Como eu ia dizendo...
Programa espacial será revisado
BRASÍLIA.
A decisão de fabricar os satélites geoestacionários no Brasil levará a Agência Espacial Brasileira (AEB) a revisar, em novembro, o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), cuja duração vai até 2007. Segundo o presidente da AEB, Sérgio Gaudenzi, essa revisão permitirá a inclusão dos dois satélites. Isso porque quando foi elaborado, em 1998, o PNAE não previa a necessidade de satélites pesados.
Gaudenzi explica que o geoestacionário é um satélite de órbita parada. Ou seja, ele fica parado em um ponto fixo em relação à Terra e acompanha a rotação do planeta.
A estratégia é desenvolver dois satélites semelhantes. O primeiro para serviços de comunicação, e o segundo para cuidar da área de controle de vôos. Outros serviços como meteorologia, área de segurança e área de negócios seriam divididos entre esses dois geoestacionários nas chamadas bandas do satélite.
— Precisamos ter um nosso.
Hoje, compramos posições em outros satélites. O brasileiro seguramente será mais barato do que o que se paga hoje para alugar de terceiros — diz Gaudenzi.
Ele explica que a primeira etapa do projeto será saber quais são as necessidades dos futuros clientes, entre os quais estão o
Ministério da Defesa, a Infraero, bancos estatais como Banco do Brasil e Caixa Econômica, empresas de telefonia e emissoras de televisão:
— Com isso, vamos ter a dimensão exata do que se precisa para podermos encomendar os satélites — diz o presidente da AEB.
Construção do satélite vai gerar tecnologia, diz presidente da AEB
Segundo Gaudenzi, os geoestacionários
serão encomendados ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Já o lançador para enviar o satélite ao espaço será desenvolvido pelo Centro Técnico Aeroespacial (CTA), órgão ligado ao Ministério da Defesa, juntamente com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE).
O
desafio é criar um lançador capaz de enviar um satélite pesado. O geoestacionário vai pesar entre 4 e 4,5 toneladas. O Brasil já desenvolveu um Veículo Lançador de Satélite (VLS) com capacidade de pôr em órbita um satélite de até
300 quilos.
Atualmente, o país desenvolve em parceria com a Ucrânia o lançador “Ciclone”, com capacidade para pôr em órbita satélites entre
1,6 e 1,8 tonelada.
Mas para pôr o geoestacionário em órbita será preciso criar uma nova tecnologia. A intenção inicial é aperfeiçoar o VLS para que ele atinja capacidade de levar um peso superior a 4 toneladas. Gaudenzi acredita que a tecnologia produzida no país com a construção do geoestacionário permitirá consolidar um programa espacial brasileiro e um centro espacial em Alcântara.
— É preciso entender que esse programa vai gerar tecnologia — observa.
A AEB terá a função política de coordenar o projeto. Gaudenzi defende um amplo debate com a sociedade sobre o tema e pretende levar a discussão para o Congresso Nacional:
—
Este não pode ser um projeto de um governo, mas do país.
Mão do Estado levanta a Telebrás
Sergio Fadul e Gerson Camarotti
BRASÍLIA
O governo prepara a volta da atuação do Estado na área de comunicações em grande estilo. Um gigantesco projeto está sendo conduzido pelos ministérios das Comunicações, da Defesa e de Ciência e Tecnologia para que o país construa e lance dois satélites geoestacionários até 2008 e volte a ficar independente de empresas privadas nessa área. A iniciativa também está sendo trabalhada dentro do governo com um forte componente comercial e de negócios. Para cuidar dessa área, será necessário contar com uma empresa estatal e
o plano do governo prevê a reativação da Telebrás. A estatal retornaria ao mercado como uma empresa de ponta para vender os serviços de satélite para empresas públicas e privadas, embaixadas e até mesmo outros países.
Pelos estudos do governo, o custo de lançamento dos satélites está estimado em
US$ 600 milhões. A construção de cada um consumirá
US$ 260 milhões. Eles ficarão a uma distância de 36 mil quilômetros da Terra
e terão capacidade, cada um, de cobrir 34% da superfície terrestre. Segundo um integrante do governo, quando o projeto começou a ser discutido, chegou-se a pensar na possibilidade de comprar os satélites.
—
O Brasil tem massa crítica para optar pelo caminho do desenvolvimento desses satélites no país. Será feita uma articulação com o Centro Técnico Aeroespacial, do Ministério da Defesa, com a Agência Espacial Brasileira e o Ministério das Comunicações. Os recursos devem ser conseguidos junto ao BNDES — informou o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos.
O dinheiro para o projeto já existe. Integrantes do governo contam que quando
a Embratel e sua subsidiária Star One (responsável pela área de satélites) estavam sendo vendidas pela americana MCI à mexicana Telmex, o governo cogitou comprar a operadora de satélites e acionou o BNDES. A operação não foi adiante.
O governo conseguiu uma golden share (ação que dá poder de veto em decisões) da empresa, e o dinheiro para a compra ficou no BNDES, que agora financiará a empreitada dos satélites.
O governo corre contra o tempo. No próximo mês, o Programa Nacional de Atividades Espaciais vai ser revisto para incluir a construção dos geoestacionários. Acordos internacionais assinados pelo Brasil determinam que até 2010 todas as aeronaves civis e toda a navegação aérea sejam monitoradas por satélite. Isso significará custo adicional. Atualmente, a Aeronáutica gasta US$ 1 milhão por mês com o aluguel de canais de satélite para transmissão de dados e som no controle do tráfego aéreo.
Além de abrir espaço para reduzir os gastos públicos com esses serviços, o governo está de olho no potencial que a área apresenta. No ano passado, lembra um integrante do governo, a Star One faturou R$ 300 milhões e lucrou R$ 70 milhões.
Ações subiram 55% na Bolsa ontem
A nova Telebrás seria a responsável pelos rentáveis negócios na área de satélites, que envolverão a venda de serviços de transmissão de dados e voz, meteorologia, transmissões de televisão e multimídia, redes corporativas, internet, intranet e celulares, entre outros. Entre os prováveis clientes identificados pela equipe do projeto estão Infraero, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Embrapa, redes de televisão aberta e por assinatura e grandes corporações. No caso de outros países, os andinos como Peru, Bolívia, Equador e Venezuela são identificados como prováveis clientes.
A Telebrás poderá ainda incorporar a Eletronet, estatal que detém hoje a rede de fibra ótica do governo.
— A Telebrás não pode ficar parada. A empresa pode entrar com força no processo de inclusão digital — disse o ministro das Comunicações, Eunício de Oliveira.
Por envolver também o Ministério da Defesa e questões de segurança nacional, o novo projeto ganhou caráter sigiloso. O Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) também poderá ser interligado aos novos satélites.
As ações preferenciais da Telebrás (com prioridade para receber dividendos) subiram ontem 55,55% na Bolsa. Além disso, as ações ON negociaram R$ 10,5 bilhões contra R$ 1,3 bilhão da véspera.
Fonte: O Globo Online - Via NOTIMP
Desculpem pelo tamanho do post. É que pra mim me parece um assunto muito interessante e importante.