Morte do SNA

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

Moderador: Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
Avatar do usuário
Luiz Bastos
Sênior
Sênior
Mensagens: 1842
Registrado em: Qui Out 06, 2005 12:40 pm
Localização: Rio de Janeiro
Agradeceu: 1 vez
Agradeceram: 25 vezes
Contato:

Morte do SNA

#1 Mensagem por Luiz Bastos » Ter Out 03, 2006 1:42 pm

De um colega do forum Podernaval


Amigos,
Saiu na Isto É desta semana que estaria sendo cogitado o
fechamento do Centro de Pesquisas de Aramar e o fim do
projeto do SNA, depois de tanto dinheiro gasto e tantas
conquistas tecnológicas. Vejam a transcrição abaixo.
Alguém ouviu falar alguma coisa sobre isso?
[]'s
Camilo

http://www.terra.com.br/istoe/1928/cien ... sfixia.htm


REVISTA ISTO É - Edição 1928 - 04/10/2006



Morte por asfixia
Centro de pesquisas de Aramar
pode estar com os dias contados

Por Cláudio Camargo

Fundado em 1988 em Iperó, interior paulista, o Centro
Experimental de Aramar, da Marinha, que em poucos anos
capacitou o Brasil a dominar o ciclo de enriquecimento de
urânio e desenvolveu o protótipo de um reator nuclear
para um submarino de propulsão nuclear (SNA), está
ameaçado de fechar as portas. A decisão da Marinha de
construir, num futuro próximo, mais quatro submarinos
convencionais, modernizando e padronizando os cinco já
existentes, da classe “Tupi”, pode significar a
sentença de morte para aquele centro de excelência
científica. Embora o Ministério da Defesa não tenha se
pronunciado oficialmente, o Centro de Comunicação da
Marinha informou, no último dia 7, que a Comissão de
Financiamentos Externos (Cofiex) do Ministério do
Planejamento aprovou a proposta de um empréstimo de 882,4
milhões de euros do ABN-Amro Bank para a construção do
primeiro submarino, a ser contratada à empresa alemã
ThyssenKrupp. O total da operação – o restante seria
coberto pela União – é de 1,1 bilhão de euros (cerca
de R$ 2,8 bilhões).

A decisão de fechar o Centro Experimental de Aramar foi
expressa meses atrás, mais precisamente em fevereiro, numa
reunião realizada na Casa Civil da Presidência da
República, com a presença de representantes das três
Forças Armadas e do Ministério da Defesa. Nesse evento,
o chefe do Estado-Maior da Marinha, almirante-de-esquadra
Euclides Duncan Janot de Matos, fez uma exposição na
qual argumentou que a Armada, entre outras providências
para se reequipar, deveria desistir do projeto do submarino
nuclear (SNA) por causa da dificuldade de obtenção de
novos recursos. O comando da Marinha alega que o projeto do
SNA já gastou US$ 1,5 bilhão desde 1979.

O curioso nessa história é que a Marinha está seguindo
um rumo oposto ao adotado pela Força Aérea Brasileira
(FAB) durante o processo de licitação para a compra de
12 novos caças supersônicos para substituir os velhos
Mirage III baseados em Anápolis (GO). No chamado projeto
F/X, a FAB exigiu dos concorrentes a transferência de
tecnologia para a indústria nacional. O projeto F/X acabou
provisoriamente engavetado, mas estabeleceu um padrão de
comportamento que se esperava incorporado pelo Ministério
da Defesa. É bom lembrar que a transferência de
tecnologia dos AMX italianos já tinha possibilitado à
Embraer dar o salto de qualidade que a fez ingressar na era
dos jatos, tornando-se uma empresa de aviação de renome
internacional.

“A concepção estratégica de países que têm
orçamentos de Defesa limitados, como o Brasil, é a de
possuir meios capazes, não de derrotar o inimigo, mas de
dissuadir agressões. Por isso, o valor estratégico do
SNA para o País é inquestionável, em face da extensa
costa brasileira”, disse há tempos o comandante da
Marinha, almirante-de-esquadra Roberto Guimarães Carvalho.
Já os setores que defendem o fim do projeto do SNA seguem
outro raciocínio estratégico, mas alegam que a força
necessitaria de recursos financeiros continuados para
concluir esse projeto. A construção de outros quatro
submarinos convencionais, além de custar mais de um
bilhão de euros aos cofres públicos, não acrescenta
praticamente nenhum conhecimento tecnológico adicional.
Acabar com Aramar é jogar pela janela o esforço de
cientistas brasileiros que conseguiram dominar o ciclo de
enriquecimento de urânio e desenvolver o protótipo de
reator nuclear para o SNA.




Responder