários exercícios da Força Aérea da Suécia (Flyvapnet) com Forças Aéreas de outros países. Mais informações podem ser obtidas junto à Flygvapnet.( Defesanet -- Publicou nota do Comandante da Flygvapnet)
Defesanet - Que vantagens/benefícios a aeronave Gripen trará para a FAB?
Erik G. Hjelm O Brasil, assim como a África do Sul e a Suécia, reconhece a importância de ser um país não-alinhado e, portanto, compartilha muitas aspirações militares e também industrias comuns. As aeronaves Gripen vão atender às necessidades do Brasil, em termos de poder militar na região e pelo fato de poderem ser equipadas com armas não-alinhadas extremamente eficazes e capazes, oferecendo um alto custo benefício em termos de manutenção e operações. O sistema Gripen também dará vantagens reais à FAB, em termos de desenvolvimento de operações NCW (Network Centric Warfare), através da interação, por exemplo, com o sistema Embraer / Ericsson Erieye SIVAM.
O avião Gripen está no início de sua vida operacional, e, portanto, tem estabelecido um plano de desenvolvimento futuro contínuo. Com uma estratégia de desenvolvimento para o Gripen, seus clientes potenciais contam com a garantia de um longo futuro à sua frente. Outras aeronaves, como o Mirage 2000, que está sendo substituído pelo Rafale, ou, por exemplo, o F-16, que está sendo substituído pelo Joint Strike Fighter (JSF F35), estão recebendo cada vez menos recursos para seu desenvolvimento, o que é compreensível. Conseqüentemente, qualquer país que escolha o Mirage agora, pode ser o último a selecionar a aeronave, e pode, por conseqüência, não ser incluído em programas de desenvolvimento conjunto, suporte futuro, podendo ser penalizado com a falta de recurso para outros avanços tecnológicos.
No quesito tecnologia, o Gripen pode exercer uma missão equipada com 4 mísseis Beyond Visual Range - BVR (fora de alcance visual) de última geração e 2 mísseis infra-vermelhos (Infra Red - IR) de última geração e canhões internos de 27mm, e tem um raio de combate equivalente ao do Mirage 2000. Porém, as reais diferenças entre o Gripen e as aeronaves de gerações anteriores, em termos de alcance e armamentos, é o fato de que foi projetado para fazer um maior número de missões, com maior eficácia e dentro do mesmo espaço de tempo, como resultado da facilidade de operação, manutenção, e rápida capacidade de flexibilização de missões.
Algumas inverdades estão sendo ditas em relação aos armamentos que o Gripen é capaz de carregar. O comentário de que não teria capacidade de carregar armamentos maiores e mais pesados, simplesmente é incorreto. Na realidade, além de estar homologado para carregar grandes Laser Guided Bombs - LGB, o Gripen recentemente testou e voou com o míssil cruzeiro, extremamente eficaz, que é a solução para as exigências política e militar de armas guiadas inteligentes, de precisão e longo alcance. Nesses testes, foi utilizada a combinação TAURUS KEPD-350, ou seja, dois TAURUS mais dois Beyond Visual Range Air to Air Missiles (AIM 120 AMRAAM/ BVRAAM) e dois Short Range Air to Air Missiles (AIM 9L/ SRAAM) - o que de fato é uma combinação de armamentos multifuncionais extremamente poderosos.
Para finalizar, a transferência de tecnologia da Gripen é, de fato, a única proposta, entre os concorrentes, que propõe a transferência de tecnologia e experiência de um caça moderno de última geração, possibilitando à indústria brasileira se desenvolver, a partir da experiência adquirida com programas do tipo AMX. Os demais concorrentes podem apenas oferecer uma transferência de tecnologia equivalente ao do AMX, pois têm o mesmo nível tecnológico fundamental, desenvolvido nas décadas de 70 e 80.
Defesanet - O atual sistema aéreo de radar do Brasil se baseia no sistema Ericsson ERIEYE. Que interações poderiam ser otimizadas com este sistema e a experiência da Suécia com data-links.
Erik G. Hjelm A capacitação de Defesa Sueca se baseia em um moderno sistema NCW (Network Centric Warfare). Portanto, o Gripen foi projetado para ser um caça que opera em rede e para interagir com sistemas, como o sistema sueco Ericsson Erieye, usando, por exemplo, o sistema DATA-LINK sueco de alta capacidade. Resultante do grupo de empresas IG JAS, o que inclui a SAAB, a Ericsson e a Volvo, o sistema Gripen maximiza as experiências destas empresas e, portanto, pode oferecer ao Brasil o potencial para maximizar o sistema SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia), através do sistema Gripen compartilhando a experiência do grupo IG JAS.
Defesanet - A Suécia poderia facilitar a participação do Brasil nos estudos sobre o sistema NCW, atualmente em andamento neste país escandinavo? Que interações e que efeito multiplicador de forças poderiam ser desenvolvidos junto com a FAB?
Erik G. Hjelm Sem dúvida, iríamos incentivar e estamos abertos à participação brasileira no desenvolvimento dos estudos sobre o sistema NCW. Iríamos considerar esta participação como uma oportunidade, em que os dois países e suas Forças Aéreas desenvolvam talentos e compartilhem informações de benefício mútuo.